Reinaldo, ídolo do Galo - Foto: Facebook.com/AtleticoMG
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Tema que ainda precisa de muito debate e cada vez maior punição na sociedade, o racismo segue presente e com casos deploráveis, e como não podia ser diferente, também dentro dos gramados do futebol. E não são em casos de campeonatos ou com jogadores de pouco reconhecimento, mas nos maiores e principais cenários, contra estrelas do futebol mundial, vítimas de preconceituosos ataques racistas.
E o que os racistas relamente não aguentam é quando a vítima não se cala, e também vai ao ataque. Situação que ficou clara nos últimos anos com o atacante brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid, um dos mais importantes jovens jogadores do futebol mundial. E aos 22 anos, e desde o seu início no futebol espanhol, Vini Jr optou por não se calar frente à gritos e insultos racistas nas arquibancadas da Espanha.
E a luta antirascista no futebol brasileiro e de jogadores brasileiros se mostra longa e com alguns símbolos. Confira!
O futebol em si, e no Brasil, sempre teve a “presença” do racismo em sua história. O futebol nada mais é do que a extensão da sociedade geral. Desde o começo quando era praticado por elites, até a pouca presença de negros em clubes durante a ascensão do esporte.
Alguns clubes, como o Vasco da Gama, Bangu e Ponte Preta foram pioneiros a ter negros em seus times. Mesmo assim, sofreram com o racismo da sociedade, como o Bangu ao deixar a Liga Metropolitana que proibia a inscrição de jogadores negros. E o Vasco da Gama com sua inscrição barrada em uma nova liga na década de 1920 que pedia a exclusão de doze atletas, todos negros.
Estes são apenas dois exemplos do quanto o racismo sempre esteve sempre presente no futebol. E mesmo após tantas décadas, vimos um astro mundial sofrer com a ira de racistas naquele que é considerado, na atualidade, o maior clube do mundo. Vini Jr. não abaixou a guarda e cobrou posicionamento de autoridades na Espanha, além de punição aos racistas.
E antes de falar do atual craque do Real Madrid, temos que lembrar de outro atacante histórico, um dos maiores goeladores e craques do futebol brasileiro, além de ícone na luta contra o racismo: Reinaldo!
Em outros tempos, vimos a mesma postura de um dos principais jogadores do Brasil na década de 1970 – e isso em plena ditadura militar (1964-1985) reinando no país. Reinaldo fez história vestindo o manto do Atlético Mineiro. E mesmo ocupando uma posição de privilégio, nunca se calou diante de todas as atrocidades da época.
O craque comemorava seus gols com o punho cerrado e levantado para cima, um gesto que remetia aos “Panteras Negras”, e a sua luta antirascista. O gesto incomodava muito os generais, em situações que acabaram influenciando por vezes na carreira do atacante. Uma das mais lembradas foi a não participação de Reinaldo na final do Brasileirão 1977,contra o São Paulo, que acabaria sendo o campeão.
Outra das situações aconteceu na Copa do Mundo 1978, realizada sobre a nefasta ditadura argentina. Titular do escrete canarinho, “Rei” como era conhecido, anotou um gol e comemorou com os punhos levantados. Uma afronta a todas as ditaduras que a América Latina sofria naquele período.
Ele foi “enquadrado” pelo ditador Ernesto Geisel, presidente do país antes do mundial, para que apenas jogasse futebol e a política seria feita pelos generais. E mesmo intimidado, Reinaldo fez sua comemoração característica e não mais entrou em campo naquela Copa do Mundo.
Ainda jovem despontando no Flamengo, Vini JR foi logo negociado com o Real Madrid, e passou por um modo desenvolvimento até se tornar a peça imprescindível que é do clube Merengue. E sempre com um sorriso no rosto e indo para cima dos adversários, o atacante não demoraria para receber os primeiros insultos racistas.
A situação foi crescendo tanto, sem nenhuma providência das autoridades ou até mesmo da Liga Espanhola, que na última temporada Vinícius Júnior foi atacado por torcedores de praticamente todos os times de La Liga. Seja nos estádios ou nas redes sociais.
Torcedores racistas do Atlético de Madrid fizeram um boneco com camisa de Vini Jr e simularam seu enforcamento em um viaduto de Madrid.
E o ápice de tudo aconteceu no estádio Mestalla, quando grande parte dos torcedores do Valência o xingaram de “macaco”, causando uma enorme confusão. Após o episódio, uma grande movimento cresceu, o Governo Brasileiro tomou as rédeas da diplomacia e cobrou punições da justiça espanhola. Vini Jr não se calou, afrontou e é uma das principais caras da luta antirascista no esporte.
A pergunta que não quer calar é “até quando”? Vinicius se popularizou ainda mais por não aceitar discursos racistas, ameaçando inclusive deixar o Real Madrid, que prontamente segurou sua maior joia. Muitas celebridades, como Anita no show que antecedeu a final da Champions League 2023, e atletas estenderam suas mãos para Vini Jr, e é claro Reinaldo, maior ídolo do Atlético MG e símbolo da luta.
Por um mundo com mais jogares e atletas que lutam contra o racismo, como os atacantes Vinicius Júnior, Reinaldo, a ex-tenista Serena Williams, o piloto Louies Hamilton e os jogadores e ex-jogadores, Richarlison, Patrice Evra, Taison, Dentinho, Kingsley Coman, Aureliein Tchouameni, Kylian Mbappé e muitos outros.