Destaques ainda jogavam temporadas em clubes menores

São inúmeros os exemplos de importantes jogadores que começaram a sua trajetória no futebol atando por equipes sem tanta expressão no futebol brasileiro ou mundial. Surgem como um meteoro, não somente se destacando mas também colocando aquela equipe em destaque por uma ou mais temporadas. E em décadas anteriores esse tipo de situação era ainda mais normal já que, muitas vezes, este jovem atuaria por mais tempo nestas equipes menores.

Pensando nisso, selecionamos algumas histórias de importantes jogadores de sua era, que mais tarde se tornariam campeões e destaques em grandes clubes, porém, que iniciaram em equipes e times mais modestos. Vale a pena conferir esta lista, veja o que acha e quem mais você adicionaria?

. Ademir da Guia (Bangu)

Um dos maiores jogadores na história da SE Palmeiras, o Divino Ademir da Guia dedicou praticamente toda sua carreira ao Alviverde. O que poucas pessoas sabem é que Ademir da Guia iniciou a sua carreira no Bangu, time de sua região no Rio de Janeiro. Revelado aos 18 anos de idade, desde o início Ademir se mostrava como um jogador diferenciado, um meio campista clássico.

Filho do lendário zagueiro Domingos da Guia, no Bangu, o Divino atuou entre os profissionais de 1960 a 1961, sendo que em 59 jogos anotou 14 gols. Neste período, Ademir não se firmou como titular absoluto da equipe, e passou boa parte do tempo em que ficou no profissional do Bangu, na reserva. Ainda assim, já chamava a atenção de outros clubes e, em 1962, seu destino seria a cidade de São Paulo, mais precisamente no Palmeiras, onde definitivamente faria história e atuaria até se aposentar do futebol, em 1977.

Mesmo ficando pouco tempo no Bangu, o Divino sempre foi muito respeitado por lá, recebendo, inclusive, um busto em sua homenagem.

. Sócrates (Botafogo/SP)

🇧🇷 Sócrates, Botafogo SP (1974/1978 e 1989) pic.twitter.com/pFjjtJg5HK

— Futografia FC (@futografia) April 28, 2020

Jogador inteligente, com nome de filósofo e doutor da bola, Sócrates é considerado por muitos o maior ídolo na história do SC Corinthians. Um dos líderes do movimento da Democracia Corintiana, o jogador também sempre viu seu nome ligado as causas sociais quando era jogador, principalmente referente a redemocratização do Brasil naquele período. Porém, seu início não foi no Parque São Jorge, e sim na cidade de Ribeirão Preto, mais precisamente no Botafogo.

O boêmio jogador daria seus primeiros passos na carreira de atleta no ano de 1972. Ali jogaria até o ano de 1978, quando seria contratado pelo Corinthians e viria sua carreira atingir outro nível, sempre presente nas convocações da seleção brasileira. Porém, até ir para um gigante sempre reforçaria seu talento no clube do interior de São Paulo. As vezes como um centroavante, depois se firmando como um meio campista clássico, conseguiria – entre outras façanhas – ser escolhido como a revelação do Campeonato Paulista de 1974, até ser o artilheiro do Campeonato Paulista de 1976.

. Raí (Botafogo/SP)

DA COPINHA AO MUNDIAL!
Campeão do Mundo com a Seleção Brasileira e com o São Paulo, Raí deu seus primeiros passos para o futebol na Copinha, e em 1983, ajudou o Botafogo-SP a chagar na decisão do maior torneio de base do Brasil.#EuVimDaCopinha
📷Reprodução/@rai10oficial pic.twitter.com/RReQSsJNJ3

— Copinha (@Copinha) April 19, 2020

Um dos Ídolos máximos do São Paulo FC, Raí sempre teve seu nome ligado ao clube, sendo até os dias de hoje muito influente nos bastidores do Morumbi. Porém, o início da trajetória de Raí seria o mesmo do irmão, também craque, Dr. Sócrates: o Botafogo/SP. Com apenas 15 anos de idade, em 1980, Raí estrearia entre os juvenis do Botafogo/SP, porém, afim de afastar qualquer pressão por ser irmão do “Doutor Sócrates”, iniciou escondendo o parentesco, embora sempre tenha afirmado que o tivesse como principal ídolo.

Em 1984 aconteceria a sua estreia no profissional do Botafogo/SP. Sua passagem pelo clube do interior de São Paulo duraria apenas três temporadas e sem grande destaque, com apenas 10 gols marcados em 38 partidas disputadas.

. Mauro Silva (Bragantino e Guarani)

Com brilhante carreira na seleção brasileira e um dos maiores ídolos do Deportivo La Corunã, time da Espanha, Mauro Silva foi o carregador de piano daquela seleção campeão do Mundo em 1994. E toda essa trajetória de sucesso na seleção brasileira ele conquistou sem precisar estar em algum gigante do futebol brasileiro ou mundial. O início de sua carreira se deu na temporada de 1988, com a camisa do tradicional Guarani, de Campinas. Dois anos depois, em uma maluca transação, foi negociado com o ainda desconhecido CA Bragantino.

Nesta negociação, o Bugre cederia sete jogadores pelo zagueiro Vitor Hugo, entre eles Mauro Silva e a base do agora Red Bull Bragantino, que surpreenderia a todos com o título do Campeonato Paulista de 1990. Em 1991, levaria o Bragantino a final do Campeonato Brasileiro daquele ano, quando seriam derrotados pelo São Paulo FC, de Raí e Telê Santana.

. Roberto Carlos (União São João)

Roberto Carlos en el União São João (1990-1992). Jugó 90 partidos y marcó 15 goles @Oficial_RC3 RT! pic.twitter.com/D1EPCxuGpc

— Donnie (@donniedarkoin) March 23, 2015

Sem sombra de dúvidas um dos melhores laterais esquerdos de todos os tempos, Roberto Carlos fez história no Palmeiras e no Real Madrid, principalmente, além da seleção brasileira. Porém, pouco antes de surgir no Palmeiras como um explosivo lateral ainda no início da década de 1990, ele foi revelado pelo União São João de Araras, tradicional time do interior paulista.

Em 1991, com apenas 16 anos, Roberto Carlos teve meteórico inicio de carreira, logo se tornando titular da equipe, além de estar presente nas convocações da seleção brasileira sub-20. Já demonstrando sua veia ofensiva, em pouco mais de dois anos na equipe, anotou 15 gols em 90 partidas. Porém, antes de partir com destino ao Palmeiras, o lateral teve rápida passagem por empréstimo para o Atlético Mineiro, sem grande sucesso.

. Ronaldo Fenômeno (São Cristóvão)

Um dos maiores atacantes que o futebol já produziu, Ronaldo Nazário foi explodir no cenário brasileiro já atuando com a camisa celeste do Cruzeiro EC, ainda com 16 anos e já anotando gols adoidado que, inclusive, renderam a convocação para a Copa do Mundo de 1994. Porém, o jovem Ronaldinho iniciou sua carreira em um pequeno clube do Rio de Janeiro, o São Cristóvão.

Em 1990, com apenas 13 anos, o jovem fenômeno já chamava a atenção de grandes clubes do futebol brasileiro como CR Flamengo, São Paulo FC e Botafogo/RJ. Mas, em 1992, Jairzinho, campeão da Copa Libertadores de 1976 com o Cruzeiro, observou o talento do garoto no São Cristóvão e o levou para o time celeste. Não demoraria para Ronaldinho despontar para o futebol mundial.

. Rivaldo (Santa Cruz / Mogi Mirim)

Um dos maiores jogadores brasileiros da década de 1990 e início dos anos 2000, Rivaldo foi um dos protagonistas no pentacampeonato mundial da seleção brasileira em 2002. Participando de equipes notáveis no futebol brasileiro e mundial, como Palmeiras, Barcelona, e Olimpyakos/GRE, o pernambucano foi revelado no Santa Cruz, onde atuou de 1991 a 1992. Mas foi no futebol paulista, em um pequeno clube, que Rivaldo passaria a chamar a atenção de todos.

O famoso “Carrossel Caipira”, comandado por Oswaldo Alvarez, o eterno Vadão, Rivaldo formou um trio mágico ao lado de Válber e Leto. No Sapão, o craque chamou a atenção, indo atuar – primeiramente – no SC Corinthians, para em seguida partir para o Palmeiras, onde conquistaria seus principais títulos em solo brasileiro.

. Juninho Paulista (Ituano)

Contratado pelo São Paulo FC em 1993, não demorou muito para Juninho começar a se destacar no Tricolor de Telê Santana, ainda como uma espécie de 12º jogador. O meia que seria pentacampeão com o Brasil em 2002, também teria excelente passagens pelo futebol da Espanha e da Inglaterra, onde, inclusive, seria escolhido como o Melhor Jogador do Ano (Player of the Year) na temporada 1996-97. Porém, o início deste pequeno notável de apenas 1,65m se daria em outro lugar.

Sua origem no futebol, quando pela primeira vez chamou a atenção dos grandes clubes foi vestindo a camisa do Ituano, pelo histórico Campeonato Paulista de 1993. Ele ainda encerraria sua carreira pelo Ituano, já como um jogador consagrado no ano de 2010, onde também se tornaria dirigente da equipe paulista.

. Giovanni (Tuna Luso/PA)

Giovanni foi um meteoro no futebol brasileiro. Praticamente surgiu no ano de 1995, levando o Santos FC a final do Campeonato Brasileiro, e vestindo a 10 eternizada pelo Rei Pelé. Após excelente Paulista naquele ano de 1995, quando já era o destaque do Peixe, “O Messias” faria muito mais no Brasileiro daquele ano. Foram derrotados na final para o Botafogo/RJ de Túlio Maravilha e companhia, mas seria sem dúvida o grande destaque da competição, com partidas, gols e jogadas inesquecíveis.

Viraria Messias na semifinal do Campeonato Brasileiro, contra o Fluminense do já veterano Renato Gaúcho.

Após ter perdido por 4 a 1 no jogo de ida, no Rio de Janeiro, a partida de volta aconteceria no Estádio do Pacaembu, e seria uma das maiores de um jogador na história do Campeonato Brasileiro. Na vitória por 5 a 2, o Santos possui a vantagem do empate, Giovanni anotou dois gols, e participaria dos outros três. Uma atuação impecável.

Mas o que poucos sabem é que antes de jogar no Peixe, Giovanni já havia rodado em algumas equipes do futebol nacional, principalmente no Estado do Pará, onde nasceu. Foi revelado em 1991 pelo Tuna Luso/PA para logo depois passar por Remo e Paysandu, ambos do Pará, e o Sãocarlense do interior de São Paulo.

E fora do Brasil?

. Michel Platini (Nancy-Lorraine)

O jogador mais notável do AS Nancy foi o Michel Platini que começou a carreira no clube em 1972. pic.twitter.com/8cxzDQFFvs

— Man City Brazil (@ManCityBrazil) March 4, 2020

Além de Zidane, outro craque que conquistou a idolatria do povo francês foi Michel Platini. O meia que explodiu no cenário mundial com a camisa do Saint-Étienne, teve uma carreira vitoriosa representando a Juventus. Mas as suas origens no esporte bretão não foram com a camisa de nenhuma dessas equipes e sim no pequeno clube do Nancy-Lorraine.

Platini estreou como profissional aos 17 anos de idade em 1972, após ter se formado na base do Joeuf, pequeno clube de sua cidade. O meia quase foi jogar no Metz, time da primeira divisão francesa, mas por suspeitas de problemas de saúde, não foi contratado. Dessa forma, o Nancy foi quem lhe deu a primeira oportunidade no futebol profissional.

. Diego Maradona (Argentino Juniors)

Um dos maiores jogadores da história do futebol, Diego Maradona muitas vezes é lembrado por sua passagem no Boca Juniors. O craque se transferiu ainda cedo para a equipe xeneize, talvez por isso, muitas pessoas pensem que o inicio de sua carreira foi em La Bombonera. Porém, sua estreia como jogador profissional foi no pequeno clube do Argentino Juniors.

Com apenas 16 anos, Don Diego já se destacava com a camisa da equipe, tanto que dois anos depois, muitos já pediam a sua presença na Copa do Mundo de 1978. Mas o craque acabou não indo para aquela competição, o que não lhe fez falta, pois logo depois ele entraria para a história do futebol.

. Carlos Valderrama (Unión Magdalena

Qué #TBT metió el Pibe Valderrama, con la camiseta de Unión Magdalena, equipo colombiano donde debutó profesionalmente en 1980. pic.twitter.com/vgCAMf7tLj

— SportsCenter (@SC_ESPN) June 11, 2020

Icônico jogador e maior ídolo do futebol colombiano, Carlos Valderrama passou por grandes equipes de seu país. Mas, para a surpresa de muitos, o craque foi revelado no Unión Magdalena, pequeno clube de sua cidade natal, no qual seu pai e seu tio jogaram.

Foi no ano de 1981, que Valderrama desfilou seu futebol no profissional pela primeira vez, em jogo válido pelo Campeonato Colombiano. Não demorou muito para que chamasse atenção e passasse a vestir a camisa de grandes clubes da Colômbia. Logo em seguida, sua carreira prosseguiu na Europa e Estados Unidos ─ país no qual se tornou ídolo.

. Roberto Baggio (Vicenza)

Uma das maiores lendas do futebol italiano, Roberto Baggio tem seu nome muito ligado à Juventus, apesar de ter passado por Milan e Internazionale. Muitos até pensam que o craque iniciou a carreira na Fiorentina, onde obteve notável sucesso, porém seus primeiros passos no futebol foram no Vicenza.

Após ter jogado nas categorias de base do Caldogno, time de sua terra natal, Baggio passou a atuar no Vicenza, que era a maior equipe de sua região. Não demorou muito para o craque rodar o futebol italiano e se tornar um dos maiores ídolos do país.

. Zinedine Zidane (Cannes)

Um dos maiores craques do futebol mundial, Zinedine Zidane explodiu no futebol francês com a camisa do Bordeaux e em seguida ganhou o mundo atuando por Juventus e Real Madrid. Mas antes de desfilar seu futebol nesses times, Zizou, como era chamado, foi revelado na pequena equipe do Cannes em 1988, com apenas 16 anos.

Zidane que é natural de Marselha chegou a treinar no Olympique, seu time do coração, mas acabou não permanecendo. Logo depois, o craque teve a oportunidade de jogar na cidade de Cannes, onde ficou hospedado por seis semanas até se firmar no futebol.

. Arjenn Robben (Groningen)

Sendo reconhecido mundialmente ao vestir a camisa do PSV, Arjenn Robben passou por grandes clubes do futebol mundial como Real Madrid, Chelsea e Bayer Munich. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o craque holandês iniciou sua carreira em uma modesta equipe de seu país, o Groningen.

Sua estreia no clube foi em 2000, com apenas 16 anos idade. Desde o inicio já se via que as suas habilidades eram fora do comum, e não demorou muito para que despontasse no futebol. Seu amor ao pequeno clube do Groningen é tamanho, que Robben desistiu de sua aposentadoria em 2020 para representar a equipe que o revelou.

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