Ademir da Guia foi um injustiçado na seleção brasileira?
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O Divino teve poucas oportunidades com a amarelinha
Revelado pelo Bangu/RJ, Ademir da Guia logo chamou a atenção no futebol brasileiro com um estilo de jogo que esbanjava muita classe com a bola nos pés. Chegou ainda jovem no Palmeiras, em 1961, aos 19 anos de idade, para se tornar o maior ídolo na história alviverde. E foi vestindo a camisa 10 do Palmeiras que “O Divino” se tornou um dos principais jogadores no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Também foi o grande líder na fase de ouro das duas Academias Alviverdes, batendo de frente, entre outros, com o Santos de Pelé.
Porém, apesar de jogar em alto nível no Brasil, ser um dos ícones de sua geração, o Divino recebeu pouquíssimas chances com a camisa da seleção brasileira. Com a amarelinha ele entrou em campo apenas por 12 vezes, sendo apenas (novamente) uma delas por um Mundial, na Copa do Mundo de 1974.
Naquele mundial havia muita expectativa em relação à presença de Ademir entre os titulares da seleção, formando um meio de campo com Roberto Rivellino, então maior ídolo do Corinthians. Mas, para a decepção de muitos, o maestro palmeirense esteve em campo por apenas 45 minutos na competição, seus únicos em uma Copa do Mundo.
Por jogar um grande futebol pela Sociedade Esportiva Palmeiras, e ter poucas oportunidades pela seleção brasileira, seria Ademir da Guia um injustiçado no escrete canarinho?
No Bangu, surge o filho de Domingos da Guia
Ademir da Guia começou sua carreira no Bangu em 1960, assim como seu tio Ladislau da Guia e seu pai, o lendário zagueiro Domingos da Guia. Inclusive, o seu apelido de Divino foi herdado justamente do seu pai, chamado dessa forma por – praticamente – desfilar pelos gramados do Brasil à fora. Na equipe carioca, Ademir começou atuando como atacante por conta do seu perfil alto e esguio. Porém, não demorou muito para que fosse deslocado para o meio de campo, função na qual desempenhou durante o restante de sua carreira como um verdadeiro maestro.
O Divino vestiu a camisa do Bangu por apenas uma temporada, tempo suficiente para despertar o interesse do Palmeiras, para onde foi atuar em 1961. Nesse meio tempo, pelo time carioca, Ademir colecionou boas atuações no campeonato estadual e em competições amistosas. Principalmente no Torneio Americano, onde foi eleito o melhor jogador, com sua equipe faturando o título. No Bangu foram 59 jogos, com 14 gols.
O Divino: O maior maestro da história palmeirense
Mesmo com o inicio promissor no Bangu, foi no Palmeiras que Ademir da Guia realmente se destacou. Com a camisa alviverde, o jogador foi conquistando seu espaço, até se tornar titular absoluto da equipe, já na temporada de 1963. A partir daquele período, surgia “O Divino” que ficou nacionalmente conhecido, o orquestrador do forte meio campo palmeirense, em mais de 15 anos.
Com um verdadeiro maestro, Ademir da Guia foi peça fundamental nos momentos mais vitoriosos da história do Palmeiras. Conquistou, entre outros títulos, 5 campeonatos paulista (1963, 1966, 1972, 1974 e 1976), além de outros 5 campeonatos brasileiros (1967, 1967, 1969, 1972 e 1973). Sendo que nesse período, o alviverde foi o único clube brasileiro que batia de frente com o Santos Futebol Clube, de Pelé.
Como protagonista em meio a tantas conquistas, o jogador se tornou um dos maiores ídolos da história do Palmeiras e um dos maiores camisas 10 do futebol brasileiro. Em toda a sua carreira no Palmeiras, encerrada em 1977, Ademir da Guia atuou por 902 partidas, com 153 gols marcados.
Com tantos feitos em sua vitoriosa carreira pelo Palmeiras, era de se esperar que Ademir da Guia fosse constantemente convocado pela seleção brasileira. Porém, de maneira pouco explicada e entendida até os dias de hoje, o jogador teve poucas oportunidades com a amarelinha.
Ademir da Guia no Brasil: Apenas 12 jogos realizados!
A primeira convocação de Ademir da Guia aconteceu ainda em 1965, para um amistoso contra a Bélgica. Goleada brasileira por 5 a 0. Após aquele jogo, o Divino voltou a ser convocado para os próximos amistosos do Brasil. Inclusive estava presente no histórico jogo de inauguração do estádio do Mineirão, em que a seleção brasileira foi representada pelo Palmeiras, contra o Uruguai, na vitória por 3 a 0.
Nesse período de amistosos, o jogador vestiu a camisa amarela em cinco oportunidades e voltou a ser convocado meses depois. Porém, após suas primeiras convocações em 1965, Ademir voltou a ser chamado pela seleção apenas em 1974, às vésperas da Copa do Mundo que seria realizada na Alemanha. Dessa forma, e depois de ficando de fora nas convocações para o mundial de 1966 e 1970, foi convocado para o Mundial de 1974.
As explicações da ausência do jogador na lista de convocados, principalmente para o mundial de 1970, era a quantidade de grandes jogadores da mesma posição de Ademir da Guia. Clodoaldo, Gérson, Tostão, Rivelino, Paulo Cesar Caju, Jairzinho e, claro, Pelé, foi a base da seleção de 1970. Porém, caberia mais um craque nesta constelação.
Apenas 45 minutos de Ademir da Guia numa Copa do Mundo
Pouca, mas muito pouca mesmo é a história de – um talento como Ademir da Guia – com a camisa da seleção brasileira. Genial dentro dos gramados vestindo o manto alviverde, durante toda a sua carreira “O Divino” conviveu com críticas acerca da sua maneira de atuar. Porém, no Palmeiras ele sempre dava a volta por cima na partida seguinte, um gênio único e até hoje incompreendido pela forma de atuar. Era o pouco mídia, mas muita bola. Com uma personalidade mais tímida, e uma forma de atuar que fazia o tempo parar, Ademir da Guia conquistou sua fama não por um único campeonato, mas sim por uma carreira muito regular e acima da média. As vezes era um craque até mesmo invisível, tamanha era a majestade com que desfilava nos gramados.
Em 1974 esteve convocado, mas foi utilizado apenas por 45 minutos, na disputa do 3º e 4º lugar, contra a Polônia, sendo sacado no intervalo. Poderia se dizer que o fantástico e vitorioso técnico Mário Jorge Lobo Zagallo usou Ademir como um bode expiatório. Não respeitou a história de um craque tão gentil como ele. Ele que, até hoje, nunca culpou ninguém por não ter tanta presença na seleção, assim como não poder tido atuado mais no Mundial de 1974. Era um lorde.
1 Comment
Injustiçadíssimo. Depois de Pelé foi o maior jogador de sua geração. Jogava mais do que Gerson e Rivelino. Nunca entendi e olhe que não torço por nenhum time sudestino, moro em Pernambuco. Apenas vi todos eles jogarem.