SeleGalo: Em 1994, Atlético MG montou time de estrelas, mas fracassou
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Estrelado time foi esperança de títulos da torcida atleticana
Disposto a apagar a péssima impressão deixada na temporada de 1993, quando não conquistou nenhum título, além de ficar com a pior campanha entre os 32 participantes do Campeonato Brasileiro daquele ano, o Atlético MG investiu pesado para o ano seguinte. Montou uma verdadeira seleção com a intenção de conquistar todos os campeonatos possíveis. Ela ficou conhecida como a SeleGalo!
SeleGalo, a formação de um esquadrão!
O presidente do clube a época, Afonso de Araújo Paulino, não poupou esforços e contratou jogadores de renome no Brasil. Neto, Éder Aleixo, Adilson Batista, Darci, Gaúcho, Luiz Carlos Wink e Renato Gaúcho chegaram para colocar o Atlético MG em outro patamar. O clube ainda contava com a jovem promessa Reinaldo, que apesar da pouca idade, já despontava como um dos principais jogadores no futebol brasileiro.
Um dos principais jogadores do Brasil no período, Renato Gaúcho tinha histórico de rixas com o Atlético Mineiro, e sua contratação não era bem vista pelos torcedores atleticanos. Mesmo assim chegou como o principal reforço, com contrato de um ano no valor de 710 mil dólares. Outro que chegou foi o craque Neto. Ídolo do Corinthians, Neto chegava a Belo Horizonte após passagem pelo Millonarios, da Colômbia.
Já Éder Aleixo, um dos maiores ídolos da história atleticana, retornava ao Atlético Mineiro, após uma temporada no rival Cruzeiro EC.
E a tarefa para comandar est estrelado time ficou a cargo de Vantuir Galdino, campeão brasileiro pelo clube como jogador, no ano de 1971.
Os primeiros desafios da SeleGalo
A estreia deste super time não poderia ter sido melhor. Jogando em casa contra o Valério Doce, pelo Campeonato Mineiro, o Atlético MG venceu por 3 a 0, com gols dos estreantes Renato Gaúcho e Neto. Também teve participação de Luis Carlos Winck no terceiro gol, marcado por Reinaldo. O início se mostrava promissor.
Porém, as atuações seguintes ficaram abaixo do esperado, pouco convincentes, e bastou a primeira derrota para que a diretoria atleticana optasse por fazer a primeira troca de técnicos do ano de 1994. Após perder em casa para o Democrata, de Governador Valadares, Vantuir Galdino foi substituído pelo experiente Valdir Espinosa.
Já n primeiro grande desafio da temporada, no clássico contra o Cruzeiro Esporte Clube, válido pela 8ª rodada do Campeonato Estadual, a SeleGalo decepcionou. Em partida marcada por atuação fenomenal de um certo jovem Ronaldo, o atacante anotou os três gols cruzeirenses na vitória por 3 a 1. É o que bastava para começar mais uma crise.
No Campeonato Mineiro o time não conseguiu emplacar. Sofreu 5 derrotas e ainda viu o maior rival ser campeão de forma invicta – com 10 de pontos de vantagem. Isso em uma época que cada vitória valiam “apenas” 2 pontos.
Após o fracasso no Mineiro e derrota na partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil para o Vasco da Gama, Valdir Espinosa foi demitido. E, para o seu lugar, chegou Levir Culpi. Ainda um jovem técnico de 41 anos, esta seria a primeira passagem de Levir pelo Atlético MG. E ele não abaixaria sua cabeça para as cobras criadas. Optou por mudanças, com um processo de desmanche da SeleGalo, a começar pelas saídas de Neto e Luis Carlos Winck.
A troca de técnico não surtiu efeito, e o Atlético Mineiro foi derrotado pelo Vasco e desclassificado da Copa do Brasil. Restava, então, o Campeonato Brasileiro para salvar a temporada de 1994 e o saltos investimentos.
Campeonato Brasileiro 1994: Da repescagem para a fase final
No Campeonato Brasileiro de 1994 as coisas não começaram bem para o Atlético MG. O time empatou na primeira rodada e depois emplacou uma série de três derrotas seguidas. Com os resultados ruins, a equipe de Levir Culpi foi apenas a 5° colocada de seu grupo e não conseguiu a classificação para a segunda fase da competição. Jogou a repescagem para garantir sua sobrevivência no torneio.
Na repescagem, os oito times que não se classificaram para a segunda fase, iriam se enfrentar em turno e returno. O Atlético Mineiro conseguiu se recuperar e avançou para as quartas de final da competição, junto ao Bragantino.
Contra o Botafogo/RJ, a primeira partida aconteceu no Mineirão, e o Galo venceu por 2 a 0, gols de Éder Aleixo e Darci. Já na partida de volta, no Estádio do Maracanã, o Atlético/MG até saiu na frente com Reinaldo, mas sofreu a virada e perdeu o jogo por 2 a 1. Mas, mesmo com a derrota, o resultado foi suficiente para a SeleGalo avançar para a semifinal. O adversário seria o Sport Club Corinthians e a torcida atleticana estava esperançosa.
Em um primeiro jogo eletrizante, sob um Mineirão tomado, com direito a duas viradas, o Atlético MG teve uma atuação na base da raça. Venceu por 3 a 2, com 3 gols do novo Rei do Mineirão: o jovem Reinaldo.
Na partida de volta, no Estádio do Morumbi, o Atlético precisava apenas de um empate para avançar a grande final. Porém, uma cobrança de falta selaria o destino amargo do clube. O tetracampeão Branco foi o responsável por fazer gol que eliminaria a SeleGalo do Brasileirão de1994.
Sem conquistas, o desmanche foi inevitável
Com um desempenho abaixo do esperado, aos poucos a SeleGalo foi se desfazendo. Neto, que já não vivia seu ápice físico e técnico, foi o primeiro a sair. O meio campista acertou com o Santos Futebol Clube, antes mesmo de iniciar o Campeonato Brasileiro de 1994. Assim como o lateral-direito Luiz Carlos Winck, que deixou o Atlético MG para assinar com o Sport Club Internacional, onde já tinha extensa história.
Após se recusar a ficar no banco de reservas na partida contra o Botafogo/RJ, Renato Gaúcho saiu em meio a disputa das quartas de final do Campeonato Brasileiro. Já Adilson Batista saiu do Galo para levantar a taça de campeão da Copa Libertadores da América com o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, em 1995.
Já o atacante Reinaldo foi um dos poucos que se salvaram naquele ano de 1994. Foi o artilheiro do Galo naquele Brasileirão, com 13 gols. Foi vendido ao Parma/ITA logo após conquistar o Campeonato Mineiro do ano de 1995. Torneio esse que também marcou a despedida do ídolo Éder Aleixo, a Bomba de Vespasiano.
Considerando apenas os jogos válidos por torneios oficiais, a SeleGalo somou 26 vitórias, com 13 empates e 17 derrotas. Marcou 82 gols e sofreu 56 num total de 56 partidas disputadas. Representou um aproveitamento de 58% em toda a temporada de 1994.
Por que a SeleGalo não deu certo?
O time era bom no papel, mas talvez a pressão absurda por resultados tenha dificultado a vida do Atlético Mineiro naquela temporada de 1994. Inclusive, tiveram três treinadores e muitas mudanças no decorrer de todo o ano. Também faltou um pouco de sorte e de competência. Maior estrela daquela equipe, Renato Gaúcho chegou a desperdiçar três cobranças de pênaltis em menos de uma semana.
Outros fatores como a falta de entrosamento, desentendimentos e atrasos de salários foram outros motivos que ajudaram no fracasso em campo daquela SeleGalo que prometeu muito. Porém, foi uma temporada que ficou no imaginário do torcedor atleticano para sempre.
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4 Comments
Havia muito jogador que se achava maior do que o clube, Renato Gaúcho e Neto por exemplo.
Incrível a matéria, parabéns!
Muito top está reportagem hen ..
Valeu, Ademir! Ficamos contentes que gostou!