Timão se tornana o dono do Brasil pela 1ª vez

Antes do Campeonato Brasileiro de 1990, o Corinthians não tinha muita tradição na competição. Tanto que a vez que o clube mais chegou perto de faturar o torneio foi em 1976, quando perdeu para o Internacional de Porto Alegre na grande decisão, pouco depois da famosa invasão no Maracanã. 

Nos anos 1980, apesar da geração da Democracia Corinthiana, comandada por Sócrates, o clube também passou em branco. Depois dali o Timão passou por alguns momentos de crise, ainda mais por ter investido em um time caro e sem retorno após 1985. Sendo assim no final dos anos 1980, a base passou a ser a solução. 

Jogadores como o goleiro Ronaldo, Marcelo Djan, Wilson Mano, Márcio receberam a companhia de Tupãzinho e Neto para formar um time de guerreiros com a cara do Corinthians. De improvável aquele time se tornou campeão, com muita raça e o poder de decisão de seu xodó em cobranças de falta.

SC Corinthians: A formação de um elenco nutrido pela base

⚓ Em 1988, @Corinthians fez parecido com o que vai fazer agora. Subiu muitos pratas da casa: Ailton (LE), Márcio (VOL), Ronaldo, Edmundo (ATA), Marcelo (ZAG) e Marcos Roberto (ATA). Viola apareceu no decorrer do paulistão, com a contusão do Marcos Roberto. #NaMemoria pic.twitter.com/Z0IG4l5g85

— ✊🏿⚓🚩Аlex Tobias (@AlexNegrunes) February 24, 2021

Após a saída de Sócrates e a derrota de Adilson Monteiro Alves para a presidência do Corinthians, o clube passou por um processo de transformação: estava decretado o fim da Democracia Corinthiana. Em 1985, o Timão montou um forte elenco com as presenças de alguns remanescentes da Democracia, como Casagrande, Biro-Biro, Zenon e Wladimir. Em seguida chegaram para completar o grupo grandes jogadores como Dunga, Hugo de Léon e o goleiro Carlos. 

Porém, apesar das expectativas esse time decepcionou e conta chegou cara para o Corinthians nos anos posteriores. A solução foi contar com as categorias de base, que havia sido campeã brasileira juvenil no ano de 1985. Wilson Mano foi um dos primeiros a subir para o time principal naquele mesmo ano, junto com o volante Márcio. Depois deles subiram o atacante Viola em 1986, o zagueiro Marcelo Djan em 1987e o goleiro Ronaldo em 1988.

A chegada do xodó Neto e do Talismã Tupãzinho

Hoje é aniversário do grande @10neto, que completa 55 anos!

José Ferreira Neto, chegou ao Timão em 1989 e foi peça fundamental para a conquista do primeiro @Brasileirao do @Corinthians, em 1990, marcando gols decisivos naquele ano.

Parabéns, Craque Neto!

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Os caminhos de Neto e Corinthians já se cruzavam antes mesmo dele vestir a camisa alvinegra. Com um time que possuía como espinha dorsal a sua base, o Timão chegou até a final do Campeonato Paulista de 1988 contra o Guarani de Neto. No jogo de ida da decisão, o craque marcou mais um dos seus icônicos gols de falta e garantiu o empate em 1 a 1. No duelo de volta a equipe da capital venceu por 1 a 0 e ficou com a taça. 

O tempo passou e Neto se transferiu para a SE Palmeiras ainda em 1988, mas não deu certo no clube para acertar justamente com o Corinthians no ano seguinte. O destino já estava traçado, um precisava do outro naquele momento. 

Um ano depois chegou Tupãzinho, o talismã da fiel, que foi descoberto no São Caetano, equipe na qual foi revelado. Nesse meio tempo, também a partir de meados dos anos 1980 foram chegando outros jogadores como zagueiro Giba, Guinei, o lateral-esquerdo Jacenir e o atacante Fabinho. O ponta-esquerda Mauro já estava no clube desde 1983 e fez parte da Democracia Corinthiana.

Os primeiros passos do Corinthians no Brasileiro 1990

O treinador do Corinthians para o início do Brasileirão de 1990 era o técnico Zé Maria, que comandou a equipe campeão no Campeonato Brasileiro juvenil de 1985. Ou seja, ninguém melhor do que ele conhecia aquele grupo fortalecido pelas categorias de base. 

Porém, mesmo com tanta identificação com a base, o trabalho de Zé Maria não vingou e ele foi dispensado com apenas duas rodadas de Campeonato Brasileiro. Em ambas, o Corinthians foi derrotado, primeiro pelo placar de 3 a 0 para o Grêmio fora de casa, e depois, por 1 a 0 para o Cruzeiro em pleno Pacaembu. 

Nelsinho Baptista foi o escolhido para assumir a equipe e a partir da chegada dele o Corinthians começou a deslanchar na competição. Logo em sua estreia, o Timão empatou em 0 a 0 com o Vitória fora de casa e na sequência bateu o Palmeiras por 2 a 1 no Morumbi. Com um início animador de Nelsinho, o alvinegro emplacou uma sequência de 11 partidas sem perder. 

A sequência na fase de grupos e a improvável classificação 

Para o Campeonato Brasileiro de 1990, poucos esperavam que o Corinthians pudesse ser um dos favoritos à conquista do torneio. Em uma primeira fase com 20 clubes, e dividida em dois grupos com 10, com turno e returno, o Timão se classificou em quarto lugar em seu grupo. 

Pelo meio do caminho, na primeira fase, o Corinthians obteve alguns tropeços após um início arrasador com Nelsinho Baptista. Como por exemplo, a derrota para o Internacional de Porto Alegre pelo acachapante placar de 3 a 0 pouco antes das quartas de final, que deixou a fiel torcida com uma pulga atrás da orelha.

Quartas de final tem Neto como craque decisivo

#hojenahistória: Empate em 0 a 0 com o Atlético-MG, no Mineirão, classifica o Timão para as semifinais do Brasileiro de 1990 contra o Bahia. Foto: Internet #almanaquedotimão #vaicorinthians⚫⚪ #eusoucorinthians #bandodeloucos @corinthians pic.twitter.com/9vD27nBjN4

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Nas quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1990, o Corinthians teria pela frente o Atlético Mineiro, que entre os seus jogadores notáveis contava com o goleiro Carlos e o atacante Eder Aleixo. Na ocasião, por terem feito uma campanha melhor, os atleticanos tinham a vantagem de decidirem o confronto em casa, e por conta disso, o primeiro jogo foi realizado em um Pacaembu lotado. 

Aos 15 minutos de jogo, o centroavante Gerson abriu o placar com uma bela cabeçada, após bobeada da defesa corinthiana. Mas, naquele dia, como em muitos outros, Neto estava inspirado. Aos 30 minutos já do segundo tempo, após tentar fazer gol de tudo quanto é jeito, o xodó da Fiel empatou de cabeça. Dez minutos depois, após sobra de Tupãzinho, ele encheu o pé em chute dentro da grande área para virar a partida. 

Com a vitória por 2 a 1, o Timão tinha a vantagem do empate no Mineirão. Sabendo disso, a equipe soube se defender e garantir o empate em 0 a 0 para garantir vaga para a semifinal.

Campeonato Brasileiro 1990: Semifinal contra o Bahia

1990 – Semi-finais
Após a classificação nas quartas diante o Atlético Mineiro, o Corinthians tinha o Bahia como adversário, nas semis: https://t.co/WMzjcZS8US – #OClubeMaisBrasileiro #CorinthiansCultural pic.twitter.com/Ndd4rjfJV9

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Para a semifinal, o Corinthians teve o primeiro jogo no Pacaembu, assim como nas quartas de final. Mais de 40 mil torcedores abarrotaram o estádio para empurrar o Timão contra o EC Bahia de Charles, já enfraquecido após faturar o Brasileirão de 1988. 

O como a emoção não poderia deixar de faltar no caminho corinthiano, foi o Bahia quem abriu o placar no jogo de ida, com gol de Wagner Basílio, com apenas dois minutos de jogo. Contudo, o Timão não se abateu, e após pressionar o seu adversário, anotou o gol de empate aos 18 minutos do primeiro tempo, com gol contra do zagueiro Paulo Rodrigues. 

Com o empate, o Corinthians continuou pressionando o seu adversário até conseguir a vitória. Foi então que aos 18 minutos da segunda etapa, surgia novamente o xodó da fiel para decidir. Em uma de suas cobranças de falta mais épica, Neto mandou um belo chute do meio da rua e virou o jogo. 

No duelo de volta, o Corinthians utilizou mais uma vez a sua boa e velha estratégia, se segurando para garantir o empate em 0 a 0 e se classificar.

Brasileiro 1990: Decisão contra o rival São Paulo, de Telê

Como de costume, na grande decisão o Corinthians seguia sendo uma zebra naquele Brasileirão de 1990. Ainda mais que do outro lado estava o São Paulo FC, comandado por Telê Santana com Zetti, Leonardo, Antônio Carlos, Cafu, Elivelton e Raí. 

Dessa vez, os dois jogos foram disputados no Morumbi, e já na primeira partida, o Corinthians não levou sustos e venceu pelo placar de 1 a 0. Logo aos 4 minutos de jogo, Neto brilhou mais uma vez e cobrou falta na cabeça de Wilson Mano que anotou o único gol daquele encontro. 

Para o segundo jogo, muitos esperavam que os são-paulinos pudessem virar o placar da final. Porém, não foi isso que aconteceu já que o Corinthians venceu mais uma vez. Para mais de 100 mil torcedores no Morumbi, Tupãzinho protagonizou uma das jogadas mais icônicas do futebol brasileiro. Ele partiu do meio-campo e tabelou com Fabinho, para em seguida se livrar de um defensor são-paulino e tocar novamente para Fabinho, que chutou prensado. A bola sobrou para o próprio talismã que anotou o gol do título corinthiano. 

Pela primeira vez em sua história, o Corinthians conquistava o Campeonato Brasileiro!

Quem era quem naquele time do Corinthians? 

O SC Corinthians de 1990 tinha como base o seguinte time: Ronaldo; Marcelo Djan, Guinei, Giba, Jacenir; Marcio Wilson Mano, Neto (Ezequiel), Tupãzinho; Fabinho Mauro (Paulo Sérgio). Técnico: Nelsinho Baptista. 

Naquela equipe do Corinthians, o goleiro Ronaldo tinha a personalidade de um líder, ao orientar e reclamar com os defensores a todo momento. Os dois zagueiros Marcelo Djan e Guinei, que mesmo sem exibir muita técnica, eram esforçados. Já nas laterais o Timão contava com Giba e Jacenir. 

No meio-campo, Márcio e Wilson Mano faziam de tudo um pouco, tanto sabiam como marcar, como sabiam sair jogando. Um pouco mais a frente, Tupãzinho esbanjava raça e velocidade, enquanto Neto esbanjava categoria. A dupla de ataque era formada pelos pontas Mauro e Fabinho, enquanto Paulo Sérgio entrava esporadicamente quando era preciso.

Corinthians 1990: Os números da vitoriosa campanha

A Band irá reprisar no próximo dia 26 de dezembro, um sábado, a partir das 10h15 (horário de Brasília) a final do Campeonato Brasileiro de 1990 entre Corinthians e São Paulo.

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Na campanha do título brasileiro de 1990, o Corinthians somou 25 partidas, com 12 vitórias, 5 derrotas e 8 empates. Foram 23 gols anotados e 20 sofridos.  O artilheiro da equipe na competição foi Neto, com 9 gols, que chegou a brigar pela artilharia da competição, mas ficou dois gols atrás do atacante Charles, do Bahia.