Copa do Mundo: Jogadores culpados em eliminações do Brasil
Índice
- 1 Na hora da derrota sempre escolhem um “bode expiatório”
- 2 . Copa do Mundo 1930: Brilhante (zagueiro)
- 3 . Copa do Mundo 1934: Waldemar de Brito (atacante)
- 4 . Copa do Mundo 1938: Domingos da Guia (zagueiro)
- 5 . Copa do Mundo 1950: Barbosa (goleiro)
- 6 . Copa do Mundo 1954: Pinheiro (zagueiro)
- 7 . Copa do Mundo 1966: Manga (goleiro)
- 8 . Copa do Mundo 1974: Luís Pereira (zagueiro)
- 9 . Copa do Mundo 1978: Claudio Coutinho (treinador)
- 10 . Copa do Mundo 1982: Toninho Cerezo (meio-campista)
- 11 . Copa do Mundo 1986: O Galinho Zico
- 12 . Copa do Mundo 1990: Dunga (volante)
- 13 . Copa do Mundo 1998: Ronaldo (fenômeno)
- 14 . Copa do Mundo 2006: Roberto Carlos (lateral-esquerdo)
- 15 . Copa do Mundo 2010: Felipe Melo (volante)
- 16 . Copa do Mundo 2014: David Luiz (zagueiro)
- 17 . Copa do Mundo 2018: Fernandinho (volante)
Na hora da derrota sempre escolhem um “bode expiatório”
Uma das camisas mais pesadas e respeitadas do futebol mundial, a seleção brasileira é a única a ostentar cinco títulos de Copa do Mundo. Porém, representar essa camisa não tem apenas o seu lado bom, já que a cobrança sobre os jogadores sempre se mostrou gigante, principalmente nos períodos de Copa do Mundo.
E com a mesma facilidade que imprensa e opinião pública colocam um atleta lá no alto quando das conquistas, o reverso é igual nas derrotas. E não foram poucos que acabaram sendo massacrados e escolhidos como “culpados” durante uma derrota que acabou por resultar na desclassificação do mundial. São muitos aqueles que ficaram marcados para sempre negativamente em uma derrota com a camisa da seleção brasileira. O mais notável até os dias de hoje, que será sempre lembrado – inclusive como uma das maiores injustiças do futebol – foi com o goleiro Barbosa, na final da Copa do Mundo de 1950, que aconteceu no Brasil.
Aqui, vamos listar todos estes “bodes expiatórios”, em todas as derrotas da seleção brasileira em mundiais.
. Copa do Mundo 1930: Brilhante (zagueiro)
Há exatos 116 anos, nascia Alfredo Brilhante da Costa, o zagueiro Brilhante. Foi campeão do Carioca em 1924 e 1929 e um dos primeiros Vascaínos a servir à Seleção em uma Copa do Mundo, no Mundial de 1930. #diadevasco #crvg #crvasco #gigantedacolina pic.twitter.com/DQg8sZW9NE
— Hoje é dia de Vasco (@hojediadevasco) November 5, 2020
Em clima de guerra entre APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) e CBD (Confederação Brasileira de Desportos), a seleção do Brasil foi bastante enfraquecida para a disputa da primeira Copa do Mundo, em 1930, ano Uruguai. O selecionado não pôde contar com atletas de São Paulo, que eram a base da seleção naquele período, como por exemplo o craque Arthur Friedenreich. Entre os paulistas, apenas o atacante Araken Patuska esteve, já que estava de saída do seu clube a época, o Santos FC.
Em meio a essa guerra interna, a bomba logo iria explodir dentro de campo, e a vítima seria o zagueiro Alfredo Brilhante, jogador do Vasco da Gama. Tanto, que logo na estreia contra os iugoslavos, pela primeira fase do triangular que também contava com a seleção da Bolívia, a zaga brasileira viveu um dia de horror.
Derrota para a Iugoslávia
As falhas começaram com o zagueiro Itália, que desviou a bola no meio do caminho, com a bola sobrando de graça para o atacante Aleksandar Tirnanić marcar aos 21 minutos do primeiro tempo. Nove minutos depois veio a derradeira falha de Brilhante, que rebateu mal a bola, e deu um presentaço para o centroavante Ivan Bek ampliar. Esse lance praticamente tirou as chances de vitória do abalado time brasileiro, que mesmo com gol de Preguinho, perdeu por 2 a 1.
Nem mesmo os 4 a 0 para cima da Bolívia, no último jogo da fase de grupos, foram suficientes para a classificação. Até porque, apenas o primeiro colocado se classificaria para a segunda fase, que no caso foi a Iugoslávia.
. Copa do Mundo 1934: Waldemar de Brito (atacante)
Quatro anos se passaram e a CBD pareceu não ter aprendido nada com os conflitos internos do mundial de 1930. Dessa vez, a federação comprou uma briga – no mínimo desnecessária – apoiando o amadorismo no futebol brasileiro, que estava em vias de se profissionalizar. Sendo assim, houve um novo racha, dessa vez entre defensores do amadorismo e defensores do profissionalismo no futebol do Brasil.
Desta forma, apenas jogadores de clubes amadores foram convocados, o que não deixaria a seleção brasileira com uma base fraca, já que entre os convocados estavam grandes craques como o Diamante Negro, Leônidas da Silva, Patesko, Luisinho e Waldemar de Brito. Esse último, inclusive, seria o bode expiatório da vez, em mais uma guerra interna na seleção do Brasil.
Diferente da Copa do Mundo anterior, o mundial de 1934 da Itália, foi disputado apenas em fases mata-mata. E logo na primeira fase, nas oitavas de finais, o Brasil encontrou dificuldades contra o selecionado da Espanha, com jogadores desleixados e fora de forma. O resultado disso foi a derrota por 3 a 1, e uma eliminação precoce da competição.
Pênalti desperdiçado acaba com esperança
Ainda assim, o Brasil teve um sopro de esperança durante a partida para tentar alcançar os espanhóis. Quando o jogo estava 3 a 0, Leônidas da Silva diminuiu o marcador aos 11 da segunda etapa, e dois minutos depois, aos 13, Luisinho chegou a marcar o segundo gol, que acabou anulado sob muita reclamação do escrete brasileiro.
Foi então que, dois minutos depois, o atacante Waldemar de Brito teve grande chance em cobrança de pênalti. Porém, ele desperdiçou a cobrança, em grande defesa do goleiro Zamora. Decretando qualquer esperança para o time brasileiros e a eliminação precoce do mundial.
. Copa do Mundo 1938: Domingos da Guia (zagueiro)
I've just written an article about Domingos Da Guia, his legacy and the story of Brazil at the 1938 World Cup if you'd like to give it a read:https://t.co/kCFeTFWpYA
— Peter Kenny Jones (@PeterKennyJones) February 25, 2021
Já para a Copa do Mundo de 1938, na França, o clima interno demonstrava ser melhor do que nos anos anteriores. Dessa forma, o grupo veio completo, com as estrelas Leônidas da Silva, Patesko, Luisinho e o “Divino Mestre” Domingos da Guia.
O Brasil conseguiu sua classificação para a semifinal, após jogos duríssimos contra Polônia e República Tcheca. Porém, o duelo contra a seleção da Itália demonstrava ser mais complicado, já que a Azzurra contava com um escrete fortíssimo sob a figura de Guiseppe Meazza. Para piorar, o craque Leônidas estava machucado, e Domingos da Guia parecia não estar em um bom dia.
Domingos da Guia é expulso
Após dar espaço para que Piola marcasse o primeiro gol dos italianos, logo aos seis minutos do primeiro tempo, o pior estaria por vir. Aos 15 minutos, Domingos da Guia cometeu pênalti após agressão sem bola, e acabou expulso. Na ocasião, Giuseppe Meazza (histórico jogador da Inter de Milão) converteu e ampliou para a Itália. Isso tudo no primeiro tempo. Com um a mais, os italianos seguraram o placar e venceram a partida por 2 a 1, com Romeu descontando para o Brasil.
Mesmo em um dia ruim, diferente de outras ocasiões, Domingos da Guia foi defendido pela imprensa da época, que ficou na bronca com a arbitragem do jogo. Inclusive, a crônica esportiva pegou muito mais no pé do ataque brasileiro, mesmo com o inédito terceiro lugar do escrete em um mundial.
. Copa do Mundo 1950: Barbosa (goleiro)
Paralisada por doze anos devido a desdobramentos da Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo estava de volta em 1950, e aconteceria no Brasil. A expectativa era muito grande dos torcedores brasileiros que, com uma seleção muito forte, eram os favoritos, até porque muitos dos principais adversários europeus ainda se recuperavam da Grande Guerra. O Brasil contava com grandes jogadores no período como Zizinho, Friaça, Ademir de Menezes e Jair da Rosa Pinto, além do badalado goleiro Barbosa.
Após trilhar um caminho de goleadas nas primeiras fases do mundial, o Brasil chegou como o grande favorito no jogo decisivo contra a seleção do Uruguai. Precisando apenas de um empate para levantar a primeira taça mundial, mais de 200 mil torcedores estiveram presentes naquele dia 16 de julho, no Maracanã.
Maracanaço: O maior julgamento do futebol
E tudo parecia correr normalmente para o Brasil, após Friaça abrir o placar no inicio da segunda etapa. Porém, o Uruguai conseguiu a virada como duas bolas que muitos afirmam serem bolas defensáveis. Com o resultado de 2 a 1 para o Uruguai, o Brasil deixou escapar um título que era tido como certo.
A partir dali, começava o maior julgamento na história do futebol. Os anos se passaram e a opinião pública jamais perdoou o goleiro Barbosa, até hoje um dos grandes ídolos do Vasco da Gama. Tanto é que, em uma entrevista na década de 1990, Barbosa foi pontual sobre o assunto:
“No Brasil, a pena máxima (de prisão) é de 30 anos, mas pago há 40 por um crime que não cometi”.
. Copa do Mundo 1954: Pinheiro (zagueiro)
Pinheiro no moderno programa de condicionamento físico da seleção brasileira para a Copa de 1954 (não contém ironia, era considerado avançado mesmo). Fomos mal na Copa, mas olhando em retrospectiva, qualquer Copa em que era possível se importar com o scratch me parece legal. pic.twitter.com/x1FvAQt3FN
— Tudo Flamengo (@flapravaler) December 14, 2020
Depois da ressaca do Maracanaço, no mundial de 1950, a seleção brasileira passou por uma reformulação tendo em vista a Copa do Mundo de 1954, que se realizaria na Suíça. Com uma nova legião de craques, o escrete que abandonara o branco para a partir dali usar o amarelo, passou a contar com jogadores que fariam história com a amarelinha, mas não em 1954. O elenco contava com, entre outros, Nilton Santos, Djalma Santos, Julinho Botelho e Didi.
Com um elenco recheado de feras, o Brasil não teve dificuldades para passar em primeiro lugar na fase de grupos do mundial. Porém, após o sorteio para as quartas de finais, as noticias não seriam nada animadoras. O Brasil teria pela frente nada mais que a sensação daquele mundial, a Hungria de Ferenc Puskás, atual detentora do ouro olímpico.
Nervosismo contra a Hungria
Com tamanho respeito diante dos húngaros, a seleção brasileira se abalou, assim como o zagueiro Pinheiro. Logo aos quatro minutos de jogo o defensor tentou sair driblando dentro de sua própria área e entregou a bola para os adversários abrirem o placar. Como se não bastasse, quando o jogo estava 2 a 1 para a Hungria, Pinheiro meteu a mão na bola dentro da área, no que resultou numa penalidade aos húngaros. Lantos não perdoou e ampliou o placar em 3 a 1.
Ainda deu tempo das duas equipes movimentaram o placar, fechando em 4 a 2 para os húngaros. Além da vitória húngara, esse duelo também foi marcado por muitas jogadas violentas e confusão após o apito final. Até por isso, o episódio desse jogo ficou conhecido como “A Batalha de Berna”.
. Copa do Mundo 1966: Manga (goleiro)
Registro raro do goleiro Manga durante treinamento na Copa de 1966. Goleiro não gostava de luvas. O contato direto com a bola por anos atrofiou os dedos do pernambucano. Campeão com protagonismo em todos os clubes onde jogou, Manga teve passagem ruim pela seleção. pic.twitter.com/ILxPrzSCcB
— André Gallindo #TomeA2ªdose💉 (@andregallindo) June 12, 2018
Após muitas frustrações em Copas do Mundo, o Brasil vinha agora de um bicampeonato com os títulos de 1958 e 1962, período que surgiram os dois maiores gênios do futebol brasileiros: Rei Pelé e Mané Garrincha. Em 1966, e apesar do bicampeonato, a seleção brasileira ainda contava com algumas estrelas do bicampeonato, mas também chegava com muitos problemas técnicos e de desorganização por parte da diretoria e comissão técnica. Pelé e Garrincha chegavam com problemas físicos, e para chegar até uma lista final, mais de 40 jogadores foram convocados.
Na fase de grupos, em torneio realizado na Inglaterra, a seleção brasileira foi capenga em suas partidas, mesmo após uma boa estreia contra a Bulgária, em vitória por 2 a 0. Perdeu para a Hungria por 3 a 1, entretanto, o jogo que ficaria marcado seria contra a sensação daquele mundial até então, a seleção portuguesa, do super craque Eusébio.
Má fase do Brasil atinge Manga
Um dos melhores e mais vencedores arqueiros na história do futebol brasileiro, a má fase daquele mundial também pegou Manga de jeito. E contra o selecionado de Portugal ele não estava em um bom dia. Com apenas 15 minutos de jogo, assustado, espalmou uma bola para cima e sem necessidade, sobrando justamente na cabeça do atacante português Antônio Simões, que abriu o marcador.
Em seguida, Manga nada pôde fazer para evitar os outros gols portugueses. Eusébio marcou duas vezes e, mesmo com o Brasil descontando quando o jogo ainda estava 2 a 0, Portugal venceu por 3 a 1. Esse resultado sacramentava a eliminação do Brasil ainda na primeira fase.
. Copa do Mundo 1974: Luís Pereira (zagueiro)
Luís Pereira 2 and Marinho Peres3 (Brazil)
1974Worlad Cup Germany, Zaire vs Brazil 0-3
at Parkstadion in Gelsenkirchen, West Germany Sat 22/6/1974
Photo by Masahide Tomikoshi / TOMIKOSHI PHOTOGRAPHY pic.twitter.com/EQA0p1qpP0— tphoto (@tphoto2005) February 28, 2019
Após o tricampeonato mundial de 1970, com aquela que – para muitos – é a maior seleção de todos os tempos, para a Copa do Mundo de 1974, a seleção brasileira passava por uma nova reformulação. Sendo que a principal mudança seria o primeiro mundial sem a participação do Rei Pelé. Para esta competição que seria realizada na Alemanha, o escrete canarinho ainda tinha alguns remanescentes de 1970 como Roberto Rivellino, Emerson Leão, Jairzinho, Wilson Piazza e PC Caju. Uma nova e talentosa geração com Marinho Chagas, Carpegiani e Luís Pereira ganhavam espaço.
Comandados por Mário Jorge Lobo Zagallo, o selecionado brasileiro passou pela primeira fase na bacia das almas, com dois empates e uma vitória, num grupo que contava com Iugoslávia, Escócia e Zaire. Sendo assim, parecia que a seleção brasileira teria muitas dificuldades na fase seguinte, em grupo contra as poderosas seleções de Argentina, Alemanha Oriental e Holanda. E após bater alemães e argentinos, em duas partidas decididas por Rivellino, o grande e decisivo jogo seria contra o forte Carrossel Holandês, de Johann Cruyff e Neeskens.
Luís Pereira perde a cabeça
Um dos maiores rivais ao longo dos anos em Copas do Mundo, Brasil e Holanda é sempre uma disputa equilibrada. Na Copa de 1974 os holandeses estavam voando, e até que o Brasil conseguiu segurar o ímpeto dos adversários na primeira etapa. Porém, aos cinco minutos do segundo tempo, Neeskens abriu o placar ao receber uma enfiada nas costas de Marinho Chagas, após cobrança de falta de Cruyff. O próprio Marinho Chagas foi muito criticado e crucificado na eliminação brasileira, mas foi o zagueiro Luís Pereira que ficou marcado por ter perdido a cabeça antes do apito final.
Quando o jogo estava 2 a 0 para os holandeses, após gol de Cruyff, e já no final da partida, o zagueiro deu uma voadora em Neeskens e foi expulso. Tal expulsão retratou muito bem o time brasileiro naquele momento, que já estava mais disposto a dar pontapés do que tentar reverter o placar.
. Copa do Mundo 1978: Claudio Coutinho (treinador)
Renovado, o escrete brasileiro passou a contar com novos talentos que vinham se destacando no futebol brasileiro como Reinaldo, Roberto Dinamite, Toninho Cerezo, Dirceu Lopes e Zico. Além de alguns remanescentes das últimas copas como Roberto Rivellino e o goleiro Emerson Leão. A expectativa entre os torcedores era grande.
Na Copa do Mundo de 1978, que aconteceria na Argentina, a expectativa era de um futebol revolucionário e muito inspirado na Laranja Mecânica de 1974, mas o que se viu foi o contrário. Um futebol muito burocrático e de pouca inspiração.
Uma seleção sem inspiração rendeu críticas ao treinador
Na primeira fase, o Brasil derramou muito suor para se classificar, passando em segundo lugar em um grupo que contava com Áustria, Espanha e Suécia. Já na segunda fase de grupos, o escrete canarinho encontraria pelo caminho a Polônia, o Peru e a dona da casa, Argentina. Então, embora tenha vencido Peru e Polônia, o Brasil empatou com a seleção argentina em 0 a 0 e ficou para trás dos hermanos na classificação sob muita polêmica.
No último jogo desse grupo, entre Argentina e Peru, muitos alegaram que os peruanos entregaram o jogo, por isso o placar de 6 a 0 a favor dos argentinos. Fato até hoje pouco explicado pelos envolvidos da época. Mas, mesmo com essa polêmica, o Brasil não inspirou a paixão dos brasileiros com o seu futebol e o treinador Claudio Coutinho foi massacrado pela imprensa, mesmo com o terceiro lugar no mundial.
. Copa do Mundo 1982: Toninho Cerezo (meio-campista)
Em 1982, a seleção brasileira chegou cheio de expectativas para a disputa do mundial, sendo para muitos o melhor pós-Copa de 1970. Zico e Toninho Cerezo se mantiveram, e agora recebiam as companhias de grandes craques como Sócrates, Paulo Roberto Falcão, Éder Aleixo, Júnior e Sérginho Chulapa. Todos sob comando do mestre Telê Santana, treinador reconhecido por desenvolver em seus times um futebol ofensivo.
Com tantos jogadores de alto nível, tidos como unanimidade à época também pelos torcedores, a seleção brasileira era desde o princípio da competição o favorito para levar a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Mesmo com um susto e vitória de virada na estreia contra a União Soviética, o escrete canarinho passou com tranquilidade pela primeira fase de grupos. Já a segunda fase, novamente de grupos, estaria no mesmo grupo de Argentina e da seleção italiana, sendo que uma das três equipes chegaria à final.
Contra a Argentina de um jovem Don Diego Maradona, o Brasil venceu com tranquilidade, dando espetáculo, pelo placar de 3 a 1, colocando toda expectativa para o jogo contra a Itália. Porém, nem o torcedor mais pessimista imaginaria o que estaria por vir.
A Tragédia do Sarriá
Contra os italianos, o jogo começou pegado, e logo aos cinco minutos de jogo, o atacante Paolo Rossi abriu o placar. Mas logo aos 12, o camisa 8, Sócrates, tratou de empatar. Aos 25 minutos surgiria o lance que crucificaria um dos mais importantes jogadores brasileiros daquele período. Ao atravessar a bola na defesa, Toninho Cerezo deu passe de graça para Paolo Rossi anotar o segundo gol da Itália.
O carrasco do Brasil ainda anotaria mais um gol, isso após Paulo Roberto Falcão ter empatado a partida. Ao apito final, a Itália vencecria por 3 a 2, em um dos episódios mais tristes na história do futebol brasileiro.
. Copa do Mundo 1986: O Galinho Zico
Assim como nas copas anteriores ensinaram, nem mesmo os grandes craques brasileiros escaparam de falhar em momentos cruciais na competição. Porém, na Copa do Mundo de 1986 no México, essa máxima ultrapassou todos os limites, pois pela primeira vez, o ídolo máximo do Brasil seria crucificado.
Zico, que já estava sendo cobrado por conta da decepção no mundial anterior, de 1982, praticamente selou seu fim na seleção brasileira naquela Copa de 1986, que seria realizado no México. Se recuperando de uma grave lesão, o Galinho ficou praticamente sem jogar o mundial, sendo muito mais um suplente dos meio-campistas Júnior e Sócrates. Para se ter uma ideia, ele só entrou a partir do terceiro jogo da competição, até o fatídico jogo contra França, de Michel Platini, pelas quartas de final da competição.
A queda de um ídolo
Na partida contra os franceses, o Brasil bem que começou bem a partida, era melhor e, aos 17 minutos da primeira etapa, abriu o marcado com Careca, após tabela com Muller. Porém, ainda no primeiro tempo, os franceses reagiram e o carrasco do Brasil, Michel Platini, empatou o jogo.
Na segunda etapa, o jogo começou equilibrado, com o Brasil um pouco melhor, foi então, que Telê Santana resolveu colocar Zico em campo. Como um grande craque, o Galinho começou incendiando a partida e aos 28 minutos deu uma bela enfiada de bola para Branco que foi derrubado na área. Coube a Zico a responsabilidade de bater a penalidade de uma possível classificação, porém, o meia bateu no meio do gol e o goleiro Bats defendeu, para a decepção do povo brasileiro.
Após o pênalti perdido pelo Galinho, a partida terminou empatada em 1 a 1, levando o duelo para as penalidades. Abalado, o time brasileiro não resistiu e perdeu para os franceses pelo placar de 4 a 3 durante as cobranças.
. Copa do Mundo 1990: Dunga (volante)
Dunga deixando atras Juan Cayasso, Brasil v Costa Rica, Stadio delle Alpi, Torino, 16 de junho de 1990. Não foi um jogo para ficar na história… #Dunga #JuanCayasso #selecaobrasileira #CostaRica #WorldCup1990 #Italia90 pic.twitter.com/finRdrruyd
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) August 2, 2019
Geralmente, quando pensamos na Copa do Mundo de 1990 na Itália, logo nos vem à cabeça a história da água batizada em que os argentinos ofereçam para o lateral Branco, em duelo válido pelas oitavas de finais. Porém, a participação da seleção brasileira naquela competição vai muito além disso, ainda mais se falarmos em estilo de jogo.
Pressionado por não conquistar um mundial desde a brilhante geração de 1970, comandada por Pelé, o Brasil chegou em 1990 com um estilo de jogo diferente, jamais visto na seleção. Esse estilo de jogo preservava a marcação forte e a segurança defensiva, ao invés do futebol alegre e vistoso praticado pelo time canarinho nas gerações anteriores.
A “Geração Dunga”
Esse estilo de jogo mais pragmático adotado pelo técnico Sebastião Lazaroni para aquele mundial, colocou como a figura central deste novo modelo o volante Dunga. Jogador com uma técnica limitada, ainda mais quando, para a posição que ele atuava, o Brasil sempre dispôs de jogadores classudos, Dunga era o símbolo daquela seleção. Com início e sucesso no SC Internacional onde sempre demonstrou personalidade e garra, também com passagem pelo Corinthians, na época do mundial de 1990, Dunga atuava pela Fiorentina.
Um líder natural, também conhecido por ser disciplinador e um “cão de guarda” da defesa, pela primeira vez em muitas décadas a seleção brasileira apostava em um futebol mais pragmático ao invés do ofensivo. Por isso, aquela seleção que tinha a cara do volante, ficou conhecido como “Geração Dunga”.
O futebol na Copa do Mundo de 1990 não agradou o torcedor brasileiro, mesmo com o Brasil vencendo os seus três primeiros jogos do mundial. E o jogo que ficou marcado aquela geração não poderia ser pior, contra a Argentina, de Maradona e Cannigia, que venceram a partida por 1 a 0.
. Copa do Mundo 1998: Ronaldo (fenômeno)
Convulsão de Ronaldo na Copa de 1998 tem mistérios; ouça o que médico diz http://t.co/qpZWoTe2A1 pic.twitter.com/vZIBZIksLT
— Estadão (@Estadao) June 25, 2014
Atual tetracampeão mundial, o Brasil montou uma seleção considerada ainda mais forte do que a anterior. Para se ter uma ideia, o grupo que participou da Copa do Mundo de 1998 na França, contava com Rivaldo, Ronaldo, Roberto Carlos, Cafú e Bebeto.
Com esse forte time, o Brasil era tido como o grande favorito da competição além dos donos da casa. Foi então, que justamente as duas seleções se enfrentaram na grande final da Copa do Mundo.
A convulsão que preocupou o escrete canarinho
O clima para a seleção brasileira na grande final não foi dos melhores, já que às vésperas da decisão, um fato preocupou os brasileiros. No quarto do hotel, Ronaldo teve uma convulsão que deixou os seus colegas atônitos, mas mesmo assim disse que estava bem e pediu para jogar. Então, Zagallo escalou o fenômeno, que apático, assim como o elenco brasileiro, não impediu o placar negativo de 3 a 0 com um show de Zinedine Zidane.
Após o término do jogo, várias teorias da conspiração começaram a pairar no ar. Dentre elas, de que Ronaldo e o elenco brasileiro teriam entregado o jogo para a França após acordo com a Nike. Por conta disso, uma CPI foi instaurada e jogadores e o técnico Zagallo foram convocados, mas as especulações não saíram do papel.
. Copa do Mundo 2006: Roberto Carlos (lateral-esquerdo)
Olha essa meia desarrumada. Um jogador não pode ser tão desleixado assim não. Se você for jogar outra copa depois de 2002, pfvr, cuide-se pra que a meia não esteja tão bagunçada Roberto Carlos. pic.twitter.com/uJASC36WRd
— Ed Gama (@oedgama) April 12, 2020
Após o pentacampeonato mundial, a seleção brasileira ainda contava com um elenco forte, dessa vez, com o famoso quadrado mágico. Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Kaká eram as grandes estrelas do escrete e também um dos melhores jogadores do ano de 2006.
Dessa forma, era inevitável falar dos favoritos daquela Copa do Mundo na Alemanha sem citar o Brasil. Porém, o que se viu foi uma seleção muito preguiçosa, em clima de muita festa e oba-oba. Então, mesmo passando com tranquilidade na fase de grupos e vencendo Gana por 3 a 0 nas oitavas de finais, o escrete brasileiro sucumbiu mais uma vez diante da França de Zidane e Thierry Henry.
A famosa abaixada no meião
No duelo entre Brasil e França, foi o próprio Henry que anotou o único gol da partida já na segunda etapa. Após esse tento, surgiu o grande “vilão” por parte do lado brasileiro, o lateral-esquerdo Roberto Carlos. Ele estava ajeitando os meiões justamente no exato momento em que Zidane cobrava falta no campo ataque, qu resultou em gol de Thierry Henry. Contudo, há controvérsias se de fato era o lateral o encarregado de marcar o atacante francês.
Fato é que Roberto Carlos foi considerado por muitos, um dos principais culpados pela eliminação brasileira naquela copa, mesmo em um time que já apresentava problemas.
. Copa do Mundo 2010: Felipe Melo (volante)
Mesmo com muitos resultados positivos da seleção brasileira antes da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, muitos não gostavam do técnico Dunga no comando do escrete. O jeito sisudo do treinador e algumas de suas escolhas não agradavam a maioria da opinião pública, apesar dos bons números do treinador.
Alguns dos jogadores do time brasileiro também não agradavam, como o atacante Grafite que mal jogou, o lateral-esquerdo Michel Bastos e o volante Felipe Melo. Esse último por conta do seu jeito temperamental que causava muitas expulsões.
Mas o Brasil passou sem muitos problemas na fase de grupos e encontrou o Chile nas oitavas de finais e venceu por 3 a 0. Após esse jogo, muitas críticas ainda perseguiam o elenco brasileiro, que apesar dos resultados ainda não convencia. Foi então, que o jogo contra Holanda deu a prova que os críticos esperavam.
O temperamento de Felipe Melo
Após Robinho abrir o placar aos 10 minutos do primeiro tempo, a seleção brasileira começou a sentir o peso da pressão na segunda etapa. Então, aos oito minutos apareceu a figura do tão criticado Felipe Melo. Foi ele que esbarrou em Júlio César no lance que originou o primeiro gol da Holanda. Logo depois, Sneijder balançou as redes mais uma vez e virou o jogo para os holandeses, 2 a 1.
De cabeça quente, Felipe Melo confirmou o seu estilo temperamental e após cometer falta em Robben, ele pisou no jogador holandês. O resultado disso foi uma expulsão e eliminação brasileira.
. Copa do Mundo 2014: David Luiz (zagueiro)
Após 64 anos, o Brasil novamente teria a chance de sediar uma Copa do Mundo. Em clima de muita festa, os brasileiros foram escolhendo os seus novos ídolos na esperança do hexa. Foi então que além de Neymar, outros jogadores se tornaram os queridinhos do público, como o meio-campista Oscar, o lateral Daniel Alves e o zagueiro David Luiz.
O clima de festa se intensificou, até porque o Brasil se classificou sem muitas dificuldades na fase de grupos do torneio. Porém, a partir das oitavas de finais começou o martírio, e o escrete canarinho passou por Chile e Colômbia no sufoco, nas penalidades e na prorrogação, respectivamente. Para piorar, o craque Neymar se machucou e de quebra, o time brasileiro teria que enfrentar a forte Alemanha na semifinal.
De herói a vilão
Sendo assim, a principal estrela do Brasil seria um zagueiro, David Luiz, que com a faixa de capitão, após suspensão de Thiago Silva, ergueu a camisa de Neymar, em homenagem ao atacante. Mas, quando a bola começou a rolar, todo o encanto por David Luiz se foi.
Nem o brasileiro mais pessimista imaginava, mas o Maracanaço se tornou um Mineiraço e após um apagão, o Brasil perdeu por 7 a 1. David Luiz de fato não foi a luz em meio a escuridão e por ter subido muitas vezes ao ataque, foi considerado um dos culpados pelo buraco na defesa brasileiro que originou tamanho vexame.
. Copa do Mundo 2018: Fernandinho (volante)
Atlético-PR presta apoio e incentiva Fernandinho a denunciar racistas. Clube revelou o volante da Seleção Brasileira, vítima de ofensas preconceituosas após a eliminação do Brasil na Copa diante da Bélgica. #FocoEmVocê pic.twitter.com/OalewE6dk3
— Rádio Bandeirantes (@RBandeirantes) July 11, 2018
Para muitos, Fernandinho já havia sido considerado o culpado pela eliminação do Brasil na Copa do Mundo em casa, pela sua má atuação. Até por isso, muitos torcedores torceram o nariz quando o técnico Tite o convocou para o mundial de 2018 na Rússia.
Mas, como Fernandinho estava no banco de reservas e não estava comprometendo, pouco se falou no nome do jogador. Até que ele foi acionado para o importante jogo contra a Bélgica nas quartas de finais da competição.
Gol “contra” diante da Bélgica
Como substituto de Casemiro, que estava suspenso, Fernandinho causou muita apreensão dos torcedores brasileiros quem logo lembraram de 2014. Então, aos 13 minutos de jogo, essa lembrança se tornou ainda mais forte, pois o volante subiu de cabeça após escanteio na própria área e marcou contra. Ainda na primeira etapa, a Bélgica ampliou com Kevin De Bruyne e mesmo com Renato Augusto diminuindo na reta final de jogo, o placar se encerrou em 2 a 1 para os belgas.
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1 Comments
Muito bom, gostei bastante do artigo. parabéns