Com grandes clubes do Brasil e do Mundo, em 1997 aconteceu a Copa Centenário Belo Horizonte
Índice
- 1 Torneio celebrou aniversário de 100 anos da capital mineira
- 2 Copa Centenário: Fórmula de disputa e participantes
- 3 Copa Centenário BH: As partidas iniciais
- 4 Toninho Cerezo anuncia aposentadoria
- 5 Equilíbrio no Grupo A e Atlético/MG classificado para a final
- 6 Expressinho do Cruzeiro dá conta do recado
- 7 Final da Copa Centenário BH: Atlético/MG x Cruzeiro
- 8 Rivais conquistam a América
- 9 Copa Centenário: Fracasso de Público e renda
Torneio celebrou aniversário de 100 anos da capital mineira
A Copa Centenário de Belo Horizonte foi um torneio internacional organizado pela Federação Mineira de Futebol no ano de 1997. Contou com a participação de oito equipes de quatro países diferentes. Além de Atlético Mineiro e Cruzeiro, as principais atrações eram o Milan/ITA, além do Benfica, de Portugal.
Realizado entre 1 e 9 de agosto de 1997, as partidas da competição foram disputadas no Estádio do Mineirão e Independência, sendo que a final reuniu os dois maiores rivais do estado, Atlético x Cruzeiro.
Copa Centenário: Fórmula de disputa e participantes
As equipes participantes foram distribuídas em dois grupos com quatro times cada. Todos jogando contra todos, dentro do mesmo grupo, apenas o líder de cada grupo se classificaria para a final.
Grupo A
. Atlético/MG: Valdir Bigode, era a principal contratação do Atlético/MG para aquela temporada, e também a principal esperança de gols. Ainda no elenco atleticano o ótimo atacante Marques, que em 1999 faria história e inesquecível dupla com Guilherme. Também o jovem lateral Dedê, que anos mais tarde faria história no Borussia Dortmund/ALE. O técnico era Émerson Leão.
. Milan/ITA: O Milan contava com grandes nomes do futebol mundial, como os zagueiros Paolo Maldini e Alessandro Costacurta. Além do croata Boban e do atacante liberiano George Weah, eleito o melhor jogador do mundo em 1995. O time italiano vinha com força máxima para o torneio.
. América/MG: Representante mais modesto do campeonato, o América/MG contava com o fator casa e alguns jogadores mais rodados para tentar surpreender. Destaques para os meias Pintado e Marco Antônio Boiadeiro
. Corinthians: Passando por uma reformulação, o Timão chegou na competição sem Túlio Maravilha, repassado ao Vitória/BA pelo patrocinador, e Marcelinho Carioca que havia sido vendido ao Valencia/ESP. E neste processo de mudanças, o clube ainda não contava com os reforços que seriam fundamentais na conquista do bicampeonato Brasileiro 1998 e 1999. A aposta do Corinthians era na velocidade do atacante Mirandinha, e na experiência do goleiro Ronaldo Giovanelli e do zagueiro Antônio Carlos.
Grupo B
. Cruzeiro: O Cruzeiro, optou por jogar com um time mesclado, mas que contaria com a maioria de reservas. No elenco, bons valores como o zagueiro João Carlos, o meia Cleisson, além dos atacantes Fábio Júnior e Geovanni. O time foi comandado pelo auxiliar técnico Wantuil Rodrigues, e ganhou o apelido de Expressinho.
. Flamengo: O Flamengo estava desfalcado de seu maior astro. Romário havia retornado ao Valencia/ESP. Por outro lado o time tinha Sávio que vivia excelente fase, em período pré-transferência para o Real Madrid, e ainda com a presença do já veterano Renato Gaúcho.
. Olimpia/PAR: Representante de última hora, o Olimpia entrou na vaga do San Lorenzo/ARG. O time argentino desistiu do torneio por motivo de greve no futebol do país. O time paraguaio tinha em seu elenco dois jogadores que fariam boa participação na Copa do Mundo de 1998: Paredes e Caniza.
. Benfica/POR: Uma das mais tradicionais equipes de Portugal, o Benfica resolveu poupar alguns de seus principais jogadores para o torneio. Dos jogadores que vieram ao Brasil, destaque para o atacante Paulo Nunes, artilheiro do campeonato brasileiro de 1996, e também para o zagueiro paraguaio Gamarra. Além do meia boliviano Erwin Sánchez.
Copa Centenário BH: As partidas iniciais
A partida de estreia da Copa Centenário Belo Horizonte, foi entre América/MG e Sport Club Corinthians, válida pelo Grupo A. Menos de 3 mil torcedores acompanharam o empate em 1 a 1 no Estádio Independência. Este foi um dos poucos jogos disputados no Horto.
O Estádio Raimundo Sampaio também foi o palco do jogo entre América/MG e Milan, também válido pela primeira fase. As demais partidas, incluindo a final, foram disputadas no Mineirão.
Toninho Cerezo anuncia aposentadoria
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Pela primeira fase da Copa Centenário tivemos um jogo emblemático e mais do que histórico. No confronto entre Atlético/MG e Milan/ITA, marcou a despedida do ídolo atleticano Toninho Cerezo.
Já com 42 anos, Cerezo fazia a última de suas 400 partidas pelo time mineiro. O volante atuou por apenas 20 minutos, e saiu de campo escoltado por Paolo Maldini, ovacionado pela torcida presente no Mineirão.
Toninho Cerezo disputou duas Copas do Mundo (1978 e 1982) com a camisa da seleção brasileira. Pelo Atlético Mineiro marcou 53 gols em 400 partidas, e foi 7 vezes campeão mineiro.
Também vestiu com sucesso as camisas da Roma e da Sampdoria, ambas na Itália, além de ter se consagrado no São Paulo de Telê Santana. Lá foi bicampeão mundial nos anos de 1992 e 1993.
Atlético/MG 2×2 Milan/ITA
A partida envolvendo Atlético/MG e Milan foi uma das poucas com público acima dos 30 mil pagantes. Também foi a estreia do Galo na Copa Centenário BH. O Milan saiu na frente logo aos 17 minutos de jogo, com um golaço da estrela George Weah. Ele saiu driblando na intermediária e depois chutou no cantinho do goleiro tetracampeão Cláudio Taffarel.
Aos 32, o Milan ampliou novamente com Weah, mas desta vez de cabeça. O atacante aproveitou o cruzamento em cobrança de falta do zagueiro brasileiro André Cruz.
O Atlético/MG só foi diminuir aos 37 minutos do segundo tempo. Dedê cruzou na área, o goleiro Taibi afastou de soco e a bola sobrou para Jorginho, que pegou bonito e marcou o primeiro do time mineiro.
Quando tudo parecia encaminhar para a vitória do Milan, Hernani, que havia entrado no lugar de Valdir Bigode, apareceu para marcar de cabeça o gol de empate do Atlético/MG.
Equilíbrio no Grupo A e Atlético/MG classificado para a final
O Grupo A foi marcado pelo grande equilíbrio entre as equipes e o alto número de empates. Nas duas primeiras rodadas, os quatro jogos terminaram empatados. Por conta disso, os jogos da última rodada ficaram agendados para o mesmo horário.
A vantagem ao início da rodada final era do Atlético Mineiro que tinha o maior número de gols. Então bastava o time mineiro vencer o Corinthians pelo mesmo placar que o vencedor do jogo entre AC Milan e América/MG para garantir uma das vagas na final.
O Atlético Mineiro ficou duas vezes atrás do marcador. Ainda assim, fazia um jogo equilibrado, com uma ligeira superioridade do Corinthians. No entanto, logo no início do segundo tempo, Souza, um dos melhores jogadores corintianos na partida foi expulso. A situação permitiu que o Galo assumisse as rédeas da partida e virasse o placar para 4 a 2.
No outro jogo, Milan e América/MG empataram em 1 a 1 no Independência. Com estes resultados, o Atlético/MG somou 5 pontos e avançou para a final.
Expressinho do Cruzeiro dá conta do recado
Pelo grupo B, CR Flamengo e Olimpia/PAR empataram na estreia em 2 a 2. No outro jogo da chave, o Cruzeiro largou na frente da disputa. Com uma boa atuação da dupla de ataque Geovanni e Fábio Júnior, o time goleou o Benfica por 4 a 1.
Na segunda rodada, o Flamengo conseguiu se recuperar da estreia ao bater o Benfica/POR por 5 a 2. Mas com a vitória do Cruzeiro sobre o Olimpia, por 1 a 0, o time rubro-negro precisaria vencer na última rodada para se classificar para final.
No encerramento da fase, houve o empate sem gols na partida preliminar entre Benfica e Olimpia. Nenhuma das duas equipes tinham chances de classificação.
No segundo jogo do dia, o Cruzeiro jogava pelo empate contra o Flamengo. E mesmo com a vantagem o Expressinho tratou de resolver logo a situação. Aos 25 minutos de jogo, Fábio Júnior recebeu passe de Elivelton e abriu o placar para o time da casa. No lance, a zaga do Flamengo ficou parada pedindo impedimento.
No segundo tempo, a zaga do time carioca falhou na marcação e Fábio Júnior retribuiu o favor a Elivelton, que fez o segundo gol do time mineiro.
Pouco tempo depois, Renato Gaúcho, que reestreava pelo Flamengo, diminuiu o placar, mas parou por aí. Com a vitória, o Cruzeiro chegou aos 9 pontos e se classificou para enfrentar o Atlético/MG na final mineira da Copa Centenário Belo Horizonte.
Final da Copa Centenário BH: Atlético/MG x Cruzeiro
A decisão da Copa Centenário BH foi disputada entre os maiores rivais da cidade: Atlético/MG e Cruzeiro/MG. A partida aconteceu no dia 9 de agosto de 1997, com quase 40 mil pessoas presentes no Estádio do Mineirão.
Em ano histórico para o Cruzeiro EC, o time também estava envolvido na final da Copa Libertadores da América. E, por essa razão, assim como nos jogos da primeira fase, jogou com um time considerado reserva. Já o Galo foi a final com a maioria dos seus principais jogadores.
O Atlético Mineiro começou melhor na partida e pressionava o Cruzeiro em busca do primeiro gol. Os comandados por Emerson Leão perdeu inúmeras chances de abrir o placar no primeiro tempo. E o gol só saiu aos 47 minutos de jogo, com Leandro Tavares.
Na volta do intervalo, o Cruzeiro voltou mais disposto, e de cara quase empatou com Cleisson, de cabeça.
O gol de empate veio aos 26 minutos do segundo tempo, com Odair. Donizete cobrou falta, João Carlos ajeitou de cabeça e Odair também de cabeça mandou para o fundo do gol.
#HojeNaHistóriaDoGalo! Em 9 de agosto de 1997, o Galo conquistava a Copa Centenário de BH, vencendo o Cruzeiro por 2 a 1, no Mineirão.
E aí, sabe quem fez os nossos gols naquela decisão?
Aqui é #Galo! pic.twitter.com/vHsMBNsNQY
— Atlético 😷 (@Atletico) August 9, 2018
Após o gol o time do Cruzeiro se animou, e começou a ocupar mais o campo de ataque para sufocar o Atlético/MG. Porém, quem marcou foi o Galo. Dedimar cruzou na área, Marques raspou de cabeça na bola, e Valdir Bigode se atirou para fazer o segundo gol do Atlético, aos 34 minutos da etapa complementar.
O Cruzeiro ainda teve o zagueiro Odair expulso, e no fim a festa foi atleticana. Com a vitória por 2 a 1 conquistou a Copa Centenário Belo Horizonte 1997.
Rivais conquistam a América
Apesar da derrota para o maior rival na final da Copa Centenário, não houve tempo de tristeza na Toca da Raposa. Dias depois, o Cruzeiro conquistaria o bicampeonato da Copa Libertadores da América, ao vencer o Sporting Cristal, do Peru.
Curiosamente, naquele mesmo ano, os dois rivais fizeram bonito nas competições sul-americanas. Enquanto o Cruzeiro conquistou a Libertadores, o Atlético/MG ficaria com a taça da Copa Conmebol, em vitória diante do Lanús/ARG.
Copa Centenário: Fracasso de Público e renda
A competição para celebrar os 100 anos da cidade de Belo Horizonte foi um fracasso de público e renda. No empate sem gols entre Milan/ITA e Corinthians, apenas 300 torcedores acompanharam um jogo desta dimensão no Mineirão. Situação que provavelmente não agradou aos organizadores que precisaram pagar um alto cachê para trazer o clube de Milão ao Brasil.
Apenas dois jogos tiveram público acima dos 30 mil pagantes. Nas demais partidas, o público ficou abaixo dos 10 mil expectadores.