O Lendário Fluminense de Romerito e do Casal 20!
Índice
- 1 Nas Laranjeiras: A formação de um time vencedor
- 2 O histórico Campeonato Brasileiro de 1984
- 3 Washington e Assis: O famoso “Casal 20”
- 4 Romerito, craque do meio de campo
- 5 Carlos Alberto Parreira, o técnico da conquista
- 6 Nas arquibancadas, gritos de Diretas Já!
- 7 Jogos inesquecíveis deste período
- 8 Qual é o maior time na história do Fluminense?
Ao fim dos anos 1970 e no começo dos anos 1980, o CR Flamengo era o principal time do Rio de Janeiro e também do futebol brasileiro. Era o time a ser batido por seus adversários. E enquanto o Rubro-Negro sobrava tecnicamente, o Fluminense buscava retornar à rotina de títulos de outrora, sonhando com a volta dos tempos da “Máquina Tricolor”.
Sem conquistar o Campeonato Carioca desde o ano de 1980, o Tricolor das Laranjeiras montou um forte elenco apostando principalmente em jovens jogadores. E esta tática daria certo. Logo na primeira temporada com essa nova filosofia interna, o clube desbancaria o Flamengo no estadual de 1983, ao vencer o rival por 1 a 0, com um gol de Assis no apagar das luzes no Estádio do Maracanã. Desta forma o clube não pode mais ser alcançado no triangular final.
No Campeonato Brasileiro do ano seguinte, o Tricolor manteve o embalo adquirido com os novos atletas e com o título estadual. Depois de passar pelo Corinthians, da Democracia Corintiana de Sócrates, Casagrande e companhia, encontraria na grande final um de seus maiores rivais. o Vasco da Gama. E assim quebraria a hegemonia do Rubro-Negro tanto no Rio de Janeiro, quanto no restante do território nacional.
Nas Laranjeiras: A formação de um time vencedor
Fluminense 1981
Era o começo do fim dos campeões de 80 e a formação da Máquina vencedora de 83-84-85 pic.twitter.com/v179S2ZEVU— ⚽ 🇭🇺 Flu Vintage Classic 🇭🇺 ⚽ (@FluClassic) November 5, 2020
A formação do lendário elenco do Fluminense FC dos anos 1980 começou a tomar forma para a disputa do Campeonato Carioca de 1983, quando o clube viu a necessidade de mudar para conseguir competir com seu rival local, o Flamengo. Único remanescente do grupo campeão Carioca em 1980, Deley era formado na base das Laranjeiras, e estreou pelo time principal em 1979.
O técnico naquele período era José Luiz Carbone, que ficou responsável por comandar um novo e reforçado elenco com jovens jogadores. Chegaram ao elenco Jandir (base do SC Internacional), Leomir (Coritiba), Tato (Goiânia) e o zagueiro Duílio (América/RJ). Junto deles, chegaram aqueles três nomes que mudariam a história do Fluminense e para reger um poderoso ataque. O paraguaio Romerito estava nos EUA, no New York Cosmos, já do Paraná, mais precisamente do Athlético PR, Washington e Assis vinham com a função de fazer os gols do clube.
Além deles, mas outros dois jovens que já estavam no clube também se destacariam no Flu e ao longo da carreira: o zagueiro Ricardo Gomes e o lateral esquerdo Branco. No gol de um dos times mais temidos daquele período, Paulo Victor, no elenco desde 1981.
O fantástico Tricampeonato Carioca (1983/84/85)
Na sua primeira competição após a reformulação do elenco, o Fluminense fez ótima campanha no primeiro turno do Carioca de 1983 quando conquistou a Taça Guanabara, ficando a frente do América/RJ. Com isso, o time já se classificaria diretamente ao triangular final, sem que o resultado do segundo turno – onde terminou em décimo lugar – fizesse diferença.
Ao lado de Flamengo, campeão da Taça Rio, e do Bangu, maior pontuador nos dois turnos, o Tricolor das Laranjeiras disputou o título estadual daquela temporada. O clube empatou o primeiro jogo contra o Bangu por 1 a 1, com gol marcado por Paulino. Na partida seguinte, contra o rival Flamengo, a vitória era fundamental. Um empate tiraria quaisquer chances de títulos do Flu.
Quando aos 45 minutos do segundo tempo, com o jogo empatado sem gols e a torcida rival comemorando o fato dos tricolores serem eliminados, Duílio cobrou rapidamente uma falta e passou para Deley, que com um lançamento milimétrico encontrou Assis. O atacante ganhou da defesa adversária para dar a vitória ao Flu. O título dependia ainda de uma vitória do Rubro-Negro sobre o Bangu, que aconteceria três dias depois para iniciar uma sequência de conquistas do lendário elenco Tricolor.
Campeonato Carioca de 1984
O Carioca de 1984 teve a mesma fórmula de disputa do ano anterior. Mas, desta vez, o Tricolor não venceu nenhum dos dois turnos, e só se classificou ao triangular final por ter realiado boa campanha em ambos os turnos, terminando atrás de Flamengo e Vasco da Gama respectivamente. No panorama geral, teve o mesmo número de pontos do Flamengo, somando-se os dois turnos, e por conta disso foi à fase final.
Na partida decisiva contra o Vasco, o astro Romerito abriu o placar na segunda etapa e Paulinho, jovem que foi campeão mundial sub-20 com a Seleção Brasileira em 1983, fechou o placar no fim da partida. Com isso, bastava vencer o Flamengo na última partida, que também havia derrotado o Vasco em sua partida, valendo o troféu.
No FlaxFlu decisivo, com mais de 153 mil torcedores no Maracanã, o jogo do título se arrastava para um empate sem gols. Mas, aos 30 minutos do segundo tempo, Aldo recebeu na direita e cruzou para Assis, carrasco dos Rubro-Negros, para dar números finais ao campeonato, e sacramentar o bicampeonato estadual, meses após o título Brasileiro do mesmo ano.
O Tricampeonato Carioca em 1985
Com um elenco que sofreu algumas mudanças, o Fluminense não conseguiu realizar o sonho de conquistar a América na Libertadores de 1985 e caiu na primeira fase da competição. No Brasileiro, o Flu também não fez boa campanha, e não conseguiu lutar pelo bicampeonato.
Mas, no Carioca, embora desacreditado, venceu a Taça Guanabara e garantiu vaga no triangular final. Flamengo e Bangu também fizeram parte da fase decisiva, o Rubro-Negro pela conquista na Taça Rio e o Alvirrubro pelo maior número de pontos somados nos dois turnos.
Contra o Flamengo, o empate de 1 a 1, com gol marcado por Washington, e com a derrota do rival para o Bangu na partida seguinte, o Tricolor disputou o título contra o Alvirrubro na última partida da fase, precisando da vitória sobre os atuais vice-campeões brasileiros. Em partida muito nervosa e cheia de faltas para os dois lados, depois de sair atrás do placar, Romerito e Paulinho, de falta, viraram o jogo para dar o tricampeonato Carioca ao Fluminense.
O histórico Campeonato Brasileiro de 1984
Washington. Fluminense campeão brasileiro de 1984. pic.twitter.com/JBbAHHOJYG
— FLUMINENSE HISTÓRICO (@fluhistory) October 24, 2016
O Campeonato Brasileiro de 1984 contou com 40 equipes disputando a competição, separadas em oito grupos. O técnico Carbone, então campeão carioca com o clube no ano anterior começou o torneio à frente do Tricolor Carioca, porém, perderia o cargo após controversas escalações, principalmente quando barraria Washington, por exemplo. Quem assumiu no período seria Carlos Alberto Parreira, o preferido da diretoria para o lugar de Carbone. E não demoraria para Parreira começar a promover algumas mudanças como a entrada de Aldo no lugar de Getúlio na lateral direita, e com Romerito tendo maior participação no meio de campo tricolor.
Na primeira fase, o Fluzão terminou seu grupo na segunda posição, atrás do Santos FC, com cinco vitórias, dois empates e uma derrota. Já na nova fase de grupos estava ao lado de São Paulo FC, Goiás e Bahia. Desta vez terminaria na liderança e com o time apresentando um melhor futebol com três vitórias, um empate e apenas uma derrota. Dentre as vitórias uma imponente sobre o rival Tricolor de São Paulo, em pleno Estádio do Morumbi.
Classificado para uma nova fase de grupos, o Fluminense seria muito superior aos seus adversários: Portuguesa, Operário do Mato Grosso do Sul e Santo André. Com isso, chegaram às quartas de final após terminar em primeiro do grupo e, contra o Coritiba, após empatar a primeira partida em 2 a 2, no confronto de volta faria um acachapante 5 a 0. Dois gols de Washington, e um de Assis, Renê e Romerito.
Jogos decisivos contra Corinthians e Vasco
Nas semifinais teria pela frente o temido SC Corinthians, de Sócrates, Casagrande, Wladimir, Zenon e cia. E onde se esperava um confronto duríssimo, o Tricolor das Laranjeiras se impôs em um esquema que priorizava o seu coletivo, vencendo a partida no Morumbi por 2 a 0, com gols marcados por Assis e Tato. Na partida de volta, no Maracanã, segurou um resultado sem gols para se classificar à decisão contra o rival local, Vasco da Gama.
Na primeira partida decisiva, Romerito marcou o gol que decidiria o confronto, ainda no primeiro tempo, para no segundo jogo segurar novamente um 0 a 0 e se tornar campeão Brasileiro de 1984. A defesa Tricolor foi um ponto alto da conquista. Comandada por Paulo Victor e os zagueiros Ricardo Gomes e Duílio, o time teve uma incrível média de apenas 0,5 gols sofridos durante a competição.
Washington e Assis: O famoso “Casal 20”
Uma das mais lembradas duplas de ataque na história do futebol brasileiro recebeu o que é, possivelmente, o melhor apelido para uma parceria. Tamanha a sintonia que Assis e Washington tinham tanto dentro como fora dos gramados, eles receberam o apelido de “Casal 20”. O nome faz referência a uma série televisiva que fazia grande sucesso na época.
E desde quando atuaram juntos no Athlético Paranaense, eles se entrosaram rapidamente fazendo grande sucesso no clube do Paraná, principalmente no Campeonato Brasileiro de 1983, quando ajudaram o Furacão a chegar às semifinais do torneio. Meses depois, devido ao sucesso da dupla já conhecida como “Casal 20”, ambos foram negociados com o Tricolor Carioca.
Quando chegou ao Rio de Janeiro, Assis já tinha 31 anos, uma idade considerada já avançada no futebol, enquanto seu parceiro tinha apenas 23 anos, porém, sem completavam. A princípio, Washington chegou ao Rio de Janeiro para ser contratado pelo Flu, com Assis apenas para responder uma sondagem do clube. Mas a euforia tomou conta dos torcedores que, com muita festa, os receberam no Galeão, já com os dois posando com a camisa Tricolor, deixando a diretoria sem alternativa a não ser manter o “Casal 20” unido e, agora, nas Laranjeiras.
Juntos, a dupla marcaria 179 gols pelo Fluminense, muitos deles decisivos. Unanimidades dentro do clube, eles também foram imortalizados com bustos na sede das Laranjeiras. E a sintonia entre os dois era tanta, inclusive fora das quatro linhas, com uma grande amizade, que os dois faleceram no ano de 2014, com poucos dias de intervalo entre um e outro.
Romerito, craque do meio de campo
Romerito con sus fans en el Maracanã, 27 de mayo de 1984 #Romerito #JulioCesarRomero #Fluminense @Fluminense @GDesde1902 #Maracanã pic.twitter.com/Xi7dGhwz0k
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) December 5, 2019
Grande estrela do Tricolor Carioca dos anos 1980, e maestro do time, o paraguaio Romerito chegou para comandar o meio campo e o ataque ao lado dos novos reforços. Ele chegaria ao Fluminense vindo do New York Cosmos, dos EUA, mesmo time onde também tiveram passagens Pelé e Franz Beckenbauer. Porém, ao contrario dessas duas lendas que foram ao futebol dos EUA já em final de carreira, Romerito atuaria no Cosmos entre os anos de 1980 e 1983. Quando chegou ao Flu, em 1983, tinha apenas 23 anos.
Chegou com status de estrela com a torcida fazendo uma festa logo no aeroporto, para recebê-lo. Ali teve, até mesmo, a presença da Soberana, bateria da escola de samba Beija-Flor. Sob intermédio de Carlos Alberto Torres, que atuou com o paraguaio no Cosmos, a transação foi viabilizada e Romerito seria peça-chave no elenco tricolor.
A princípio, a apresentação do astro foi sem um número de camisa, para não gerar polêmica com os outros integrantes do elenco. Com a 10 destinada a Assis, Romerito acabou usando a camisa 7, camisa que utilizava quando marcaria o gol na primeira partida da final do Campeonato Brasileiro de 1984. Pelo Fluminense, Romerito atuou por 215 jogos, com 57 gols anotados. Considerado até os dias de hoje como um dos maiores ídolos do clube, saiu do Tricolor das Laranjeiras em 1988 para ir ao gigante FC Barcelona, onde ficaria apenas por uma temporada.
Carlos Alberto Parreira, o técnico da conquista
Treinador que viria a ser, dez anos depois do título Brasileiro de 1984, o tetracampeão do mundo na seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira tem grande parte de sua história futebolística identificada com o Fluminense. Torcedor declarado do Tricolor das Laranjeiras, Parreira chegou ao clube em 1984 para substituir Carbone, desgastado com a diretoria.
O corpo diretivo do Fluminense nunca escondeu o desejo de contar com Parreira, que em 1983 teve uma rápida passagem pela seleção brasileira. O treinador foi fundamental para melhorar o padrão de jogo de um elenco já entrosado, mas que necessitava de alguns ajustes. Ele conseguiria potencializar ainda mais o futebol de Romerito, e daria liberdade para o ponta Tato fazer excelente parceria com o lateral-esquerdo, Branco.
Um treinador mais pragmático, Carlos Alberto Parreira fortaleceu a defesa, que passou a levar poucos gols e tornou o ataque como um dos mais letais naquele período, principalmente com o “Casal 20”.
Os jovens Ricardo Gomes e Branco se destacam
Durante a reformulação do elenco que o Fluminense promoveria naqueles início anos 1980, dois jovens passariam a ser destaque para os anos de glória do Tricolor das Laranjeiras: Ricardo Gomes, revelado pela famosa base do Fluminense, e Branco, que chegou após início no SC Internacional.
Ricardo Gomes teve a dura missão de assumir e manter a qualidade da defesa, na vaga do ídolo Edinho, que deixou o clube para atuar na Udinese junto ao Galinho Zico. O jovem zagueiro deu conta do recado e se tornou um dos maiores zagueiros do país, inclusive tendo a suas primeiras convocações para a seleção brasileira.
Branco, então com 20 anos, tomou conta da lateral-esquerda, e logo se firmou como titular absoluto. Muito agressivo e como muita liberdade para chegar ao ataque, ele também ficaria conhecido pela potência de seus chutes. Os dois jovens iniciavam as carreiras e foram peças fundamentais do lendário elenco Tricolor.
Nas arquibancadas, gritos de Diretas Já!
O período que o Fluminense montou o poderoso time dos anos 1980 coincide com o momento de abertura política do Brasil, que passava por uma violenta e repressora Ditadura Militar. Impulsionada por protestos em diversas capitais do país, ou por movimentos políticos, inclusive dentro do futebol, como a Democracia Corintiana, muitas torcidas abraçaram a causa.
E durante muitos jogos do Campeonato Brasileiro de 1984, as torcidas dos clubes se uniam, independente se eram ou não rivais, para pedir liberdade política, com diversos cânticos nas arquibancadas. Gritos de “Diretas” ou “um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos escolher o presidente do Brasil”, tomavam conta dos estádios brasileiros.
O Fluminense esteve diretamente ligado a um desses episódios, durante a terceira fase de grupos do Brasileirão. Durante partida contra o Santo André, no ABC Paulista, um protesto simultâneo convocado pelo PT causou grande confusão com a polícia que reprimiu o ato violentamente no entorno do estádio.
Jogos inesquecíveis deste período
@Flamengo x @FluminenseFC 1983 pic.twitter.com/nZ0Z6HZBkt
— FRED DO CHAME-CHAME (@FREDCHAMECHAME) October 24, 2017
E um grande time como este do Fluminense, com muito sucesso entre os anos de 1983 e 1985, teve partidas nesse período que podem ser consideradas lendárias. Alguns deles ficaram marcados para sempre na história do futebol nacional, eternizando nomes como Romerito, Washington, Assis, Branco e Ricardo Gomes, por exemplo.
Contra o CR Flamengo, em um confronto que foi válido pela fase final do Campeonato Carioca de 1983, o lançamento de Deley para Assis marcar o gol da vitória ficou marcado naquela partida que praticamente deu o primeiro título daquela geração. Talvez a melhor exibição daquela fantástica equipe tenha sido contra o Coritiba, no Campeonato Brasileiro de 1984. Em goleada por 5 a 0, com direito a show do “Casal 20”.
Outras duas partidas magistrais aconteceram contra os paulistas São Paulo e SC Corinthians, ambas disputadas no Estádio do Morumbi. Anularam as fortes equipes de Rubens Minelli e do Dr, Sócrates, respectivamente, com o esquema montado por Carlos Alberto Parreira.
Qual é o maior time na história do Fluminense?
A máquina tricolor. pic.twitter.com/qyymgb1Lw5
— Procópio Cardozo (@procopiocardozo) May 7, 2021
Para muitos analistas, este time do Fluminense é considerado como o melhor na história do clube, porém, o Tricolor das Laranjeiras ainda possuem outros esquadrões e conquistas que não podemos deixar passar batido.
Um deles é o grande time que antecedeu o time do início dos anos 1980 e que era comandado por Roberto Rivellino. A Máquina Tricolor teve início por volta de 1975, com a chegada de Riva as Laranjeiras, em um fantástico time que contou com, entre outros, PC Caju, Carlos Alberto Torres, Félix, Edinho e Dorval. Ali, Carlos Alberto Parreira era o preparador físico do clube.
Outra geração muito lembrada pelos fanáticos torcedores é de, entre, 2009 a 2012. Com estrelas como Conca, Fred, Mariano, Emerson Sheik e Deco, entre os principais nomes do período, o clube foi finalista da Copa Sul-Americana e venceu duas vezes o Campeonato Brasileiro nos anos de 2010 e 2012. É reconhecidamente uma das mais importantes gerações do clube.
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