Quando o Cruzeiro conquistou a América pela primeira vez!
Índice
- 1 Time mineiro bateu o River Plate na final
- 2 Cruzeiro era um time estrelado
- 3 Cruzeiro x Internacional: O maior jogo na história do Mineirão
- 4 Copa Libertadores 1976: Tudo azul na fase de grupos
- 5 Contra o Alianza Lima, um duro golpe
- 6 1º jogo Cruzeiro vs River Plate: Passeio em BH
- 7 2º jogo River Plate vs Cruzeiro: Vitória argentina leva a 3ª partida
- 8 1976: Cruzeiro é o grande dono da América!
- 9 Na Copa Intercontinental, frustação mineira
Time mineiro bateu o River Plate na final
Na Copa Libertadores de 1976, o Cruzeiro EC chegaria a sua primeira conquista da competição, colocando novamente, e pela 1ª vez pós era Santos de Pelé, o futebol brasileiro no mais alto topo do principal torneio continental, numa escrita que já durava 13 anos.
Contando com a participação de vinte e uma equipes das dez confederações da América do Sul e filiadas a Conmebol, a edição da Copa Libertadores de 1976 tinha, entre os principais favoritos, os clubes argentinos que dominavam o cenário sul-americano. Para se ter uma ideia, no período de 1968 e 1975 foram 7 as conquistas dos hermanos.
O Cruzeiro se classificou para a disputa da Libertadores 1976, após ter sido vice-campeão brasileiro no ano de 1975, quando acabou derrotado para o SC Internacional. Ele foi incluído no Grupo 3 do torneio, ao lado do rival brasileiro Colorado, mais os paraguaios do Olimpia e do Sportivo Luqueño.
Cruzeiro era um time estrelado
Campeão em 1976, Piazza pede que Cruzeiro “faça as pazes” com a Libertadores https://t.co/qwJa9KH941 pic.twitter.com/6WlgzGwLhX
— ge (@geglobo) August 29, 2018
Então tetracampeão mineiro, o Cruzeiro vivia grande momento no futebol brasileiro, e faria em 1976 a sua terceira participação em Copa Libertadores. O time Celeste já havia alcançado a fase semifinal por duas vezes, nos anos de 1967 e 1975.
Jairzinho, o furacão da Copa de 1970, era o principal reforço da equipe cruzeirense, e retornava ao Brasil após passagem conturbada na França, pelo Olympique de Marselha. E ele tinha a importante missão de suprir a ausência de, ninguém menos do que Dirceu Lopes, um dos maiores ídolos do Cruzeiro, e que havia passado boa parte do ano de molho por conta de uma grave lesão sofrida no ano anterior.
Zezé Moreira, irmão do lendário técnico Aymoré Moreira, era o responsável por comandar este grande time, que também contava com o talento de Raul Plasman, Wilson Piazza, Nelinho, Joãozinho e Palhinha, que seria o artilheiro da competição. Era uma verdadeira constelação celeste.
Cruzeiro x Internacional: O maior jogo na história do Mineirão
Na estreia da Copa Libertadores de 1976, Cruzeiro e Internacional protagonizaram no estádio do Mineirão uma das maiores partidas do estádio, lembrada até os dias de hoje.
Na segunda metade dos anos de 1970 o Internacional de Porto Alegre foi o principal destaque entre os times brasileiros. O Colorado levantou o Campeonato Brasileiro por três vezes naquele período, inclusive com o título invicto de 1979. O clube gaúcho contava com alguns dos principais jogadores do país como o goleiro Manga, o zagueiro chileno Elias Figueroa, além do grande Paulo Cesar Falcão, que anos mais tarde viria a se tornar o Rei de Roma, em sua passagem pela Itália.
E o começou a mil, sendo que o Cruzeiro abriu 2 a 0, logo de cara, gols de Palhinha. Mas não demorou para o Internacional descontar como Lula, isso com menos de 15 minutos de jogo. Joãozinho, aos 21, aumentou a vantagem mineira, enquanto Valdomiro aos 39 tornou a diminuir. O primeiro tempo terminou com o Cruzeiro na frente, com 3 a 2 no placar.
O Internacional chegou ao empate já no início da segunda etapa, aos 6 minutos, gol contra de Zé Carlos. Em seguida, a situação parecia piorar para o Cruzeiro, quando Palhinha foi expulso aos 12, deixando a Raposa com um jogador a menos.
Porém, Joãozinho, que viveu noite inspirada, tratou de recolocar o Cruzeiro na frente do marcador: 4 a 3. O time Colorado mais uma vez buscou o empate, desta vez com Ramón, mas aos 43 minutos coube ao lateral direito Nelinho, de pênalti, marcar gol que decidiria a partida a favor do time mineiro. Um memorável 5 a 4, para delírio dos 65 mil torcedores que viram a maior partida na história do Mineirão.
Copa Libertadores 1976: Tudo azul na fase de grupos
Na sequência da primeira fase da Copa Libertadores de 1976, o Cruzeiro garantiu vitória diante do Sportivo Luqueño/PAR, por 3 a 1, e fora de casa, em Assunção. Ainda jogando na capital paraguaia, a Raposa conquistou um empate de 2 a 2 contra o Olímpia.
No returno da fase grupos, nova vitória contra o Sportivo Luqueño, desta vez por 4 a 1, e no reencontro contra o Internacional, agora no Estádio do Beira Rio, em Porto Alegre, agora apenas um empate bastaria para o Cruzeiro se classificar. E jogando com muita autoridade e desenvoltura, o time mineiro bateu o Inter, calando quase 80 mil torcedores, a maioria claro, de Colorados. Assim, a classificação estaria garantida para a fase semifinal.
E para encerrar a primeira fase, na rodada seguinte, vitória contra o Olímpia, por 4 a 1, no Mineirão. Assim, o Cruzeiro conseguiu a melhor campanha da primeira fase, terminando invictos, com 5 vitórias e apenas um empate.
Contra o Alianza Lima, um duro golpe
No decorrer da fase semifinal, um acidente chocaria o time do Cruzeiro. O ponta Roberto Batata, então titular absoluto daquela equipe, faleceu vítima de um acidente automobilístico. Após a vitória de 4 a 0, contra o Alianza Lima, no dia 12 de maio, no Peru, a delegação cruzeirense retornou a Belo Horizonte em um vôo com conexão no Rio de Janeiro.
Ao chegar em Belo Horizonte, Roberto Batata pegou o carro e seguiu rumo a Três Corações, no sul de Minas, para rever a esposa e o filho pequeno. Porém, infelizmente o jogador não chegou ao seu destino. Faleceu na rodovia Fernão Dias, na altura de Oliveira/MG, após colidir com um caminhão, e motivada provavelmente pelo cansaço da viagem.
Com a camisa celeste, Roberto Batata realizou 281 partidas, tendo anotado 110 gols.
O caminho até a final contra o River Plate
Apesar da tragédia e perda de um de seus ídolos, o caminho do Cruzeiro na fase semifinal da Copa Libertadores foi tranquilo. A fase semifinal também foi disputada em grupo, sendo que a Raposa caiu na chave da LDU de Quito/EQU e do Alianza Lima/PE, e não encontrou dificuldades para se classificar para a finalíssima do torneio. Venceu todos os jogos da sua chave, com direito a uma goleada histórica por 7 a 1, sobre o Alianza Lima, no Estádio do Mineirão. Em jogo que rendeu uma homenagem póstuma a Roberto Batata.
Dessa forma, o Cruzeiro se classificou para a final de forma invicta, com 9 vitórias e apenas um empate. Marcou incríveis 38 gols e sofreu apenas 12.
Para efeito de comparação, seu adversário na final da Libertadores de 1976, o River Plate/ARG, havia marcado apenas 14 gols, nos mesmos 10 jogos. O caminho do clube argentino até a final foi bem mais sofrido, sendo que na primeira fase o clube argentino quase perdeu sua vaga para o rival Estudiantes de La Plata/ARG.
Na fase semifinal, os Milionários tiveram pela frente o Independiente de Avellaneda, que vivia período dominante na América do Sul. O time argentino vinham de quatro conquistas consecutivas da Copa Libertadores, além do Peñarol, do Uruguai, que já tinha três Libertadores até então. River Plate e Independiente terminaram empatados em número de pontos, sendo que o River se classificou para a final após vencer jogo de desempate, por 1 a 0.
1º jogo Cruzeiro vs River Plate: Passeio em BH
#94
21/07/1976 – Cruzeiro 4X1 River Plate.
Libertadores – 1º jogo da final. @Mineirão pic.twitter.com/kpJO4OWurA
— Diário Celeste (@DiarioCeleste) December 17, 2015
Na primeira final de Copa Libertadores que o Cruzeiro disputava, a primeira partida aconteceu no estádio do Mineirão, o clima era de festa para os mais de 60 mil torcedores. E também uma partida história para o time Celeste, que bateu um forte River Plate por 4 a 1, abrindo grande vantagem para o jogo de volta que aconteceria na Argentina.
Com 21 minutos de jogo, Nelinho em sua especialidade, cobrando falta, abriu o placar para o time da casa. A Raposa seguiu seguiu pressionando, e ai brilhou novamente a estrela de Palhinha que, ainda no primeiro tempo anotou dois gols para abrir 3 a 0. O River Plate/ARG diminuiu com Más, aos 17 da segunda etapa, de pênalti, mas Valdo tratou de pôr números finais a primeira partida da grande final: Cruzeiro 4 a 1.
2º jogo River Plate vs Cruzeiro: Vitória argentina leva a 3ª partida
No 2º jogo da final da Copa Libertadores 1976, 90 mil torcedores transformaram o Monumental de Nuñez em um verdadeiro caldeirão. O River Plate necessitava da vitória para forçar jogo de desempate que aconteceria em Santiago, no Chile. E, com apenas 10 minutos de partida, Juan Lópes abriria o placar para o Millionários. Os argentinos seguiram pressionando, mas aos poucos o Cruzeiro equilibrou a partida, a ponto de perder várias oportunidades de chegar ao empate, ainda no primeiro tempo.
E o empate chegou, no início do segundo tempo, com Palhinha aos 3 minutos da etapa complementar. Com este gol, Palhinha chegava ao seu 13º e assumia o topo da artilharia da Libertadores 1976. Ultrapassando seu colega de time, Jairzinho, que tinha 12.
O jogo que havia sido tranquilo na primeira etapa, se tornou mais violento na volta do intervalo. Jairzinho pelo Cruzeiro e Perfumo pelo time argentino trocaram pontapés e foram expulsos aos 11 minutos. Aos 30 minutos, quando a equipe mineira era melhor em campo, um duro golpe. Gonzáles aproveitou rebote do goleiro Raul Plasman para anotar gol que forçaria, desta forma, ao terceiro jogo. Ainda haveria tempo para a expulsão de Juan Lópes.
E com placar por encerrar 2 a 1 para o River Plate, o Cruzeiro sofreria aquela que seria a sua única derrota na Copa Libertadores, da qual se sagraria como grande campeão.
1976: Cruzeiro é o grande dono da América!
Há exatos 41 anos em 30 de julho de 1976, o Cruzeiro se sagrava campeão da copa Libertadores! 🔵⚪🦊 #TemosPáginasHeroicasImortais pic.twitter.com/FTXKTAJ25Z
— #VamosComTudoCEC (@VamosComTudoCEC) July 30, 2017
O jogo decisivo entre Cruzeiro e River Plate foi disputado no Estádio Nacional de Santiago, no Chile, apenas dois dias depois da segunda partida na Argentina. Os cerca de 40 mil torcedores presentes assistiram a uma partida de arrepiar.
O Cruzeiro EC saiu na frente com Nelinho, que abriu o marcador em pênalti cobrado aos 24 minutos do primeiro tempo. A equipe celeste ampliou no começo do segundo tempo em um bonito chute de Eduardo. A vantagem por 2 a 0 parecia confortável, porém, o jogo não era fácil e Raul Plasman fazia grandes defesas e também era um destaque do jogo. O Cruzeiro chegou inclusive a levar uma bola na trave, um pouco antes de anotar o segundo gol.
Más, colocou o River Plate de volta ao jogo, descontando também de pênalti aos 12 minutos da segunda etapa. E logo aos 17 Urquiza empatou a partida após uma cobrança rápida de falta, e que pegou toda a defesa cruzeirense desprevenida, quando os jogadores do time mineiro ainda organizavam a barreira no momento da cobrança. Após o gol de empate argentino, o Cruzeiro voltou a dominar a partida e pressionou o River em busca da vitória. Aos 41 do segundo tempo Palhinha sofreu falta, próximo a meia lua. E o que se viria a seguir, seria história!
Enquanto Nelinho, exímio cobrador de faltas, se preparava para a cobrança (já tomava alguns passes para o arremate), Joãozinho se antecipou e bateu com categoria, para marcar o terceiro e gol do título do Cruzeiro. Um gol antológico e repleto de histórias, que garantiria a primeira conquista da América para um time mineiro.
Festa para a metade azul de Belo Horizonte, que meses mais tarde tentaria a sorte contra o Bayern de Munique, na disputa da Copa Intercontinental de Clubes.
Na Copa Intercontinental, frustação mineira
Com a conquista da Copa Libertadores da América de 1976, o Cruzeiro EC se classificou para a disputa do Mundial Interclubes quando enfrentaria ninguém menos que o Bayern de Munique/ALE, base da seleção alemã, campeã do mundo em 1974, além de ser o atual tricampeão europeu.
Na partida de ida, disputada em um campo coberto de neve, o time mineiro sucumbiu diante do talento de Gerd Muller e da eficiência alemã. Derrota por 2 a 0. No jogo de volta, em um Mineirão tomado por mais de 100 mil pessoas, um empate sem gols frustrou a torcida ali presente, que teria nova chance de ver o time na disputa de um título mundial apenas 21 anos depois, em 1997. Mas ai é outra história.