Roberto Baggio vs Romário: Na final do Mundial de 94, o duelo pelo título de nº 1!
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Craques disputavam prêmio de melhor do mundo em 1994
A Copa do Mundo de 1994, disputada nos Estados Unidos, foi uma das Copas com a menor média de gols de todos os tempos. Mas nem por isso foi sinônimo de uma competição sem grandes momentos e estrelas. Diego Maradona, Hagi, Stoichkov, Roberto Baggio e Romário eram alguns dos principais destaques daquele Mundial.
Inclusive, os dois últimos travaram antes e durante o mundial uma batalha pessoal pelo posto de melhor do mundo. O clímax daquela disputa ocorreu na grande final do torneio, no dia 17 de julho de 1994, quando Brasil e Itália se encontraram, em Pasadena.
Trajetórias de dois craques
Roberto Baggio já era um dos principais nomes no futebol italiano quando participou de sua primeira Copa do Mundo, em 1990, que aconteceu na Itália. Quatro anos depois, em 1994, chegava como a principal esperança da Squadra Azurra, sob comando de Arrigo Sacchi, multicampeão em um fantástico Milan anos antes.
Na temporada anterior, em 1993, Baggio havia sido eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo. Defendendo a Juventus/ITA, anotou 30 gols em 43 jogos, além de ter conquistado a Copa da Uefa, atual Liga Europa, com o time de Turim.
Ano esse que o baixinho Romário havia deixado o PSV, da Holanda, após cinco fantásticas temporadas que o colocou como um dos maiores ídolos na história do clube. Pelo clube holandês foram 129 gols em 145 partidas, com direito a duas artilharias da Liga dos Campeões.
Chegou ao Barcelona de Johan Cruyff, que era o grande time do momento na Europa. E, logo de cara, Romário mostrou a que veio no Camp Nou. Além da conquista de La Liga, o baixinho também foi o artilheiro da principal competição da Espanha. No Barcelona, Romário colecionou gols, grandes jogadas e muitas polêmicas, e também onde atingiu seu ápice técnico.
No Mundial de 1994, Romário é a grande estrela do Brasil
Polêmico e com um comportamento extracampo muito questionável, Romário teve que ficar de fora de grande parte das Eliminatórias. Quase perdeu o Mundial de 1994. Mas as grandes atuações em seus clubes, fora o grande apelo popular, fizeram com que a comissão técnica da seleção brasileira, formada por Carlos Alberto Parreira e Mario Jorge Lobo Zagallo, tivesse que mudar de ideia.
Convocado às pressas para a partida contra o Uruguai, que valeria uma vaga para a Copa do Mundo nos EUA, Romário fez uma das maiores atuações de sua vida. Com direito a dois gols, muitas jogadas de efeito e um Maracanã lotado, que ao final da partida ficou tomado aos seus pés.
Romário era craque, isso era inegável. Mas para entrar definitivamente na galeria dos maiores de todos os tempos ele precisaria mostrar ainda mais serviço pela seleção brasileira, e conquistar aquele mundial seria o passo fundamental.
Na Copa do Mundo, Romário marcou na estreia contra a seleção da Rússia e também na vitória sobre Camarões. Fechou a primeira fase com um gol antológico, e de biquinho, no empate por 1 a 1 contra a Suécia.
O mítico Camisa 11 voltou a marcar nas quartas de final, numa das melhores partidas da competição, em vitória por 3 a 2 (e no sufoco), contra a forte seleção da Holanda. Já nas semifinais, em novo encontro contra a Suécia, o atacante foi novamente decisivo. De cabeça, no meio de gigantes suecos, fez o único gol da partida para colocar o Brasil na final de uma Copa do Mundo, após 24 anos.
Roberto Baggio desencanta na fase final
O caminho de Roberto Baggio pela Itália até a final do Mundial de 1994 foi bem mais complicado. A seleção italiana estreou mal e com pouco brilho, sendo derrotados por 1 a 0 para a Irlanda.
E na segunda rodada, após expulsão do goleiro Pagliuca, Arrigo Sacchi escolheu Baggio para ser sacado, em vitória duríssima contra a Noruega, por 1 a 0.
Após uma primeira fase apagada, a estrela de Roberto Baggio começou a brilhar a partir das oitavas de final. Ele foi o responsável pelos dois gols na virada sobre a Nigéria, por 2 a 1, uma das grandes surpresas daquele mundial. Também deixou o dele nas quartas de final, contra uma forte Espanha, batida pelo mesmo placar.
Na semifinal, mais um show de Baggio. Ele fez os dois gols contra a Bulgária, que classificariam a seleção italiana para a final. No entanto, uma distensão muscular na coxa direita, sofrida neste jogo, o deixava como grande dúvida para a finalíssima, que seria disputada no Rose Bowl.
Na disputa pelo Tetra, e pelo prêmio de melhor do mundo
As duas estrelas chegaram à final empatados com cinco gols cada, como os principais responsáveis pelas classificações de suas respectivas seleções. E, além da disputa pelo tetracampeonato mundial das seleções, havia também a disputa pela artilharia e prêmio de melhor jogador do Mundial.
Diante de um calor escaldante, com público de quase cem mil pessoas no Rose Bowl, Brasil e Itália decidiriam qual seria a primeira seleção tetracampeã do mundo.
Roberto Baggio, que ainda se recuperava da lesão sofrida na semifinal foi para o jogo na base do sacrifício. Não tinha como ficar de fora, era a principal partida de sua carreira, em seu grande momento. Com poucas condições de jogo, praticamente não tocou na bola na primeira etapa.
Romário, por sua vez, em melhores condições físicas, tentava participar mais do jogo, mas a sua atuação foi prejudicada pelo forte calor e pela forte marcação da Itália. Por conta disso errava muitos passes e tinha poucas chances de gol.
Na segunda etapa, enquanto Romário ainda parecia não se encontrar, Roberto Baggio começava a aparecer um pouco mais na partida. Seja finalizando em gol como na armação de jogadas.
Sem nenhum craque desequilibrando e com as defesas se sobressaindo, o jogo terminaria em um empate sem gols. Situação que se repetiria na prorrogação, o que levou a decisão para os pênaltis.
O Baixinho, 17 de julho de 1994 #Romario pic.twitter.com/Nv9sixS1mo
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) February 4, 2019
Romário foi o segundo batedor brasileiro. Na sua cobrança a bola chegou a bater na trave antes de entrar, para total desespero do goleiro Pagliuca. A Roberto Baggio coube a cobrança derradeira, quando estava 3 x 2 para o Brasil. O chute para fora, de um dos maiores jogadores de todos os tempos da Itália, garantiria o tetracampeonato para os brasileiros.
Aquela Copa marcou para sempre a carreira dos dois craques. Roberto Baggio é lembrado até hoje por aquele pênalti desperdiçado, enquanto Romário saiu dos EUA consagrado como melhor jogador do mundo e como principal responsável pela conquista do tetra.
Curiosidades sobre Baggio e Romário
A trajetória de Roberto Baggio em Copas do Mundo está literalmente atrelada as disputas por penalidades. Além da decisão da Copa do Mundo em 1994, a Itália também caiu nas penalidades em 1990 e 1998, ocasiões em que Baggio converteu as suas cobranças.
Apesar de ter sido marcado pelo pênalti perdido na final da Copa do Mundo em 1994, Roberto Baggio é um exímio cobrador de penalidades com um dos maiores aproveitamentos nas cobranças na história do campeonato italiano.
Já Romário levou o prêmio de melhor jogador da Copa, mas não ficou com a artilharia da competição. Este prêmio ficou com o russo Salenko, além do búlgaro Stoichkov, ambos com 6 gols. O baixinho também foi eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA, mas não levou a bola de ouro, pois até o ano de 1994, só participavam da disputa os jogadores europeus.
Vocês sabiam que desde 1994, um atleta da equipe campeão não ganha o prêmio de melhor jogador da Copa? No ano passado, quem levou o prêmio foi o croata Modric, mas o título de campeão da Copa do Mundo ficou com a equipe francesa. #tetra25anos pic.twitter.com/fJfe3uul12
— Romário (@RomarioOnze) July 14, 2019