O Brasil torceu pelo carismático Santos de Giovanni e cia

O ano era 1995, e dentro de uma campanha histórica do Santos Futebol Clube, naquele Campeonato Brasileiro, surgiria um craque para o futebol brasileiro e mundial. Giovanni foi um meteoro no futebol brasileiro. Praticamente surgiu naquele ano de 1995, levando o Santos a final do Campeonato Brasileiro e, mais do que isso, vestindo a 10 eternizada pelo Rei Pelé.

Após excelente Campeonato Paulista naquele ano de 1995, quando já era o destaque do Peixe, “O Messias” faria ainda muito mais no Brasileiro daquele ano com um time que entraria para a história dos campeonatos brasileiros. Seriam parados somente na final, para o Botafogo/RJ de Túlio Maravilha, Donizete Pantera e companhia, mas Giovanni seria sem dúvida o grande destaque da competição, com partidas, gols e jogadas inesquecíveis. Vamos relembrar este super time?

Entre os 4 paulistas, Santos era o patinho feio

Após o Impeachment em 1992 do então Presidente da República, Fernando Collor de Mello, e a implementação do Plano Real em 1994, o Brasil passaria por um período de bonança e crescimento. A moeda brasileira se via então valorizada com relação ao dólar americano e, por isso, o investimento dentro do país começaria ser mais recorrente. E a situação no futebol brasileiro não foi diferente.

Sendo assim, o ano de 1995 foi marcante em questão de contratações. Seja com a presença da Parmalat no Palmeiras, ou pelo centenário do CR Flamengo, que trouxe o então melhor jogador do mundo, Romário.

Contudo, esse investimento estava longe de passar pelo Santos que, com gastos bastante modestos, ficou para trás em relação ao trio de ferro do Estado de São Paulo. Para se ter uma ideia, o time do Peixe não só não tinha craques – se comparado aos rivais – mas sim um misto de atletas mais experientes e desconhecidos. Além de outros sem grandes perspectivas na carreira. Naquele elenco, apenas Jamelli, Robert e Macedo eram os mais badalados do time santista.

Campeonato Paulista 1995: Sem badalação, surge Giovanni!

Nascido em Belém do Pará, Giovanni iniciou sua carreira na Tuna Luso, equipe de sua cidade natal e onde atuaria profissionalmente entre os anos de 1991 e 1993. Em seguida, acabaria emprestado para algumas equipes como Remo, Paysandu e São Carlense/SP, para então desembarcar na cidade de Santos na temporada de 1994.

Mas seria apenas em 1995 que o meia, de 1,90m começaria a se destacar pela equipe da baixada. No Campeonato Paulista daquele ano, em competição que teria o Corinthians de Marcelinho Carioca como campeão, ao bater um super Palmeiras na final, o Santos iniciou o torneio desacreditado, mas seria um dos destaques na primeira e longa fase da competição.

A primeira fase foi disputada entre 15 equipes, com partidas de ida e volta, num total de 30. O Santos terminaria esta primeira fase na 3ª colocação, com 50 pontos, atrás de Portuguesa (58) e São Paulo (54). Porém, já com o melhor ataque da competição, anotando 49 gols. Na segunda fase, dividido em dois grupos com quatro equipes cada, o primeiro colocado iria para a final. O time santista perdeu o embalo e acabou na 3ª colocação, atrás de SC Corinthians e Portuguesa.

Campeonato Brasileiro 1995: Como foi o início do Santos FC?

Em um calendário inchado e com muitas partidas, assim que o clube terminou a participação no Campeonato Paulista (que naquele ano foi de janeiro a agosto), iniciaria no Campeonato Brasileiro de 1995. Ali, na primeira fase 24 clubes seriam divididos em dois grupos com 12 times em cada. Na primeira etapa enfrentaria os times de seu grupo, e na segunda as equipes do outro grupo.

Porém, o início do Peixe na competição não foi nada bom, inclusive com uma histórica derrota por 5 a 3 para o Vasco da Gama, na Vila Belmiro, pela 2ª rodada e quando o Santos FC logo se viu contestado pelos seus torcedores.

Em pé: Narciso, Carlinhos, Marquinhos Capixaba, Ronaldo Marconato, Marcos Adriano e Edinho

Agachados: Giovanni, Jamelli, Robert, Camanducaia e Marcelo Passos

Elenco do Santos Campeão Brasileiro de 1995. pic.twitter.com/9AnTbYTPAL

— VersoSantista (@VersoSantista) December 27, 2019

O time base era o seguinte: Edinho, Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Gallo, Carlinhos, Marcelo Passos, Robert; Giovanni e Jamelli. Além deles, o elenco contava com jogadores como Macedo, Pintado e Camanducaia.

Com os resultados iniciais, o Peixe decidiu demitir o então treinador Joãozinho. E após contar com o eterno parceiro de Pelé, Coutinho, como interino, o clube acertaria com Cabralzinho. A primeira vitória viria na quarta rodada, quando bateu o Criciúma pelo placar de 1 a 0, na Vila, com Giovanni marcando o gol da vitória, mas o time ainda sob muitas críticas dos torcedores.

E com base em tudo isso, nem mesmo o mais otimista dos torcedores do Santos FC poderiam imaginar o que estaria por vir. O clube a partir de então emplacaria e terminaria a primeira etapa na terceira colocação de sua chave.

Na 2ª Etapa do Brasileiro 1995, Santos de Giovanni deslancha

Se na primeira fase o Santos conseguiu o que poucos esperavam, na segunda etapa fase a equipe santista surpreendeu ainda mais, terminando na primeira colocação, o que garantiria ao time do Peixe uma das quatro vagas para a semifinal da competição.

Durante a busca pela classificação, o time da baixada disputou ponto a ponto com o Atlético Mineiro quem iria garantir a vaga na segunda etapa do Grupo B para a semifinal. O Santos terminou com 27 pontos, um ponto a mais que o rival mineiro. A equipe teve jogos icônicos como, por exemplo, contra o rival Corinthians, em um placar por 3 a 0, determinante para dar moral ao time no decorrer do torneio.

Após essa vitória, o Peixe emplacou mais quatro vitórias seguidas, contra Palmeiras, Paysandu, Botafogo/RJ e Guarani. Essa sequência foi vital para que o time santista garantisse a sua vaga para a semifinal do Campeonato Brasileiro de 1995.

Primeiro jogo da semifinal: Santos toma um chocolate do Fluminense

Na semifinal, o Santos enfrentou um Fluminense descansado ou sem ritmo de jogo, como queiram, pois o time carioca já havia garantido a sua vaga na primeira fase da competição. No primeiro jogo, o Peixe sequer viu a cor da bola e perdeu pelo placar de 4 a 1 no Maracanã. Giovanni marcou o único gol santista, enquanto Renato Gaúcho, Ronald e Cadu construíram a vitória do time comandado por Joel Santana, que também contava com presença ilustre de Vampeta.

Como não poderia ser diferente, com seu estilo polêmico, em entrevista no vestiário, Renato Gaúcho aproveitou para tirar uma casquinha da vitória conquista pelo Tricolor das Laranjeiras. Todo pomposo, o atacante havia dito que o Fluminense utilizaria do medo do Santos para sacramentar a classificação de sua equipe para a grande final. Porém, na história do futebol, quem fala de mais, acaba se dando mal.

De cabelo vermelho, Giovanni comanda virada histórica!

De cabelo vermelho e tudo: foi com essa aparência que Giovanni se tornou o Messias do Peixe, ao comandar uma das maiores viradas da história do futebol brasileiro. Em um Pacaembu para mais de 30 mil pessoas, assim como em toda a competição, o Santos fez aquilo que poucos esperavam e conseguiu uma virada histórica! Logo aos 30 primeiros minutos de jogo, Giovanni tratou de deixar o Peixe em vantagem, pelo placar de 2 a 0.

Esse tal de Fluminense é aquele time que tomou um sacode do Giovanni? pic.twitter.com/nIPzBJpPps

— SANTOS NOSTALGIA (@santosnostalgia) January 9, 2022

Com uma boa vantagem, mas não suficiente para classificar o alvinegro praiano para a grande final, o técnico Cabralzinho optou por deixar os jogadores em campo no intervalo. Ou seja, toda a discussão sobre as estratégias do segundo tempo teria que ser realizada no gramado, em frente à torcida, e não no vestiário, como costumeiramente acontece.

Tal estratégia parceria realmente ter funcionado, já que logo aos 6 minutos da segunda etapa, Macedo ampliou para o Peixe. Porém, Rogerinho estava disposto a estragar a festa santista e diminuiu para o Fluminense. Contudo, embalado, o Santos ainda anotou mais dois gols através de Camanduacaia e Marcelo Passos, garantindo sua vaga até a grande final pelo placar de 5 a 2, mesmo com mais um gol de Rogerinho.

Com polêmicas, título fica com Botafogo/RJ de Túlio Maravilha!

Pode gritar, botafoguense. 🏆
Botafogo Campeão Brasileiro de 1995.

Um histórico Botafogo de Túlio Maravilha. Quem viveu, foi feliz. pic.twitter.com/naB2adld43

— ⚽ (@DoentesPFutebol) June 7, 2020

Quando a final entre do Campeonato Brasileiro de 1995 se torna assunto na roda de conversa entre torcedores santistas, o primeiro nome vem à cabeça é o de Márcio Rezende de Freitas.

O polêmico arbitro anulou um gol legítimo de Camanducaia já na segunda partida da decisão. Aquele poderia ter sido o segundo gol santista, o que levaria o duelo para as penalidades, já que o Botafogo havia vencido o jogo de ida pelo placar de 2 a 1. No final das contas, o segundo jogo terminou empatado em 1 a 1 e o time de Túlio Maravilha se sagrou campeão brasileiro.

Em 1996, Giovanni deixa o Santos

Após o vice no Campeonato Brasileiro, como o jogador mais valorizado do futebol brasileiro, e vice-artilheiro do Brasileirão com 17 gols, atrás apenas de Túlio Maravilha, Giovanni deixou o Santos rumo ao Barcelona em 1996. Porém, apesar de um início positivo ao lado de Ronaldo Fenômeno, o meia-atacante deixou o clube catalão após a Copa do Mundo de 1998, com destino ao Olympiakos da Grécia.

Em seguida, o jogador retornou ao Santos já no ano de 2005, em uma passagem muito breve, de apenas uma temporada. Logo depois, Giovanni passou pelo mundo árabe e novamente da Grécia, até retornar ao Brasil em 2009, para atuar no Mogi Mirim. No ano seguinte, para encerrar a carreira com as devidas homenagens, o eterno camisa 10 santista retornou ao clube que o projetou ao futebol e ainda atuou ao lado de feras como Neymar, Robinho e Paulo Henrique Ganso.

14/02/2010
SANTOS FC 2×1 Rio Claro FC

Giovanni,Ganso,Neymar e Robinho juntos !!! quem viu viu…
quem não viu..nunca mais.
Neymar foi o destaque e Giovanni foi saudado como herói…
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— ASSOPHIS (@assophis) February 14, 2020