Castilho: O goleiro que amputou um dedo para atuar pelo Fluminense!
Jogador é uma lenda nas Laranjeiras
Por Carlos Bertolino e Gabriel Alves (Desarmando FC)
Primeiro, você sabe o que é um mártir? Bom, é uma pessoa que se submeteu a grandes perdas, dores ou até mesmo a morte, por não renunciar a sua crença, por não renunciar a aquilo que ama. E essa palavra cheia de significado pode definir no futebol o lendário Carlos José Castilho, goleiro do Fluminense FC, Paysandu e da Seleção Brasileira nas décadas de 1940, 50 e 60.
Com 1,81 de altura e sofrendo de daltonismo, doença ocular que reduz a capacidade de diferenciar certas cores, Castilho podia não ter as características para ser um grande goleiro, mas mesmo assim se estabeleceu como um dos melhores de sua época. Conhecido por suas defesas milagrosas, as quais ele atribuía com bom humor a sua “sorte” e – também – ao problema de visão. Segundo ele, ser daltônico o fazia ver as bolas chutadas ao gol em cores mais nítidas.
Assim, Castilho se tornou ídolo de Fluminense e Paysandu, tendo sido considerado, inclusive, o melhor goleiro na história de ambos os clubes. Além disso, o arqueiro foi a quatro Copas do Mundo pela Seleção Brasileira (1950, 1954, 1958 e 1962), sendo campeão nas duas últimas, ainda que como reserva do histórico Gylmar dos Santos Neves.
Feitos notáveis para um jogador, não é mesmo?
Porém, mais notável ainda é a história de amor e dor que Castilho possui com o Fluminense, algo inimaginável nos dias de hoje. O arqueiro atuou por 19 anos no Tricolor Carioca, disputando um total de 698 partidas, recorde máximo no clube, vencendo incontáveis troféus. Como prova de sua devoção a instituição Fluminense, no ano de 1957, Castilho pediu para o seu dedo mindinho ser amputado após sofrer uma lesão que carecia de mais tempo para se recuperar.
A previsão dos médicos para que ele retornasse aos gramados sem a amputação era em cerca de dois meses, já com a amputação Castilho conseguiu ir a campo duas semanas depois da operação. Sem dizer se era certo ou errado, mas os tempos eram outros.
Prova de amor reconhecida por clube e torcedores
Castilho vestiu as cores do @FluminenseFC de 1946 a 1965, sendo o recordista de atuações pelo tricolor, com 698 partidas. Sofreu 764 gols (incrível média de 1,09 por jogo) e saiu invicto em 255 partidas! pic.twitter.com/Z6Ij5ROCX5
— Lendas do Futebol (@futebol_lendas) October 20, 2021
Por todo esse amor e, principalmente, pelo grande desempenho de baixo das traves durante a sua passagem pelo clube carioca, Castilho ganhou como homenagem um busto na sede social do Fluminense. Para muitos torcedores tricolores, ele é ainda o maior ídolo na história do clube. Mas calma aí, que ainda não acabou. Agora vem a parte triste.
Tal homenagem não foi feita em vida, já que Castilho faleceu no ano de 1987, após se atirar de uma janela. O motivo do suicídio é oficialmente desconhecido, mas amigos próximos do ex-goleiro afirmaram que o mesmo estava deprimido pelo esquecimento do público após sua aposentadoria.
Dez anos antes de sua morte, Castilho ainda fez história ao levar o Operário do Mato Grosso do Sul, as semifinais do Campeonato Brasileiro de 1977, já como técnico.
Histórias como essas devem nos fazer valorizar ainda mais os grandes feitos de futebolistas do passado. Afinal, dá para acreditar que um gigante do futebol brasileiro como Castilho, pode ter nos deixado em virtude do esquecimento?
Eterno, Carlos José Castilho. Por nós, jamais esquecido!
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