Quem são os maiores rebeldes na história do futebol?
Índice
- 1 Uma lista de craques dentro e fora de campo
- 2 . Don Diego Maradona: O maior rebelde do futebol
- 3 . Dr. Sócrates: Uma das caras das “Diretas Já”
- 4 . Carlos Caszely: Opositor de Augusto Pinochet
- 5 . Reinaldo: Punho cerrado contra a Ditadura
- 6 . Johan Cruyff: Inovador como atleta e técnico
- 7 . Paulo César Caju: Posicionamento contra o Racismo
- 8 . Eric Cantona: A voadora mais conhecida do futebol
- 9 . Walter Casagrande: Referência como atleta e comentarista
- 10 . Paul Gascoigne: No limite dentro e fora dos gramados
- 11 . Tostão: Um intelectual do futebol
- 12 . George Best: O Quinto Beatle
- 13 . Afonsinho: Boicotado na Ditadura Militar
- 14 . Didier Drogba: Parou uma Guerra em seu país
- 15 . Almir Pernambuquinho: Não fugia de uma confusão
- 16 . Heleno de Freitas: Craque explosivo
- 17 . Como técnico dessa seleção, João Saldanha!
Uma lista de craques dentro e fora de campo
Ainda há hoje em dia quem concorde que futebol e política não se misturam. Deve ser porque não conhecem a história de muitos times e, também jogadores, que ultrapassaram a barreira dos gramados para ir um pouco mais além da bola no pé. E seja por atitudes dentro como fora de campo, alguns optam por se posicionar em assuntos relevantes a sociedade, e expor o seu lado, sem receio de perderem a popularidade, ou mesmo, de contrariarem dirigentes e torcedores.
Se liga em uma lista que fizemos com alguns dos jogadores que merecem ter a alcunha de “rebelde”. Além de colecionarem lances marcantes, também foram marcados para sempre por declarações e atitudes recheadas de repercussão, polêmica, mas muita verdade e personalidade. O futebol é muito mais que um simples jogo!
. Don Diego Maradona: O maior rebelde do futebol
Em qualquer lista sobre os melhores jogadores da história, o argentino Diego Armando Maradona aparece encabeçando na listas, seja antes ou depois do Rei Pelé. E quando se trata de polêmicas e atos de rebeldia, “El Dios” também é lembrado como um dos principais rebeldes que o mundo já viu.
Em campo sua carreira foi controversa, com lances dos mais geniais, além de momentos de explosão que retratava muito bem a personalidade de Maradona. Mas por conta do seu vício em drogas, sua carreira acabou de forma melancólica, cheia de polêmicas, mas sempre engajado em questões políticas de todo o mundo.
Maradona ajudou o neoliberal Carlos Menem a chegar ao poder em seu país, mas a sua fama política se deu por conta da amizade com o líder do regime comunista de Cuba, Fidel Castro. Ainda na América do Sul, sempre demonstrou apoio à ditadura de Hugo Chávez, na Venezuela, e ao presidente Luís Inácio “Lula” da Silva, no Brasil. Também nunca escondeu apoio a Néstor Kirchner, quando este foi o presidente na Argentina, e sua esposa Cristina, que também dirigiu o país.
Foi crítico ferrenho do governo George W. Bush, dos Estados Unidos, e ofereceu apoio a Nicolás Maduro, sucessor de Chávez na Venezuela. Até o fim de sua vida, em 2020, manteve apoio a ditadura venezuelana e criticou o até então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
. Dr. Sócrates: Uma das caras das “Diretas Já”
A democracia corinthiana foi um movimento liderado por Doutor Sócrates, Wladimir, Casagrande e Zenon nos anos 80 no período da ditadura militar no Brasil. “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia” pic.twitter.com/akJRFVzxTF
— Democracia Corinthiana (@corinthiansdemo) April 30, 2018
Um dos principais jogadores de sua geração, Sócrates surgiu no Botafogo de Ribeirão Preto, mas ganhou notoriedade no SC Corinthians, time que brilhou por diversos anos. Sua qualidade nos passes, corrida elegante, passes precisos de calcanhar e potentes finalizações fizeram sua fama dentro dos gramados. Porém, fora das quatro linhas, o Doutor Sócrates também foi gigante, com engajamento político poucas vezes visto entre os atletas do futebol do país. Foi um dos principais rostos no processo de redemocratização do país, no início dos anos 1980.
Formado em medicina e entusiasta de filosofia, Dr. Sócrates se considerava socialista e abraçava os principais ideais marxistas, inclusive os comparando a sua profissão, onde afirmava que o futebol se dá ao luxo de o pior vencer, em analogia clara a ideologia do autor alemão.
“Era um artista, um ativista político e, por acidente genético, um jogador de futebol”, descreve o escritor Quique Peinado, que lembra como a carreira de Sócrates, em si, já como um ato de rebeldia, uma vez que seu pai era contra que ele jogasse futebol.
O Doutor foi um dos principais atletas na história do Sport Club Corinthians e um dos pilares principais da Democracia Corinthiana. Esta foi uma prática autogestionária, onde todos tinham o mesmo peso na voz e decisões no clube. Ao lado de alguns companheiros esteve nas manifestações das “Diretas Já”, que pediam eleições diretas no Brasil, que ainda vivia sob regime militar autoritário. Seus atos políticos, dentro e fora de campo, foram marcantes até o fim da sua vida, que se encerrou em 2011 por conta de complicações devido a uma cirrose.
. Carlos Caszely: Opositor de Augusto Pinochet
My latest for @thesefootytimes features Carlos Caszely, who starred for Colo-Colo and the Chilean national team, as well as openly defying dictator Augusto Pinochet. https://t.co/ea7zYe8nUB #Chile #Caszely #ColoColo pic.twitter.com/rkMEFpaXq8
— Dan Williamson (@winkveron) November 22, 2017
Diferente dos expoentes brasileiros do futebol que criticaram o regime militar do país, o chileno Carlos Caszely viu de perto as atrocidades da ditadura do general Augusto Pinochet, no Chile. Grande goleador do Colo-Colo/CHI, o atacante nunca escondeu sua preferência por governos de esquerda e, ainda mais, a sua repulsa por uma das ditaduras mais cruéis no Século 20 da América Latina.
Em um dos acontecimentos mais lembrados, e antes de uma partida das eliminatórias para a Copa do Mundo de 1974, Pinochet reuniu a Seleção Chilena e Carlos Caszely não estendeu a mão para o ditador – que sabia do passado e dos pensamentos do atacante. Sempre que os dois se encontravam a conversa era apenas sobre futebol, com respostas lacônicas de Caszely.
Durante sua carreira sempre foi questionado sobre as atuações com a camisa do Chile. No Mundial de 1974 acabou expulso e, com isso, não enfrentaria a Alemanha Oriental no jogo seguinte, sendo acusado de não querer encontrar enfrentar outros comunistas. Ou quando perdeu um pênalti em 1982, e por vezes era excluído de convocações, mesmo sendo o principal atacante do país.
Outro fato marcante foi quando sua mãe revelou que foi torturada pela ditadura na campanha de 1988, do referendo que marcaria a continuidade ou não de Augusto Pinochet no poder. Fato este que não havia sido divulgado em momento algum. Por conta deste, e de outros fatos, foi extremamente perseguido no Chile, tendo sua casa invadida em algumas oportunidades. Estudou jornalismo e trabalhou na televisão depois de aposentado dos gramados, além de abrir uma escola onde, certamente, não se falaria bem dos tempos da ditadura chilena.
. Reinaldo: Punho cerrado contra a Ditadura
Outro astro brasileiro que viu de perto a ditadura militar e usou os campos para se expressar contra ela foi o maior artilheiro na história do Atlético Mineiro, Reinaldo. O atacante que, ao marcar, costumava levantava o punho direito para cima, assim como Sócrates faria anos depois, nunca escondeu seu descontentamento com a ditadura no Brasil.
Ele usava a comemoração sabendo que era um símbolo revolucionário, e que não seria agredido pelo regime. Mas, em uma oportunidade sentiu medo ao ficar cara a cara com o General Ernesto Geisel, então ditador do país. Na cerimônia realizada em Porto Alegre, antes do mundial de 1978, que aconteceria na Argentina, um militar o arrastou para uma sala reservada onde estava o presidente. Nela, o atacante foi intimado a apenas jogar futebol, e que a política ficava a cargo dele (Geisel).
Depois do episódio, Reinaldo voltou a comemorar com o punho direito levantado, na partida contra a Suécia, pelo mundial. O gesto enfureceu o comando do futebol brasileiro que exigiu da comissão técnica sua retirada da equipe, que prontamente foi atendida. Reinaldo não atuou mais na competição. Até os dias de hoje ele desabafa sobre a situação, e acrescenta que foi difamado por vezes pela imprensa no retorno ao país.
. Johan Cruyff: Inovador como atleta e técnico
Um dos maiores gênios na história do futebol, o holandês Johan Cruyff foi ídolo do Ajax/HOL e do Barcelona, sempre um inovador, seja como jogador ou técnico. Revolucionou a tática enquanto foi atleta com sua inteligência e técnica acima da média, e aperfeiçoou seus aprendizados quando foi para o banco de reservas. Sempre com uma personalidade acima da média, não media as palavras e as ações, seja dentro como fora dos gramados. Também era um excelente frasista.
Ao longo de toda sua carreira, Cruyff nunca escondeu o vício em cigarro, e não se escondia para acender e fumar seus cigarros, inclusive nos vestiários. Durante a sua época era até normal este tipo de acontecimento. Mas, uma polêmica ficou marcada no auge de sua carreira como jogador aconteceu por conta de um patrocínio com a empresa Puma.
Na Copa do Mundo de 1974, o atleta e a seleção da Holanda, revolucionários naquele mundial pela forma de atuar, apelidados de “Laranja Mecânica”, encantava por seu futebol intenso e sem posição fixa. O uniforme do selecionado era fornecido pela Adidas, mas não se permitia colocar a logomarca nas camisas, e a empresa estampava com suas três linhas características nas mangas. Johan Cruyff, por ser patrocinado pela empresa rival, se recusou a estampar a marca da Adidas e só usou duas linhas em seu uniforme.
. Paulo César Caju: Posicionamento contra o Racismo
Além de muito vitorioso por onde passou (também campeão mundial em 1970), Paulo Cezar Lima, ou PC Caju, foi um importante símbolo no combate ao racismo nas décadas de 1960 e 1970. Teve como grande companheiro na sua luta, Afonsinho, tendo inclusive se casado com a irmã do amigo, unindo suas causas e se transformando em uma família.
Quando jogava, o craque aderiu ao Black Power, não somente pelo estilo, mas por conhecer a representação que o penteado tinha sobre o movimento “Panteras Negras”. Hoje, além de criticar o estilo de jogo atual, não aceita a falta de posicionamento das principais estrelas brasileiras, que se mostram cada vez mais alheios ao que acontece na sociedade.
Depois de aposentado, Paulo César Caju passou por dificuldades decorrentes de seu vício em álcool e cocaína, mas, após 15 anos de vício, conseguiu dar a volta por cima. Segue combatendo o preconceito e criticando “autoridades” do país.
. Eric Cantona: A voadora mais conhecida do futebol
Um grande rebelde que o futebol mundial conheceu foi o francês Eric Cantona. Desde os tempos de jogador, até sua aposentadoria precoce, aos 30 anos, o craque sempre deixou bem claro o seu posicionamento a respeito de temas polêmicos da sociedade. Além de possuir um futebol de muita classe, Cantona é conhecido por toda a forma de ativismo social, principalmente após o término da carreira. O francês defende que o futebol é um esporte popular, e que toda classe trabalhadora tem o direito de ir aos estádios. Critica ativamente jogadores que tentam levar vantagem em lances dentro de campo, e costumeiramente usa as redes sociais para isso.
Seu sangue quente dentro dos gramados fez com que colecionasse episódios de agressões a seus adversários, companheiros e até mesmo torcedores. O caso mais emblemático foi quando defendia o Manchester United e, ao sair de campo após expulsão, ouviu de um torcedor do Crystal Palace cânticos xenófobos. Cantona não pensou duas vezes para desferiu uma voadora no indivíduo, em episódio acontecido em 1995.
Cantona participa ativamente de ações solidárias voltadas ao futebol, inclusive premiado por conta do apoio a estas causas pela UEFA em 2019. Além de atuar no futebol, o francês participa atualmente de produções cinematográficas como ator e produtor.
. Walter Casagrande: Referência como atleta e comentarista
Outro integrante fundamental da Democracia Corinthiana, além de grande amigo e parceiro de Sócrates, foi o ex-atacante e atual comentarista esportivo Walter Casagrande Júnior. Muito jovem no período da Democracia Corintiana é, até hoje, uma voz ativa no Brasil quando o assunto futebol, sociedade e política se misturam. Não tem o costume de ficar em cima do muro e usa de sua posição, como um dos principais comentaristas esportivos do país para colocar o dedo na ferida.
Ao lado do Doutor Sócrates e de outros ídolos do SC Corinthians Paulista, Casão era um dos líderes do movimento libertário dentro do clube paulista, além de crítico do regime militar que o Brasil vivia naquele período até meados da década de 1980. Sempre esteve presente nos movimentos pelas “Diretas Já”, onde participou ativamente.
Dependente químico, Casagrande passou por momentos difíceis em sua vida por conta do seu vício em drogas, porém, o ex-atacante optou por sempre ser transparente de sua relação com as drogas, nunca escondendo sua dependência química. E por esta situação sempre é atacado pelos ferrenhos opositores por conta do seu passado com as drogas.
. Paul Gascoigne: No limite dentro e fora dos gramados
Paul Gascoigne foi um dos grandes jogadores de meio campo da sua geração. Nascido na Inglaterra, o atleta sempre se viu envolto nas mais diversas polêmicas pela forma bruta dentro e fora dos gramados. O atleta não aliviava por nenhum momento, sempre vivendo no limite, limite esse que, dentro dos gramados levava a entradas violentas e brigas e discussões com os adversários.
Revelado no Newcastle, Paul Gascoigne fez uma dupla de sucesso com Gary Lineker no Tottenham, e depois foi se aventurar no futebol italiano, onde se tornou ídolo na Lazio. Lá arrumou confusões nos bastidores, como quando tentou atingir Alessandro Nesta, seu companheiro, quebrando a perna. Além de muitas discussões com treinadores e, também, por vezes se apresentar fora de forma.
Mas onde “Gazza” realmente brilhou foi no Rangers, da Escócia. Lá, logo arrumou confusão com o maior rival do time, o Celtic, quando comemorou um gol dramatizando tocando uma flauta, em alusão à religião protestante, já que o rival representa o lado católico do país.
Mesmo atuando em alto nível e sendo convocado para a seleção da Inglaterra, logo começou seu declínio por problemas com álcool, que o levaram a terminar a carreira precocemente. Depois de aposentado, sempre teve problemas com o vício em bebida, além de passar por acusações de violência doméstica, assédio sexual, posse de drogas, multas por alta velocidade. Hoje vive de forma completamente oposta, largou os vícios e tenta viver uma vida saudável com outras atividades fora do futebol.
. Tostão: Um intelectual do futebol
Aos 19 anos, em 1966, Tostão já conduzia o #Cruzeiro para rivalizar com o Santos de Pelé. Em 1970 foi titular na Copa do Mundo, naquela que é considerada a maior seleção de todos os tempos. Revolucionou como jogador, assim como fora dos gramados, como comentarista e colunista. pic.twitter.com/bLkWObhIYE
— Lendas do Futebol (@futebol_lendas) June 30, 2021
Um jogador diferente dentro e fora de campo. Tostão sempre foi um jogador acima da média no futebol brasileiro e mundial. Pequeno e fisicamente mais frágil, o talento e a inteligência dentro de campo o colocou rapidamente como uma lenda do futebol. Aos 19 anos, em 1966, já conduzia o Cruzeiro para rivalizar com o Santos de Pelé e cia, em partidas memoráveis. Em 1970 foi titular na Copa do Mundo de 1970, vestindo a 9, naquela que é considerada a maior seleção de todos os tempos.
Sempre se destacou por ser apreciador de filosofia e literatura, revolucionando dentro de campo (como jogador), assim como fora dos gramados, quando atua como comentarista e colunista. Tem uma visão única sobre o futebol, sem dividir o futebol da sociedade e do contexto político. É referência inclusive pra os jornalistas mais renomados do país.
Sua carreira foi abreviada por conta de uma lesão no olho, quando uma bolada quase o deixou cego, e pouco não o fez perder a Copa de 1970. Depois disso, soube investir o dinheiro que arrecadou em sua curta carreira, encerrada aos 26 anos de idade, e mergulhou nos estudos para se tornar médico. Passou quase duas décadas afastado do futebol e depois retornou como jornalista, comentarista e cronista, apresentando a mesma genialidade que mostrou quando era jogador.
. George Best: O Quinto Beatle
Vencedor da Bola de Ouro da France Football na temporada de 1968, aos 22 anos, o norte Irlandês George Best é considerado por muitos como um dos maiores atacantes em toda a história do futebol. Até mesmo o Rei do Futebol, Pelé, se rendeu ao talento de Best. Porém, ao passo que marcava muitos gols, também colecionava polêmicas fora dos gramados. Era um rebelde do futebol, mas aquele rebelde por adorar viver uma vida de glamour, com muitas festas, mulheres e bebida. Bebida que o levou a decadência no futebol e também em sua vida.
Com uma popularidade gigante dentro dos gramados, já no Manchester United ganhou o apelido de “Quinto Beatle”, surfando na popularidade da maior bande de todos os tempos, que estouraram nos anos 1960. Sem nunca esconder sua vida de glamour, ficou no United de1963 a 1974, onde atuou por 470 partidas, anotando 179 gols. Dentro de campo era intenso assim como fora dele.
Em 1968, George Best levou seis semanas de suspensão após discutir com um juiz. Mas o talento dele era inegável, tanto é que, no jogo da volta, o atacante marcou seis gols contra o Northampton Town, em duelo que terminou 8 a 2 para o Manchester United.
Após encerrar a carreira logo desenvolveu problemas de saúde, inclusive a cirrose que o levou a um implante de fígado em 2002. Ao longo de sua vida, colecionou problemas a justiça, ao dirigir embriagado e por agredir um policial, fato que o levou à cadeia na década de 1980. O vício persistiu, e após falência nos rins, acabou falecendo em novembro de 2005.
. Afonsinho: Boicotado na Ditadura Militar
Campeão brasileiro (68), campeão da Rio-SP (66) e bicampeão carioca (67-68) pelo Botafogo, Afonsinho foi o ídolo escolhido para ser o garoto propaganda do novo terceiro uniforme alvinegro.😎🔥 #OMaisTradicional
Acesse o link e garanta a sua: https://t.co/kirMpfSmbb pic.twitter.com/6MVAq7XtOx
— Botafogo F.R. (@Botafogo) February 27, 2021
Um intelectual, estudante de medicina, gênio dentro dos gramados, foi entre os atletas profissionais de futebol do Brasil, um dos principais a se levantar contra a Ditadura Militar no país. Afonsinho certamente foi um dos jogadores mais revolucionários que passou pelo futebol brasileiro. Em uma época em que poucos jogadores utilizavam barba e cabelo comprido (quase um símbolo da esquerda), ele ficou marcado por conta da censura estética que os dirigentes do Botafogo/RJ tentaram impor a ele.
O meio campista chegou jovem a General Severiano, depois de revelado pelo XV de Jaú. Com uma personalidade atípica, e muita bola dentro de campo, se tornou capitão da Estrela Solitária ainda muito jovem, logo aos 21 anos. Assumiu a camisa 8 do clube. Marcado pelas duras críticas que realizava ao violento regime ditatorial que o Brasil vivia, usou sua visibilidade contra a repressão, tendo, inclusive, a carreira sabotada por seu posicionamento.
Afonsinho se tornou um marco no futebol brasileiro ao ser boicotado pela diretoria do Botafogo/RJ por conta de sua personalidade, considerada subversiva pelos dirigentes. Assim, o clube não o negociou e nem pretendia usá-lo, mas o jogador começou uma luta através da justiça para conseguir o “Passe Livre”, situação que se concretizou depois de um ano.
Depois de “livre” foi para o Santos Futebol Clube, onde atuou ao lado do Rei Pelé. Ainda teve passagens por outros clubes, sempre ostentando sua liberdade e luta. Após encerrada sua carreira no futebol, atuou na medicina, porém, sem nunca deixar as causas sociais, principalmente as ligadas ao futebol.
. Didier Drogba: Parou uma Guerra em seu país
Ver essa foto no Instagram
Poucos homens podem se orgulhar de parar uma guerra em seu país, e Didier Drogba é um deles. Jogador nascido na Costa do Marfim, mudou-se ainda criança para a França, onde começou sua carreira no futebol para se consolidar como um dos principais atacantes no início do Séc. 20. Após excelente passagens por clubes francês, chegou ao Chelsea em 2004 para virar lenda.
Nos Blues, o reconhecimento veio junto de muitos gols e históricos títulos. O mais importante a Champions League na temporada 2011/12, onde foi o protagonista na inédita conquista do clube londrino. Porém, Didier Drogba nunca deixou de lado o amor por seu país, a Costa do Marfim. Tanto é que, ao se classificar para a Copa do Mundo de 2006, fez apelo para que a guerra civil em seu país fosse parada. O caso sobre o conflito teve grande repercussão e foi atendido pelos dois lados envolvidos.
Depois, Drogba ainda fez outro pedido na intenção de realizar uma partida de classificação para a Taça das Nações Africanas em uma cidade dominada pelos rebeldes. Foi atendido novamente, e viu o líder dos rebeldes sentar-se ao lado do então Presidente do seu país. E já aposentado, e sabendo do peso e poder de sua voz, Drogba segue com projetos beneficentes para os eu país. Doa recursos para hospitais, escolas e outras instituições sempre buscando a paz e a igualdade entre os povos, inclusive atuando como embaixador da ONU.
. Almir Pernambuquinho: Não fugia de uma confusão
Um dos poucos homens que teve a responsabilidade de substituir Pelé em campo, Almir Pernambuquinho se considerava um marginal do futebol. Sua fama se deve tanto ao seu talento em campo como por seu sangue quente, que por muitas vezes passava dos limites com muitas confusões.
Foi fundamental para o Santos Futebol Clube, em uma das partidas finais no Mundial Interclubes de 1963, contra o AC Milan, na segunda partida, que aconteceu no estádio do Maracanã. Segundo Pepe, integrante do poderoso time da Baixada Santista, Almir Pernambuquinho distribuiu pontapés e divididas duras que irritaram os jogadores AC Milan.
Temperamental, quando atuava pelo Flamengo, na final do Campeonato Carioca de 1966, causou uma briga generalizada que encerrou a partida, mas não evitou o título do rival. Almir Pernambuquinho assumiu durante a sua carreira que tomava medicamentos que estimulavam a sua resistência. Nunca fugiu de uma confusão em campo.
Depois e se aposentar, seu temperamento explosivo continuou o mesmo. Ele acabou assassinado em uma briga de bar, no ano de 1973, quando – segundo relatos – a confusão começou após Almir defender atores gays que estavam sendo insultados por três portugueses. Há outras versões que afirmam que foi ele quem começou a confusão com os atores gays, e outra ainda que um dos portugueses desrespeitou a companheira de Almir.
. Heleno de Freitas: Craque explosivo
Heleno de Freitas, um dos maiores atacantes do Botafogo e 4º maior artilheiro do clube!
Este fez muito pelo Fogão e ficou marcado em nossa história ⭐#SouBotafogo #SejaSócio pic.twitter.com/KDvlL1CiSF
— Camisa 7 (@Camisa7Botafogo) May 13, 2020
Conhecido como o primeiro “Bad Boy” brasileiro, Heleno de Freitas seguiu um caminho diferente de outros atletas de sua época, no início da profissionalização do futebol. Seu pai possuía posses, um cafezal e com isso sua família era da alta sociedade brasileira. Se formou em Ciências Jurídicas e Sociais, tomou o caminho de jogador por escolha, ou como afirmou o biógrafo Marcos Eduardo Neves, para ser aplaudido por seu talento. Tudo para alimentar seu ego, praticamente insaciável.
Seu temperamento explosivo o levou a diversas expulsões e se, fora de campo era conhecido por ser um “Bom Vivant”, vivia em bailes nos clubes cariocas, sempre com bebidas e cigarros, acompanhado de lindas mulheres. Seu perfil agressivo em campo, embora muito talentoso, o afastaram da Copa do Mundo de 1950, realizado no Brasil, um grande sonho de sua vida que nunca foi realizado.
Passou os últimos anos da sua vida em um sanatório, por conta de problemas psicológicos, até falecer ainda muito jovem, aos 39 anos de idade. Mesmo assim é considerado um dos grandes ídolos do Botafogo/RJ e dos mais talentosos da história do esporte no Brasil.
. Como técnico dessa seleção, João Saldanha!
E para fechar este seleto time de rebeldes do futebol (não há dúvida de que a lista poderia ser ainda mais extensa), ninguém melhor do que João “Sem-Medo” Saldanha. Exímio jornalista, comunista e técnico da seleção brasileira em 1969, período que peitava a Ditadura Militar no Brasil. Um dos mais reconhecidos cronistas esportivos do país, sempre muito respeitado, tanto que em 1957 o Botafogo/RJ o convidou para ser técnico, onde conquistou um Campeonato Carioca. Como jornalista, saia constantemente em defesa de jogadores que utilizavam Black Power.
Voltou a ser treinador quando a CBD o convidou para ser técnico da poderosa Seleção Brasileira em 1969. Mesmo com seu alinhamento político de ferrenho crítico ao regime militar, aceitou o cargo, mas sem nunca deixar de atacar os abusos militares da época. Principalmente do presidente Emílio Garrastazu Médici, um dos mais sanguinários no período.
Após o assassinato de Carlos Marighela, amigo de João Saldanha, ele endureceu suas críticas e distribuiu uma lista com nomes de pessoas perseguidas pela ditadura. O estopim da crise entre Governo/CBD e João Saldanha foi quando o técnico foi questionado sobre a escalação, com uma clara interferência do Governo. A resposta que ficou marcada o derrubou do comando: “Ele escala o ministério, eu escalo a Seleção”.
O jornalista faleceu durante a Copa do Mundo de 1990, na Itália, na qual fazia parte da cobertura. Sua morte causou grande comoção no país, já que era uma figura polêmica, mas muito querida e respeitada no meio do futebol em todas suas camadas. Ficou marcado por não ter medo, principalmente de segurar sua própria língua.
E ai, gostou da nossa lista? Não esquece de deixar o seu comentário!