A histórica e lendária Hungria de Ferenc Puskas!
Índice
- 1 Seleção húngara mudou jeito de jogar futebol
- 2 Como foi a formação da mágica Hungria 1954?
- 3 1952: A conquista do Ouro Olímpico
- 4 A consolidação do estilo “MW” e goleada histórica sobre a Inglaterra
- 5 Copa do Mundo 1954:
- 6 Hungria de Puskas era a melhor seleção do mundo!
- 7 Copa 1954: Hungria x Brasil fazem a “Batalha de Berna”
- 8 Copa 1954: O Milagre de Berna
- 9 Triste fim da encantadora Hungria de Puskas
Seleção húngara mudou jeito de jogar futebol
Antes do brilho da seleção brasileira de Pelé, Garrincha, Didi e cia, que passaria a mandar no futebol mundial a partir de 1958, quem encantou como nunca os gramados internacionais foi a Hungria de Ferenc Puskas. O escrete húngaro dominou o planeta bola entre os anos de 1950 a 1954, passando um incrível período de 20 partidas invictos, empilhando goleadas, com um futebol marcado por sua ofensividade e beleza.
E após a conquista das Olimpíadas de 1952, em Helsinque, o “Time de Ouro” era o grande favorito na Copa do Mundo de 1954, porém, tiveram pela frente outro time histórico, além dos donos da casa naquele mundial, a Alemanha. A derrota na final da Copa do Mundo foi um marco para aquela geração que não conseguiu levantar o troféu mais importante para entrar de vez na história do futebol.
Como foi a formação da mágica Hungria 1954?
Budapest Honved before the match against Spartak Moscow in 1953. pic.twitter.com/4lxAAL8DzC
— Fradi Frad Dreizehn 🇭🇺🇩🇪🇬🇷 (@frad_fradi) August 22, 2020
No final dos anos 1940, após a Segunda Guerra Mundial, o governo húngaro – que era um dos braços da então União Soviética – pretendia investir no futebol como uma forma de propaganda. Com isso, o Ministério da Defesa do país resolveu depositar todas as suas fichas em uma equipe especifica, o Kispesti. Passando entao a se chamar Honvéd, tinha tudo a ver com a propaganda do governo, já que seu significa era nada mais do que “Defesa da Pátria”.
A partir dali começaria uma era de ouro do futebol húngaro que, por alguns anos, se tornaria a referência do esporte no planeta. E essa transformação se daria também com o surgimento de jogadores que seriam notáveis, como os mais lembrados Ferenc Puskas e Jószef Bozsik.
Mas o fortalecimento do Honvéd também se deu com as chegadas de Sándor Kocsis, Zoltán Czibor e László Budai, recrutados do Ferencvaros quando, à época, o próprio Ferencvaros era considerado o maior time da Hungria, porém, boicotados pelo então governo por defender bandeiras da extrema-direita. E com a recrutação dos melhores jogadores do país, o Honvéd passou de experimento para ser a base da seleção húngara.
Outra curiosidade é que o técnico Jeno Kalmár, se baseou no chamado futebol “socialista”, emplementado pelos lendários técnicos Bela Gutman e Gustav Sébes.
1952: A conquista do Ouro Olímpico
Brilliant picture. Hungary's 1952 olympic football gold medalists meet Miss universe in Helsinki. pic.twitter.com/RKNYctxq63
— Gaby 🇺🇦 (@DjGabyG) August 4, 2014
Com a base do time do Honvéd, o técnico Gustav Sébes montou uma forte seleção húngara, que tinha como o seu principal craque o meia-atacante Ferenc Puskas. Seguidos por ele, outros jogadores também brilharam, como os pontas Czibor e Budai, além do meia atacante Sándor Kocsis, o volante Bozsik e o goleiro Grosics. Naquela equipe quem também se destacou foi o atacante Nándor Hidegkut, que era a referência da equipe.
Sendo assim, para a disputa das Olimpíadas de 1952, em Helsinque, esse esquadrão deu um verdadeiro show em campo. Na fase preliminar, a Hungria venceu apenas por 2 a 1 a seleção da Romênia, mas depois bateu a Itália por 3 a 0 nas oitavas de final e goleou a Turquia por 7 a 1.
Na semifinal, mais uma goleada, dessa vez pelo placar de 6 a 0 em cima da seleção sueca. Já na grande decisão, o jogo poderia ter se adornado por tons mais dramáticos, pois Ferenc Puskas perdeu pênalti logo no início e ficou abatido. Porém, nem mesmo com a tristeza de seu principal craque abalou a Hungria, que venceu a Iugoslávia por 2 a 0 e faturou o ouro olímpico.
A consolidação do estilo “MW” e goleada histórica sobre a Inglaterra
Após a consagração Olímpica, a Hungria de Puskas queria testar novos desafios, contra as principais seleções do mundo. Dessa forma, em 1953, uma das equipes desafiadas foi a Inglaterra, que naquela época, era uma das principais forças do futebol mundial, e que tinha uma certa soberba por ser o país criador do esporte.
Mas, dentro de campo, toda a soberba dos ingleses foi por água abaixo, já que a seleção húngara deu um verdadeiro show dentro de campo. O jogo que ficou conhecido como “O jogo do Século”, por tamanha expectativa de todos os lados, foi vencido pelos húngaros pelo placar de 6 a 3 com três gols de Hidegkut, dois de Puskas e mais um de Bozsik.
Além disso, foi durante aquele jogo que o técnico Gustáv Sébes implementou o famoso falso 9, posição adotada pelo atacante Hidegkut. Na ocasião, a Hungria passou a jogar no sistema de jogo 4-2-4, que variava para 3-5-2 ou 2-3-5, em um estilo “MW”. Naquele esquema, um dos zagueiros ficava encarregado de sair mais para o jogo com a posse da bola, enquanto o atacante de referência voltava mais para buscar a redondinha.
Copa do Mundo 1954:
Hungria de Puskas era a melhor seleção do mundo!
A Seleção Húngara de 1954. Onde o melhor do futebol veio, mas muita gente não conhece. pic.twitter.com/ewAd0C4Fgg
— Nane (@adrinunesup) February 23, 2016
A melhor seleção do mundo: foi com essa alcunha que a Hungria de Puskas chegou à Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Na ocasião, o escrete húngaro vinha de 16 partidas invictas, empilhando diversas goleadas, inclusive, contra fortes adversários como Itália, Inglaterra e Suécia.
Sendo assim, para o mundial, o técnico Gustáv Sébes montou o seguinte time base para entrar na história do futebol: Gyulia Grosics; Jeno Buzászky, Gyluia Lóránt, Mihály Lantos; József Bozsik, Jószsef Zakariás, Nándor Hidegkuti; Zoltán Czibor, Mihály Tóth, Sándor Kocsis e Ferenc Puskás.
Em um grupo que contava com quatro equipes, a Hungria jogou duas partidas e faturou dois pontos em cada uma, terminando como líder. No primeiro jogo, os húngaros não tomaram conhecimento da Coréia do Sul e venceram pelo placar de 9 a 0. Já no segundo jogo, mais uma goleada, dessa vez pelo placar de 8 a 3 contra a Alemanha, que porém, acabou saindo caro para o escrete húngaro que perdeu seu maior craque por lesão, que só voltaria na final.
Copa 1954: Hungria x Brasil fazem a “Batalha de Berna”
Após se classificar na fase de grupos, a Hungria teria pela frente nada menos do que a seleção brasileira de Julinho Botelho, Djalma Santos, Didi e Nilton Santos. Na época, os brasileiros estavam mordidos por conta do histórico episódio do Maracanaço de 1950, e entraram em campo inflamados por discursos nacionalistas, o que deu alguns tons dramáticos ao evento.
Em baixo de uma forte chuva, que acinzentou ainda mais o duelo, a Hungria abriu 2 a 0 logo aos 7 minutos do primeiro tempo, com gols de Hidegkuti e Kocsis. O Brasil chegou a diminuir ainda na primeira etapa, com gol de pênalti de Djalma Santos.
Mas, mesmo com a reação brasileira, a Hungria tomou conta do jogo mais uma vez, e também de pênalti, Lantos marcou o quarto gol da equipe. Antes do apito final, Julinho Botelho diminuiu outra vez para o Brasil, mas já era tarde, o escrete húngaro havia massacrado a honra dos brasileiros.
A briga
Com a derrota brasileira, o clima da partida foi tomado de vez por um semblante nebuloso, após o apito final. Irritado, o médico da seleção brasileira, Newton Paes, jogou uma garrafa de vidro, endereçada para Ferenc que Puskas, que estava a caminho do vestiário. Contudo, ele só não contou que a garrafa acertaria o zagueiro Pinheiro, que pensou ter sido atingido pelo próprio Puskas.
Com isso, uma pancadaria generalizada tomou conta dos gramados e três jogadores foram expulsos. Esse episódio ficou conhecido como “A Batalha de Berna”, por ter sido um dos maiores conflitos entre jogadores na história do futebol mundial.
Copa 1954: O Milagre de Berna
"O time de ouro" era o apelido da incrível seleção húngara, que disputou a Copa do Mundo de 1954.
A equipe ficou invicta por 32 partidas, perdendo a invencibilidade na final da Copa para a Alemanha, equipe que havia sido derrotada pela Hungria por 8×3 na 1ª fase. pic.twitter.com/NqpkRDq2K9
— Almanaque das Copas (@AlmanaqueCopas) August 19, 2020
Depois de eliminar o Brasil, a seleção húngara venceu o Uruguai pelo placar de 4 a 2, precisando da prorrogação para chegar à final. Na grande decisão, a Hungria reencontraria a Alemanha, além de contar com a volta de Ferenc Puskas, que retornava de lesão.
E como todo craque decisivo, Puskas fez questão de dar os primeiros números ao duelo e abriu o placar aos 6 minutos do primeiro tempo. Como se não bastasse, Czibor ampliou a vantagem para os húngaros aos 8 minutos, dando a impressão de que o jogo seria muito fácil para os magiares.
Porém, não demorou muito para a Alemanha reagir e já aos 10 minutos do primeiro tempo, Morlock diminui. Na sequência, oito minutos depois, Rahn empatou o jogo, deixando os húngaros incrédulos. Já na segunda etapa, o milagre aconteceu, e os alemães viraram o jogo faltando apenas 5 minutos para o apito final, configurando em uma das maiores finais de Copa do Mundo de todos os tempos, que ficou conhecida como o “Milagre de Berna”.
Do lado dos húngaros, o sentimento foi um misto de tristeza e decepção, com muitas reclamações também, principalmente pelo fato de Puskas ter sido caçado em campo. Contudo, nada apagou o gosto amargo da derrota de um título que era tido quase como certo, nem mesmo a artilharia de Kocsis com 11 gols no torneio.
Triste fim da encantadora Hungria de Puskas
Na galeria dos grandes da história do Real Madrid, Puskás encerrou sua carreira no clube em 1966, aos 39 anos. Após pendurar as chuteiras, virou técnico, fazendo história no Panathinaikos, da Grécia, chegando a uma final de Copa dos Campeões, perdida contra o Ajax de Cruyff. pic.twitter.com/XdzFduCLfE
— Perrengues da Bola 🦉 (@perrenguesinfo) September 20, 2021
Como a Hungria era muito favorita ao título da Copa do Mundo de 1954, a população húngara e o governo do país, se decepcionaram após a derrota do time de Puskas e Cia. Inclusive, os jogadores do escrete húngaro foram recomendados pelas autoridades para não saírem de casa por alguns dias, já poderiam correr risco de vida.
Nos estádios, nas ruas e por onde quer que andassem, os jogadores da seleção húngara não tinham paz, pois eram hostilizados. Para piorar, cada um deles passaram a ser perseguido pelo governo, que antes era um grande financiador da seleção. O goleiro Grosics, por exemplo, um grande crítico do sistema vigente no país, foi acusado de espionagem, sendo exilado para um pequeno time da Hungria, o Tabánya Bányazs.
Já o craque Ferenc Puskas teve seu triste fim no selecionado húngaro, se despedindo em 1956, após a Revolução Húngara que fracassou ao tentar derrubar o governo local, que ficou ainda mais desconfiado em relação aos seus opositores. Em 1958, o jogador acertou com o Real Madrid e em 1961 passou a representar as cores da Espanha.
Também em 1958, os craques Kocsis e Czibor acertaram com o Barcelona e tão cedo retornaram ao seu país natal. Era o fim de uma das maiores seleções de todos os tempos!