Ademir da Guia

Meio campista
961 Jogos Oficiais
11 Títulos Oficiais
169 Gols Marcados
Ademir da Guia é uma Lenda do Futebol.
Ademir da Guia Brasil - Rio de Janeiro
Nascimento 03 de abril de 1942
Falecimento -
Apelidos Divino
Carreira Início: 1960 (Bangu)
Término: 1977 (Palmeiras)
Características Altura: 1,80m
Ambidestro
Posição / Outras posições Meio-campista
Bola de prata

1972

Perfil / Estilo do jogador

Meio-campista clássico, com uma elegância rara, Ademir da Guia jogava de cabeça erguida, com domínio de bola como poucos. Craque do meio campo, foi mais um dos Camisas 10 que encantou o Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Com sua inteligência e técnica, era capaz de parar o tempo e fazer jogadas como se fossem obras de arte em câmera lenta. Com passadas largas e sem pressa de correr, comandou o Palmeiras para muitas conquistas.

Categoria de base

Data Clube    
1957-1960 Bangu    

Clubes em que atuou

Data Clube Jogos Gols
1960-1961 Bangu 59 14
1961-1977 Palmeiras 902 155

Histórico pela Seleção

Ano Seleção Jogos Gols
1965-1976 Brasil 14 0

Conquistas por Clubes

Clube Título Temporada
Bangu International Soccer League 1960
Bangu Torneio Triangular Internacional da Áustria 1961
Bangu Torneio Quadrangular do Recife 1961
Palmeiras Campeonato Paulista 1963, 1966, 1972, 1974 e 1976
Palmeiras Torneio Rio-São Paulo 1965
Palmeiras Campeonato Brasileiro 1967, 1967, 1969, 1972 e 1973
Palmeiras Troféu Ramón de Carranza 1969, 1974 e 1975
Palmeiras Taça Governador do Estado 1972

Conquistas Individuais

Prêmio Ano Representando
Bola de Prata 1972 Palmeiras

Desempenho

0,17
Média
Gols por jogo
0,64
Média
Títulos / Anos de carreira (Profissional)
Força
2
Passe
5
Controle de Bola
5
Drible
2
Velocidade
2
Técnica
5
Finalização
3
Condicionamento Físico
3

Biografia

Ademir da Guia, o Divino

Ademir da Guia é uma lenda do Palmeiras

Ademir da Guia dedicou a maioria de sua carreira a Sociedade Esportiva Palmeiras. Foi onde atuou por 15 anos, sendo para muitos torcedores Alviverde o maior ídolo na história do clube. O Divino era um clássico Camisa 10, responsável por colocar o Palmeiras entre os maiores times do Brasil e também do mundo. É o atleta, até hoje, que mais vestiu a camisa alviverde.

O meia fez parte de uma das gerações mais vitoriosas da história palmeirense, que ficou conhecida como Academia. No primeiro período da Academia, na década de 1960, Ademir da Guia conquistou com a camisa Alviverde o Torneio Rio-São Paulo (1965), o Campeonato Paulista (1966), além de dois Campeonatos Brasileiros (ambos em 1967), mas quando o torneio nacional era conhecido como Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa. Nesse primeiro período ele fazia o Palmeiras ser o único time a rivalizar com o Santos de Pelé.

Já no segundo período da Academia, o craque ganhou os Campeonatos Brasileiros de 1969,1972 e 1973, além dos Campeonatos Paulistas de 1972,1974 e 1976.

O meia é filho do lendário zagueiro Domingos da Guia, que atuou pelo Corinthians e esteve presente na Copa do Mundo de 1938, pela seleção brasileira. Inclusive o apelido de Ademir, de “Divino”, foi uma herança dada por seu pai, já que Domingos da Guia era conhecido como “Divino Mestre” pelo talento que tinha em desarmar os adversários e sair jogando.

 

Domingos e Ademir da Guia: Talento de pai para filho

Ademir com o pai, Domingos da Guia.

Foi no dia 3 de abril de 1942, na cidade do Rio de Janeiro, que nascia Ademir Ferreira da Guia. Filho do craque Domingos da Guia, durante a infância, e antes de entrar para o futebol no time do Bangu, Ademir praticou natação na mesma equipe. E a sua inspiração veio de dentro de casa, já que seu pai lhe contava histórias como no período na Copa do Mundo de 1938, as viagens de navio que fazia para outros continentes, além das passagens por Nacional do Uruguai, e o argentino do Boca Juniors. Deixava o jovem Ademir admirado.

Nos anos 50, Ademir começou a assistir os grandes times de futebol da época e alguns jogadores encheram seus olhos de alegria. Ademir de Menezes, Rubens e Déquinha se tornaram ídolos imediatos de um jovem que sonhava em seguir os passos desses gênios. Todos meias armadores clássicos, daqueles que possuíam a precisão no passe e que dava a cadência para os times em que atuavam.

Após iniciar, ainda criança, a jogar em terrenos baldios próximo a sua casa, onde passava as tarde em campos, principalmente no campo do Céres, clube próximo à sua casa, em seguida o jovem fez testes para entrar na escolinha do Botafogo/RJ, e até mesmo no Santos. Porém, Ademir iniciou mesmo no Bangu, tradicional clube carioca e time de seu bairro. Também onde seu pai começou, e onde seu tio, Ladislau da Guia, é o maior artilheiro.

Aos 15 anos de idade, Ademir começou a atuar no infantil do Bangu, sendo terceiro colocado na categoria do Campeonato Carioca. Um ano depois, o jovem foi vice-campeão com a equipe e na temporada seguinte campeão carioca já no juvenil. Neste período, inclusive, ele foi treinado por seu pai, Domingos. E Ademir da Guia mostrava que o futebol estava mesmo no seu DNA, e um futuro brilhante já era visto para o jovem.

1960-1961: Rápida passagem no profissional do Bangu

Ademir da Guia no Bangu.

Após se destacar nas categorias de base do Bangu, Ademir da Guia foi colocado na equipe principal já no ano de 1960, aos 18 anos de idade. E foi nesse mesmo ano que o meia descobriu o mundo, através de excursões que fazia pelo Bangu, viajando para Estados Unidos e Europa. A primeira dessas viagens aconteceu para Nova York, onde o time carioca acabou por conquistar o Torneio Internacional de Futebol.

O Bangu bateu o Kilmarnock, da Escócia, por 2 a 0. Por ser destaque no juvenil, o jovem Ademir foi convocado inicialmente como reserva, mas logo ele foi colocado a titularidade, além de ser escolhido como o melhor jogador da competição, e mesmo não jogando a final. Junto com o Bangu, Ademir da Guia viajou para outros países como Portugal, Espanha, Inglaterra e Suécia.

Apesar de estar no profissional da equipe, Ademir não era titular absoluto e passou boa parte do tempo em que ficou no profissional do Bangu, na reserva. Mas mesmo assim ele já chamava a atenção de diversos clubes, e sua trajetória no clube carioca não teria vida longa, e logo em 1962 seu caminho seria a cidade de São Paulo, mais precisamente, o SE Palmeiras.

No Bangu, Ademir da Guia entrou em campo por 59 vezes, anotou 14 gols, e conquistou dois títulos.

Ademir da Guia impressiona técnico do Palmeiras

A história de Ademir da Guia com o Palmeiras começa no mês de setembro de 1960. Atuando pelo Bangu, enfrentou a equipe Alviverde em um amistoso. O jovem, com então apenas 18 anos, entrou aos 32 minutos do segundo tempo, e mesmo atuando por pouco tempo, foi o suficiente para impressionar o técnico palmeirense à época, Oswaldo Brandão, que pediu a sua contratação.

Porém, a contratação foi ocorrer de fato em agosto de 1961 – praticamente um ano depois. O Palmeiras ofereceu uma proposta de quase 4 milhões de Cruzeiros pelo jovem jogador. E pela primeira vez Ademir da Guia assinou um contrato como jogador profissional, já que no Bangu ele ainda não havia se profissionalizado, mesmo após ter atuado no time principal.

Antes de Ademir chegar ao Palmeiras, seu pai, Domingos da Guia, demonstrou preocupação com o filho em ir atuar numa equipe tão grande como o Palmeiras. Por isso, Reinaldo Lapão, que era meia do SE Palmeiras, ficou encarregado de apresentar o clube para ele.

 

1962 – 1966: Ademir da Guia inicia sua história no Palmeiras


Após ser contratado pelo Palmeiras em 1961, Ademir da Guia ainda precisava provar que estava à altura de uma das principais equipes do Brasil, e a concorrência para atuar entre os titulares seria grande. Tanto que sua estreia viria a ocorrer apenas no dia 22 de fevereiro de 1962, em jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo, e não foi nada bem. Uma goleada para o rival SC Corinthians, por 3 a 0. Ademir entrou apenas no segundo tempo, substituindo o meia Hélio Burini.

Palmeiras de 1963.

Por ser reserva de Chinesinho, Ademir recebia poucas oportunidades na equipe do Palmeiras, porém, o tempo, era aproveitado para se adaptar à cidade de São Paulo. E sua primeira oportunidade como titular do Palmeiras demorou para acontecer e foi mais de uma ano após a sua estreia, em agosto de 1963. Ele atuou como volante na em vitória por 1 a 0, contra o Botafogo de Ribeirão Preto, em partida válida pelo Campeonato Paulista. E nesse mesmo ano o Palmeiras sagrar-se-ia campeão do torneio.

E mesmo com o título, foi apenas no ano de 1964 que o time do Palmeiras conseguiu se acertar, já que nesse meio tempo o time Alviverde trocou por diversas vezes de técnico, e foi com a chegada de Filpo Nuñez que o time e, também, Ademir da Guia se acertou e se firmou como camisa 10 do clube. O time passou a jogar o que seria chamado de futebol acadêmico, e quando a primeira Academia começou a se formar. Neste grande time contava com lendas do futebol como Djalma Santos, Dudu, Vavá, Gildo, entre outros.

No ano seguinte, em 1965, foi quando Ademir da Guia orquestrou a Academia para a conquista do Torneio Rio-São Paulo. O meia marcou gol no jogo final do segundo turno contra o Botafogo/RJ, e que resultou no título palmeirense, que já havia conquistado o primeiro turno. A missão seguinte, para a temporada de 1966, era impedir o tricampeonato paulista do imbatível Santos, de Pelé e cia, e que, de fato, aconteceu. Os alviverdes foram os campeões do Paulista e Ademir da Guia, o Divino, marcou sete gols na competição.

 

1967 – 1971: O Divino leva o Palmeiras ao tri-campeonato Brasileiro


A Academia do Palmeiras já era bastante conhecida e temida por todos os adversários, porém, ainda ainda não haviam conquistado nenhum campeonato nacional. Mas não demorou muito e ele veio em dose dupla no ano de 1967 com a conquista do Torneio Roberto Gomes Pedrosa e da Taça Brasil.

Pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no quadrangular final os alviverdes levaram a melhor contra o Corinthians, SC Internacional e o Grêmio FP. Nesta competição, Ademir da Guia conduziu o time para o título, foi o maestro, ditou o ritmo, e anotou três gols.

Palmeiras bicampeão Brasileiro!

E foi na mesma temporada que os palmeirenses conquistaram o segundo título brasileiro, dessa vez a Taça Brasil. Por se o campeão paulista na temporada anterior, o Palmeiras entrou direto na semifinal da competição e disputou seis jogos. Ademir da Guia foi decisivo no terceiro jogo da grande final, marcando um gol contra o Náutico, em vitória por 2 a 0.

Não demorou muito e, dois anos depois, em 1971, com um time de maior status, o Palmeiras voltou a ganhar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Com grandes atuações e se firmando como um dos maiores jogadores do Brasil, o Divino anotou quatro gols na competição, sendo dois deles no jogo decisivo do quadrangular final contra o Botafogo/RJ.

Duelo de Camisas 10: Ademir da Guia versus Pelé

Duelo entre Ademir e Pelé

O Santos FC de Pelé é mencionado como o maior time de todos os tempos. Um time forjado ainda no final dos anos 1950, quando o jovem Edson Arantes do Nascimento surgia, dominou o futebol brasileiro e mundial na década de 1960. E em meio a grandes clubes do futebol brasileiro que fazia de tudo para rivalizar com o Santos, apenas o Palmeiras de Ademir da Guia era capaz de bater de frente. Os dois clubes, que já rivalizavam nos anos 1950, teve essa disputa intensificada na década seguinte, com jogos históricos.

Em 1963, o Palmeiras parou o Santos, que havia conquistado tudo no ano anterior. Em jogo chave entre os dois clubes pelo Campeonato Paulista, Ademir da Guia foi decisivo e marcou o gol da vitória alviverde. Logo depois, sua equipe viria a ser campeã. O mesmo ocorreu em 1966, quando os palmeirenses impediram o tricampeonato do Peixe.

Na semifinal da Taça Brasil de 1964, os dois times se enfrentaram pela primeira vez em um Campeonato Brasileiro. No jogo de ida, o Santos venceu por 3 a 2 e a estrela de Pelé brilhou, pois ele marcou um gol, mas Ademir da Guia mostrou seu poder de decisão e anotou um gol para o Palmeiras. Na partida de volta, os santistas mostraram superioridade e venceram por 4 a 0. O Peixe também eliminou o rival na semifinal da Taça Brasil de 1965.

Ambos os times rivalizaram durante anos por títulos. O Santos venceu oito títulos paulistas de 1955 a 1965, mas nesse meio tempo, o Palmeiras conquistou os estaduais de 1959, 1963 e 1966. Nesse período, o santistas conquistaram 5 Campeonatos Brasileiros de 1961 a 1968 e o Palmeiras também conquistou a competição por 5 vezes, de 1960 até 1973.

Meio-campo mágico palmeirense: Dudu e Ademir

Dudu chegou ao Palmeiras quando Ademir da Guia estava se firmando na titularidade da equipe, em 1964. A partir dali, começava a Primeira Academia de Futebol do Palmeiras. Ademir da Guia era o meia mais clássico que organizava as jogadas de ataque e Dudu era um jogador mais aguerrido, de forte marcação e que protegia a zaga palmeirense. Um complementava o outro, para que o meio-campo da Academia funcionasse.

Ambos jogaram juntos por 12 anos no Palmeiras,  conquistaram nove títulos, sendo um Torneio Rio-São Paulo, três Campeonatos Paulistas e cinco Campeonatos Brasileiros. Os dois são os recordistas em defender o manto alviverde. Ademir da Guia foi o jogador que mais vestiu a camisa palmeirense, com 902 partidas, enquanto Dudu é o quarto desta lista, com 615 partidas.

Após sua aposentadoria, Dudu recebeu a chance de treinar a equipe do Palmeiras em 1976, e teve a oportunidade de ser o técnico do já veterano Ademir da Guia, que estava em final de carreira.

 

1972 : Ademir da Guia inicia a Segunda Academia do Palmeiras


Já consolidado como o grande craque do Palmeiras e do futebol brasileiro, Ademir da Guia foi o grande líder da Segunda Academia de Futebol do Palmeiras. Após reformulação no elenco da primeira academia, a equipe passou a contar com outros jogadores que também entrariam para a história palmeirense, como o goleiro Leão, Luis Pereira, Zeca, Edu e Leivinha.

Aos 30 anos e em plena forma física e técnica, Ademir da Guia viveu uma das suas melhores fases na temporada de 1972. Com sua maestria, o Divino conquistou mais um título do Campeonato Paulista pelo Palmeiras, em campanha invicta com 15 vitórias e 7 empates.

Em ano espetacular, Ademir conquista a Bola de Prata

Bola de Prata na temporada 1972.a

O melhor ainda estaria por vir para o Divino na temporada de 1972. Ele foi um dos principais jogadores do Campeonato Brasileiro do mesmo ano. Era o segundo ano que a competição tinha esse nome, e a 3ª temporada que a Revista Placar oferecia prêmio aos melhores atletas de cada posição do torneio. Mas o inicio no Brasileiro não foi nada fácil para o Palmeiras, que perdeu os primeiros jogos. O grupo estava abalado e os jogadores se atrasavam para o almoço, e essa situação irritou o técnico Oswaldo Brandão, que chegou até mesmo a pedir demissão. Porém, sob a liderança de Ademir da Guia, o meia conversou com o grupo para reverterem toda esta situação.

Após a turbulência, o Palmeiras passou pela primeira fase em 25 rodadas. Na segunda fase, a equipe se classificou em um grupo com São Paulo FC , Palmeiras e America-RJ, Ademir marcou gol contra os cariocas. Na fase final, o alviverde eliminou o Internacional e bateu o Botafogo na grande decisão, ambos com empate, já que o alviverde ostentava a melhor campanha. O Divino anotou 4 gols na competição, sendo ainda mais fundamental na organização das jogadas para que seus companheiros marcassem.

A regularidade e o poder nas construções de jogadas renderam ao Divino o prêmio Bola de Prata da Revista Placar, sendo escolhido um dos melhores meias naquele Campeonato Brasileiro de 1972. Era impensável ver o time palmeirense jogar sem a maestria e organização do Divino, Ademir da Guia.

1973 – 1974: Com o Palmeiras imbatível, Ademir conquista mais dois nacionais

No ano seguinte, o Palmeiras manteve sua base e Ademir da Guia continuou jogando em alto nível. O resultado não poderia ser diferente e o clube conquistou mais uma vez o Campeonato Brasileiro. Na primeira fase, a equipe foi líder, e na fase seguinte também se tornou líder em um grupo com 10 clubes, contendo o Internacional de Paulo Roberto Falcão. No quadrangular final, o alviverde ficou a frente de São Paulo, Cruzeiro e Internacional. O Divino marcou 3 gols na competição, mas ele continuou sendo o grande criador de jogadas do time.

Logo depois, em 1974, o Palmeiras teve um grande concorrente no Campeonato Paulista, o rival Corinthians de Rivellino, que não conquistava um título há 20 anos. Os alvinegros venceram o primeiro turno da competição e tiraram sarro dos palmeirenses, mas o time alviverde venceu o segundo turno. Na grande decisão, as duas equipes empataram no jogo de ida por 1 a 1. Na partida de volta, diante de 100 mil corintianos no Morumbi, a equipe palestrina venceu por 1 a 0 e se sagrou campeã.

Dois anos depois, Ademir conquistou mais um título com o Palmeiras, mesmo com as especulações de que ele deixaria a equipe, que passava por reformulação. Com um time bem modificado, o Divino conseguiu orquestrar mais uma vez o meio-campo e marcou gols importantes durante a campanha, como nos clássicos contra Corinthians e São Paulo.

Astros da Segunda Academia ao lado do de Ademir da Guia

Ademir ao lado de Leivinha e Luis Pereira

Ademir da Guia conseguiu fazer parte de duas das maiores gerações da Sociedade Esportiva Palmeiras. E nesta segunda geração ele contou com muitos outros craques como Luis Pereira e Leivinha, que ingressaram na equipe no final dos anos 1960, mas foram se firmar apenas no início dos anos 1970. Luis Pereira era um zagueiro clássico, que fazia poucas faltas e com enorme precisão nos desarmes. Para muitos ainda é o maior zagueiro de toda a história palmeirense.

E se Ademir da Guia era o maestro, o comandante do time, Leivinha era o meio campista que também ajudava na organização, porém como um poder de finalização maior que o Divino.

A temporada de 1972 foi a melhor para esses craques que conquistaram praticamente tudo pelo Alviverde. Entre eles, o Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro, além de outras competições como o Torneio Rio-São Paulo, Troféu Laudo Natel e o Troféu Ramon de Carranza.

E foi a partir do ano de 1975 que a Segunda Academia começou a se desfazer. Inicialmente por por Leivinha e Luís Pereira, que acertaram a transferência para o Atlético de Madrid.  Nos anos seguintes, outros craques acabaram por deixar a equipe, que passava por mais uma reformulação. Mas Ademir da Guia, o Divino, ainda se mantinha.

 

1977: Como maior do Palmeiras, Ademir da Guia se aposenta


Despedida de Ademir no Palmeiras

Por causa das reformulações causadas no clube desde o ano de 1975, alguns dos principais jogadores deixaram o Palmeiras. Ademir da Guia passou a ser questionado cada vez mais por sua idade, e se ainda conseguiria atuar em alto nível.

E foi em 1977, dois anos após o inicio do desmanche da Segunda Academia, que o veterano Ademir da Guia, com já 35 anos, dava seus últimos passes nos gramados pelo Brasil. No dia 24 de abril desta temporada, a expectativa era de que aquele jogo contra a Portuguesa, válida pelo Campeonato Paulista de 1977, seria o último de Ademir da Guia com o Palmeiras, já que a fase naquele período não era nada boa. Até mesmo o pai do jogador esperava negociar o passe de Ademir com o Vasco da Gama. Porém, o Divino fez grande atuação contra a rival paulista, anotou dois gols e garantiu sua permanência no alviverde por mais alguns meses.

Após essa grande partida, o Divino ainda permaneceu no Palmeiras por mais 6 meses, mas como a sua forma física não era a mesma de outros tempos, além disso, alguns problemas de saúde começaram a atrapalhar seu desempenho. Em partida amistosa contra o Atlético de Madrid, Ademir teve problemas respiratórios e sua aposentadoria se mostrava cada vez mais próxima. E ela finalmente aconteceu em 1977, após 902 partidas pelo Palmeiras, sendo até os dias de hoje o jogador que mais vestiu a camisa palmeirense. E no total, Ademir anotou 155 gols com a camisa alviverde.

Por ser considerado para muitos o maior ídolo alviverde em toda a história, Ademir da Guia recebeu ao longo dos anos diversas homenagens do Palmeiras e de seus torcedores. A principal delas é que na sede do clube há um busto em sua homenagem.

 

1965 – 1976: Ademir da Guia teve poucas oportunidades na seleção


Um dos jogadores mais injustiçados na seleção brasileira é, sem sombra de dúvidas, o Divino Ademir da Guia. E a principal explicação é uma só, a forte concorrência que ele tinha naquele período. Para se ter uma ideia, o Brasil era um dos – senão o principal – campeonato nacional com a mais forte seleção do mundo. Entre os concorrentes, Ademir da Guia tinha: Rei Pelé, Rivellino, Tostão, Jairzinho, Dirceu Lopes, Gérson. E isso só para fiar entre os principais.

Mas a primeira oportunidade de Ademir da Guia na seleção brasileira aconteceu no ano de 1965, em partida amistosa contra o rival Uruguai. Aconteceu no dia 7 de setembro, em inauguração do Estádio Mineirão. Nesse confronto, foi quando o Palmeiras representou a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), e venceu o duelo pelo clássico placar de 3 a 0.

Após este jogo de estreia, Ademir da Guia atuou apenas 12 vezes com a camisa da seleção brasileira, ficou de fora das Copas de 1966 e 1970, mas foi convocado para o Mundial de 1974 que aconteceu na Alemanha. Porém, sem grandes oportunidades com o técnico Mario Jorge Lobo Zagallo, o Divino recebeu apenas uma única chance de entrar em campo, que foi na disputa do terceiro lugar do Mundial, contra a Polônia, quando o Brasil foi derrotado por 1 a 0, e Ademir jogou apenas os 45 minutos iniciais.

Brasil na Copa do Mundo de 1974.

Mesmo sendo um dos maiores ídolos do Palmeiras e colecionador de títulos, Ademir da Guia atuou pouco pela seleção brasileira e muitos acreditam que esse fato se deve a alta concorrência na posição. Outros meias consagrados, como Gerson, Rivellino, Clodoaldo, Zito e Leivinha receberam mais oportunidades.

Outra tese é de que o jeito introvertido de Ademir da Guia não era muito favorável para que ele recebesse as chances na seleção. Além disso, seu estilo de jogo mais lento, também poderia fazer com que muitos jogadores, como Pelé, por exemplo, tivessem que mudar um pouco da maneira de atuar. E mesmo com tais explicações, a imprensa da época sempre questionou os treinadores do Brasil à época, principalmente Zagallo, pelas poucas oportunidades a um jogador do tamanho de Ademir.

Apesar disso, ele nunca se mostrou chateado ou revoltado com esta situação, e sempre mostrou gratidão pela sua extensa e vitoriosa carreira, principalmente no Palmeiras. Um fato importante é que Ademir e Domingos da Guia são os únicos, pai e filho, que representaram a amarelinha em Copas do Mundo.

 

Fora dos gramados e dentro da política: Outro lado de Ademir da Guia


Ademir da Guia candidato a vereador

Em 2004, Ademir da Guia entrou para a política e se candidatou para vereador em São Paulo, conseguindo se eleger pelo PC do B. Nas eleições municipais seguintes, tentou se reeleger pelo PR, mas não obteve êxito, recebendo apenas 17 mil votos, 10 mil a menos do que a eleição anterior.

Em 2014, o eterno ídolo do Palmeiras tentou se candidatar em outro cargo político, dessa vez para deputado estadual em São Paulo, por outro partido, o PRP. Mas o resultado também não foi positivo. Dois anos depois, o Divino se mudou para o PHS e não conseguiu se eleger vereador. Em 2018, nas eleições seguintes, perdeu mais uma vez a disputa para deputado estadual. A sua mais recente tentativa foi em 2020 pelo MDB, a um cargo de vereador e mais uma vez foi derrotado nas urnas.

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