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Geralmente, e historicamente, a camisa de número 10 é aquela caracterizada por identificar o maior craque de uma equipe. Porém, no Manchester United essa mística é diferente, sendo que, normalmente, o principal destaque do time verga o número 7 em suas costas.
E essa tradição nos Red Devils teve início na década de 1960, quando surgiu – principalmente – um dos mais talentosos e rebeldes jogadores na longa história do Unted: George Best. E vestir a 7 no lado vermelho de Manchester vai além de ser o maior craque do time. É uma mistura que tem a ver com personalidade, rebeldia e muito talento. Tanto é que outros tantos chegaram com muita badalação, vestiram a camisa 7, porém, não corresponderam a expectativa toda criada. E é ai que deixa essa mística em torno do número 7 ainda mais fantástico.
Sendo assim, vamos contar um pouco da história da Camisa 7 do Manchester United por aqueles que tiveram grande destaque no clube, mas também lembrando daqueles que chegaram em meio a muita expectativa e falharam!
Se a camisa 10 ficou imortalizada muito mais depois do surgimento de um jovem Pelé, que então com 17 anos daria a primeira Copa do Mundo para a seleção brasileira, a 7 talvez não tenha uma história e destino muito diferente.
Desde que os clubes de futebol passaram a padronizar os seus uniformes, isso mais a partir da década de 1930, na Inglaterra, os números nas camisas foram uma das principais novidades. Com o objetivo de identificar os jogadores em uma partida, ao logo do tempo, esses números serviriam também para caracterizar o posicionamento de cada um dos atletas dentro de campo.
Mané Garrincha também seria campeão do mundo com Pelé em 1958, porém, ali, ele vestiria a camisa de número 11, em uma escolha meio aleatória para aquela competição. Mané já era o ponta-direita número 7 no Botafogo/RJ. O gênio das pernas tortas é a personificação do ponta que atua pela direita, driblador e habilidoso. Mas Garrincha ia além disso. Era mágico. E sem o Rei Pelé, levaria o Brasil ao bicampeonato mundial em 1962, desta vez se desdobrando por todos os cantos do ataque, agora com a 7 nas suas costas.
Porém, sem dúvida, o time no futebol mundial que continuaria uma saga em cima da camisa 7 seria o Manchester United, um dos maiores times do mundo e que tem a camisa de número 7 como a preferida dos torcedores.
De cabelos longos e rebeldes, George Best ficou conhecido como o Quinto Beatle não apenas por sua semelhança com os integrantes do grupo, mas também por seu estilo de jogar (e de vida) rock’n’roll. Dono de uma vida boêmia, o jogador foi o primeiro a consagrar a Camisa 7 do Manchester United, criando uma dinastia a partir de então.
Sua trajetória no Manchester United começou em 1963, com apenas 17 anos, ainda como um jovem magro e franzino, uma promessa no período. Não demorou muito e, ao lado de Bobby Charlton e Denis Law, o Camisa 7 faria história no time comandado pelo célebre técnico Matt Busby – um dos sobreviventes do acidente aéreo do time de 1958, junto de Charlton.
Com um estilo provocador dentro de campo, regado a dribles insinuantes e muita velocidade, George Best logo conquistou o coração do torcedor do United. O maior exemplo disso, essa mistura de rebeldia e talento, foi quando o jogador, voltando de suspensão de quatro semanas, por discutir com um juiz, anotou seis gols em vitória dos Red Devils, por 8 a 2, sobre o Northampton Town na FA Cup.
Até mesmo o Rei do Futebol, Pelé, não resistiu ao talento de George Best, tendo afirmado que craque era o melhor jogador que viu jogar. Talvez Pelé tivesse ficado encantado com a maravilhosa temporada de Best no ano de 1968, quando – inclusive – o Camisa 7 marcou o gol do título da Liga dos Campões sobre o Real Madrid. Ainda naquela temporada ele receberia o prêmio Bola de Ouro.
Porém, não demoraria muito para iniciar a decadência de George Best, envolto em problemas disciplinares e com a bebida. Logo no inicio dos anos 1970, sem ainda ter chego nos 30, o Camisa 7 não conseguia render como antes. Assim, ele deixaria o Manchester United em 1974. Ali, durante a sua passagem, conquistara uma Liga dos Campeões – a primeira do United – além do bicampeonato do Campeonato Inglês e da Supercopa da Inglaterra.
Seu estilo boêmio e muitas vezes polêmico lhe rendeu praticamente a metade da carreira. Após sair do United, Best não conseguiu se firmar em mais nenhuma outra equipe. Entre uma bebedeira e outra, foi assim que George Best peregrinou até o fim de sua vida, quando faleceu de uma cirrose hepática em 2005, aos 59 anos. Triste final para o maior irlandês que já atuara no futebol inglês.
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Após a saída de George Best, a lacuna da Camisa 7 não foi preenchida como deveria. Até que no ano de 1981, Bryan Robson chegaria ao Manchester United, após o meio campista se destacar aos 24 anos, no West Bromwich.
Conhecido por um estilo feroz, dominando todas as faixas do meio-campo, Robson era um meio-campista completo. Até porque, além de recompor a defesa, o jogador também era muito criativo do meio para frente, possuindo muita qualidade no passe. Era o que chamamos hoje de um meio campista completo.
Foi assim que ele vestiu a Camisa 7, com diversas conquistas pelos Red Devils. Entre os anos de 1981 e 1994, o meia faturou dois títulos da Premier League, quatro da Copa da Inglaterra, quatro da Supercopa e um da Copa da Liga. Em sua maioria, todos conquistados com Bryan Robson ostentando a faixa de capitão do Manchester United. Era um período de transição do clube, com a chegada de Sir Alex Fergunson em 1986, que faria uma revolução no clube.
Já na reta final da carreira como jogador do Manchester United, Bryan Robson passou o protagonismo dos Red Devils para uma nova promessa que surgia: Eric Cantona. Com personalidade muito mais explosiva em relação ao seu antecessor, o francês chegou ao clube inglês na temporada de 1992. E a partir de sua chegada o atacante foi um verdadeiro furacão no clube, se tornando um dos maiores ídolos vermelhos, mesmo sem trazer a sonhada Champions League.
Recém-chegado do Leeds United, após grande passagem no futebol francês, principalmente pelo Olympique de Marselha, Cantona dominou de fato a Camisa 7 do United a partir de 1993. A partir dali, ele se tornaria o craque do time, com gols decisivos, grandes atuações, e claro, títulos. Foram quatro conquistas da Premier League, três da Supercopa da Inglaterra e mais duas da Copa da Inglaterra.
Contudo, junto com tamanha habilidade e poder de decisão, o pacote completo de Eric Cantona trariam as polêmicas. A maior delas ocorreu em 1995, quando em uma partida contra o Crystal Palace, Cantona foi expulso por chutar a cabeça do zagueiro adversário. Ao se dirigir para o túnel, o jogador sofreu insultos xenófobos de um torcedor e não deixou barato. Ele logo desferiu uma voadora ao estilo kung-fu no homem que o insultou, dando uma série de socos em seguida.
Por conta dessa agressão, o francês foi suspenso por oito meses do futebol e teve a sua prisão decretada, que foi cumprida com serviço comunitário. A partir dali, a relação entre Cantona e Manchester United estava abalada, resultando na aposentadoria precoce do atleta em 1997, com apenas 30 anos.
📊[RETRO CENTRO]📊In the 1997/1998 season, 22-year-old David Beckham the most assists in all of Europe's T5 leagues combined while playing for Manchester United in the Premier League (14). 🔴⚫️🏴 pic.twitter.com/fN1WUClycr
— FutureCentro – Midfielders Of The Future (@FutureCentro) September 7, 2021
E quando o clima entre Cantona e Manchester United já se deteriorava, eis que surge uma jovem promessa, que personalizaria a Camisa 7 dos Red Devils por alguns anos. David Beckham – com um temperamento mais tranquilo que os antecessores – foi revelado em 1993 pela famosa Classe de 1992 do clube que tinha, entre outros: Ryan Giggs, Gary e Phil Neville, Paul Scholes, Nick Butt. Porém, somente despontaria no clube no ano de 1996, aos 21 anos.
Tanto é que, no ano de 1995 ele acabou emprestado para o Preston North End, na intenção de adquirir maior experiência.
Dono de um passe refinado e de uma batida na bola precisa, o meia tomou a camisa 7 do Manchester United para si e se tornou o grande astro da equipe. Um jogador midiático como, até então, poucas vezes haviam surgido. No United ele colecionou diversas conquistas coma seis títulos da Premier League, quatro da Supercopa da Inglaterra, dois da Copa da Inglaterra e mais um Mundial Interclubes. Mas nenhum um deles foi tão importante quanto a Liga dos Campeões de 1998-99.
Como um grande especialista em bolas paradas, foi dele os dois escanteios que originaram os gols da virada do Manchester United contra o Bayern de Munique. Esse título foi a maior representação de Beckham com a Camisa 7 dos Red Devils.
O início do fim de David Beckham no Manchester United aconteceu no começo dos anos 2000. A fama do jogador e a preocupação com questões extra-campo como campanhas publicitarias, irritavam Sir Alex Fergunson. Segundo o treinador, o jogador começou a mudar depois que se casou com outra celebridade, a cantora Victória Beckham.
Porém, mesmo com as turbulências, Beckham ainda era importante no time, o que garantiu sua extensão de contrato com o Manchester United. Até que a partir de uma lesão sofrida pelo jogador em 2002, ele começou a perder espaço na equipe, sendo negociado em seguida para o Galáctico time do Real Madrid, em 2003.
Mas talvez, o maior Camisa 7 do Manchester United ainda estaria por vir. Cristiano Ronaldo passou a vestir o manto que pertencera a David Beckham, no mesmo ano da saída do inglês. Porém, ao contrário do que muitos imaginam hoje em dia, o gajo chegou aos Red Devils ainda como uma promessa.
E foi a partir da temporada 2006-07, com muita ginga e dribles arrasadores, além de muita objetividade, a máquina portuguesa de fato fez jus a Camisa 7, sendo o início de seu domínio no futebol mundial. Naquele ano, ele já conquistara a Premier League, competição que voltaria a vencer mais duas vezes. Na temporada 2007-08, CR7 ainda conquistaria o seu título mais importante com a equipe, a Liga dos Campeões, o que lhe rendeu pela primeira vez o prêmio de melhor jogador do mundo.
Decisivo, o gajo foi quem anotou o primeiro gol dos Red Devils na final da competição europeia, contra o rival Chelsea FC. Quis o destino que os Blues ainda empatassem o jogo e Cristiano Ronaldo perdesse a sua penalidade nas cobranças de pênaltis. Porém, nada disso impediu a conquista do título mais importante do Camisa 7 na equipe.
Obs: Em 2021 ele voltaria ao Manchester United, e essa história vai precisar ser recontada!
Por conta de seu enorme peso, a camisa 7 do Manchester United foi a grande maldição de alguns craques que chegaram ao clube. E após a passagem de um gênio com CR7, essa maldição se aprofundou.
Quando Cristiano Ronaldo saiu com destino ao Real Madrid, a busca por um novo 7 de prestígio continuou e ela somente seria encerrada, mais de 10 anos depois, com o retorno de CR7 ao clube. Nessa longa estrada na busca por uma novo protagonista da Camisa 7, passaram os mais diferentes e variados jogadores.
Uma das tentativas foi o “Golden Boy” Michael Owen, uma das grandes revelações do futebol inglês nos últimos 25 anos, mas que cercado de lesões ao longo da carreira, quando chegou ao United, em 2009 e já com mais de 30 anos, se tornou uma decepção.
Depois dele, o equatoriano Antônio Valência, que vinha de temporadas regulares pelo clube, vestiu essa pesada camisa em 2012-13, e talvez, pela história e anos que acumulou no clube, tenha sido aquele que melhor honrou a camisa 7. Porém, sem nunca ser um protagonista. Em seguida, mais dois outros sul-americanos também vestiram a camisa 7 e também foram uma decepção: o argentino Angel Dí Maria e o chileno Alexis Sanchez.
Outro que também teve passagem sem grande repercussão foi o holandês Memphis Depay, que a vestiu na temporada 2016-17, porém, sem deixar saudade a torcida dos “Red Devils”.
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