Por que a Copa 1994 é inesquecível?
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A Copa do Mundo é um momento único para as principais seleções e craques do futebol mundial. Para os torcedores brasileiros da década de 1990, a Copa do Mundo 1994 é inesquecível por diversas razões. Disputada nos EUA, país ainda não muito acostumado com o tal do “soccer”, a Copa 1994 serveria também para expandir a modalidade no país, seria onde a seleção brasileira finalmente conquistaria o tetracampeonato mundial, 24 anos depois do tri, e também por contar com nomes e seleções que fircariam marcados para sempre.
Romário e Roberto Baggio na disputa pelo Nº 1 do mundo!
A Copa do Mundo 1994 ficou marcada por algumas rivalidades. E ainda que tivesse nomes como Diego Maradona, Lothar Matthaus e Dennis Bergkamp, a disputa mais esperada era entre Roberto Baggio e Romário. E esse encotnro aconteceria justamente na final da Copa 1994.
Romário chegava como grande nome do escrete amarelinho, após ser considerado o responsável por colocar o Brasil no mundial, após vitória contra o Uruguai, nas Eliminatórias. Também chegava com incríveis atuações pelo Barcelona.
Já o craque italiano Roberto Baggio era o atual melhor jogador do mundo, ganhador do Ballon d’Or, premiado pela FIFA e pela UEFA, como melhor da temporada 1993. Antes da Copa do Mundo, fez outra ótima temporada pela Juventus de Turim. E a comparação com Romário era inevitável.
O brasileiro começou melhor o torneio, com uma regularida e destaque até o encontro deles na final. Marcou gols contra Rússia, Camarões e Suécia na primeira fase, passaria em branco contra os EUA, mas voltaria a marcar contra a Holanda, nas quartas de final, e novamente contra a Suécia nas semifinais.
Já o italiano, que sofria com lesões antes do mundial, engrenou a partir das oitavas de final. Marcou duas vezes contra a Nigéria, uma vez contra a Espanha, e mais duas vezes nas semifinais contra a Bulgária, então grande sensação daquela Copa.
Na partida final da Copa do Mundo 1994, Roberto Baggio e Romário não fizeram “grandes” partidas, vendo o confronto terminar em 0 a 0 após prorrogação e embaixo de um sol de 40º. Na disputa das penalidades, Romário fez o dele de forma dramática, e ainda viu Roberto Baggio isolar a cobrança dele, para dar o título para a seleção brasileira.
Copa 1994: As partidas da seleção brasileira
O grito de "Tetra" completa 25 anos neste 17 de julho. Mais que uma taça erguida por Dunga, nos Estados Unidos, o título do tetracampeonato mundial da Seleção Brasileira, em 1994, encerrou um jejum sem conquistas que se estendia desde a Copa de 1970. #Verdinha810 pic.twitter.com/t2zDEp3YI9
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A Seleção Brasileira chegou ao mundial em 1994 após uma participação conturbada nas Eliminatórias da América do Sul em 1993. Desta forma, o time comandado por Carlos Alberto Parreira chegaria sob muita desconfiança para a competição. Porém, com um grupo unido e bem organizado taticamente, a seleção foi crescendo ao longo dos jogos.
. Jogo 1: Brasil 2×0 Rússia
A estreia do Brasil na Copa do Mundo 1994, se deu diante da Rússia no dia 20 de junho. Em Stanford Stadium, Palo Alto, na Califórnia, foi uma partida marcada pelo nervosismo da estreia para ambas as seleções, principalmente pela favorita brasileira. Num confronto muito físico e truncado proposto pelos russos, o talento individual dos brasileiros sobressaiu.
Ainda na metade do primeiro tempo, após cobrança de escanteio, Romário só esticou a perna para colocar no canto do goleiro russo. A Seleção ainda chegaria ao segundo gol, agora com Raí, em cobrança de pênalti.
. Jogo 2: Brasil 3×0 Camarões
Na segunda partida, o Brasil jogou no mesmo estádio da estreia contra Camarões. Com dificuldade na criação, Romário novamente decidiu, ao receber de Dunga no contra-ataque e tocar na saída do goleiro. Márcio Santos ampliou de cabeça na etapa final, e Bebeto fechou o placar depois de pegar o rebote de Romário com o goleiro camaronês.
. Jogo 3: Brasil 1×1 Suécia
No jogo mais difícil da primeira fase, o Brasil seguiu com problemas na criação de chances de gol, jogando em Detroit. E assim viu um adversário muito bem treinado abrir o placar com Kennet Andersson, que bateu de cobertura vencendo Taffarel.
Mas, o Baixinho novamente foi decisivo logo no começo do segundo tempo. Ele arrancou da intermediária e bateu de bico no canto de Ravelli para empatar o jogo. Mesmo pressionando os suecos, o jogo terminou em 1 a 1, e o Brasil garantiu o primeiro lugar do grupo B.
. Oitavas de Final: Brasil 1×0 EUA
No mata-mata, o adversário foi os donos da casa no dia do feriado mais importante do país sede. Naquele 4 de julho em Stanford, o Brasil foi pressionado e ficou com um jogador a menos após a expulsão de Leonardo, que desferiu uma cotovelada criminosa em Tab Ramos.
O time se organizou novamente no segundo tempo e conseguiu superar os donos da casa. Após boa jogada de Romário, que arrancou do meio e passou para Bebeto na bater cruzado de dentro da área, no canto de Tony Meola. O placar classificou o Brasil para as quartas de final.
. Quartas de Final: Brasil 3×2 Holanda
O encontro das duas seleções provavelmente foi um dos melhores jogos da Copa do Mundo de 1994, disputado em Boston. Com muitos craques envolvidos, o jogo foi muito emocionante, com muitas chances para os dois lados. Os gols, entretanto, só saíram no segundo tempo, com Romário e Bebeto marcando para o Brasil respectivamente.
A Seleção Holandesa mostrou sua força e reagiu rapidamente. Bergkamp, um dos craques do time, e Winter empataram, deixando o jogo mais nervoso. Aos 36 do segundo tempo, Branco voltou de lesão, e no lugar do suspenso Leonardo, cavou falta de longe e bateu com força. Romário saiu da trajetória da bola e ela entrou no canto, dando a vitória ao Brasil.
. Semifinal: Brasil 1×0 Suécia
Novamente diante da Suécia, o Brasil encontrou dificuldade para furar a defesa comandada pelo icônico Ravelli no Rose Bowl. Até que no fim do segundo tempo, aos 35 minutos, um lance inusitado definiu o jogo. Romário recebeu cruzamento de Jorginho e marcou de cabeça, mesmo com sua baixa estatura vencendo a defesa sueca e garantindo o Brasil na final.
. Final da Copa 1994: Brasil 0x0 Itália
No mesmo estádio das semifinais, para um público de quase 95.000 pessoas e um calor de mais de 40ºC, Brasil e Itália se enfrentaram em um jogo nervoso. Porém, sem muitas chances no tempo normal, o jogo se encaminhou para a prorrogação. No tempo extra, o Brasil teve chances claras de gol, mas não conseguiu converter para vencer os italianos.
Assim, a Copa foi definida nos pênaltis, pela primeira vez na história. Márcio Santos perdeu sua cobrança para o Brasil, mas Romário, Branco e Dunga converteram a deles.
Albertini e Evani marcaram para os italianos, mas Franco Baresi, Massaro e Roberto Baggio desperdiçaram as suas. Este último, o grande craque, teve sua carreira marcada pela cobrança sobre o gol desde então, que definiu o confronto.
Craques que estiveram presentes na Copa do Mundo 94
A Copa do Mundo 1994 marcou o encontro de diversos craques em alta que chegaram aos Estados Unidos em grande forma. Alguns foram muito importantes para o desempenho de suas seleções ao longo do torneio. Porém, nem todos tiveram o desempenho que os deu fama de craques.
. Diego Maradona
Talvez Diego Maradona fosse a grande e mais esperada estrela da Copa do Mundo de 1994, porém, desde 1991 convivendo com problemas relacionados ao vício em drogas e lesões musculares, quase ninguém acreditava em sua participação naquele mundial. Em um intensivo físico, o gênio conseguiu se preparar com a ajuda de um fisiculturista, garantindo assim a camisa 10 e a faixa de capitão da seleção argentina.
Chegou ao mundial após cumprir 15 meses por uso de doping, e “El Dios” marcou um gol e comemorou de forma efusiva na goleada contra a Grécia. Na partida contra a Nigéria, o craque deu a assistência para o gol da vitória da Argentina. Mas, após esta partida, foi pego no exame antidoping para efedrina, uma substância que ajuda no emagrecimento, explicando sua boa forma na Copa depois de estar visivelmente fora do físico ideal meses antes. Esta foi a última partida do craque em mundiais.
. Lothar Matthäus
Um dos maiores craques da Seleção Alemã chegou ao Mundial de 1994 como um dos maiores jogadores do momento. O versátil meio campista passou a atuar mais recuado em seu clube, o Bayern Munich. Em sua nova posição um líbero foi comparado de forma inevitável com Franz Beckenbauer, que foi a referência da posição 20 anos antes.
Na Copa de 1994, Matthäus foi fundamental defensivamente e muito importante com a posse de bola. Embora a Alemanha não tenha encantado como se esperava de seu time, chegou às quartas de final, quando caiu para a Bulgária, mesmo após sair na frente com gol justamente de Matthäus.
. Gheorghe Hagi
O principal jogador de uma das sensações da Copa do Mundo de 1994 mostrava tamanha habilidade que ficou conhecido como “Maradona dos Cárpatos”. Foi o maestro do promissor time romeno, e conduziu a equipe para duas vitórias na primeira fase. Apesar da derrota por 4 a 1 para a Suíça, passou em primeiro do grupo, e eliminou a Argentina, marcando um dos gols. Converteu sua penalidade contra a Suécia nas quartas, mas não foi suficiente para a classificação da Romênia.
. Hristo Stoichkov
Você imagina a Bulgária em uma semifinal de Copa? Isso já aconteceu em 1994! Sob a liderança do histórico Hristo Stoichkov, artilheiro daquela edição com 6 gols, a Bulgária superou Grécia e Argentina (grupos), México e Alemanha para chegar entre as 4 melhores Seleções do torneio. pic.twitter.com/6AawdWL6Uf
— PELEJA (@PELEJA) December 30, 2020
O artilheiro da Copa do Mundo de 1994 veio de uma seleção considerada sensação do torneio, a Bulgária. Autor de 6 gols no mundial o búlgaro conduziu sua seleção para uma inédita semifinal. O craque vinha de boas temporadas atuando no FC Barcelona e consolidou seu nome na história com atuações memoráveis no mundial de 1994, quando seu país ficou em quarto lugar.
. Dennis Bergkamp
Muito conhecido pelo medo de voar de avião, o holandês é considerado um dos melhores atacantes da história. Surgiu de forma avassaladora no Ajax no começo dos anos 1990 e depois de passagem pela Internazional foi a Copa 1994. Marcou 3 gols na Copa, inclusive um na derrota para o Brasil nas quartas de final, quando sua seleção foi eliminada.
Copa 1994: Partidas inesquecíveis do mundial
Não foi só de craques que a Copa do Mundo de 1994 foi feita. Com eles, claro, alguns jogos desta edição são inesquecíveis. Seleções que foram consideradas zebras, como Suécia, Bulgária e Romênia protagonizaram partidas lendárias e dignas de suas boas campanhas. Além delas, outras seleções como a Nigéria e a Suíça ajudaram a tornar a Copa de 1994 inesquecível.
. (Oitavas de Final) Argentina 2×3 Romênia
A Seleção Argentina vinha do baque imenso por perder seu principal jogador, Don Diego Maradona. Apesar disso, lutou até o fim com sua habitual garra contra a Romênia, liderada pelo craque Gheorghe Hagi.
Os romenos saíram na frente com Dumitrescu aos 11 minutos de jogo. Batistuta empatou 5 minutos depois cobrando pênalti, mas comemorou por pouco tempo quando Dumitresco virou novamente o jogo 2 minutos depois.
O craque da Romênia Hagi marcou o terceiro na segunda etapa, aos 13 minutos, após contra-ataque e finalização impecável pelo lado direito da grande área. Balbo descontou esboçando uma reação argentina aos 33 minutos, mas não foi o suficiente para os argentinos.
. (Quartas de final) Bulgária 2×1 Alemanha
Um jogo muito esperado por conta do momento da Bulgária e o forte elenco alemão. Mesmo sem Matthias Sammer, e com Lothar Matthäus de líbero, Klinsmann e Völler no ataque, a Alemanha começou tomando pressão dos búlgaros, mas logo tomaram controle no primeiro tempo criando boas chances de gol. No começo do segundo tempo, Klinsmann sofreu pênalti que Matthäus converteu.
O astro Stoichkov chamou a responsabilidade e aos 30 do segundo tempo marcou um belo gol de falta para empatar. Lechkov, 3 minutos depois, virou o jogo de cabeça após cruzamento da direita, para dar números finais ao grande jogo.
. (Quartas de final) Itália 2×1 Nigéria
Em um jogo em que a zebra quase passeou, a seleção africana quase surpreendeu a poderosa Seleção Italiana. Aos 25 minutos de jogo, Amunike aproveitou o vacilo da defesa italiana em cobrança de escanteio e abriu o placar. Quando tudo parecia perdido, aos 43 do segundo tempo, Roberto Baggio empatou a partida levando a disputa para a prorrogação. No tempo extra, o craque italiano marcou de pênalti espantando a zebra e classificando os italianos.
. (Quartas de final) Romênia 2×2 Suécia
#OnThisDayInFootball the quarter-final between Romania and Sweden at the 1994 #WorldCup took place at Stanford Stadium in Stanford. Romania were blessed with "The Holy Trinity" of #Hagi, #Dumitrescu and #Raducioiu up front but it was the Swedish team, with the baby-faced… pic.twitter.com/kROMFKjk3G
— Fútbolismo ⚽️🌎🌍🌏⚽️ (@ftblsm) July 10, 2020
Em um jogo que reuniu duas surpresas da Copa do Mundo de 1994, os romenos tiveram as principais chances de gol na primeira etapa. Porém, no segundo tempo, os suecos equilibraram a disputa e abriram o placar com Tomas Brolin após bela cobrança de falta ensaiada aos 30 minutos. Nos minutos finais, Răducioiu empatou após Hagi bater falta da intermediária e a bola ser desviada sobrando limpa para empurrar para as redes.
A partida foi inevitavelmente à prorrogação, e o jogo continuou equilibrado com chances para os dois lados. Răducioiu colocou os a Romênia na frente após a defesa sueca cortar mal e a bola sobrar em seu pé direito, vencendo Ravelli que fazia ótima partida. No segundo tempo da prorrogação, Kennet Andersson antecipou o goleiro e empatou a partida, levando o confronto aos pênaltis. Na disputa, os suecos levaram a melhor com Ravelli pegando nas cobranças alternadas.
. (Disputa 3º e 4º lugar) Suécia 4×0 Bulgária
A disputa de terceiro lugar, normalmente, é um pouco melancólica. Mas até essa partida foi inesquecível na Copa de 1994. Os suecos tiveram um início avassalador e garantiram a vitória ao abrir 4 a 0, o placar final com 40 minutos. Assim, coroaram sua participação histórica vencendo a Seleção Búlgara que havia feito uma excelente campanha na Copa.
Jogadores que foram a cara da Copa do Mundo 94
Outro ponto inesquecível da Copa do Mundo de 1994 foi a presença de alguns jogadores com aparências inusitadas. Alguns visuais chamaram a atenção, mas não foi apenas isso, o futebol destes jogadores se destacou tanto quanto seus penteados ou estilo de jogo.
. Alexi Lalas
O zagueiro dos Estados Unidos se destacou por seu estilo extravagante. Com longos cabelos ruivos e barba igualmente cumprida, era um dos líderes daquela histórica seleção que teria a honra de atuar no próprio país.
Zagueiro rápido e ágil, foi uma das principais figuras daquele mundial, porém, não conseguiu parar o Brasil da dupla Romário-Bebeto. Suas boas atuações o levaram ao futebol italiano, no modesto Padova.
. Ivanov
O búlgaro dono de um visual intimidador com suas olheiras fundas e cabelos longos, foi um dos destaques da Copa. Apelidado de “Lobo” por conta do visual e de seu estilo em campo, mostrou toda sua raça ajudando a Bulgária a alcançar o quarto lugar na Copa. Faleceu em 2016, vítima de um ataque cardíaco.
. Thomas Ravelli
O icônico goleiro sueco fez uma Copa do Mundo de 1994 impecável. Dificultou muito a vida de todos os seus adversários com defesas importantes que levaram a Suécia às semifinais. Irritou demais os jogadores da Seleção Brasileira nos dois confrontos com seu estilo provocador ao dançar depois de defender, e sua catimba.
. Carlos Valderrama
Um dos meio campistas mais técnicos de sua geração, Carlos Valderrama chamava a atenção com sua habilidade. Além disso, seus longos cabelos loiros e volumosos se tornaram sua marca, aliados com sua simpatia. Embora a Colômbia tenha caído na primeira fase, Valderrama foi um dos destaques da equipe.
. Roger Milla
O astro camaronês chegou aos Estados Unidos depois de se destacar 4 anos antes. Com uma campanha muito inferior à do mundial passado, Camarões contou com apenas um gol de Roger Milla, e foi na derrota acachapante contra a Rússia por 6 a 1.
. Thomas Brolin
Mais um sueco que se destacou em 1994 foi Tomas Brolin. Ele atuava no poderoso parma do começo dos anos 1990 e vivia o auge de sua carreira na Copa. O atacante era extremamente letal e raramente perdia chances claras. Assim, marcou 3 gols pela Suécia ajudando sua equipe a chegar ao terceiro lugar.