O Cruzeiro Esporte Clube, ou Cruzeiro EC, foi fundado no dia 2 de janeiro de 1921, dentro de uma fábrica de materiais esportivos na cidade de Belo Horizonte. Porém, a equipe nasceu com outro nome, Palestra Itália, já que havia sido criada por um grupo de imigrantes italianos. Portanto, surgia a Sócietà Sportiva Palestra Itália, em uma reunião que contou com 95 sócios fundadores que gostariam de ter uma agremiação que atendesse apenas à colônia italiana.
O clube procurou atender italianos e descendentes das camadas mais pobres da sociedade, passando a ser chamado de Time do Povo. Mesmo com essa alcunha, apenas membros da colônia italiana poderiam vestir a camisa do time e essa medida perdurou até 1925. Inclusive, com a sua fundação, o Palestra Itália trouxe os jogadores do Yale, antigo clube da cidade que era composto por italianos. Esse fato causou um conflito entre os dois clubes, que passaram a rivalizar em campeonatos locais.
Porém, em 1942, o clube teve que se desprender um pouco mais de suas tradições italianas, sendo obrigado a mudar de nome. O Palestra Itália passou a se chamar Palestra Mineiro, por causa da Segunda Guerra Mundial, em que os italianos eram inimigos dos brasileiros.
Seguindo a lógica de se aproximar das tradições brasileiras, o presidente renomeou o clube como Ypiranga no mesmo ano. Algo que durou pouco tempo, pois o conselho definiu que a equipe fosse chamada de Cruzeiro Esporte Clube, em homenagem a constelação cruzeiro do sul. Mesmo com as mudanças, o time ainda manteve um pouco de suas origens italianas, incorporando a cor azul, em alusão a Casa de Sabóia, realeza italiana.
Símbolo, escudo e cores
O primeiro escudo do Cruzeiro EC foi criado em 1921, quando a equipe ainda se chamava Palestra Itália. O emblema do clube era formado por um losango vermelho e verde, com uma letra P no meio. Em 1927, a primeira mudança, ao invés da letra P centralizada, o time adotou as letras SSPI entrelaçadas.
Após a mudança de nome para Cruzeiro Esporte Clube, o time modificou seu escudo mais uma vez e de uma maneira mais radical. No centro do emblema, um circulo azul com a constelação cruzeiro do sul, com os nome “Esporte Clube Cruzeiro” em volta. Ao longo dos anos, esse símbolo pouco foi modificado, sendo muito semelhante ao qual conhecemos hoje.
1921-1960: Primeiras décadas do Cruzeiro EC
No ano de sua fundação, ainda como Palestra Itália, o clube se inscreveu na Liga Mineira de Desportos terrestres para participar do campeonato local. Seu primeiro jogo foi no dia 3 de abril de 1921, contra o Villa Nova, no estádio Prado Mineiro. O atacante Nani marcou os dois gols da partida que deram a vitória da equipe palestrina.
Nani foi o grande artilheiro na primeira temporada do clube e ao longo dos anos outros craques começaram a brilhar. Os atacantes Niginho e Piorra; o ponta esquerda Bengala: o zagueiro Caieirinha: o meia Carazo e o goleiro Geraldo II foram os ídolos da equipe nas primeiras décadas. Vale uma menção honrosa para o espanhol Carazo e Geraldo, que foram os primeiros destaques do time fora da colônia italiana.
Com esses exímios jogadores, o time conquistou 9 Campeonatos Mineiros, com direito a dois tricampeonatos, entre 1928 e 1930, além de 1943 e 1945. Dessa forma, a equipe passou a figurar entre os grandes do futebol nacional.
1928-1930 e 1943-1945: primeiros 2 tricampeonatos mineiros
– Ainda como Palestra Itália, a Raposa realizou a maior goleada da história do Campeonato Mineiro: 14 x 0 sobre o Alves Nogueira no Estadual de 1928.
Ninão, Niginho e Bengala com a camisa do Palestra Itália – Foto: De Palestra a Cruzeiro – Plínio Barreto e Luiz Otavio Barreto pic.twitter.com/4oZvZbwP94
O primeiro título do Cruzeiro EC veio no Campeonato Mineiro 1928, após a equipe tentar criar uma liga independente por causa de uma discussão com a Liga Mineira. A equipe repetiu a dose de conquistas nos dois anos seguintes, conseguindo seu primeiro tricampeonato logo de cara.
Foi no campeonato de 1928 que o clube aplicou a maior goleada de sua história, vencendo o Alves Nogueira de Sabará por 14 a 0. Naquele jogo o atacante Ninão marcou 10 gols, voltando a se destacar durante o tricampeonato cruzeirense. Além dele, seu irmão Niginho foi um grande destaque naquele período vitorioso, junto com Bengala, Piorra e Carazo.
No seu segundo tricampeonato, entre 1943 e 1945, o clube já ostentava o nome de Cruzeiro Esporte Clube. Apesar da presença do ídolo Niginho, o elenco da equipe estava bem modificado em relação aos anos anteriores, com a chegada de Geraldo II, Caierinha e o atacante Nogueirinha.
1945: Construção do Estádio JK e inicio da crise financeira
Em 1945, o Cruzeiro EC reinaugurou seu estádio com o nome de Jusselino Kubitscheck, que havia sido inaugurado em 1923 como Campo do Barro Preto. A nova nomeação do estádio foi em homenagem ao então governador de Minas Gerais, que anos depois viria a ser presidente do Brasil. Essa que foi a primeira casa de um clube construída sem ajuda do governo.
Uma história interessante sobre essa reinauguração é relacionada ao goleiro Geraldo II, já que ele trabalhava como pedreiro e ajudou na reforma do estádio. Além de ser um grande arqueiro, o ídolo cruzeirense ajudava até nos bastidores da equipe. Ele obviamente fez parte do jogo de inauguração do JK e viu sua equipe empatar em 1 a1 contra o Botafogo, com gol de Niginho para a celeste e Heleno de Freitas para o Fogão.
Porém, nem tudo eram flores para o Cruzeiro naquela época, pois a equipe passou por uma grave crise financeira após o tricampeonato mineiro em 1945. A solução encontrada dentro do clube foi investir em outros esportes além do futebol, o que atraiu novos sócios e aliviou as finanças.
Niginho como primeiro ídolo e importância da família Fantoni
— 𝗜𝗟 𝗖𝗥𝗨𝗭𝗘𝗜𝗥𝗢 𝗦𝗜𝗔𝗠𝗢 𝗡𝗢𝗜 🇮🇹 (@IlCruzeiro) May 4, 2019
Leonízio Fantoni, mais conhecido como Niginho chegou ao Cruzeiro EC em 1929 e conquistou 8 Campeonatos Mineiros com a equipe. Ele não apenas venceu esses títulos, como foi o principal protagonista, se tornando o primeiro grande ídolo cruzeirense. Se aposentou com a camisa celeste em 1946 e hoje é o terceiro maior artilheiro da história do clube.
O talento de Niginho era algo de família, pois os Fantoni eram conhecidos em revelar grandes jogadores de futebol. Além dele, seus irmãos João Fantoni (Ninão) e Orlando Fantoni, seu primo Otávio Fantoni (Nininho) e seus sobrinhos Benito e Fernando Fantoni aturam pelo Cruzeiro.
1962 – 1982: Era Felício Brandi e ascensão do Cruzeiro EC
A partir de 1961, o Cruzeiro EC virou a chave em sua história, com a ajuda de seu novo presidente, Felício Brandi. Sob o seu comando, o clube conquistou títulos que atravessaram fronteiras. Além de vencer 11 Campeonatos Mineiros (com um pentacampeonato), a equipe celeste faturou a Taça Brasil de 1966 e o seu primeiro título de Libertadores em 1976. Passou em branco apenas em 1969, quando ficou com o vice no Roberto Gomes Pedrosa.
Aquela equipe contava com grandes jogadores em uma era tão vitoriosa. Na década de 1960 chegaram o goleiro Guilherme Plassmann, o zagueiro Fontana, os meias Wilson Piazza e Dirceu Lopes, além do atacante Tostão, o grande ídolo da equipe. Nos anos 1970, Palhinha, Joãozinho e Nelinho também assumiram o protagonismo do time.
Essa geração de ídolos cruzeirenses abriu as portas para o clube no cenário mundial, pois 3 de seus jogadores venceram a Copa do Mundo de 1970. Fontana, Piazza e Tostão foram responsáveis por exportar o nome do Cruzeiro EC para o mundo, fazendo com que a equipe fizesse várias excursões. A partir dali que o time começou a trilhar o caminho para a sua primeira conquista de Libertadores.
Além de títulos, a Raposa se estruturou em seus bastidores, já que passou a jogar no moderno estádio do Mineirão a partir dos anos 1960. Além de uma nova casa, o clube passou a treinar em um novo centro de treinamento em 1973, a Toca da Raposa, nome que era em alusão a seu mascote.
1965-1969: Era Mineirão e domínio em MG
Juntamente com a inauguração do estádio do Mineirão, o Cruzeiro viveu uma das melhores épocas de sua história, com um total domínio em Minas Gerais. O clube conquistou o seu inédito pentacampeonato mineiro, com campanhas expressivas, contando quase 20 vitórias por cada campeonato, que tinha 22 jogos.
A equipe era avassaladora e contava com o talento de Dirceu Lopes e Tostão, artilheiro do Campeonato Mineiro entre 1966 e 1968. O técnico Airton Moreira conseguiu montar um time rápido e ofensivo, uma máquina eficiente que não dava chance aos adversários. Nos anos seguintes, Orlando Fantoni e Gerson Santos deram continuidade ao trabalho, já que Airton deixou o clube por problemas de saúde.
O time base da Raposa era: Raul; Pedro Paulo, Willian (Fontana), Procópio e Neco; Piazza (Zé Carlos) e Dirceu Lopes: Natal, Tostão, Everaldo e Hilton Oliveira.
1966: Na primeira Taça Brasil, Cruzeiro de Tostão bate Santos de Pelé
O Cruzeiro EC já dominava o cenário do futebol mineiro, mas ainda faltava dar passos adiante e conquistar um título nacional. Foi justamente contra o Santos de Pelé que a Raposa faturou o seu primeiro Campeonato Brasileiro, a Taça Brasil de 1966.
Em seu elenco, o clube manteve a mesma base do pentacampeonato mineiro, sendo que Piazza, Dirceu Lopes e Tostão eram as referências. E ambos fizeram parte de um time que passou na primeira fase pelo Americano do Rio de Janeiro e Grêmio. Já na semifinal, a equipe celeste passou pelo Fluminense, com duas vitórias, 1 a 0 e 3 a 1.
Na grande final, o desafio parecia impossível, pois do outro lado estava o Santos de Pelé, que era tido como o melhor time do mundo. Porém Tostão e companhia conseguiram vencer as duas primeiras partidas por 4 a 3 e 3 a 2, no Mineirão e Pacaembu respectivamente.
No último jogo veio a grande vitória, um surpreendente 6 a 2, com um gol de Tostão, um de Natal, e 3 de Dirceu Lopes. O meia cruzeirense fez o santistas se renderem com sua grande atuação, que foi digna de um rei do futebol. Com essa primeira conquista do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro conquistou mais torcedores e passou a ter a maior a torcida do estado.
Importância de Felicio Brandi, considerado o maior presidente do Cruzeiro EC
Durante os seus 22 anos como presidente do Cruzeiro, Felício Brandi escreveu seu nome na história do clube. Até porque, na sua gestão, o clube contou com uma geração estrelada de jogadores e conquistou títulos importantes, no âmbito nacional e continental.
E por falar nessa geração estrelada, foi Felício Brandi que contratou o craque Tostão, maior ídolo do Cruzeiro. O mandatário do clube, inclusive, chegou atrasado em seu próprio casamento, ao efetuar contratação do jogador.
Foi na sua gestão, que o Cruzeiro EC construiu o seu novo CT e obteve um maior número de torcedores, passando a ter a maior torcida do estado. Isso ocorreu, graças a uma sacada de marketing de Felício Brandi. O então mandatário do Cruzeiro passou a trabalhar em escolas infantis, doando cestas básicas, em um período de crise financeira no país. Mas, o curioso é que ele presenteava as crianças com itens que tinham alusão ao clube celeste, convertendo a sua nova legião de adeptos.
Por causa de seus grandes feitos junto ao clube, foi homenageado pela equipe celeste. Em 2020, o icônico mandatário cruzeirense teve seu nome dado ao CT do time de maneira oficial, que mudou o nome de Toca da Raposa para Felício Brandi.
Cruzeiro EC 1976: campeão da Libertadores!
Aquele grande time da Raposa estava conseguindo alçar voos cada vez mais altos, após dominar o futebol mineiro e conquistar a Taça Brasil de 1966. Por isso, a equipe sentiu que poderia conquistar algo a mais, o que seria a Libertadores da América. Até porque, o clube já era muito conhecido mundo a fora.
Porém, o Cruzeiro EC desencantou e conquistou a Libertadores de 1976, com um elenco um pouco mais modificado em relação às outras conquistas. O time base daquela equipe tinha Raúl; Nelinho, Morais, Darcy Menezes, Vanderley; Piazza, Zé Carlos e Ronaldo Drumond; Eduardo, Palhinha e Joãozinho; técnico: Zezé Moreira.
Com esse esquadrão, a equipe celeste passou com tranquilidade em um grupo que tinha Internacional de Paulo Roberto Falcão, Olímpia e Sportivo Luqueño do Paraguai. Na segunda fase, em mais um grupo, o Cruzeiro se classificou em primeiro, a frente de LDU e Alianza Lima. Com esse desempenho, o clube garantiu sua vaga na final contra o River Plate.
A parada não parecia fácil para o Cruzeiro, pois iria enfrentar um adversário que tinha os zagueiros Perfumo e Passarella, além dos atacantes Luque e Más. Mas logo no primeiro jogo da decisão, Nelinho e Valdo marcaram um gol cada e Palhinha anotou dois, em vitória fácil por 4 a 1, em casa. Na segunda partida, realizada na Argentina, o River não facilitou as coisas e venceu por 2 a 1.
No jogo decisivo, realizado no Estádio Nacional, em Santiago do Chile, o time cruzeirense venceu pelo apertado placar de 3 a 2. Nelinho, Eduardo e Joãozinho foram os autores dos gols que deu ao Cruzeiro EC o seu primeiro título de Libertadores.
No Mundial, derrota para o Bayern Munich de Beckenbauer
Com o título da Libertadores, o Cruzeiro EC se credenciou para a disputa da Copa Intercontinental daquele ano. Porém, do outro lado, o adversário era ainda mais difícil, pois se tratava do Bayern Munich de Franz Beckenbauer.
Na primeira partida na final daquele mundial, realizado na Alemanha, o frio abaixo de zero e a neve marcaram o encontro. A temperatura pode ter atrapalhado o desempenho do Cruzeiro, mas o fato é que o Bayern sobrou no jogo e venceu por 2 a 0, com gols de Kapellmann e Gerd Muller. No jogo de volta, no Mineirão, o confronto foi mais equilibrado, porém não saiu do 0 a 0, dando o título aos alemães.
1983 – 1990: Época com alguns títulos mineiros
Após décadas vencedoras, o Cruzeiro EC desmontou a sua equipe e grandes jogadores saíram. Portanto, o clube amargou um período difícil entre 1983 e 1990, com participações apagadas nas competições nacionais.
A Raposa fez contratações de jogadores inexpressivos que não estavam à altura do clube, deixando evidente a falta que fazia o presidente Felício Brandi. Dessa forma, a equipe conquistou apenas três Campeonatos Mineiros, vendo o seu grande rival Atlético MG dominar o cenário do futebol local.
1991 – 2003: Cruzeiro EC volta a ser destaque nacional e internacional
A fase apagada da equipe acabou no início dos anos 1990, depois disso a equipe voltaria ao seu período de glórias. Em nível estadual foram 6 Campeonatos Mineiro, e em escala nacional foram 2 Copas do Brasil e um Brasileiro. Para coroar esse período tão vitorioso, o Cruzeiro EC conquistou uma Libertadores em 1997 e 2 Supercopa Libertadores em 1991 e 1992.
Naquele período, Zezé Perrella havia assumido a presidência do clube e grandes jogadores passaram a fazer parte da Toca da Raposa. Jogadores como Elivelton, Palhinha, Renato Gaúcho, Dida, Marcelo Ramos, os volantes Ademir e Douglas, e o meia Ricardinho, foram os destaques da equipe naquela época gloriosa. Além deles, o fenômeno Ronaldo teve uma rápida passagem pelo time celeste, entre 1993 e 1994.
1993: 1ª Copa do Brasil Cruzeiro EC e o nascimento do “Rei das Copas”
Apesar de conquistas importantes, faltava na galeria do Cruzeiro EC o título da Copa do Brasil. Ele chegou em 1993, abrindo o caminho para mais conquistas da mesma competição nos anos posteriores, incluindo 1996, em decisão contra o forte time do Palmeiras.
O time comandado pelo técnico Pinheiro era composto por jogadores mais rodados no futebol nacional e por jovens que estavam em início de carreira. A base daquela equipe era: Paulo César; Paulo Roberto Costa, Célio Lúcio, Robson e Nonato; Ademir, Rogério Lage, Éder Aleixo; Roberto Gaúcho, Cleisson e Edenilson. O atacante Nivaldo e o volante Boiadeiro muitas vezes eram acionados.
Nas duas primeiras fases, o Cruzeiro passou pela Desportiva Espírito Santo e Náutico, sem muitos problemas. Apenas a equipe pernambucana de um susto no jogo de ida, após vencer por 1 a 0, mas o time celeste venceu por 2 a 0 na volta.
Jogos contra grandes equipes na reta final
Dessa forma, a equipe celeste teve que enfrentar oSão Paulo nas quartas de finais. Porém, os tricolores estavam se dedicando a Libertadores e o Cruzeiro que não é bobo e nem nada se aproveitou da situação. Após vitória por 2 a 1 e empate em 1 a 1, a Raposa se classificou para encarar o Vasco da Gama na semifinal. No jogo de ida, o recém-chegado Edenílson marcou dois gols em vitória por 3 a 1. Na volta, em pleno Maracanã, os vascaínos abriram o placar, mas Paulo Roberto de falta empatou o jogo, dando vaga aos cruzeirenses para a grande final.
Na decisão, o Cruzeiro tinha o Grêmio pela frente, outra equipe que também viria a ser conhecida por conquistar muitas Copas. O primeiro jogo no Olímpico foi sem gols e a situação teria que ser resolvida no Mineirão. Tendo que decidir em casa, a Raposa não fez feio e venceu por 2 a 1, com gols de Roberto Gaúcho e Cleisson.
1993: Cruzeiro EC apresenta Ronaldo fenômeno ao mundo
Após o título da Copa do Brasil, o Cruzeiro revelou ao mundo um dos maiores jogadores de todos os tempos, Ronaldo. Ainda com 16 anos, o garoto marcou 12 gols, atuando em apenas 16 partidas, o que chamou a atenção de todos.
Em 1994, Ronaldo voltou a fazer grandes partidas, sendo decisivo na grande final do Campeonato Mineiro contra o Atlético Mineiro. Os atleticanos formaram uma equipe recheada de jogadores famosos, conhecida como “Selegalo”. Porém, o fenômeno não tomou conhecimento desse time e marcou 3 gols na decisão e garantiu a vitória cruzeirense por 3 a 1.
Grandes atuações não passariam despercebidas e o jovem jogador foi vendido para o PSV Eindhoven. A passagem do craque foi tão rápida como um cometa, como se fosse uma espécie fenômeno.
Cruzeiro EC 1997: Bi da Libertadores e decepção no Mundial
Após grandes conquistas durante os anos 1990, aquela geração vitoriosa do Cruzeiro EC ainda não havia vencido uma Libertadores. Porém, o título da competição não demorou em aparecer e os cruzeirenses ergueram o troféu em 1997.
Para essa conquista, o clube voltou a montar um forte esquadrão, com apenas poucos jogadores dos anos anteriores. O time de Paulo Autuori tinha Dida; Vitor, Gilson, Gottardo e Nonato; Fabinho Donizete, Ricardinho e Palhinha; Elivelton e Marcelo Ramos. Lembrando que o meia Palhinha veio do São Paulo e não é aquele que brilhou nos anos 1970 pelo Cruzeiro.
Mesmo com esse forte elenco, o Cruzeiro iniciou o ano de 1997 com dificuldade, após perder o técnico Levir Culpi.No inicio da Libertadores, a equipe começou mal na fase de grupos, perdendo 3 partidas. Porém, o time celeste se classificou em 2º lugar com nove pontos, passando ao lado de Sporting Cristal e Grêmio.
Nas oitavas de finais, a Raposa teve um confronto difícil contra o El Nacional do Equador e resolveu a disputa nos pênaltis. Nas quartas, um duelo difícil contra o velho conhecido Grêmio. No jogo de ida, no Mineirão, o Cruzeiro tratou de vencer por 2 a 0, com Elivelton marcando em apenas 1 minuto e Alex Mineiro fazendo o segundo gol. Na volta, os gaúchos venceram por 2 a 1, mas não foi o suficiente.
Na semifinal, a Raposa sofreu em mais uma disputa de pênaltis e dessa vez contra o Colo-Colo, mas mesmo assim garantiu vaga para a final. E novamente, o Sporting Cristal esteve à frente do Cruzeiro e o duelo foi difícil. Na ida, um 0 a 0 bem amarrado e na volta o time celeste venceu por apenas 1 a 0, com gol heroico de Elivelton na reta final da partida.
No mundial, derrota para o Borussia Dortmund
Na Copa Intercontinental no final do ano, o Cruzeiro perdeu alguns jogadores e mudou o seu elenco. Bebeto e Donizete Pantera passar a comandar o ataque da equipe e o meia Roberto Palacios também era novidade. No comando técnico, Paulo Autuori deu vaga a Nelsinho Baptista.
Com tantas mudanças, a Raposa não conseguiu o mesmo futebol técnico e brigador que teve na Libertadores, e falhou no mundial. Em jogo realizado em Tóquio, oBorussia Dortmund garantiu o título da competição sem muitos problemas, em vitória por 2 a0, com gols de Zorc e Heirinch.
Cruzeiro EC 2003: a conquista da Tríplice Coroa
No início dos anos 2000, o Cruzeiro reformulou o seu elenco e passou a contar com uma nova geração de jogadores. A equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo tinha em seu elenco o zagueiro Luisão, os meia Alex e Zinho, além do atacante Aristizábal
Esses jogadores comandaram um elenco muito forte que contava com outras grandes estrelas. Gomes; Maicon, Maurinho, Cris e Luisão (Edu Dracena); Maldonado, Augusto Recife, (Felipe Melo), Alex e Zinho (Wendell); Aristizábal e Deivid formaram aquele esquadrão celeste. Esse time foi capaz de vencer o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, conseguindo a Tríplice Coroa.
Na Copa do Brasil, o time celeste conquistou a competição em cima do Flamengo, em vitória por 3 a 1 no Mineirão, com gols de Deivid, Aristizábal e Luisão. Já no Campeonato Mineiro, a equipe terminou em primeiro lugar com 7 pontos a frente do seu rival Atlético Mineiro.
Para coroar a Tríplice, o Cruzeiro EC venceu o Campeonato Brasileiro com uma marca impressionante de 100 pontos. A equipe manteve uma vantagem de 13 pontos a frente do jovem time do Santos. Alex foi o artilheiro do time celeste na competição, com 24 gols, um feito incrível para um meia.
Campeonatos Mineiros de 2008 e 2009: Cruzeiro 5 x 0 Atlético Mineiro
Após um período apagado após a Tríplice Coroa, o Cruzeiro EC voltou a ter uma forte equipe no cenário nacional apenas em 2008. O time conseguiu chegar à final da Libertadores de 2009, mas parou diante do Estudiantes de La Plata.
Apesar da derrota na Libertadores, esse forte time do Cruzeiro venceu o bicampeonato mineiro em 2008 e 2009. Nas duas ocasiões, a Raposa bateu seu maior rival, o Atlético Mineiro, em duas goleadas por 5 a 0. Algo que ficou marcado na história do confronto entre essas equipes.
Aquela equipe contou com importantes jogadores, como o goleiro Fábio, o lateral Gilberto, o zagueiro Gil e os atacantes Guerrón, Marcelo Moreno e Kléber Gladiador. Nesse período, Adilson Batista foi o técnico do time.
2010 – 2020: Grande destaque e derrocada
Na década mais recente da história do Cruzeiro EC, a equipe foi do céu ao inferno, conquistando 4 títulos nacionais e sendo rebaixada para série B. De 2010 até 2016, o time celeste conquistou 2 Campeonatos Brasileiros e 2 Copas do Brasil.
Durante esse período, Everton Ribeiro, Willian Bigode, De Arrascaeta, Lucas Silva, Dagoberto, Borges, e os zagueiro Léo e Dedé foram alguns dos destaques. Ambos tiveram a companhia do goleiro Fábio, que é um dos maiores ídolos da equipe, permanecendo mesmo na série B.
Cruzeiro EC 2013: Conquista do 3º brasileiro
O @cruzeiro de 2013 é o destaque de hoje nas lembranças dos meus campeões dos "Anos 2010". A equipe de Marcelo Oliveira jogou bonito, com a qualidade de Everton Ribeiro, os gols de Borges e Ricardo Goulart, a segurança de Fabio… E era só o começo! pic.twitter.com/SZE8JmG6Ev
Em 2013, o Cruzeiro EC passava por uma reformulação e passou a contar com novos jogadores como. Willian Bigode, Everton Ribeiro, Dedé e Ricardo Goulart. Esses craques lideraram a equipe rumo ao 3º título brasileiro para a equipe.
O time base da conquista tinha: Fábio; Dedé, Bruno Rodrigo (Léo), Ceará (Myke) e Egídio; Lucas Silva e Nilton; Everton Ribeiro (Alisson) e Ricardo Goulart; Borges e Dagoberto. A equipe era comandada pelo técnico Marcelo Oliveira.
Esse elenco de desacreditado passou a grande campeão, com 11 pontos a frente do vice-campeão Grêmio. Para se chegar a essa conquista, o esquadrão celeste teve excelentes atuações como por exemplo, nas goleadas contra o rival Atlético Mineiro, Goiás e Vitória. Além desses jogos a equipe bateu o São Paulo por 3 a 0, com um hat-trick do atacante Luan, que muitas vezes vinha do banco de reservas.
2014: Bicampeonato Brasileiro seguido
Após vencer o Campeonato Brasileiro de 2013, o Cruzeiro manteve a sua base vitoriosa e ainda passou a contar com Marcelo Moreno para a disputa da temporada 2014. O resultado não poderia ser outro e a equipe conquistou o bicampeonato brasileiro naquele ano.
Marcelo Oliveira permaneceu no comando da equipe e viu seu elenco brilhar outra vez, fazendo mais uma campanha fora de série. A Raposa terminou 10 pontos a frente do São Paulo, que sequer chegou a brigar pelo título. Mesmo sem grandes goleadas como na temporada passada, o time celeste jogou um futebol consistente, digno de campeão, sem passar por muitos sustos.
Marcelo Moreno e Ricardo Goulart brigaram pela artilharia da competição, mas terminaram apenas na 3ª colocação atrás de Fred e Henrique Dourado. Porém Everton Ribeiro, em mais um ano inspirado, foi o líder de assistências da competição.
Porém, nem tudo foram flores para o Cruzeiro no final daquela temporada. Já que o diretor Alexandre Mattos deixou a equipe e junto com ele saiu uma barca de jogadores. Apenas Everton Ribeiro, Dedé, Fábio, Alisson, Bruno Rodrigo e Lucas Silva permaneceram, sendo que alguns deles saíram pouco depois.
Cruzeiro EC 2017 e 2018: bicampeonato da Copa do Brasil
Depois das mudanças de elenco em 2014, uma nova geração vitoriosa levou o Cruzeiro ao caminho dos títulos. O clube passou a contar com Arrascaeta, Fred, Rafael Sóbis, Thiago Neves e o meia Robinho. Mano Menezes foi o técnico encarregado por comandar o Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil em 2017 e 2018.
Na conquista de 2017, o Cruzeiro EC bateu o Flamengo, em cobranças de pênaltis, após empates em 1 a 1 e 0 a 0. Arrascaeta foi o autor do gol cruzeirense na decisão e viu seus companheiros converterem todas as penalidades.
Mantendo praticamente o mesmo elenco, a Raposa voltou a vencer a Copa do Brasil, dessa vez contra outro time popular, o Corinthians. No jogo de ida, o Cruzeiro venceu em casa por 1 a 0, com gol de Thiago Neves. Na partida de volta, na Arena Corinthians, o alvinegro parecia esboçar uma reação ao virar o jogo para 2 a 1, porém o gol de Pedrinho foi anulado. Dessa forma, a Raposa se aproveitou e no contra-ataque marcou o tento que sacramentou o título.
Após esses dois títulos da Copa do Brasil, a equipe celeste conquistou a sua alcunha de “Rei das Copas”. Até porque a equipe se tornou a maior vencedora da competição, com 6 conquistas. Foi nesse período em que o time passou a receber outro apelido, cabuloso!
2019: Derrocada e primeiro rebaixamento na história
Em 2019, a expectativa para o Cruzeiro era a melhor possível, já que a equipe havia vencido duas Copas do Brasil nos anos anteriores. O clube inclusive, era um dos grandes favoritos na conquista da Libertadores naquela temporada.
Porém, tudo começou a mudar quando a equipe foi eliminada pelo Boca Juniors nas oitavas de finais da Libertadores. O time estava mal no Campeonato Brasileiro, Mano Menezes deixou o clube e a crise financeira da equipe explodiu, resultando em atrasos de salários. O Cruzeiro havia contratado diversos jogadores, mesmo sem poder financeiro, fazendo diversas dívidas que não pode pagar.
O resultado disso foi o rebaixamento para a série B, de uma das poucas equipes que jamais haviam sido rebaixadas. Além disso, o clube sofreu um desmanche e foi banido pela FIFA de fazer contratações. Dessa forma, o Cruzeiro não conseguiu sair da segunda divisão em 2020, mesmo com a contratação de Felipão e vai jogar a competição novamente em 2021.