A frustrada passagem de Didi no Real Madrid
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“Folha Seca” não conseguiu brilhar na Espanha
Meio-campista de rara habilidade, visão de jogo e elegância, Didi é considerado um dos melhores jogadores na história do futebol brasileiro. Bicampeão mundial pela seleção brasileira nos anos de 1958 e 1962, era um dos mais experientes dos inesquecíveis selecionados que contava com, entre outros, Pelé, Garrincha e Nilton Santos. Não a toa, recebeu o apelido de “Mr. Football”. Dentro dos gramados era um verdadeiro maestro de suas equipes.
Jogando em clubes do Brasil, Didi se destacou no futebol do Rio de Janeiro, principalmente vestindo as camisas de Botafogo e Fluminense. E foi justamente atuando por essas duas equipes que ele mais faturou títulos em sua vitoriosa carreira. Por conta disso, é considerado um dos maiores ídolos da história de ambos os clubes.
Com tantas glórias e destaques na carreira por times e seleções, era esperado que sua passagem pelo Real Madrid, na temporada de 1959, fosse marcante, em um time que muitos comparam ao gigante Santos de Pelé, da mesma época. Porém, o que se viu foi uma passagem apagada que, para muitos, se deu por conta do frio e um possível desentendimento com o craque Alfredo Di Stefano. Fatos, inclusive, que foram desmentidos por pessoas próximas do jogador.
Mas afinal, quais foram os verdadeiros motivos para a frustrada passagem de Didi no Real Madrid?
Por que o Real Madrid optou por sua contratação?
Após se destacar em times menores do futebol carioca, Didi foi contratado pelo Fluminense Football Club no ano de 1949. No Tricolor das Laranjeiras se tornou um verdadeiro ídolo ao conquistar diversos títulos como o Campeonato Carioca de 1951 e outras taças de competições menores. Foi em seu período pela a equipe que o craque entrou para a história ao marcar o primeiro gol do estádio do Maracanã – inaugurado em 1950.
Porém, depois de alguns atritos com a diretoria tricolor, o jogador foi colocado à venda por uma quantia de 1,85 milhões de cruzeiros, valores da época. Valor que o Botafogo/RJ aceitou pagar, fechando uma transação nunca vista antes no futebol brasileiro.
Assim, Didi chegava ao clube de General Severiano em 1956 não apenas como um grande craque, mas como um grande astro. Naquela época, todos os holofotes estavam voltados ao seu futebol, que passou a tomar dimensões ainda maiores. Ao vencer o Campeonato Carioca de 1957 pela Estrela Solitária, o craque foi figurinha carimbada na Copa do Mundo de 1958.
Naquele mundial, o meia teve uma atuação fora de série, sendo um verdadeiro gênio no meio campo e consagrando craques como Vavá, Pelé e Mané Garrincha. Inclusive, na semifinal contra a França, foi autor de um dos gols com o seu famoso chute ‘Folha Seca”, em goleada brasileira por 5 a 2.
Esses fatos foram suficientes para o Real Madrid se encantar com o seu futebol do meia e correr atrás de sua contratação.
A repercussão da contratação de Didi pelo Real Madrid/ESP
Antes mesmo da Copa do Mundo de 1958, Didi já despertava o interesse do futebol europeu por conta de suas boas atuações pelo Botafogo. Às vésperas do mundial, o Valencia tentou sua contratação, mas o Fogão se manteve irredutível e não negociou o jogador. O Barcelona, grande rival do Real Madrid, também sondou o craque, mas não conseguiu fechar negócio.
Após a Copa do Mundo de 1958, sendo um dos principais nomes do Brasil, o Botafogo/RJ não conseguiu mais mantê-lo e teve que negocia-lo. Na ocasião, o Real Madrid bancou a sua contratação – por valores não revelados – e fechou a negociação junto com o time de General Severiano.
A sua despedida do Brasil causou muita comoção e, enquanto deixava o país, o jogador esteve cercado por torcedores e jornalistas. Sua chegada à Espanha não foi diferente, pois uma outra multidão ansiosa o aguardava.
Nos Merengues, passagem muito aquém das expectativas
REAL MADRID 1959.
Didi, Di Stéfano, Puskás. pic.twitter.com/T78c7eBxrl
— Curiosidades Europa (@CuriosidadesEU) July 1, 2020
Assim que chegou ao Real Madrid, Didi passou a ser treinado pelo lendário treinador paraguaio Fleitas Solich, também com muito sucesso no CR Flamengo. Além disso, o meia teve a companhia do também brasileiro Canário, e logo fez amizade com o argentino Rogélio Dominguez e com o uruguaio José Santamaría. Didi também se entendeu muito bem com a lenda húngara Ferenc Puskás. Inclusive, com Puskás, fazia disputadas cobranças de faltas que valiam jantares.
Em meio a um ambiente favorável, o craque logo brilhou no torneio de pré-temporada, no Troféu Ramon Carranza. Na competição, o camisa 8 foi um verdadeiro maestro, além de decisivo. Na semifinal, em goleada por 6 a 3 contra o AC Milan, Didi comandou a partida e ainda fez um golaço de falta. Já na final, em vitória por 4 a 3 sobre o rival Barcelona, driblou três adversários e um deu passe preciso e decisivo para Puskás marcar.
Dessa forma, o meia foi eleito o melhor jogador da competição e a empolgação sobre seu desempenho foi tamanha que seu rosto foi estampado em camisetas e bottons vendidos pelo clube.
Porém, o sucesso do brasileiro parecia despertar um sentimento inveja no atacante argentino e “dono” da equipe, Alfredo Di Stéfano. Dessa forma, para evitar um confronto, o presidente do clube Santiago Barnabéu, ficou ao lado do mais forte, que era o do “Flecha Loira”. Por conta disso, Didi foi afastado do clube em janeiro de 1960, tendo só atuado em 19 partidas, com 5 gols pelo Campeonato Espanhol, vencido na temporada pelo Barcelona.
O jogador, inclusive, ficou de fora da conquista do pentacampeonato da Copa dos Campeões que o Real Madrid viria a conquistar.
Outra versão sobre a saída de Didi do Real Madrid
Hoy se cumplen 60 años de la victoria del Real Madrid por 2-1 ante el Valencia en la 17ª jornada liguera. Aquel día Didi jugó su ultimo partido oficial en el Bernabéu marcando ademas su ultimo gol como jugador madridista. pic.twitter.com/r9toD3C8x6
— Hemeroteca RMCF (@HemerotecaRMCF) January 10, 2021
Além da teoria de que Di Stéfano teria envenenado a imprensa e o clube contra Didi, outra teoria sobre a breve passagem do jogador no Real Madrid também é muito discutida até os dias de hoje. Segundo o brasileiro Canário, seu companheiro de equipe, o meia não teria dado certo no time merengue por conta do clima gelado do país, do qual o jogador não se adaptou.
Perguntado sobre este assunto, Alfredo Di Stéfano sustenta a mesma teoria alimentada pelo brasileiro Canário. Até mesmo em tom de irritação, Di Stéfano – que faleceu em 2014 – desmentia que ele teria sido o pivô da saída do craque brasileiro:
“Eu conto uma história, e ele conta outra história. Para falar de uma pessoa têm que estar os dois presentes. Eu digo uma coisa, você outra e, aí, as coisas se aclaram. Você me pergunta de Didi. Pois digo que, aqui, Didi foi tratado muito bem. Vou te contar uma coisa: Didi veio a Madrid num inverno do c… e não comprou um casaco. Ponto. Não me pergunte mais”.
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Na época da passagem do Didi pelo Real Madrid eu era uma criança, mas lembro de matérias em jornais, no O Cruzeiro, na lendária Revista do Esporte e em emissoras de rádio. Todos falavam do boicote sofrido pelo brasileiro.
Em 1961 o Real Madrid jogou um amistoso no Maracanã contra o Vasco,que contou com o Didi emprestado pelo Botafogo. Meu pai esteve presente e falou que o objetivo do Didi naquele jogo foi se vingar do argentino. Chegou até a passar a bola entre as pernas do “rival”. Esse jogo terminou empatado em 2×2.
O que aconteceu com o Didi, acontece com muitos jogadores que vão jogar na Europa.
Há um engano, no jogo Vasco da Gama 2×2 Real Madrid, disputado no Maracanã em 1961. o Didi não defendeu o Vasco da Gama. O armador do Vasco da Gama foi o Lorico, que fazia a sua estréia na equipe do de São Januário.