Campeonato Paulista 1993: Em torneio histórico, Palmeiras colocou fim a jejum de 16 anos
Índice
- 1 Com um timaço, Verdão saiu da fila após bater o Corinthians na grande final
- 2 Quem eram os principais candidatos ao título?
- 3 A Primeira fase do Campeonato Paulista 1993
- 4 Campeonato Paulista 1993: Palmeiras e Corinthians fazem a final
- 5 Primeira partida: Vitória alvinegra com provocação de Viola
- 6 SE Palmeiras e a Era Parmalat
Com um timaço, Verdão saiu da fila após bater o Corinthians na grande final
O Campeonato Paulista de 1993 marcou a conquista do 19º título estadual da Sociedade Esportiva Palmeiras. Um histórico campeonato foi disputado pelo incrível número de 30 equipes. Apesar do alto número de participantes, o Paulista 1993 contou com elevado nível técnico, dado o protagonismo dos principais clubes do Estado de São Paulo e a sua representatividade na seleção brasileira.
Por exemplo, dos 22 jogadores convocados para a seleção brasileira que disputaria a Copa América daquele ano de 1993, 16 jogavam no futebol paulista, que vivia grande momento técnico e financeiro.
Jogadores como Roberto Carlos, Cafu, Edmundo, Viola, Müller, Raí, Neto, desfilavam talento nos gramados do futebol paulista. Se colocarmos em comparação aos dias de hoje seria uma situação impensável. Tanto é que, o Campeonato Paulista daquele ano não seria somente considerado um dos principais torneios do Brasil, mas um dos principais também do mundo. O nível técnico era muito alto, inclusive com as equipes do interior de São Paulo.
E tudo isso também refletia na excelente média de público da competição. Mais de 3 milhões de pessoas compareceram aos estádios ao longo de todas as 447 partidas do torneio. O Campeonato Paulista 1993 ainda teve média de 2,6 gols por partida, a maior dos últimos 14 anos do período.
Quem eram os principais candidatos ao título?
O São Paulo Futebol Clube era o atual bicampeão paulista, tendo vencido nos anos anteriores o Corinthians e o Palmeiras. Despontava como a principal força na América do Sul, sendo que acabara de retornar do Japão com o título de campeão mundial.
Em seu elenco a base do time que venceu o Barcelona em Tóquio, ídolos como Zetti, Cafú, Palinha Toninho Cerezo, Muller e o cracaço Raí, grande jogador brasileiro na temporada anterior. Para aquele ano de 1993, o camisa 10 já havia sido negociado com o Paris Saint-Germain, da França, mas ficaria no clube para as disputadas do primeiro semestre, como Campeonato Paulista e Copa Libertadores. Este grande time era comandado pelo saudoso mestre Telê Santana.
O Palmeiras, com o aporte financeiro da Parmalat, buscava pôr fim a um jejum que já durava 16 anos. E o clube investiu pesado em contratações. Boa parte do elenco do Verdão foi bancado pela parceria milionária, com destaques para o forte quarteto ofensivo formado por Zinho, Edilson, Edmundo e Evair.
Já o Sport Clube Corinthians, treinado por Nelsinho Baptista, tinha como suas principais referências os campeões Brasileiro de 1990, o goleiro Ronaldo e o meia Neto. Além do atacante Viola, que viveria grande fase naquela competição.
Dos quatro grandes do futebol paulista, o Santos Futebol Clube era o time que vinha com o elenco mais modesto. Contava com o meia Cuca (hoje técnico), além do atacante Guga, que viria a ser o artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1993.
Outros destaques daquele Paulista 1993
A Portuguesa de Desportos, considerada a quinta força no estado de São Paulo por muitas décadas, e havia sido campeã da Copa São Paulo de 1991 e incorporado alguns destes jogadores ao elenco principal. Tinha, entre outros destaques um jovem e endiabrado Dener que, com apenas 22 anos, era dono de um enorme talento e considerado a grande revelação do futebol brasileiro naquele período.
Os clubes do interior do Estado representavam uma força a ser considerada naquela época. Guarani, Bragantino e União São João de Araras disputavam a Série A do Campeonato Brasileiro, e ainda havia a Ponte Preta, outra força gigante do Estado, com muita história e tradição.
Campeão Paulista em 1990, além de vice-campeão Brasileiro em 1991, o Bragantino vivia grande momento no futebol nacional. Era, naquele período, um adversário indigesto para os grandes clubes do estado. Naquele Campeonato Paulista de 1993, a equipe de Bragança Paulista venceu o Corinthians dentro e fora de casa durante a primeira fase da competição. Também chegou e vencer o Palmeiras, por 1 a 0, com gol de Gil Baiano, um dos remanescentes da campanha histórica de 1990.
O Novorizontino, outro finalista do Paulista de 1990, estava no Grupo B e terminou a fase de classificação na liderança do grupo. Além de contar com o melhor ataque e invicto dentro de seus domínios.
E não há como deixar de mencionar o Mogi Mirim. No ano anterior havia surpreendido a todos com o famoso Carrossel Caipira, que contava com o trio Válber, Leto e um jovem Rivaldo. Em 1993 o time ficou de fora da segunda fase por critérios de desempate. Uma pena, devido ao bom futebol praticado pela equipe.
A Primeira fase do Campeonato Paulista 1993
Seguindo os mesmos moldes de edições anteriores, o Campeonato Paulista 1993 foi dividido em dois grandes grupos. De níveis técnicos distintos, tinha:
. Grupo Verde: formado pelos 16 clubes com melhor desempenho no Paulista de 1992.
. Grupo Amarelo: formado pelos 12 clubes remanescentes daquele ano, mais o São Caetano e Taquaritinga, oriundos da Divisão Intermediária, atual série A2. O termo série A2, começou ser utilizado apenas em 1994.
No Grupo Verde, os seis primeiros se classificavam para a segunda fase. Sendo que a S.E. Palmeiras fez a melhor campanha da primeira fase, com 44 pontos em 30 jogos disputados. Junto com a equipe de Vanderlei Luxemburgo também avançaram São Paulo, Corinthians, Santos, Guarani e Rio Branco. No Grupo Amarelo, Novorizontino e Ferroviária seguiram em frente.
Disputa da Fase Semifinal
Pela melhor classificação, o Palmeiras teve a sua jornada facilitada para encarar rivais mais fracos em sua chave. Enquanto que, no outro chaveamento, Corinthians, Santos e São Paulo, teriam a companhia do Novorizontino. O melhor colocado de cada grupo garantia a vaga para a grande final.
Em sua chave o Palmeiras garantiu a classificação facilmente, vencendo todos os confrontos Grupo A. Contra Guarani, Ferroviária e Rio Branco.
Por outro lado, o Grupo B foi muito mais equilibrado, com vários clássicos e cheio de reviravoltas. A situação ficou indefinida até as rodadas finais.
O Corinthians assumiu a ponta do grupo apenas na penúltima rodada, ao vencer o São Paulo por 1 a 0, no Morumbi. O Tricolor sofria com o desgaste físico e estava extenuado pelo excesso de jogos dos últimos meses. No outro jogo da rodada, o Novorizontino aprontou pra cima do Santos e venceu por 3 a 2, em plena Vila Belmiro.
Na última rodada, os três clubes ainda tinham chances matemáticas de classificação, porém, nem os 6 a 1 aplicados pelo São Paulo, em cima do Santos, foram suficientes para tirar a vaga do Corinthians. O Timão assegurou sua vaga na vitória por 3 a 0 sobre o Novorizontino.
Campeonato Paulista 1993: Palmeiras e Corinthians fazem a final
Palmeiras e Corinthians se reencontravam em uma final após 19 anos, da partida que ficou marcada pela despedida de Roberto Rivelino do Parque São Jorge. O Reizinho do Parque foi considerado o principal culpado pela derrota por 1 a 0 para o rival, na final do Campeonato Paulista de 1974. Após isso, ele acabou vendido ao Fluminense para ingressar na famosa “Máquina Tricolor”.
A decisão do Campeonato Paulista de 1993 foi disputada em duas partidas, ambas no Estádio do Morumbi, palco das grandes decisões envolvendo os principais times de São Paulo. Cerca 100 mil torcedores estiveram presentes em cada uma das partidas.
Por ter a melhor campanha em toda a competição, o Palmeiras possuía ligeira vantagem em caso de igualdade de pontos nos dois jogos da decisão.
Já o Corinthians apostava as suas fichas nas bolas paradas de Neto, além na estrela do artilheiro Viola. O atacante, que havia despontado no time de Parque São Jorge em 1988, anotando o gol do título do Campeonato Paulista contra o Guarani, mas que vinha, desde então, alternando bons e maus momentos pelo clube alvinegro.
Em 1993 voltava a viver ótima fase, faria uma temporada de afirmação, o que lhe renderia a artilharia do Campeonato Paulista. Além disso, na temporada seguinte seria convocado para o Mundial de 1994, que aconteceu nos EUA.
O Palmeiras, por sua vez, possuía em seu plantel jogadores de destaque em todas as posições e entrava na disputa como favorito.
Primeira partida: Vitória alvinegra com provocação de Viola
Em 1993, aquele time do Palmeiras era tecnicamente superior ao do Corinthians. E a única forma do Corinthians vencer o Palmeiras seria na base da superação. Jogando com mais determinação e aplicação tática, o Timão anulou as principais jogadas do time Alviverde, vencendo a partida de ida por 1 a 0. Edmundo e Edilson, os principais jogadores do Verdão, foram marcados individualmente, e pouco produziram o jogo.
O gol da vitória corintiana saiu logo aos 13 minutos do primeiro tempo. Após cobrança de falta de Neto, Viola se atirou na bola para marcar o seu vigésimo gol na competição. Consolidando, assim, a artilharia do Paulistão 1993.
Na comemoração, um momento histórico, com Viola imitando um porco, símbolo do time palmeirense. Uma imagem que ficou marcada na história.
Esta provocação gerou muita repercussão durante toda a semana de preparação para a segunda partida, e foi usada como combustível por Vanderlei Luxemburgo para uma revanche palmeirense.
Para o jogo de volta bastaria o empate para o Corinthians levantar a taça. Já ao Palmeiras, uma vitória por qualquer resultado levaria o jogo à prorrogação.
Segunda partida: Palmeiras quer encerrar jejum
Engasgado com a provocação do rival. O Palmeiras voltou diferente para a segunda partida da grande final do Campeonato Paulista de 1993. Com apenas um minuto de jogo, o animal Edmundo já perdia chance claríssima debaixo do gol.
O Palmeiras mostrava toda a sua melhor qualidade e não deixava o Corinthians jogar. Com apenas 18 minutos de jogo, o técnico corintiano Nelsinho Baptista foi forçado a mexer no time. Entrou o talismã Tupãzinho no lugar do meia Adil.
Aos 36 minutos da primeira etapa, após disputa de bola entre Edmundo e Henrique, a bola acaba parando nos pés de Evair que rola para Zinho abrir o marcador para o Verdão.
Edmundo e Edilson atormentavam a defesa corintiana com muita velocidade e dribles. Tanto que, aos 39 minutos, Henrique acaba sendo expulso após parar com falta, uma arrancada perigosa do capetinha.
Se a missão corintiana já era difícil no onze contra onze, ficaria ainda mais difícil com um a menos. E com toda a segunda etapa pela frente. Se mantivesse a vitória do Palmeiras, a partida iria para a prorrogação, com a vantagem do empate para o time Alviverde.
Aos 15 do segundo tempo, outra expulsão. Em um contra-ataque puxado pelo zagueiro Tonhão, Edmundo recebeu livre e, Ronaldo, na tentativa estabanada de evitar o gol, sai da área, comete falta no atacante e leva o vermelho. Neste mesmo lance, Tonhão, do Palmeiras, também é expulso.
O segundo gol do Verdão sai aos 29. Após invadir a área, Mazinho só rola para Evair empurrar a bola para o fundo do gol. E teve tempo para mais. Aos 38, Daniel tocou para Evair, que com extrema tranquilidade, bate com categoria, a bola bate na trave e sobra para Edilson fazer o terceiro do Palmeiras.
A quebra do jejum estava cada vez mais próxima.
O grito de campeão sai da garganta palmeirense!
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Bastava ao Palmeiras o empate na prorrogação para findar o jejum. Apesar dos 3 a 0 no tempo normal, se o Corinthians ganhasse por 1 a 0 na prorrogação, seria o campeão. Mas o time do Palmeiras naquele ano de 1993 seria histórico. Um dos maiores de toda a história palmeirense, seria o início de uma era vitoriosa que culminaria na conquista de dois campeonatos brasileiros, jogando um futebol primoroso.
E logo no início do tempo extra, Edmundo fez bela jogada pela direita e tocou para Edilson, que perdeu uma chance incrível. A bola foi por cima do gol do goleiro Wilson (que havia substituído Ronaldo).
O Corinthians tentava chegar e, Viola, após grande jogada tem chute bloqueado pela zaga alviverde.
A resposta alviverde é fatal. O Palmeiras sai jogando rápido, com Edmundo lançado no ataque. Ele encara a marcação de Ricardo, que o agarra pela camisa. Pênalti!
Evair, o grande jogador do Palmeiras naquele Paulista, bate com toda a categoria e tranquilidade que o caracterizou durante toda a carreira, para entrar na história alviverde. O Palmeiras, merecidamente e de fato era o campeão do Campeonato Paulista 1993.
SE Palmeiras e a Era Parmalat
Palmeiras e Parmalat firmaram uma parceria extremamente vitoriosa durante os anos de 1990. Seja pelos brilhantes times, ou pela extensa lista de títulos.
O início desta parceria de sucesso ocorreu em abril de 1992. E, com o aporte milionário da empresa italiana, o Palmeiras conseguiu montar verdadeiros esquadrões, bater recordes e rivalizar com grandes times da época como o São Paulo de Telê Santana e Raí, o Grêmio de Felipão, e o Corinthians de Marcelinho Carioca.
Nomes como Edmundo, Evair, Djalminha, Rivaldo e Luizão, são apenas alguns dos vários craques que desfilaram o seu talento naquela época pelo time da Barra Funda.
Ao todo foram conquistados 22 títulos durante o período da parceria. Destaque para as conquistas da Copa Libertadores da América de 1999, o bicampeonato brasileiro 1993 e 1994, e a Copa do Brasil em 1998. Além do já citado Campeonato Paulista de 1993 que marcou fim ao jejum sem títulos do tradicional gigante brasileiro.
O fim da parceria se deu em dezembro de 2000, mas é lembrada até hoje com muito carinho pela torcida palmeirense.
2 Comments
Bons tempos , parabéns pela redação Arnaldo Rocha .
Nossa que reportagem legal , realmente o time do Palmeiras patrocinado pelo Parmalate dava show em campo .