Em 1961, Peñarol foi campeão da Libertadores em cima do Palmeiras
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Time uruguaio chegou ao bicampeonato, se tornando grande força do continente
Por Arnaldo Rocha
Na segunda edição da Copa Libertadores da América, em 1961, o Peñarol chegaria a sua segunda final consecutiva e se mostrava como a grande força do futebol no continente. Situação que seria mudada nos anos seguintes com a ascensão do Santos de Pelé. Contando com a participação de nove das dez confederações da América do Sul, filiadas a Conmebol, o único país a não ter participante foi a Venezuela. A edição de 1961 marcou a estreia dos clubes equatorianos e bolivianos na competição, além de contar pela primeira vez com um time brasileiro na final.
E, ao contrário da edição de 1960, foi necessário realizar uma fase preliminar, com a disputa entre Independiente de Santa-Fé/COL e Barcelona de Guayaquil/EQUA, com o time colombiano passando para a fase final.
Palmeiras fazia frente ao Santos de Pelé
A Sociedade Esportiva Palmeiras participava pela primeira vez do torneio, e se qualificou para a disputa após vencer a Taça Brasil de 1960. O time brasileiro, único representante nacional, chegaria à grande decisão invicto. Era ainda o início da Primeira Academia de Futebol do clube, e o Palmeiras contava no seu plantel com jogadores que se transformariam em lendas como Valdir de Moraes, Djalma Santos, além do ponta-direita Julinho Botelho.
Em tempos do Santos de Pelé, o Palmeiras era – no período – uma das poucas equipes a fazer frente ao rival, com muitas batalhas e disputas de campeonatos.
A estreia do alviverde na Copa Libertadores de 1961 foi com vitória. Jogando na Argentina, contra o Independiente de Avellaneda, vitória por 2 a 0. O time argentino era comandado por Oswaldo Brandão, um profundo conhecedor do elenco palmeirense. Na volta, mais uma vitória, desta vez por 1 a 0, no estádio do Pacaembu.
Na semifinal o Palmeiras encarou o Santa Fé/COL. Após empatar a primeira partida por 2 a 2, em Bogotá, avançaram para a final após golear por 4 a 1, jogando em casa.
Contra o atual campeão da Libertadores, além de um futebol uruguaio em seu clássico momento de raça, o Palmeiras não teria moleza par encarar o Peñarol. O time uruguaio chegou a final após três vitórias e uma derrota, com o melhor ataque da competição, com dez gols marcados e quatro gols sofridos.
Libertadores 1961: Palmeiras e Peñarol fazem mítica final
Após passar por Universitário/PER e Olímpia/PAR, a final contra o Palmeiras seria disputada em duas partidas. A primeira seria no Uruguai, no histórico estádio Centenário de Montevideo – palco da final da primeira Copa do Mundo, em 1930.
Mais de 64 mil pessoas estavam presentes para ver a finalíssima. Palmeiras e Peñarol faziam um duelo equilibrado, e quando tudo parecia encaminhar para um empate sem gols, o Peñarol chegou ao gol da vitória aos 44 minutos do segundo tempo. Gol do artilheiro Alberto Spencer. O atacante, inclusive, merece um capítulo à parte.
Equatoriano, Spencer foi revelado pelo Everest de Guayaquil/EQU, mas atingiu seu auge atuando pelo Peñarol. Lá foi tricampeão da Copa Libertadores e Bicampeão Mundial, além de oito vezes campeão uruguaio. É, até hoje, o maior artilheiro na história da Libertadores da América. Em 88 partidas disputadas, anotou incríveis 54 gols. Ele faleceu em 2006.
Em São Paulo, festa Carbonera
Na partida de volta, diante de 50 mil vozes, o Palmeiras precisava da vitória para forçar uma terceira partida. Mas, quem marcou primeiro, foram os uruguaios. Logo aos 5 minutos de jogo, após belo passe de Spencer, o atacante uruguaio Sasía bateu com força no ângulo sem chances para o goleiro Valdir de Moraes. A bola chegou a atravessar a rede, e os jogadores do Palmeiras tentaram ludibriar o árbitro argentino José Luis Praddaude, em vão.
O Palmeiras não se abateu e criou diversas oportunidades no decorrer do primeiro tempo, mas não conseguia vazar o goleiro Maidana. A tônica do jogo não mudou no segundo tempo e o Palmeiras seguiu criando bastante. Os lances em contra ataques era a jogada de perigo do time uruguaio. O time alviverde ainda chegaria ao empate com Nardo, que marcou de cabeça após cruzamento de Chinezinho e seguiria pressionando até o último lance, quando Valdemar Carabina, em grande oportunidade, cabeceou pra fora, rente a trave, com o goleiro uruguaio já batido
O Peñarol era bicampeão da Copa Libertadores de 1961, e disputaria naquele ano o Mundial Interclubes contra o Benfica, do craque Eusébio. O time uruguaio se consagraria e bateria o time português numa melhore de três partidas para fechar o histórico ano para o clube.