Quando Djalminha introduziu a cavadinha no Brasil!
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Pioneirismo vindo de um craque
Conhecido como um criadouro de grandes craques, o futebol brasileiro lançou para o mundo jogadores com uma habilidade única, não á toa, se destacando como o país do futebol. Dentre aqueles que se destacam por uma forma única de atuar temos Mané Garrincha, que encantou o planeta entre as décadas de 1950 e 1960, e Ronaldinho Gaúcho, que esbanjou magia nos anos 2000.
E em meio a tantos jogadores com uma habilidade fora do comum, temos também Djalminha, craque dos anos 1990 com história no Brasil e no futebol europeu. Com uma técnica fora do comum na perna esquerda, o meia-atacante iniciou a carreira nas categorias de base do CR Flamengo, Guarani e Palmeiras, além de uma passagem histórica pelo Deportivo La Coruña, da Espanha. Mas o ponto central deste artigo vai ser sobre a introdução da cavadinha pelo meia, nas cobranças de pênalti, no futebol brasileiro.
No Guarani, Djalminha chamou atenção com cavadinha
Em 1995, quando atuava pela equipe do Guarani/SP, em partida contra o SC Internacional pelo Campeonato Brasileiro, Djalminha protagonizaria um lance que ficaria marcado, a cavadinha. Durante cobrança de pênalti, com um sútil toque na bola, ela foi morrer no meio do gol quase em câmera lenta, enganando o lendário goleiro argentino Sergio Goycochea. Um misto de genialidade e plasticidade que apenas um craque poderia nos presentear.
Porém, Djalminha teve algumas inspirações estrangeiras para protagonizar esse belo lance, que se popularizou como cavadinha.
O próprio jogador afirmou que se inspirou no atacante italiano Gianluca Vialli, e passaria a treinar a cobrança até aperfeiçoa-la. Além disso, antes de todos os outros jogadores, o tcheco Antônin Panenka é reconhecido por ser o primeiro jogador na história do futebol a introduzir a cavadinha. E ele conseguiu essa proeza em plena final da Eurocopa de 1976.
Djalminha inicia sua carreira no Flamengo
Filho do lendário jogador Djalma Dias, que brilhou no futebol nas décadas de 1960 e 1970, Djalminha aprendeu a gostar de futebol dentro de sua casa. Porém, ao contrario de seu pai, que era zagueiro, Djalminha resolveu jogar numa posição mais avançada, como meia-atacante, já que possuía uma habilidade única com a perna esquerda.
Assim, logo passaria a se destacar nas categorias de base do CR Flamengo, onde brilharia na conquista da Copa São Paulo de 1990. Em seguida, faria parte do elenco profissional repleto de bons jogadores, como o Maestro Júnior, Renato Gaúcho, Júnior Baiano, além do jovem Marcelinho Carioca, entre outros.
Em seu início de carreira, mas sem conseguir se destacar no profissional como na base, Djalminha faturou importantes títulos no clube, sendo o principal o Campeonato Brasileiro de 1992, sob a condução do maestro Júnior.
Briga com Renato Gaúcho muda destino de Djalminha
Parecia que a hora de Djalminha como titular iria chegar a qualquer momento, mas um acontecimento mudou toda a trajetória do meia no futebol. Na partida entre Flamengo e Fluminense FC pelo torneio Rio-São Paulo de 1993, os rubro-negros acabaram derrotados por 3 a 2. Durante o confronto, em um momento de exaltação dos jogadores do Flamengo, o já experiente Renato Gaúcho chamou a atenção de Djalminha por conta de uma dividida. O meia não gostou da bronca e retrucou o colega, dando início a uma discussão histórica, com muito xingamento e troca de empurrões.
Com o ocorrido, Djalminha perdeu espaço no clube e praticamente foi convidado a se retirar – já que ele não tinha o mesmo respaldo nos bastidores que Renato.
Meia vai atuar no Interior de São Paulo, pelo Guarani
Tal de Djalminha no Guarani #tbt pic.twitter.com/aJYfOtqTVL
— Cornetinha 😷💉 (@cornetacaipira) October 17, 2019
O destino de Djalminha após a briga no Flamengo seria o interior de São Paulo, mais precisamente Campinas, com o tradicional Guarani/SP. E lá colecionaria diversas história para contar, entre elas onde participaria de uma das melhores gerações do clube, inclusive formando com Luizão e Amoroso um ataque histórico e mágico.
E lá também executaria pela primeira vez a sua famosa cavadinha, jogada que viraria uma de suas características durante carreira. Ele defenderia o Bugre entre os anos de 1993 e 1995, em meio a duas oportunidades, e seria no ano de 1995 que faria o fatídico lance. Seria um dos destaques do clube, tanto que no ano de 1996 iria e transferir para o Palmeiras, onde também participaria de um time inesquecível, com o famoso ataque dos 100 gols.
Quando Djalminha bateu pênalti com a cavadinha
O ano era 1995, e os torcedores brasileiros já sabiam do talento, genialidade, e do temperamento de Djalminha. Porém, e mesmo sabendo das habilidades do meia, ninguém poderia imaginar o tamanho da surpresa daquela noite de sábado, dia 28 de outubro de 1995. O Guarani/SP recebia o SC Internacional no Estádio do Brinco de Ouro da Princesa, em partida válida pelo 2º turno da primeira fase da competição.
Naquele jogo, os colorados possuíam um certo favoritismo, já que possuíam um elenco mais badalado em seu elenco, como o zagueiro paraguaio Carlos Gamarra, o lateral-esquerdo tetracampeão Branco, além do goleiro argentino Sergio Goycochea. Esse último era um dos principais goleiros do mundo, titular da seleção argentina nas Copas do Mundo de 1990 e 1994, além de reconhecido como um exímio pegador de pênaltis.
O Guarani, naquele período, tinha, além de Djalminha como destaque, também o meia Neto. Tanto que foram ambos que protagonizariam a vitória do Bugre, pelo placar de 2 a 1, com muito suor e com o gol da vitória no último minuto de jogo.
Mas o que realmente chamaria a atenção naquele dia seria o gol de Djalminha, com um toque de gênio e muita marra, que se eternizaria na história do futebol brasileiro. Em cobrança de pênalti, o jogador deu uma cavadinha por debaixo da bola e enganou o goleiro Goycochea. A bola pousou com delicadeza no meio do gol, enquanto o arqueiro pulou para o canto direito da meta. Ainda deu tempo para o Inter empatar com gol de Ailton no inicio do segundo tempo e Neto garantir a vitória do Bugre.
Djalminha cobraria muito mais vezes suas penalidades com cavadinha, e de forma ainda mais “nojenta”. Porém, aquele seria um dos lances que o marcaria na história do futebol brasileiro, justamente por ter sido reconhecido como a primeira cavadinha executada no Brasil.
Jogador ainda degustaria ápice do sucesso no Brasil
100 gols. Sem palavras
Palmeiras 1996 pic.twitter.com/TnkQPktfIe— Lendas do Futebol (@futebol_lendas) October 11, 2021
Se no CR Flamengo a passagem de Djalminha não foi das melhores, principalmente por conta de seu desfecho, no Palmeiras a história seria diferente. Ele chegaria em 1996, sendo o protagonista de um dos momentos mais mágicos na história do clube. Ao lado de craques como Rivaldo, Cafú, Muller e o ex-parceiro de Guarani, Luizão, formariam a base do time do ataque dos 102 gols no Campeonato Paulista daquele ano.
Como resultado, o jogador conquistou o título paulista, o seu único com a equipe alviverde, já que, uma temporada depois ele deixaria o Palmeiras rumo a Espanha, para atuar pelo Deportivo La Coruña, equipe onde viveria seu grande auge no futebol.
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