Van Basten: Três vezes Melhor do Mundo, viu carreira encerrar precocemente por contusões!
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Como seria a carreira do craque holandês sem as lesões?
Quem acompanha o futebol europeu no final da década de 1980 e 1990, teve a oportunidade de acompanhar um dos maiores times do Milan de todos os tempos. Comandado pelo técnico italiano Arrigo Sachi, contava com uma base italiana fortíssima com, entre outros, Fábio Baresi e Paolo Maldini, além de um trio holandês que seria também histórico: Frank Rijkaard, Ruud Gullit e, o nosso tema principal deste artigo, Marco van Basten.
Completo para a sua posição numa mescla de inteligência, habilidade, força física e boa finalização, o atacante holandês encantou os torcedores em um período que era um dos principais jogadores do mundo.
Com uma carreira atrapalhada por contusões, ainda assim, deu tempo de Marco Van Basten escrever seu nome na história do futebol mundial. E mesmo com a carreira encerrada precocemente aos 30 anos, há dois já envolto nas contusões, nesse interim ele conquistaria três Bolas de Ouro, nas temporadas de 1988, 1989 e 1992.
Por conta disso, uma pergunta fica no ar, qual seria o rumo da carreira de um jogador tão genial se não fossem as lesões? Bom, essa resposta nós não temos, contudo, vale a pena relembrar essa batalha entre a genialidade e suas contusões.
O promissor início no Ajax
LA PRIMERA MARCA DE VAN BASTEN FUE LA PANTOFOLA D'ORO Y FICHO CON VAN BASTEN EN 1984 CON LA KAPPA DE AJAX (TDK) pic.twitter.com/z8G1YEZ2gt
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Marco van Basten ingressou no time profissional do Ajax, da Holanda, na temporada de 1981-82, com apenas 17 anos de idade. Sua estreia aconteceu em abril de 1982, para substituir ninguém menos do que a lenda holandesa Johan Cruyff, que já estava em seus últimos anos de uma brilhante carreira. Logo em seus primeiros minutos dentro de campo Van Basten mostraria o que ele sabia fazer como poucos ai deixar a sua marca com um gol de cabeça na vitória por 5 a 0 sobre o NEC Nijmegen.
Na tradicional equipe holandesa o jogador levantaria três Campeonato Holandês (a Eredivise), nas temporadas 1981-82, 1982-83 e 1984-85. Sendo que nas duas últimas conquistas, e ainda jovem, ele já erra titular absoluto. Como se não bastasse, o atacante foi ainda o artilheiro da competição por quatro vezes seguidas, entre os anos de 1983 e 1987.
E por conta de tamanho desempenho desde cedo, Van Basten seria convocado pela primeira vez pela seleção da Holanda ainda em 1983, na vitória sobre a Islândia, por 3 a 0. Já no jogo seguinte, contra a Bélgica, ele anotaria o primeiro gol com a camisa laranja, em empate por 1 a 1.
Van Basten chega o Milan para o estrelato
Ao se consagrar com a camisa do Ajax, Marco van Basten foi contratado pelo AC Milan na temporada de 1987-88, para fazer parte de um ambicioso projeto que na época fora adquirido pelo magnata Silvio Berlusconi. Para se ter uma ideia, no período de sua contratação, os rossoneros ainda trouxeram os também holandeses Ruud Gullit e Frank Rijkaard para formarem ao lado do atacante um poderoso e histórico trio holandês.
Foi com a camisa do Milan que Van Basten chegaria ao patamar mais alto de sua carreira, onde seria eleito três vezes o melhor jogador do mundo e colecionaria muitos títulos e gols. Dentre eles, dois títulos da Liga dos Campeões (1988-89 e 1989-90), além de dois Mundiais Interclubes e três Campeonatos Italianos.
Contudo, foi também com a camisa rossonera que o jogador começou a viver o maior infortúnio em sua carreira ao enfrentar uma série de lesões no tornozelo. O Calcio sempre foi reconhecido como, além de um dos mais fortes tecnicamente, também marcado pelo contato físico. A primeira delas foi ainda em 1987, que o deixou praticamente de fora de toda a sua temporada de estreia no Milan. Mas a época, isso parecia não ser um problema para o jogador, ainda mais se levarmos em consideração as glórias que estariam por vir.
1988: Título da Euro e primeira Bola de Ouro!
LA MARCA ITALIANA PANTOFOLA D'ORO FICHO A VAN BASTEN EN LA EUROCUP 1988 pic.twitter.com/J48r5stwtX
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Mesmo com a primeira lesão no tornozelo sendo bastante grave, Marco Van Basten conseguiu se recuperar para a disputa da Eurocopa de 1988, realizada na – então – Alemanha Ocidental. E seria nesta competição que esta fantástica geração holandesa de futebol, do já citado trio holandês do Milan, além de outras lendas do futebol como o zagueiro-artilheiro Ronald Koeman, conquistaria o principal título na história da seleção.
Após atuar apenas 31 minutos em derrota por 1 a 0 na estreia contra a União Soviética, o holandês passaria então a tomar conta da competição já a partir da segunda partida. Contra a Inglaterra ele anotaria três gols na vitória por 3 a 1 sobre os ingleses. Na semifinal, contra a Alemanha, o jogador também foi decisivo, ao balançar as redes em uma oportunidade e dar uma assistência para o gol de Koeman, em vitória por 2 a 1.
Gol histórico na final contra a União Soviética
Mas foi na final da Eurocopa de 1988 que Van Basten fez um dos lances mais lembrados de sua carreira, um daqueles gols de deixar qualquer um queixo caído, tamanha seria a sua genialidade. Em final realizada contra o algoz da estreia, a União Soviética, o atacante logo daria um passe para gol de Ruud Gullit, ainda na primeira etapa. Contudo, o melhor estaria por vir. Já no segundo tempo, após uma lançamento para dentro da área vindo pelo lado esquerdo do campo de ataque holandês, o “Cisne de Utrechet” nem esperou a bola cair para meter um chute de primeira, no ângulo do gol de Dasaev.
Com tamanha atuação e protagonismo na competição, o atacante holandês receberia o seu primeiro prêmio de melhor jogador do mundo, o Ballon d’Or, da prestigiada Revista France Football. Curiosamente, ele ficou a frente de seus dois conterrâneos e companheiros de AC Milan, Ruud Gullit e Frank Rijkaard.
1989: Novamente é escolhido como o melhor do mundo!
Após ser eleito o melhor jogador do mundo pela primeira vez em 1988, Marco van Basten voltou a repetir o feito já no ano seguinte. Contudo, dessa vez, ele receberia o prêmio não pelo fez com a camisa da seleção holandesa, mas sim pela excelente campanha na temporada com a camisa do Milan.
Na temporada 1988-89, só faltou ele fazer chover na Liga dos Campeões. Ainda na primeira eliminatória da competição, Van Basten marcou impressionantes quatro gols em vitória por 5 a 2, na partida de volta contra o Levski Sofia.
Nos jogos seguintes o craque holandês voltou a marcar contra Estrela Vermelha e Weder Bremen, mas naquela temporada, uma das partidas mais lembradas desta histórico Milan seria contra o gigante Real Madrid. Contra os merengues, o confronto foi válido pelas semifinais e Van Basten balançaria as redes nos dois jogos. Vitória por 1 a 0 e empate em 1 a 1. Contudo, assim como na Eurocopa de 1988, o jogador guardaria o melhor para a partida final.
Implacável! Van Basten anota dois gols na final
Diante do Steua Bucaresti, em vitória por 4 a 0, Marco Van Basten marcaria dois gols na grande decisão da Liga dos Campeões. O primeiro deles, o segundo da partida, foi em uma cabeçada implacável, uma das marcas registradas do jogador. Já seu segundo tento, o último do confronto, foi através de um chute rasteiro com a perna esquerda, da entrada da pequena área.
Com isso, não teve como Van Basten não receber pela segunda vez o prêmio da Bola de Ouro. Na ocasião, ele superou mais uma vez dois companheiros de Milan: o zagueiro Franco Baresi e o compatriota Frank Rijkaard.
1992: A terceira e última Bola de Ouro!
🇳🇱 No dia 22 de dezembro de 1992, Marco Van Basten derrotava seu conterrâneo Dennis Bergkamp e Hristo Stoichkov e conquistava seu terceiro Ballon d'Or pic.twitter.com/vO0vzT83dM
— Guia do Futebol ➕ (@GuiaFutebolPlus) December 22, 2020
No ano de 1992, Van Basten continuava em evidência como um dos principais jogadores do mundo. Aos 28 anos, já sem o físico de anos anteriores, porém, o faro de gol ainda continuava apurado em um grande Milan. Isso foi o suficiente para o jogador conquistar a sua terceira Bola de Ouro, o prêmio de melhor do mundo.
Mesmo sem sequer participar da Liga dos Campeões de 1991-92, e fracassar na Eurocopa daquele ano, o jogador fez um Campeonato Italiano tão impecável que só isso bastou para ele levar a Bola de Ouro. No Calcio ele acabou como artilheiro, com 25 gols anotados. Alguns deles contra grandes equipes da Itália como o SSC Napoli, a Internazionale de Milão e a Juventus.
Na Euro daquele ano, o atacante até que foi bem. E mesmo sem balançar as redes conseguiu conduzir a Holanda até as semifinais do torneio. Porém, a derrota viria para a Dinamarca, nas penalidades, inclusive com Van Basten errando uma das cobranças.
Para receber a terceira e última Bola de Ouro, Van Basten ficou a frente de outros dois atacantes. Na ocasião, ele superou a lenda búlgara Hristo Stoichkov e o compatriota Dennis Bergkamp. A época, Stoichkov liderava o FC Barcelona para mais uma conquista do então Dream Team no Campeonato Espanhol, enquanto Bergkamp foi um dos artilheiros da Euro.
A partir de 1993 vem a derrocada e a precoce aposentadoria
Após sua última conquista de Bola de Ouro, o tornozelo de Marco van Basten não resistiu. Já em dezembro de 1992, mais uma grave lesão tirou o jogador dos gramados por quase quatro meses. Ele ainda tentou resistir e voltou a campo em maio de 1993, já no final da temporada 1992-93, quando inclusive anotou um gol contra o Ancona, em vitória por 3 a 1 no Campeonato Italiano. Porém, dias depois, o atacante teve mais uma lesão no tornozelo, e essa o tirou de vez dos gramados.
Mesmo após a grave lesão, o clima era de esperança por parte do AC Milan que ainda acreditava no retorno daquele que era considerado o principal destaque de um estrelado time. Para se ter uma ideia do tamanho de Van Basten, até mesmo um jornalista italiano se predispôs a doar sua cartilagem para ajudar na cirurgia de tornozelo do atacante. Contudo, nada mais poderia ser feito e o jogador encerraria sua carreira oficialmente e precocemente no ano de 1995, após duas temporadas acreditando em um possível milagre.
A Lei Van Basten
Mesmo sofrendo uma dura derrota para as lesões no tornozelo, Van Basten conseguiu deixar mais um legado, além do escrito com a bola nos pés. Após tanto se contundir em um campeonato marcado pelo duro contato físico, o jogador levantou uma discussão a FIFA. A entidade máxima do futebol foi cobrada para que tomasse providências em relação às duras faltas que não eram punidas com rigor.
Dessa forma, a instituição implantou uma série de regras para que as faltas duras fossem punidas com cartão vermelho, principalmente aquelas por trás. Essa série de regras ficou conhecida popularmente como a Lei Van Basten. Uma lei para o bem do futebol.
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