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Um dos maiores times do interior de São Paulo, o CA Bragantino chamou principalmente a atenção no início dos anos 1990, com a conquista do Campeonato Paulista, além do vice Brasileiro de 1991, quando foram derrotados pelo São Paulo FC. Após algumas décadas em decadência financeira e sem grande destaque, o clube foi comprado pela empresa austríaca Red Bull no ano de 2019 e, desde então, já vem sendo destaque nas principais competições do país.
Aqui vamos relembrar alguns dos principais ídolos na história do Bragantino, responsáveis por fazer este clube há 90km da capita de São Paulo, ter uma das história recentes mais interessantes do futebol brasileiro.
Antes de se tornar um dos maiores ídolos da história do CA Bragantino, Hélio Burini fez parte do histórico time da SE Palmeiras, nos primórdios da Academia de Futebol do clube. Ele foi reserva de Chinesinho e atuou ao lado de Ademir da Guia, até se transferir para o Guarani de Campinas no ano de 1963.
Hélio chegou ao Massa Bruta em 1964, e em pouco tempo entrou para a história do clube. Como um meia de muita qualidade técnica, com uma canhota mágica, ele coordenou a equipe ao patamar mais alto de sua história, até então. Conquistaram o título da divisão de acesso do Campeonato Paulista em 1965. Inclusive, foi dele o gol no jogo de ida da decisão, contra o Barretos, em vitória por 1 a 0.
Autor do gol da vitória sobre o Barretos, no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista de 65, Hélio Burini nos deixou nesta sexta-feira 😢. O Red Bull Bragantino presta sua homenagem ao eterno ídolo da torcida #MassaBruta e deseja força aos familiares e amigos do ex-jogador. pic.twitter.com/hc6kZHES19
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No ano seguinte, o jogador permaneceu no clube de Bragança para disputar a principal divisão do Estado de São Paulo. Contudo, a forte concorrência com as grandes equipes do futebol paulista, fez com que o Bragantino fosse rebaixado. Logo após o descenso, Hélio deixou o time rumo à Ponte Preta, mas retornaria em 1967, para se despedir novamente em 1969, quando se transferiu para o Náutico/PE.
Meia letal e de muita qualidade técnica, Wilsinho Acedo começou a carreira como jogador profissional justamente no CA Bragantino em 1964. Com apenas 17 anos, e logo no ano de sua estreia como profissional, o jogador foi vice-campeão da segunda divisão de acesso do futebol paulista, uma espécie de terceira divisão do Campeonato Paulista.
Já no ano seguinte, Wilsinho fez história e foi ali que entraria para o hall de maiores ídolos do Massa Bruta. O jogador se tornou campeão da divisão de acesso do futebol paulista, como artilheiro de sua equipe e vice-artilheiro do torneio.
Em 1966, mesmo com o rebaixamento do Braga na elite do Campeonato Paulista, o jogador fez questão deixar sua marca, e novamente foi o artilheiro do clube e vice-artilheiro de uma competição repleta de grandes craques no período. Inclusive, em um dos jogos do torneio, o meia enfrentou o Santos de Pelé e até chegou a marcar um dos gols em vitória parcial por 2 a 0. Contudo, a torcida do Massa Bruta provocou o Rei do Futebol que voltou endiabrado do intervalo, virando o jogo por 3 a 2.
Wilsinho permaneceu no Bragantino até 1967, quando se transferiu para a Portuguesa de Desportos. Contudo, ele ainda retornaria ao clube que o revelou em mais duas oportunidades: em 1975 e 1979. Sendo que, nesta última, selaria a sua aposentadoria.
Durante a campanha no título Paulista de 1990, o Bragantino contou com Pintado, um volante parrudo, conhecido por sua raça em campo e por não facilitar para os atacantes adversários.
De temperamento forte e com muito espírito de liderança, Pintado não só foi foi revelado pelo próprio Bragantino (no ano de 1983), como nasceu em Bragança Paulista. Porém, por conta de salários atrasados, deixou a equipe em 1984 rumo ao São Paulo FC. No Tricolor Paulista faria história com a conquista da Copa Libertadores da América de 1992 e 1993, além do Mundial de Clubes de 1992. Porém, antes dessas importantes conquistas pelo gigante paulista, o jogador retornou a Bragança Paulista emprestado, onde atuaria entre os anos de 1987 e 1991, fazendo parte das conquistas do Brasileiro da Série B em 1989 e do Campeonato Paulista em 1990.
Há exatos 30 anos, o Bragantino batia o São José por 2×1 (já havia vencido o jogo de ida por 1×0) e ficava com o título da Série B de 1989.
Em pé: Nei, Biro-Biro, Mauro Silva, Júnior, Gil Baiano e Nei
Agachados: Ivair, Valmir, Mário, Gatãozinho e Luís Muller.
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Miguel Luís Muller foi revelado pelo São Paulo FC no ano de 1978, mas como a concorrência no ataque era grande naquele período, que tinha craques como Serginho Chulapa e Zé Sérgio, o jogador pouco foi aproveitado. Tanto que, logo depois, ele rodaria por equipes como Criciúma, São Bento, Guarani, Portuguesa e Ponte Preta, até chegar ao Bragantino no ano de 1988.
Luís Muller foi o primeiro grande jogador a chegar naquela era de ouro do Massa Bruta, e logo seria um dos destaques na conquista da Série A2 do Campeonato Paulista e da Série B do Campeonato Brasileiro, anos de 1988 e 1989, respectivamente. Contudo, do título mais importante na história do clube, o Campeonato Paulista de 1990, ele ficaria de fora, mesmo sendo o artilheiro da equipe naquela competição. Durante o torneio ele acertou sua transferência para o Gamba Osaka, do Japão.
Ele ainda retornaria para mais algumas passagens pelo Bragantino, inclusive para a disputa do Campeonato Brasileiro de 1991, mas sem o mesmo destaque.
Arione Ferreira Guedes, mais conhecido como Tiba, se tornou um dos maiores ídolos na história do CA Bragantino, muito por conta de um gol. Na final do Campeonato Paulista de 1990, na Final Caipira contra o Novorizontino, quando o Massa Bruta perdia a segunda partida da final por 1 a 0, seria Tiba o autor do gol que daria o empate e o título para o clube.
Tiba fez parte de ataque naquele Paulistão junto de Mazinho, Mário e João Santos, atuando um pouco mais recuado em relação aos demais, por ser mais veloz e habilidoso. O jogador chegou ao Bragantino em 1989, após ser revelado pelo Vasco da Gama. Ele permaneceria no time de Bragança até 1991, retornando brevemente em 1992, após uma rápida passagem pelo clube que o revelou.
3 de novembro de 1966: Nascimento de Gil Baiano @bragantino pic.twitter.com/zhEZ2IJW5L
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Após Luís Muller, Gil Baiano seria um dos primeiros jogadores a chegar daquela que seria a formação clássica do Massa Bruta, campeão paulista e vice-brasileiro. Revelado pelo Guarani no ano de 1987, o jogador foi envolvido em uma troca para lá de curiosa entre o Bugre e o time de Bragança.
Na época, o Guarani pretendia contar com o zagueiro Vitor Hugo, destaque do Bragantino. Em troca, a equipe de Campinas cederia o lateral-direito Gil Baiano, os zagueiros Júnior e Nei, o meia Zé Rubens e o volante Mauro Silva. No final da história quem se deu bem foi o Massa Bruta, que com alguns desses jogadores, viveria um dos melhores períodos de sua história.
Gil Baiano foi um dos símbolos de liderança e do futebol ofensivo que marcou a equipe naquele período, inclusive apelidada por alguns como “Linguiça Mecânica”, em referência a seleção da Holanda de Johan Cruyff, de 1974. Comandados por Vanderlei Luxemburgo, inclusive, foi de Gil Baiano o gol no jogo de ida da final do Paulistão de 1990, no empate em 1 a 1 contra o Novorizontino. Lateral direito dos mais ofensivos, também era exímio nas bolas paradas e chegadas a linha de fundo.
Na temporada seguinte, o jogador também fez parte da histórica campanha do vice-campeonato brasileiro, já sob o comando do técnico Carlos Alberto Parreira, que três anos mais tarde estaria a frente da seleção brasileira no tetracampeonato mundial.
O lateral permaneceu no Bragantino até 1993, quando foi negociado com a SE Palmeiras. Ele ainda retornaria ao Massa Bruta para mais duas passagens, em 1999 e 2002, porém, sem o mesmo sucesso que tivera no inicio dos anos 1990.
Na polêmica troca com o Guarani, Mauro Silva chegou ao Bragantino pouco depois de Gil Baiano. Na equipe, ele atuou por apenas três temporadas, tempo suficiente para se tornar um dos maiores ídolos na história do clube paulista. Volante marcador implacável, tinha força física e técnica para se impor diante do time adversário.
Revelado pelo Bugre, o volante chegou ao Massa Bruta no início de 1989, e foi um dos mais importantes jogadores nos melhores momentos daquele equipe, como no título Paulista de 1990 e no vice do Brasileiro de 1991. Mauro Silva permaneceu no CA Bragantino até 1992, quando acabou negociado com o Deportivo La Coruña, da Espanha. Ali se tornaria também um dos maiores jogadores da equipe espanhola, onde jogaria ao lado de craques como Bebeto e Djalminha, se aposentando em 2005.
Como se não bastasse, dois anos depois após ser negociado com o futebol europeu, o jogador ainda seria peça fundamental na equipe do Brasil, tetracampeão do mundo nos EUA.
Contratado para ser o goleiro do CA Bragantino ainda no ano de 1989, Marcelo Martelotte, ou apenas Marcelo como era conhecido como jogador, é um dos maiores ídolos na história do clube. Chegou ainda jovem, aos 23 anos de idade, direto do Taubaté, time que o revelou. No Bragantino, o arqueiro foi o goleiro titular deste período mágico de conquistas e grande futebol.
Com a camisa do Massa Bruta, Marcelo conquistou o título da Série B do Campeonato Brasileiro em 1989, além do título paulista em 1990. Ele deixou a equipe em 1993, para defender o Santa Cruz, retornando ao Bragantino em 1994 para uma última passagem de duas temporadas.
Meia atacante dos mais esforçados, João Santos se consagrou vestindo a 11 no time campeão Paulista, e era um daqueles jogadores mais polivalentes, que estava em toda parte do campo, ajudando na marcação ou no ataque. De fácil rotatividade no ataque, até por isso era um dos “homens de confiança” do técnico Vanderlei Luxemburgo.
João Santos iniciou sua carreira no Fluminense em 1986, e chegaria ao Bragantino em 1990, onde ficaria até 1995, após empréstimo para o Remo em 1994. Foi um dos titulares do Massa Bruta na campanha do Campeonato Brasileiro de 1991. Ele ainda passaria por diversas equipes do futebol brasileiro, dentre elas SC Internacional, Santos, Coritiba, entre outras.
26/12/65: Mazinho Oliveira @bragantino_real pic.twitter.com/z5pDwYfOTM
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Mazinho (não confundir com aquele que foi tetracampeão em 1994 pela seleção brasileira) chegou ao Bragantino em 1990, como peça de reposição da equipe campeã da Série B do Brasileirão de 1989. Porém, aos poucos, o atacante foi conquistando seu espaço na equipe, se tornando a principal referência do ataque após a saída de Luís Muller. Tanto que, ao término do Campeonato Paulista de 1990, no qual o clube foi campeão, foi ele quem terminou como o artilheiro do Massa Bruta.
Mazinho permaneceu na equipe apenas até 1991, quando foi contratado pelo gigante alemão do Bayern Munich, que na época estava de olho em grandes talentos do futebol brasileiro. Contudo, na equipe alemã, ele não firmou e logo depois rodou por equipes como Internacional, CR Flamengo e futebol japonês, até se aposentar no mesmo Bragantino em 2001.
De cabeleira crespa e loira, que muito lembra a do Biro Biro mais famoso, aquele que fez história do SC Corinthians, o lateral esquerdo era um dos jogadores mais queridos pelos torcedores de Bragança, por ser um jogador de muita raça, voluntarioso e com muito humildade. Revelado pelo Santos FC, o jogador teve breve passagem pelo Ituano até chegar ao Bragantino em 1990, para se tornar um dos maiores ídolos da equipe.
Pelo Massa Bruta, Biro Biro esteve em campo na conquista do Campeonato Paulista de 1990 e no vice-campeonato brasileiro de 1991. Dois anos depois ele acertaria uma transferência para o Corinthians – time que seria a inspiração do seu apelido – porém sem muito sucesso com a camisa alvinegra.
Outro que também seria revelado no Fluminense FC, mas que faria história em Bragança Paulista, Silvio chegou em 1990 e foi aos poucos ganhando seu espaço entre os time titular. Típico homem de área, com quase 1,90 m de altura e canhoto, Silvio seria inclusive, convocado por Paulo Roberto Falcão, então técnico da seleção brasileira, em 1991, numa reformulação que o ídolo do Internacional promoveria naquele momento na seleção canarinho.
No Campeonato Brasileiro de 1991, quando o clube chegou até a final quando foram derrotados pelo São Paulo, Silvio foi uma das peças principais daquele time que, já não era tão espetacular como o de 1990, mas que ainda sobrava no futebol brasileiro.
No Bragantino atuou de 1990 a 1994 – com um breve retorno em 2001 – e do clube do interior de São Paulo acertou com o Logroñes da Espanha em 1994.
Alberto Carlos Félix da Silva com a camisa do Bragantino, Estádio Marcelo Stefani, 4 de outubro de 1992 #AlbertoFélix #Bragantino pic.twitter.com/7Sb6vmV4dG
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) April 5, 2020
Alberto chegou ao Bragantino em 1991, após indicação de Vanderlei Luxemburgo, em um time que colhia os louros do título paulista de 1990. Após passagens por equipes como Fluminense FC e Internacional, o meia atacante chegava ao Massa Bruta para fortalecer ainda mais o elenco. E foi isso que ele conseguiu, ao chegar junto com a equipe até a grande final do Campeonato Brasileiro, já sob o comando de Carlos Alberto Parreira.
Jogador de uma técnica apurada e com muita visão de jogo, seria mais um dos grandes camisas 10 que desfilariam nos gramados brasileiros na década de 1990. Com isso, o jogador logo se tornou um dos grandes ídolos na história do Bragantino, caindo nas graças da torcida. Ele ainda permaneceu no clube até 1994, quando foi emprestado para Ponte Preta, até retornar ao Massa Bruta em mais duas oportunidades: em 2000 e 2003.
Volante polivalente que representou a seleção brasileira em duas Copas do Mundo, em 2014 e 2018, Paulinho foi revelado pelo Juventus da Mooca no ano de 2006, tendo rodado por equipes como o Vilnius, da Lituânia, e Łódzki Klub, da Polônia.
De volta ao Brasil, Paulinho ainda vestiu a camisa do modesto Pão de Açúcar, time de empresários, até acertar com o Bragantino em 2009. No Massa Bruta, a passagem do volante foi como um verdadeiro cometa, rápida, porém muito marcante. Com a camisa da equipe, ele atuou no Campeonato Brasileiro da série B de 2009 e no Campeonato Paulista de 2010, onde obteve notório destaque para logo chamara a atenção do SC Corinthians, onde faria história.
Em sua breve passagem pelo CA Bragantino, Paulinho jogou apenas 45 partidas, mas anotou 14 gols, uma marca impressionante para um volante, e que seria sua marca registrada durante praticamente toda a carreira.
Lincom é um dos últimos ídolos recentes na história do Massa Bruta, antes da chegada da empresa Red Bull para gerir o clube. Ele passou por um momento de baixa da equipe, mas com muitos gols e uma dupla infernal com Romarinho, faria excelentes temporadas. No período que esteve no Massa Bruta, de 2011 a 2015, ele foi referência no ataque e fundamental nas aparições da equipe no Campeonato Paulista e nas divisões inferiores do Campeonato Brasileiro.
O atacante teve, ao menos, duas temporadas excepcionais no CA Bragantino. No seu primeiro ano, terminou o Campeonato Brasileiro da Série B com 20 gols, na vice artilharia da competição. Em 2013 ele faria nove gols no Campeonato Paulista e mais 12 no Brasileiro Série B. No total de suas passagens, o gigante artilheiro, ou Ibrahimolincom, como a torcida o chamava, fez um total de 73 gols pelo Massa Bruta.
Esse destaque o levaria em 2015 para ser emprestado ao SC Corinthians, onde não conseguiria destaque, porém, faria parte do elenco campeão brasileiro daquele ano. Curiosamente, esse foi mesmo caminho que Paulinho havia feito anos antes, mas com um destino de carreira bastante diferente.
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