Gramados ingleses sempre foi famoso por seus rebeldes

Berço do futebol, a Inglaterra sempre foi reconhecida por abrigar um dos campeonatos mais disputados e intensos do mundo. E essa intensidade também sempre esteve relacionada aos rebeldes dentro de campo, seja pela violência ou pelo temperamento muitas vezes fora do comum. Este destempero se relacionava muito ao futebol praticado na Terra da Rainha até os anos 2000, pelo menos. Um futebol de muita força física, com prevalência nas jogadas aéreas e pela cintura dura, como diziam.

Ou seja, o futebol inglês chamava e muito a atenção por sua “violência” dentro dos gramados, que se refletiam fora com muitos jogadores que possuíam um estilo de vida desregrado e polêmico. E aqui elaboramos uma lista com alguns dos principais e mais polêmicos jogadores de todos os tempos do futebol inglês. Confira!

. Jimmy Hill (Brentford, Fulham)

Se o futebol inglês era considerado duro em sua maneira de jogar, esse cenário começou a mudar por influência de um homem, Jimmy Hill. Mesmo não sendo muito notável dentro de campo, ele foi um  “rebelde” no melhor sentido da palavra. Um revolucionário do futebol inglês. Como meia direita iniciou a carreira no Brentford no ano de 1949, sendo que em 1952 se transferiu para o Fulham, sua segunda e última equipe como jogador profissional. Por lá ficou quase 10 anos, com muito sucesso entre os torcedores. Lá anotou 41 gols em 276 jogos.

Por mostrar um poder de liderança nos bastidores, ele assumiu a secretária da antiga União dos Jogadores em 1950, e mudou o nome da instituição para Associação Profissional de Jogadores de Futebol. Fato que foi apenas o ponto de partida para o aprimoramento da profissionalização do esporte na Terra da Rainha. Um ano depois ele ocuparia a cadeira de presidente da instituição com outras importantes mudanças.

Um revolucionário no futebol

A primeira de suas mudanças foi no modelo de pontuação do futebol inglês na década de 1970. Em uma liga semiprofissional, a contabilização de uma vitória passou de dois para três pontos. Anos depois, em 1981, Jimmy convenceu a Federação da Inglaterra a adotar esse método. Como se não bastasse, nesse meio tempo, ele liderou diversas campanhas para abolir o teto salarial para jogadores de 20 mil libras na Inglaterra, e obteve êxito em seu objetivo. Esse que foi um passo importante para o aumento do investimento no futebol inglês.

Jimmy Hill ainda ajudou a mudar o jeito de pensar futebol na Inglaterra dentro de campo. Como treinador do Coventry City entre 1961 e 1967, fez com que a equipe ficasse conhecida como “The Sky Blue Revolution”. Tudo por conta de um estilo de jogo mais fluído e menos “pegado”.

Em 1996, Jimmy ainda presidiu o Corinthians Casuals, equipe que inspirou a fundação do Sport Clube Corinthians Paulista. Falecido em 2015, aquele foi o seu último grande ato no futebol.

. George Best (Manchester United)

Também conhecido como “O Quinto Beatle”, George Best conquistou a Bola de Ouro na temporada de 1968, isso com apenas 22 anos, e certamente é um dos jogadores mais estimados tecnicamente do futebol inglês. Best também era muito comparado ao brasileiro Mané Garrincha, pela forma despojada que atuava dentro dos gramados. E além de ser um monstro dentro dos gramados, o atacante também era reconhecido pela vida glamorosa que vivia fora dos gramados, com uma vida boêmia. Sempre participando de festas repletas de mulheres e bebidas.

Seu comportamento explosivo causou diversos momentos que marcariam a carreira de Best. Em um desses momentos  ele chegou a ficar seis semanas suspenso após discutir com um juiz. Quando voltou, em partida contra o Northampton Town, em 1968, anotou seis gols.

Infelizmente, quis o destino que o eterno ídolo do Manchester United pagasse caro pelo seu estilo de vida desregrado. Após se aposentar, George Best teve diversos problemas com a justiça, seja por dirigir embriagado ou por agressões, como a um policial — fato que o levou a cadeia em 1980. Também desenvolveu diversos problemas de saúde por conta da bebida, que resultou em uma grave cirrose hepática, que o vitimou em 2005.

. Vinnie Jones (Chelsea, Leeds United)

Hoje é aniversário do ator Vinnie Jones, astro de filmes como e "Snach – Porcos e Diamantes", que já jogou futebol profissionalmente por @ChelseaFC e @LUFC. 😲
Assim como ele, outros atletas viraram atores. Confira https://t.co/TB51OhFR7o#Curiosidade #Repost pic.twitter.com/NmCbeDcfLe

— Blog Start Sports (@blogstartsports) January 6, 2018

Quem ver Vinnie Jones irá se lembrar dele mais pelos filmes que fez nas últimas décadas, como “Snach – Porcos e Diamantes” ou “X-Men, O Confronto Final”, sempre como o vilão. E nos gramados não era diferente. Um dos jogadores mais violentos na história do futebol inglês, Jones não aliviava. Durante sua carreira foi um mestre na arte de distribuir pancadas em seus adversários. Como um “cão de guarda” na defesa, o jogador se tornou um dos maiores rebeldes do futebol inglês entre as décadas de 1980 e 1990.

Para se ter uma ideia, Jones, que colecionou algumas passagens no futebol inglês, incluindo Leeds United e Chelsea FC, foi 12 vezes expulso na carreira. Com esse seu jeito intempestivo, o volante ainda brincava pelo fato de ser considerado um jogador violento, tanto é que, em 1992, apresentou um vídeo com os seus lances mais violentos da carreira se intitulando como “Soccer’s Hard Men”. Na ocasião, a Federação Inglesa não gostou nada disso e lhe aplicou multa de 20 mil libras e suspensão de 6 meses.

. Paul Gascoigne (Newcastle, Tottenham)

Se tem um jogador que colecionou polêmicas das mais curiosas do futebol, esse certamente é Paul Gascoigne. O médio inglês tinha um talento notável no meio-campo, com uma vitalidade única, porém, acabou ficando mais reconhecido por conta de suas confusões fora dele, desentendimentos, e com um estilo de vida desregrado. Não à toa, ele é considerado por muitos como o maior bad boy na história do futebol inglês.

Seus constantes problemas na carreira podem ser explicados se entendermos sua adolescência. Desde muito jovem, “Gazza” – como era conhecido – enfrentava diversos problemas familiares. Como se não bastasse, ali ele já praticava pequenos furtos a fim de sustentar o vicio em jogos de fliperama.

Porém, o futebol salvou sua vida sem grandes perspectivas  quando recebeu uma chance para atuar pelo Newcastle, equipe que o revelou profissionalmente. Contudo, ele não deixaria as polêmicas de lado, colecionando confusões por todos os clubes na carreira, inclusive na seleção inglesa.

Um hooligan dentro das quatro linhas

Uma das mais famosas polêmicas de Gazza aconteceu no ano de 1996, quando foi acusado de agredir sua esposa Shreyl, que na época tentava lhe ajudar a superar o vicio do álcool. Dois anos depois, ele entraria justamente em coma alcoólico, após tomar 32 doses de whisky. Inclusive, as pessoas próximas do jogador, afirmavam que Gazza chegou a atuar dentro de campo sob os efeitos da cocaína.

Ainda na temporada de 1997-98, como se não bastasse, o inglês protagonizou outra famosa polêmica. Com a camisa do Rangers da Escócia, ao marcar um gol contra o rival Celtic, pela Liga Escocesa, o jogador comemorou encenando tocar uma flauta, símbolo que representa a Ordem Laranja (organização protestante). Esse foi considerado um gesto ofensivo contra os torcedores rivais que eram católicos. Por conta disso, Gascoigne foi ameaçado de morte por torcedores rivais e ainda punido com multa de 20 mil libras.

. Eric Cantona (Manchester United)

Certamente, quando pensamos em um dos maiores rebeldes do futebol inglês, uma das imagens que logo nos vem a mente é a incrível voadora de Eric Cantona, quando este atuava pelo Manchester United. Símbolo dos Red Devils durante a década de 1990, o atleta só não conseguiu ter uma carreira ainda mais próspera devido ao seu temperamento.

A citada, aconteceu no ano de 1995, justamente porque ele não era capaz de levar desaforo para casa. Em confronto contra o Crystal Palace, válida pela Premier League, Cantona já havia sido expulso após dar um chute na cabeça do zagueiro adversário. Porém, esse fator passou despercebido em relação ao que iria acontecer. Ao sair de campo, o francês foi ofendido de maneira xenófoba por um hooligan, por conta disso partiu para cima do torcedor com uma voadora.

Por conta desta agressão, Eric Cantona pagou caro e recebeu uma longa suspensão de 9 meses, além da obrigação de prestar serviços comunitários. Essa foi de longe a maior punição de sua carreira, entre várias que recebeu.

Temperamento explosivo lhe custou a carreira

Décadas mais tarde, aos 54 anos de idade, o francês foi perguntado sobre essa polêmica e disse não se arrepender.

“Insultaram-me milhares de vezes e nunca tinha reagido, mas às vezes a gente se sente mais frágil. Arrependo-me de uma coisa, gostaria de lhe ter dado um pontapé mais forte. Estive castigado 9 meses, queriam que eu fosse um exemplo”.

Após esse episódio, Cantona nunca mais voltou a ser convocado pela seleção francesa, sendo que o francês abandou sua carreira de maneira precoce, em 1997, com apenas 30 anos de idade.

. Roy Keane (Manchester United)

O irlandês Roy Keane é lembrado até hoje com muito carinho pela torcida do Manchester United. Nos Red Devils o volante conquistou inúmeros títulos durante os anos 1990, sempre como um líder. Mas, além desse fator positivo, o jogador também era conhecido por ser muito duro dentro do gramado. Tanto é que, ao longo da carreira, foi “presentado” com 11 cartões vermelhos.

Com esse estilo mais viril, protagonizou um dos momentos mais polêmicos de sua carreira. Keane deu uma dura entrada no atacante norueguês Alf-Inge Haland, do Manchester City, na temporada 2000-01. Na ocasião, a entrada do jogador foi tão forte, que acabou aposentando o seu adversário, que não conseguiu se recuperar de grave lesão.

Best of Enemies

Além disso, Keane – conhecido pelo temperamento forte de não ter papas na língua – colecionou desafetos ao longo da carreira. Talvez, um dos mais famosos dele é Patrick Vieira, do Arsenal FC. Era um período de forte rivalidade entre os clubes, e os dois capitães protagonizavam brigas e discussões antes mesmo da partida iniciar, já na entrada de campo. Inclusive, essa rivalidade gerou até mesmo um documentário, chamado “Best Of Enemies”, algo como “melhores inimigos”.

Como se não bastasse, o irlandês chegou a discutir até mesmo com Sir Alex Fergunson, o que resultou em sua saída do United em 2006.

. Robbie Fowler (Liverpool, Manchester City)

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ROBBIE FOWLER: KOPITE ORIGINS EPISODE 2

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— DAVES LFC CHATS (@davesLFCchats) August 14, 2021

Revelado pelo Liverpool FC em 1993, o atacante Robbie Fowler se tornou em um dos maiores ídolos na história do clube da terra dos Beatles. Em duas passagens, é o sexto maior artilheiro do clube com 183 gols anotados.

Além de vestir a camisa vermelha do time de Liverpool, Fowler também atuou por outras equipes do futebol inglês como Leeds, Manchester City, Cardiff City e Blackburn Rovers. No final de sua carreira, ainda passou por clubes da Austrália e da Tailândia. Porém, o que nos chama atenção não é apenas o seu talento em campo, ou os seus números como artilheiro, mas as suas polêmicas enquanto jogador.

Provocador e colecionador de desafetos

A primeira de suas polêmicas ocorreu na temporada de 1999, quando surgiram boatos de que o jogador estivesse fazendo uso de cocaína. Irritado com toda a repercussão da imprensa, Robbie Fowler fez questão de protestar sobre esse assunto ao marcar mais um de seus gols. Em jogo válido contra o Everton, pela Premier League, durante sua comemoração, Fowler encenou que estivesse usando a droga em frente a torcida rival. Obviamente, esse gesto irritou a Federação Inglesa que puniu o jogador com seis partidas de suspensão e multa de 23 mil libras.

Ainda naquele ano, em confronto contra o Chelsea FC, Fowler aprontou mais uma das suas. Fez diversos insultos homofóbicos ao lateral Graeme Le Saux. Segundo os jogadores dos Blues, o atacante perseguiu o seu adversário durante toda a partida com xingamentos. Esse fato resultou na ira de La Saux que agrediu Fowler durante o jogo.

. El Hadji Diouf (Liverpool, Bolton)

🗣 El Hadji Diouf on Jamie Carragher: "He was a right-footed player with two left feet. If he wasn't a Scouser, a son of Liverpool, he would never have had the career he did."

😂 Dioufs clearly not a Jamie Carragher fan pic.twitter.com/bkwKYKPFew

— ODDSbible (@ODDSbible) May 11, 2019

O atacante senegalês El Hadji Diouf, fez muito sucesso no início dos anos 2000 ao representar a seleção senegalesa na Copa do Mundo de 2002. Com início de carreira no futebol francês, o jogador se transferiu para o Liverpool FC após o término do mundial, com a esperança de repetir as mesmas atuações.

Porém, Diouf ficou devendo com a camisa do Liverpool e, ao invés de colecionar boas atuações, colecionou polêmicas e brigas dentro de campo. Uma delas contra o Celtic, pelas quartas de finais da Copa UEFA de 2003. Ali, o jogador recebeu um tapa na nuca ao cobrar um lateral. Contudo, a reação do senegalês foi a mais inesperada possível à época e ele cuspiu no grupo de torcedores adversários. Tal atitude lhe rendeu multa de 5 mil libras.

Cusparadas sem limites e má relação com companheiros

Um ano depois, Diouf voltou a se envolver em escândalo com cusparada, dessa vez quando já vestia a camisa do Bolton. A vítima da vez foi nada menos do que um garoto de 11 anos que estava sentado atrás do banco de reservas, num jogo entre Bolton e Middlesbrough, pela Premier League. Além da má relação com torcedores, Diouf também não tinha bom relacionamento com os jogadores dos Reds. Steven Gerrard, ídolo da equipe jamais se entendeu com o senegalês por conta de seu comportamento.

. Joey Barton (Manchester City, Newcastle)

Longe de ser brilhante tecnicamente, Joey Barton se destacou por ser um volante de marcação brigador, violento, e muitas vezes desleal. De língua afiada, também se notabilizou por colecionar diversas declarações polêmicas, como as que fez em relação a Neymar e Thiago Silva, ambos da seleção brasileira. Na ocasião, ele chegou a comparar o zagueiro a uma mulher transexual, e disse que o atacante brasileiro era a “Kim Kardashian do futebol”, pelo fato de ser muito midiático.

Ao longo da carreira, Barton foi um andarilho do futebol inglês. Desde que foi revelado pelo Manchester City em 2002, passou por diversos clubes, até a sua aposentadoria em 2017. Porém, sobrou tempo para que colecionasse polêmicas.

Uma das mais conhecidas ocorreu justamente em 2017, em seus momentos finais de carreira. E dessa vez não envolvia o seu estilo violento em campo. Na ocasião, o jogador confessou participar de apostas esportivas, algo que é proibido para um atleta profissional. Por conta disso, ficou suspenso por 18 meses, o que abreviou o fim de sua carreira, além de levar multa de 30 mil libras.

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