Santos, o Campeão Brasileiro de 2002!
Índice
- 1 Quando os “Meninos da Vila” tiraram o Peixe de uma fila
- 2 Sem conquistas, Santos FC se afunda em dívidas
- 3 1999: Marcelo Teixeira reassume a presidência do clube
- 4 Meninos da Vila renasce o Santos: Surge Diego e Robinho!
- 5 A virada: Celso Roth dá lugar para a volta de Leão
- 6 Campeonato Brasileiro 2002: Santos termina primeira fase na 8ª colocação
- 7 Santos vs Corinthians: Pedalada inesquecível de Robinho
Quando os “Meninos da Vila” tiraram o Peixe de uma fila
Ao longo de sua história, o Santos Futebol Clube ficou reconhecido em todo o mundo por ser – além de seleiro do Rei Pelé – um grande revelador de jogadores. Nas décadas de 1950 e 1960, o Peixe simplesmente revelou o Maior Time de Todos os Tempos, base da seleção brasileira bicampeã do mundo naqueles anos, ao lado do Botafogo/RJ. Porém, e depois da aposentadoria de Pelé, o time passaria por maus bocados até surgir primeira geração dos Meninos da Vila, que seria campeã paulista em 1978.
Campeão Paulista para cima do São Paulo, o inesquecível time de 1978 contava com crias da base lideradas por Pita, Nilton Batata e Juary. Em um Campeonato Paulista disputado em 56 rodadas, a final foi disputada em três partidas. Esta primeira geração dos Meninos da Vila seria marcante, mas em seguida, o clube entraria em nova baixa – ainda com alguns bons momentos no início da década de 1980 – que somente conseguiria sair ao surgimento de novos jovens da base santista.
E foi justamente com esta nova geração, agora de 2002, que o Santos sairia de tempos sombrios para voltar a brilhar no futebol brasileiro. Seria inesquecível!
Sem conquistas, Santos FC se afunda em dívidas
— Imagens do Santos (@SantosEmImagens) July 15, 2021
A década de 1990 não foi boa para o Santos. Enquanto os principais rivais do estado de São Paulo tiveram grandes momentos durante aquela década, o Santos lutava para formar times competitivos na busca de levantar troféus. Em 1998, o Peixe até conseguiu vencer a extinta Copa Conmebol sob comando de Emerson Leão – que pouco depois voltaria ao clube – e com um elenco recheado de jogadores conhecidos. O time na primeira partida da final foi o seguinte: Zetti, Anderson Lima, Sandro, Claudiomiro e Athirson; Marcos Basílio, Narciso e Eduardo Marques; Lúcio, Viola e Alessandro.
Porém, mesmo com um bom time, o Santos viu naqueles anos de 1998 a 2000, seus rivais Corinthians e Palmeiras faturarem os principais títulos do futebol brasileiro e sul americano no período.
Para muitos, o título da Copa Conmebol ainda não saciava a seca de títulos que o torcedor santista vinha sofrendo desde 1984, ano que o Santos havia vencido pela última vez o Campeonato Paulista, sob liderança de Serginho Chulapa.
1999: Marcelo Teixeira reassume a presidência do clube
Presidente mais jovem na história do Santos FC, Marcelo Teixeira se elegeu pela primeira vez no ano de 1991, aos 27 anos, onde ficaria até 1993. Retornaria no ano de 1999, quando ajudaria a colocar no clube novamente no caminho das conquistas. Porém, no início, Teixeira apostou em altos investimentos para contratação de jogadores que acabaram não dando certo.
Naquele período, entre 1999 e 2001, passariam jogadores já consagrados como o goleiro Carlos Germano (ex-Vasco da Gama), os zagueiros Galván e Márcio Santos, o volante colombiano Freddy Rincón, os meias Valdo (ex-Cruzeiro) e Marcelinho Carioca (ex-Corinthians), o atacante Edmundo (ex-Vasco), entre outros. Mas todo aquele time estrelado não conseguiu dar certo, além disso, os atletas conviviam com os atrasos de salários. A conta parecia que logo chegaria.
Time tem série de fiascos e profunda crise financeira
Com uma alta expectativa em cima do time que o clube montou naqueles anos, a decepção foi imensa para o fanáticos torcedores do Santos. Para se ter uma idéia, em 2000 e 2001, os melhores resultados do Peixe foram o vice-campeonato paulista de 2000, e a terceira colocação no Torneio Rio-São Paulo de 2001. Nesse meio tempo, o clube sequer conseguiu se classificar para a fase mata-mata do Campeonato Brasileiro, quando ficou na 14ª e 15ª colocação, respectivamente.
Uma das grandes decepções aconteceu na semifinal do Campeonato Paulista de 2001, quando se classificava até o último minuto de jogo contra o SC Corinthians, quando aconteceu o gol épico de Ricardinho, após corta luz de Marcelinho Carioca.
Todas essas decepções culminaram no desmoronamento do estrelado elenco santista, e na saída de vários jogadores. Para piorar, a conta daquele time ficou alta aos cofres santistas, colocando o clube em uma profunda crise financeira. Até por isso, para o ano de 2002, o clima era de total desesperança para o time da Vila Belmiro.
Meninos da Vila renasce o Santos: Surge Diego e Robinho!
Com os seguintes fiascos com um time considerado caro, o Santos não viu outra saída em 2002 a não ser investir na base e em jovens jogadores que já faziam parte do elenco santista. A aposta era em jogadores até então pouco conhecidos. Entre eles os zagueiros Alex e André Luís, os meia campistas Paulo Almeida e Elano, além de Renato, que na época era conhecido como Renatinho, e havia chegado do Guarani ainda em 2000, mas sem se firmar. Assim como o goleiro Fábio Costa, revelado no Vitória/BA.
Para completar, em 2002, ainda foram contratados o lateral direito Maurinho, por empréstimo do Paulista de Jundiaí, e o atacante Alberto, então do Botafogo/SP. Ainda se juntariam ao elenco do Santos mais dois jogadores que haviam acabado de disputar a Copa São Paulo de Futebol Junior: Diego e Robinho. Os dois foram observados e indicados pelo eterno ídolo do clube, Zito.
Assim, e com um modesto elenco, o Peixe estava praticamente formado para a temporada de 2002 que não era nada otimista.
Com jovem time, Santos tem primeiro semestre ruim
Sem muitas esperanças para a temporada, o primeiro semestre não foi nada bom para o clube da Baixada Santista. Eliminados na segunda fase da Copa do Brasil, e ainda na primeira fase do Torneio Rio-São Paulo. Na ocasião, junto com outros considerados grandes do Estado, o Peixe se recusou a jogar o Campeonato Paulista daquele ano para se dedicar apenas ao Torneio Rio-São Paulo.
Com isso, em meio a precoces eliminações, o Santos acumulou quatro meses sem jogar naquele inicio de 2002, tendo em vista que também era ano de Copa do Mundo. Portanto, a última esperança para salvar a temporada do time da Vila Belmiro seria apenas o Campeonato Brasileiro, onde o Peixe era considerado um dos candidatos para ser rebaixado.
A virada: Celso Roth dá lugar para a volta de Leão
Muitos não se lembram, mas foi Celso Roth quem deu as primeiras oportunidades para Diego e Robinho entre os profissionais do Santos, no início de 2002. E mesmo com um início de ano ruim, o treinador era estimado pela diretoria, justamente por dar oportunidades aos jovens da base. Até então a única saída para aquela temporada do clube.
Porém, o treinador logo decidiu deixar o Peixe, surpreendendo a muitos, ainda mais pelo fato da diretoria sequer ter sinalizado sobre uma possível demissão. Perguntado sobre o assunto, o então presidente Marcelo Teixeira chegou a revelar em uma entrevista ao Portal Terra, os reais motivos da saída de Roth.
“Eu disse a ele antes do Brasileiro: Celso, vamos renovar o elenco, colocar esses meninos que você está lançando. Ele não aceitou diminuir o salário dele e nem apostou na renovação”.
Celso Roth deixou o Santos em maio de 2002. Poucos dias depois, o Peixe acertava a volta de Emerson Leão, na época em baixa, após frustrada passagem na seleção brasileira. E seria com Leão que o clube começaria a trilhar um caminho mais otimismo, com o surgimento da segunda geração dos Meninos da Vila.
Amistoso contra o Corinthians surpreende a todos
Antes do retorno oficial do futebol brasileiro, o técnico Emerson Leão teria tempo para preparar a equipe para o Campeonato Brasileiro. Antes, se realizaria a Copa do Mundo no Japão e na Coréia do Sul. Sem jogadores servindo a seleção, o técnico usou o período para realizar uma espécie de pré-temporada.
Os dois primeiros amistosos seriam para enfrentar – e como vitória – o Roma/PR (1×0), o Comercial/SP (5×0). Dias depois o clube partiria para os EUA, onde iria enfrentar o Glasgow Rangers, da Escócia. Em seu único amistoso internacional naquele período, venceram pelo resultado de 1 a 0.
Por fim, e para terminar esta pré-temporada de amistosos, o Peixe teria pela frente a então sensação do futebol brasileiro, o SC Corinthians, comandados pelo técnico tetracampeão do mundo, Carlos Alberto Parreira. E ninguém poderia imaginar que aquele amistoso seria uma prévia da final do Brasileirão de 2002.
Para aquela partida, o Santos entraria com praticamente o time que se consagraria meses depois com o título brasileiro de 2002: Júlio César, Maurinho, Preto, André Luís, Léo, Paulo Almeida, Renato, Diego, Elano, Robinho e Alberto. Ali o Santos mostraria que era um time diferente e não se intimidaria diante dos rivais. Na Vila Belmiro, vitória por 3 a 1, com gols de André Luís, Renato e Willian. Gilmar descontaria para o Timão.
Campeonato Brasileiro 2002: Santos termina primeira fase na 8ª colocação
Claiton, Fernando Baiano e Fabiano Costa. 2002. Primeira fase do Brasileiro. Inter 3 x 0 Santos. Ano da conquista do Gauchão. Pesquisa web, site colorados anônimos, Correio do Povo – autor da foto desconhecido. pic.twitter.com/wTETS8cuNk
— Arquivo Colorado (1909) (@arquivocolorado) November 14, 2021
Confiante pelo fato dos bons resultados obtidos nos amistosos de sua pré-temporada durante a pausa para a Copa do Mundo, o Santos FC finalmente se mostrava pronto para fazer uma campanha digna no Campeonato Brasileiro de 2002. Com muitos altos e baixos, e com uma base bem jovem, a equipe não conseguiu manter uma regularidade durante a primeira fase da competição.
O trunfo do jovem time erra atuar no caldeirão da Vila Belmiro, mas fora de casa o time ainda sentia. Tanto é que, a primeira vitória fora de Santos aconteceu somente na 12ª rodada, diante do Vasco da Gama.
Duas partidas marcariam na caminhada do Peixe na primeira fase do Brasileirão 2002. Uma foi a vitória (novamente) do time sobre o rival Corinthians, válido pela 16ª rodada, em goleada por 4 a 2, no Pacaembú, com um gol incrível do atacante Alberto, de bicicleta. Quatro rodadas depois, a disputa seria contra o São Paulo FC, em vitória do Tricolor Paulista por 3 a 2, mas com polêmica de Diego pisando no escudo são-paulino em pleno Estádio do Morumbi.
Meninos da Vila crescem no mata-mata
Entre altos e baixos na primeira fase do Campeonato Brasileiro de 2002, o Peixe só conseguiria se classificar para a fase mata-mata na última rodada. Precisou contar com os tropeços de adversários diretos como Cruzeiro EC e Coritiba. Na ocasião, o Santos perdeu para o São Caetano por 3 a 2, mas mesmo assim conseguiu garantir a oitava colocação.
Nas quartas de finais teria que enfrentar o 1º colocado e, até então, sensação daquele Brasileirão, SPFC. O Tricolor chegava em sequência imbatível, com 13 jogos sem perder, e contava com um quarteto ofensivo mágico: Ricardinho, Kaká, Luís Fabiano e Reinaldo. O clima era de revanche e muita rivalidade por conta do último confronto no Morumbi.
Porém, o brilho e a força dos Meninos da Vila surgiu já na primeira partida do mata-mata, disputada na Vila Belmiro. Vitória por 3 a 1, em uma disputa histórica entre o time comandado por Diego e Robinho, e pelo jovem Kaká.
Com a vantagem nas mãos, o time do Santos também mostrou que sabia controlar a pressão fora de casa, para um Morumbi tomado. Luís Fabiano iniciou o confronto dando esperanças aos são-paulinos, porém, Léo e Diego trataram de virar o jogo para garantir a classificação do Peixe para as semifinais.
Nas semis batem o Grêmio, com verdadeiro show
Nesta quarta, completa 19 anos que o Santos massacrava o Grêmio na Vila Belmiro pelo primeiro jogo da semi-final do Brasileiro 2002.https://t.co/TAJTzEKVxo
Depois de eliminar o São Paulo (time com melhor campanha na primeira fase) pic.twitter.com/Vm7mmOAXmb— ASSOPHIS (@assophis) December 2, 2021
Embalados pela classificação contra o São Paulo, os Meninos da Vila enfim mostravam do que eram capazes. Com toda essa empolgação, dariam mais um show de futebol, dessa vez diante do Grêmio de Tite, pela semifinal do Brasileirão de 2002.
No duelo de ida, Alberto colocou em pratica mais uma vez o seu faro de goleador, anotando dois gols na Vila Belmiro. Enquanto isso, Robinho estava em mais um dia iluminado e fez o terceiro gol santista, para fechar acachapante vitória por 3 a 0. Com um pé na final, no Estádio Olímpico, o Santos tropeçou e perdeu pelo placar de 1 a 0, com gol de Rodrigo Fabri, mas nada que impedisse a classificação para a decisão contra um velho conhecido.
Santos vs Corinthians: Pedalada inesquecível de Robinho
muito bala 👇 https://t.co/VfQHIijawx
— lari 🇧🇷 (@lsrica_) December 15, 2021
Santos e SC Corinthians chegavam à final do Campeonato Brasileiro de 2002 em uma situação bastante diferente de quando se encontraram no amistoso antes do início da competição. Até porque, em retrospecto recente, o Peixe levava a uma boa vantagem em relação aos seus rivais com duas vitórias em dois jogos.
Na ocasião, os dois jogos da decisão do Brasileirão foram realizados no estádio do Morumbi, com o Santos vencendo a partida de ida pelo placar de 2 a 0, gols de Alberto e Renato, para garantir extensa vantagem na partida decisiva. Para a grande final, as equipes entraram com as seguintes formações:
Santos FC: Fábio Costa, Maurinho, Alex, André Luís, Léo, Paulo Almeida, Renato, Elano, Diego, Robinho e William.
SC Corinthians: Doni, Rogério, Anderson Cléber, Fábio Luciano, Kléber, Fabinho, Vampeta, Renato Abreu, Deivid, Guilherme e Gil.
Já sem a presença do atacante Alberto, o Santos teve uma baixa logo nos primeiros momentos da partida, quando Diego teve que ser substituído por Robert, por uma lesão muscular. Toda a pressão caia para cima do atacante Robinho e, em arrancada pela esquerda, o jovem e franzino pedalou para cima de Rogério para entrar na eternidade. Pênalti que o próprio atacante bateu e converteu.
A partida terminaria 3 a 2 para o Santos, colocando fim a um jejum de quase 20 anos de um título relevante, e consagrava esta nova geração dos Meninos da Vila encabeçados por Diego e Robinho.
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2 Comments
O técnico do Santos campeão da Conmebol foi Emerson Leão e não Luxemburgo.
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Obrigado pelo comentário. Já corrigimos!