Carreira Início: (1965) Flamengo
Término: Aris Salônica
Características Altura: 1,79 m
destro
Posição / Outras posições Centroavante / Atacante / Meia-atacante
Perfil / Estilo do jogador
Aguerrido, brigador e irreverente, César Maluco foi marcado tanto pela sua facilidade em balançar as redes, quanto pela sua personalidade autêntica. No início da carreira, começou jogando como meia-esquerda, por conta de sua habilidade e agilidade com a bola nos pés. Porém, a sua qualidade em anotar gols o fez jogar como centroavante, posição no qual se destacou durante sua carreira como jogador.
César Maluco: ídolo e multicampeão com o Palmeiras
Conhecido por ser um centroavante raçudo e brigador, César Maluco aliava seu jeito visceral ao seu talento em balançar as redes. Tal mistura resultou em comemorações icônicas em seus gols, que renderam a César, o apelido de “Maluco”.
Assim, o “maluco” e talentoso jogador começou sua carreira atuando pelo Flamengo. Porém, na equipe, ele era pouco utilizado, figurando muito mais vezes no banco de reservas, em um período em que não havia substituições. Esse fato deixava César inconformado e com seu jeito intempestivo, o atacante chegou a discutir muitas vezes com o treinador rubro-negro da época.
Entre tantas discussões, acabou se transferindo para o Palmeiras, onde fez parte da Segunda Academia de Futebol. Essa foi a melhor escolha possível na carreira do jogador, pois César foi multicampeão com a camisa alviverde e desandou a anotar gols. Com a equipe palestrina, conquistou 5 títulos brasileiros, o bicampeonato paulista e se tornou vice-artilheiro da história do verdão
Ao terminar sua brilhante passagem pelo Palmeiras, o jogador rodou por outras grandes equipes como Corinthians, Santos e Fluminense. Um pouco antes de se aposentar, ainda atuou no Botafogo de Ribeirão Preto, ao lado de Sócrates, que naquele momento iniciava sua carreira.
Já com a camisa da seleção brasileira, César Maluco não conseguiu repetir o mesmo sucesso que havia conseguido no Palmeiras. Tanto que sua melhor oportunidade com a amarelinha foi na Copa do Mundo de 1974, onde obteve o 4º lugar, ficando apenas no banco de reservas.
Fora dos gramados, César carregou sua alcunha de “maluco” e reafirmou seu amor pelo Palmeiras. Sendo que enquanto era jogador, vivia uma vida boemia e frequentava diversos bordéis, chegando a ter um famoso relacionamento com Laura, uma fammosa cafetina. E logo depois que se aposentou, se tonou conselheiro da equipe alviverde.
Infância, histórico e inspirações
César Augusto da Silva Lemos nasceu no dia 17 de maio de 1945, na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Vindo de família pobre, morava junto com seus pais e mais seis irmãos, tendo que trabalhar desde cedo para ajudar nas despesas de casa.
Assim, com apenas 10 anos de idade, o pequeno garoto começou a vender bilhetes de jogo do bicho, junto com seu pai e seu tio. Uma profissão muito arriscada para alguém tão jovem, até por se tratar de uma atividade ilegal, o que obrigou César a correr da policia em algumas ocasiões. No mesmo período em que corria dos policiais, o jovem também corria nas areias das praias cariocas atrás de uma bola de futebol.
Por demonstrar muito talento com a bola nos pés, o garoto foi convidado para jogar na escolinha da equipe do Canto do Rio. Até que em um jogo amistoso entre sua equipe e o Flamengo, o jogador se destacou e despertou a atenção de uma pessoa ilustre. Na ocasião, o lendário treinador paraguaio Modesto Bria estava observando a partida e se impressionou com o talento de César.
Dessa forma, o jogador foi convidado para integrar as categorias de base do Flamengo e logo de cara marcou 3 gols em seu primeiro treino. Mesmo como meia-esquerda, César marcou sua passagem entre os juvenis do rubro-negro como um grande goleador. Tanto que foi artilheiro de todas as competições que participou, até chegar ao time profissional em 1965.
Da onde vem o apelido de César Maluco?
Ao se destacar com a camisa do Palmeiras em 1967, César Lemos foi comparado por muitos a Vavá, atacante que havia se destacado no Palmeiras e na seleção brasileira. Na época, o então ídolo palmeirense, tinha a alcunha de “Leão da Copa”, por conta de seu destaque na Copa do Mundo 1958. Por causa de tais comparações, César passou a ser chamado de “Novo Vavá” e de “Leão”, por seus colegas de clube e profissionais de imprensa.
Porém, nenhum desses apelidos ficou tão famoso quanto a alcunha de “maluco”, que foi recebida pelo jogador em 1970. Na ocasião, ao marcar seus gols, César explodia de tanta alegria que ia comemorar junto com a torcida no alambrado. Ao assistir tal cena, o narrador Geraldo José de Almeida passou a chamar o atacante de “maluco”.
Tal apelido pegou tão depressa, que a torcida do Palmeiras também passou a chama-lo dessa maneira. Algo que não foi muito bem aceito pelo jogador no início, sendo que ele demorou muito para adotar o apelido, o que ocorreu apenas após sua aposentadoria.
Tudo porque em uma entrevista de rádio, César recebeu uma série de homenagens de seus familiares e em meio às mensagens recebidas, a de seu neto o comoveu. Nela o pequeno garoto dizia: “um beijo para o vovô César Maluco”. Dessa forma, o ex-jogador não resistiu e assumiu definitivamente a nova alcunha.
(1965–1968) Desponta no futebol com a camisa do Flamengo
Em 1965, prestes a completar 20 anos de idade, César Maluco recebeu as suas primeiras oportunidades entre os profissionais do Flamengo. Assim como nas categorias de base, o jogador continuou atuando como meia-esquerda. Entrava esporadicamente nas partidas, mesmo sem ser titular.
Em 1966, o jogador passou a receber mais oportunidades e começou a anotar mais gols, mostrando seu lado artilheiro também no profissional. Porém, apesar de ter um bom aproveitamento em balançar as redes, o então meia não conseguiu se firmar de vez como titular da equipe. Até porque, o Flamengo contava com outros jogadores mais consagrados no elenco, como Carlos Alberto, Almir e Silva. Sendo esse último, o titular cuja posição César almejava, objetivo o qual ele não conseguiu.
Decepcionado com a reserva, César teve algumas ríspidas discussões com o técnico Armando Renganeschi, que abalou sua permanência no Flamengo. Foi então que os rubro-negros acertaram sua transferência por empréstimo, em uma troca que envolvia o atacante Ademar Pantera do Palmeiras.
Mas, o jogador se recusou a sair do Flamengo e só foi convencido do contrário por seu pai, que lhe garantiu que no Palmeiras ele teria mais oportunidades. Dessa forma, César aceitou a transferência para o time alviverde e encerrou sua passagem no Flamengo. Assim, no total de suas 58 partidas com o clube, conseguiu anotar 38 gols.
(1968–1975) Chega ao Palmeiras para se tornar destaque da Segunda Academia
Em 1967, César Maluco chegou ao Palmeiras por empréstimo após ter chamado a atenção do técnico Aymoré Moreira, campeão mundial comandando o Brasil em 1962. Com a chancela do treinador, o jovem jogador se deparou com um elenco repleto de estrelas, no final da Primeira Academia. Djalma Santos, Ademir da Guia, Servíllio e Tupãzinho eram alguns dos grandes craques que compuseram aquela equipe.
Em meio a esses craques, César Maluco encontrou o seu lugar em campo atuando como centroavante e o resultado não poderia ser melhor. Até porque, o jogador aflorou a sua característica de artilheiro e desandou em fazer gols com a camisa alviverde. Dessa forma, ele foi fundamental na conquista do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967, sendo o artilheiro da competição com 15 gols. De quebra, ainda faturou no mesmo ano, o título da Taça Brasil.
Por tamanho desempenho, o jogador foi contratado em definitivo pelo Palmeiras no início de 1968. Naquele mesmo ano, César participou da histórica campanha alviverde na Libertadores, ao chegar na final contra o Estudiantes De La Plata, ficando com o vice-campeonato.
Porém, esse revés não atrapalhou o desempenho do atacante com o manto alviverde e ele continuou colecionando títulos nos anos seguintes. Tanto que em 1969, voltou a faturar o título da Taça Brasil, repetindo o mesmo feito em 1972 e 1973. Nesse meio tempo, ainda conquistou dois Campeonatos Paulistas nos anos de 1972 e 1974, sendo artilheiro da competição em 1971, com 18 gols.
Sendo que suas últimas conquistas se deram em meio de mais uma forte geração do Palmeiras, conhecida como Segunda Academia. Naquela equipe grandes jogadores surgiram como o goleiro Emerson Leão (vindo do final da 1ª Academia), Luís Pereira, Edu Bala, Leivinha e Nei. Todos sob o comando de Oswaldo Brandão, um dos treinadores mais vitoriosos da história da equipe alviverde.
Sai do Palmeiras após desentendimento com Oswaldo Brandão
Em meio a grandes craques de duas academias diferentes do Palmeiras, César Maluco se tornou um privilegiado por estar em uma equipe que contava com um forte meio campo. Dessa forma, ele recebia a bola no ataque com facilidade para poder balançar as redes. Porém, o jogador fazia por merecer, com muita precisão nas finalizações e muita garra dentro dos gramados.
Em alta, o atacante foi convocado para a Copa do Mundo de 1974 e recebeu uma proposta do Real Madrid naquele mesmo ano. Após a disputa do Troféu Ramon Carranza, o clube madrilenho fez uma proposta de 320 mil dólares ao jogador, que estava disposto a aceitar.
Porém, enquanto esteve na Espanha para a disputa do Troféu Ramon Carranza, o jogador teve um desentendimento com Oswaldo Brandão. Na ocasião, César havia saído durante a noite com um amigo, contra as ordens do técnico, que ficou sabendo logo depois. Ao saber de tal fato, Brandão afastou o atacante, que sequer participou do título paulista de 1974.
Para piorar, o Palmeiras não tratou da transferência de César com o Real Madrid e negociou o jogador com o rival Corinthians. Uma péssima notícia para o atacante, que teria que jogar em um clube que foi sua vítima por diversas vezes.
Dessa forma conturbada, César Maluco deixou o Palmeiras, mas com uma marca importante de 182 em 327 jogos. Com isso, o atacante se tornou vice-artilheiro da história do clube alviverde.
Em 1975 teve apagada passagem pelo Corinthians
Em baixa com a diretoria do Palmeiras após desavenças com Brandão, César Maluco foi negociado com o Corinthians. Na época, o presidente corintiano Vicente Matheus e seu irmão Isidoro Matheus, se aproveitaram da situação para contratar o jogador.
Porém, a chegada do atacante no Corinthians não seria nada fácil, pois ele sempre foi um rival muito indigesto do clube. Tanto que a torcida alvinegra torceu o nariz para a sua contratação. E para piorar, César estreou com o pé esquerdo com a camisa do Timão, perdendo um pênalti em partida contra o XV de Piracicaba, no Campeonato Paulista de 1975.
Aquele era o prenúncio de como seria a sua passagem pelo Corinthians, que foi muito conturbada. Longe de sua melhor forma e marcado por sua passagem no Palmeiras, César sofreu muita pressão da fiel torcida por conta disso. Inclusive, em um episódio, ele foi de “porco” por alguns torcedores corintianos e revidou com agressões, o que resultou em seu afastamento do clube por 45 dias.
Por conta de tudo isso, a sua passagem pelo time alvinegro se tornou praticamente insustentável, durando apenas uma temporada, sem deixar saudade na fiel torcida. Dessa forma, com a camisa corintiana, César Maluco deixou o clube após 37 partidas, com apenas 8 gols anotados.
(1977) Breve passagem pelo Fluminense, clube de seu pai
Após deixar o Corinthians no final de 1975, César Maluco passou a atuar pelo Santos na temporada seguinte. Porém, na equipe da Vila, o jogador pouco entrou em campo e teve uma passagem apagada. Para se ter uma ideia, foram apenas 9 partidas disputadas e 5 gols marcados com a camisa do Peixe.
Já em fim de carreira, em 1977, o atacante ainda deu um verdadeiro presente para seu pai, que era torcedor fanático do Fluminense ao passar a vestir as cores tricolores. Inclusive, naquela época, o jogador integrou a famosa máquina tricolor e se aproveitou da situação para apresentar seu pai a Roberto Rivellino.
Além de Rivelino, César esteve ao lado de outros craques como Paulo Cézar Caju, Doval e Dirceu Lopes. Porém, por questões físicas, o jogador que naquela temporada completara 32 anos, mal conseguiu atuar em meio a esse grande time. Dessa forma, as suas aparições em campo se limitaram a apenas 3 partidas oficiais, sem nenhum gol marcado.
(1978-1981) Rápidas passagens por Botafogo/SP e outras equipes até se aposentar
Longe de seu auge técnico, César Maluco deixou o Fluminense e foi se aventurar por outras equipes do futebol brasileiro e mundial. Em 1978, vestiu as cores do Botafogo de Ribeirão Preto (Botafogo-SP) e jogou ao lado de Sócrates em seu último ano de clube. Em sua passagem pelo clube do interior, o centroavante entrou em campo por 10 oportunidades e anotou 2 gols.
Ao deixar o Botafogo-SP, o jogador teve uma breve passagem pelo modesto Rio Negro de Amazonas, onde pouco se destacou. Já em 1980, César saiu do Brasil e foi atuar na Universidad Católica do Chile e no Aris Salônica da Grécia. Porém nessas equipes, o atacante mal entrou em campo e sequer tem registros oficiais nessas equipes.
Aposentadoria e carreira pós-aposentadoria
Após apagada passagem pelo futebol grego, já sem condições de jogo, César Maluco resolveu pendurar as chuteiras em 1981. Porém, o jogador de 36 anos não pensava em deixar o futebol e por conta disso resolveu ingressar na carreira de treinador.
Porém, César não obteve o mesmo êxito nessa sua profissão quanto nos tempos de jogador. Tanto que nunca chegou a treinar times de muita expressão no futebol brasileiro, passando por muitas equipes do interior do país. Entre algumas de suas passagens por clubes, o então treinador dirigiu o Guaxupé do interior de Minas de Gerais e o Vitória da Conquista da Bahia.
Dessa forma, como seu trabalho como treinador não engrenou como gostaria, César trabalhou vendendo carros e logo depois tentou entrar na politica. Em 1988, se candidatou a vereador em São Paulo, mas não foi eleito, repetindo o fracasso em 1992. Na ocasião, o ex-jogador creditou seu insucesso na politica por conta de seu apelido irreverente.
Assim, parecia que o futebol era realmente o seu lugar, dessa forma, César continuou com o esporte, mas através dos microfones. Em algumas ocasiões, ele foi comentarista de diversos programas esportivos. Recentemente, comandou um programa na TV fechada chamado “César na Área”.
Ainda dentro do futebol, César jamais deixou de lado o seu amor pelo Palmeiras, onde atualmente é sócio. Frequentemente, o eterno ídolo alviverde é visto nas dependências do clube, onde é muito respeitado.
César Maluco na seleção brasileira
César Maluco foi convocado pela primeira vez pela seleção brasileira em amistoso contra o Uruguai em 1968. Na ocasião, o jogador estreou com o pé direito e o escrete brasileiro venceu os uruguaios por 2 a 0.
Nos anos seguintes, César foi poucas vezes convocado e atuou em apenas alguns amistosos pela seleção brasileira. Tanto que ficou de fora da Copa do Mundo de 1970, mesmo atuando em alto nível com a camisa do Palmeiras. Naquela Copa, Dadá Maravilha foi convocado em seu lugar, em uma situação em que muitos creditam à influência do general Médici, então na cadeia de presidente durante o governo militar.
César só voltou a ser convocado pelo escrete canarinho em 1974, às vésperas da Copa do Mundo. Naquele ano, o jogador gozava de uma grande fase do Palmeiras e foi convocado junto com seus cinco companheiros de clube. Sendo eles, Leão, Luís Pereira, Alfredo, Ademir da Guia e Leivinha. Porém, esse fator não o fez com que se tornasse titular daquele mundial, que terminou com o 4º lugar do Brasil.
Inclusive, o próprio jogador acredita que não recebeu oportunidades naquela Copa por conta de um desentendimento que teve com Zagallo anos antes. Em 1969, o atacante palmeirense discutiu com o treinador, que na época dirigia a o Botafogo. Assim, César acredita que Zagallo jamais digeriu aquela discussão.
Outro fato que pode ter afastado o jogador da titularidade da seleção, era a ampla concorrência no setor de ataque. Sendo que do meio campo para frente, o Brasil contou com craques como Rivelino, Paulo Cézar Caju, Valdomiro e Jairzinho.
Sem jogar o mundial, César entrou em campo pela última vez com a seleção brasileira em amistoso contra o Paraguai antes do torneio. Dessa forma, sua participação com o escrete canarinho se limitou a 11 partidas, sem gols marcados, vestindo a camisa da seleção pela última vez em 1974.