1979: Com show de Zico e Sócrates, o Brasil goleou o Ajax/HOL no Morumbi
Índice
Confronto ficou marcado por cobranças da torcida em cima de Zico
Foi no dia 1º de julho de 1979 que a seleção brasileira recebeu o time do Ajax/HOL, no estádio do Morumbi. E a seleção do Brasil passava por uma reformulação, com vários jovens assumindo o papel de destaque da amarelinha, entre eles destaque para Zico, Sócrates e Paulo Roberto Falcão, que assumiam o protagonismo no futebol brasileiro, entre outros grandes craques.
Zico, que viviam grande momento e sua carreira pelo CR Flamengo, com a partida se realizando na capital paulista gerou desconforto com os torcedores que o vaiaram durante o período de treinamento. A alegação dos paulistas para as manifestações era de que o Galinho somente atuava bem quando o jogo era realizado no Estádio do Maracanã.
Por conta disso, na imprensa, circulavam notícias como “Vaias da torcida preocupam mais do que o Ajax/HOL”. Questionado sobre a situação, Sócrates defendeu o companheiro de equipe. “É um negócio muito chato, porque, principalmente, foram dirigidas há alguns companheiros meus e isso cria um clima de intranquilidade que não é propício para ninguém”.
De certa maneira, quando um jogo da seleção brasileira acontece no estádio do Morumbi, a torcida tende a fazer uma cobrança mais rígida, exigindo inclusive, devolver o valor do ingresso pago. Uma rivalidade que faz parte também do folclore do futebol brasileiro, mas também lembrando que, em sua história, foram poucas as vezes que o Brasil atuou no principal estádio do estado de São Paulo.
Com a bola rolando, o Brasil deu um verdadeiro show!
Com a bola rolando, o time do Ajax/HOL não foi páreo para seleção brasileira, que fez um grande jogo e venceu com muita tranquilidade. O time holandês não era mais o bicho papão do início da década de 1970, quando com uma constelação que contava com, entre outros, Johann Cruyff e o técnico Rinus Michels, era a melhor equipe da Europa.
Ainda que o comando técnico da seleção brasileira estivesse a cargo de Claudio Coutinho, essa já era praticamente a espinha dorsal de Telê Santana no mundial de 1982. Oscar, Edinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates seriam titulares naquele que foi uma seleção que encantou, mas por infelicidade não conseguiu levar.
Para este amistoso as equipes foram escaladas assim:
. Brasil: Leão (Carlos); Toninho, Oscar, Edinho e Júnior; Toninho Cerezo (Zenon), Falcão e Zico; Nilton Batata; Sócrates (Renato) e Joãozinho.
. Ajax: Jager; Meustegue, Krol, Winberg e Boeve; Lerby, Arnesen e Shoenaker; Laling (Blankar), Tahamata e Bosing (Kauser).
O Brasil não tomou conhecimento do Ajax. Sócrates abriu o placar, naquele que é considerado um de seus mais belos gols com a camisa amarelinha. O “Magrão”, como era conhecido, ainda anotou o segundo gol antes do primeiro tempo acabar.
Já na segunda etapa, Toninho Cerezo, meia e destaque do Atlético Mineiro, anotou o terceiro gol brasileiro. Pouco depois, o Galinho Zico tratou de calar os críticos e anotou os dois últimos gols do jogo, fechando a goleada por 5 a 0.
Porém, a pressão em cima de Zico, que teve inicio antes da bola rolar, também persistiu durante o jogo. Após o Galinho anotar o quarto gol do Brasil, os responsáveis pelo letreiro que mostrava o placar não alteraram o resultado do jogo de maneira imediata, como uma aversão ao gol do jogador. No entanto, o meia disse à imprensa que não se abateu ao ser informado por Zenon sobre o fato ocorrido, tanto é que ele deixou mais um, para sacramentar a goleada histórica.
De acordo com Zico, outro grande dilema a ser enfrentado por ele envolvia a recente aposentadoria de Pelé (que havia pendurado as chuteiras no ano de1977) e de Roberto Rivellino. Fato esse que colocava um peso enorme em cima do jogador que na época estava com 27 anos.
Sócrates, o melhor em campo pela seleção brasileira
De acordo com o jornalista Mauro Beting, o melhor em campo naquela partida contra o Ajax/HOL foi o atacante Sócrates que, de acordo com o jornalista, anotou “uma pintura”. Uma curiosidade é que Sócrates foi escalado com a camisa 9, como um centroavante, posição que também desempenhou por vezes no SC Corinthians e também no Botafogo/SP em seu início de carreira, apesar de ser um destaque mesmo com a camisa 8.
E pela seleção brasileira, Sócrates ficou para sempre lembrado pelo mundial de 1982, quando formou um meio de campo inesquecível ao lado dos já citados Zico, Falcão e Cerezo.
Em campo pelo Ajax, o lendário Krol
A equipe holandesa já não era tão temível como em anos anteriores. Porém, tinha em campo o capitão Rudolf Jozef Krol, um dos remanescentes do grande Ajax/HOL. Uma curiosidade é que ele, naquela temporada, ficou com a terceira posição na briga pela Bola de Ouro da Revista da France Football. Isso mesmo já um veterano.
Mestre em antecipações precisas, o holandês geralmente roubava a bola sem cometer faltas, e também era muito ágil para armar a saída de bola. Krol chegou a vestir por 12 anos a camisa do Ajax, sendo o ano de 1979 foi o seu último no clube. Em 1980 ele iria se transferir para o Vancouver Whitecaps, do Canadá. Na equipe holandesa, o zagueiro faturou 16 títulos, incluindo campeonatos regionais, para se tornar um dos maiores da história do clube Já pela seleção da Holanda, Krol atuou em 83 oportunidades, sendo algumas vezes como lateral e outras como zagueiro.
E assim como em seu clube, o jogador também fez história pela seleção, tendo participado dos mundiais de 1974 e 1978, quando a Holanda ficou, nas duas oportunidades, na 2ª colocação do torneio. O “Carrossel Holandês” ficou marcado como uma das gerações mais icônicas na história do futebol mundial.
E ai, gostou do artigo? Então deixa o seu comentário!