Na Copa América de 1999, Ronaldo e Rivaldo deram a vitória contra a Argentina
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Brasil se sagraria campeão com campanha invicta
A Copa América de 1999 aconteceu no Paraguai, entre os dias 29 de junho a 18 de julho. Esta seria a 39ª edição do torneio e tinha como favorito a seleção brasileira, então campeã do mundo de 1994, da Copa América 1997 e vice-campeã mundial em 1998, quando foram derrotados pela França de Zinedine Zidane e cia.
O Brasil chegava com uma geração jovem e talentosa que tinha, entre outros, Ronaldo, Rivaldo, Cafú, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Dida, Alex, além de ter no banco o maior técnico brasileiro do momento: Vanderlei Luxemburgo. Já a Argentina também chagava como uma das favoritas, também como uma nova e promissora geração, mas ainda sem possuir alguém que pudesse liderar a seleção como anos antes Diego Armando Maradona.
Em 1999, Brasil e Argentina se enfrentaram pelas quartas de finais da competição, naquela que seria a mais equilibrada da Copa América, marcado por muitos talentos e de uma seleção brasileira que seria campeã mundial três anos depois, contra uma geração argentina que não levaria a grandes glórias. Rivaldo e Ronaldo viviam grande momento técnico naquele período e conduziriam a seleção brasileira a conquista da Copa América de 1999.
Brasil e Argentina buscavam reafirmação
Em 1998, a seleção brasileira sofreu um dos golpes mais duros de sua história ao perder a final da Copa do Mundo daquele ano para a França, por 3 a 0. Após o encerramento do mundial, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, resolveu dar um fim na era Zagallo na seleção brasileira. Dessa forma, o mandatário buscou numa renovação técnica e o escolhido seria Vanderlei Luxemburgo, então principal treinador do futebol brasileiro.
Dessa forma, e sob o comando de Luxemburgo, a seleção brasileira passou por uma renovação em seu elenco, com algumas novidades, mas já com uma base de muito talento e técnica. O treinador que sempre se destacou por colocar suas equipes atuando na frente, não faria diferente como técnico do Brasil, que naquele momento era predominante no continente.
Tanto é que em 1997, foram campeões da Copa América colocando um novo camisa 9 como ponto central do escrete canarinho, fazendo um dupla inesquecível com Romário:
Do outro lado, o selecionado argentino vivia período turbulento após nos dois últimos mundiais (1994 e 1998) terem feito uma campanha razoável ainda que com grande time. Após brilhante período sob comando de Maradona entre os anos de 1986 a 1990, a última conquista da Argentina havia sido em 1993 com o título da Copa América. Era um período que a seleção Argentina dominava a América do Sul, sempre protagonista.
Em um time que contava com Gabriel Batistuta, Juan Román Riquelme, Verón, Sorín, Simeone, Ortega, Palermo, entre outros, os argentinos passaram aqueles anos sempre esperando para ver uma forte seleção deslanchar. Situação essa que, ainda com a presença de Lionel Messi anos depois, só encerraria o jejum de conquista em 2021, na Copa América realizada no Brasil.
As campanhas de Brasil e Argentina na Copa América 1999
Com a promessa de jogar um futebol mais vistoso, a seleção brasileira estreou com o pé direito na Copa América de 1999, no Paraguai. Em grande atuação, o Brasil bateu a fraca seleção da Venezuela por 7 a 0, com gols de Ronaldo, Emerson, Amoroso e Rivaldo, além de um histórico gol de Ronaldinho Gaúcho. O jovem talento gremista estava com 19 anos a época, e foi convocado as pressas para substituir Edilson Capetinha.
O Brasil terminaria a primeira fase da competição com mais duas vitórias, contra México e Chile, anotando dez gols e sofrendo apenas um. Na próxima fase, nas oitavas de final, a seleção brasileira encontraria a arqui-rival Argentina, que havia terminado em 2º do seu grupo.
Após estrearem com vitória por 3 a 1 contra o Equador, a Argentina seria derrotada por 3 a 0 pela Colômbia, e vendido o Uruguai por 2 a 0 para garantir a classificação.
Brasil contava com os melhores do mundo
Numa mescla de elenco já experiente e também com grandes revelações, a seleção brasileira também contava com os principais destaques na campanha do vice, da Copa do Mundo de 1998. A dupla Ronaldo e Rivaldo continuaram a liderar o ataque canarinho, algo que continuariam a fazer até o mundial de 2002.
No ano da disputa daquela Copa América, em 1999, Ronaldo já era o Fenômeno, considerado por muitos um jogador feito quase como em laboratório, tamanha era a sua força e técnica acima de qualquer marcador. Em 1997, atuando pelo Barcelona havia sido escolhido como o melhor jogador do mundo, a Bola de Ouro, acertando numa transferência milionária para o Internazionale de Milão.
Já Rivaldo estava vivendo a melhor fase de sua carreira, como a principal estrela do Barcelona naquela temporada. Tanto é que, no final daquele ano de 1999, ele conquistaria o prêmio de melhor jogador do mundo. Inclusive, Rivaldo ainda dividiria a artilharia daquela Copa América junto de Ronaldo.
Além dos dois a seleção brasileira tinha ainda alguns dos melhores jogadores do mundo de cada posição, em um período que os jogadores brasileiros eram, sem dúvida nenhuma, os que mais chamavam a atenção dos clubes europeus.
Argentina era uma geração promissora
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Assim como o Brasil, a Argentina também passava por um período de reformulação, tanto é que, naquela Copa América, o escrete argentino não contou com a presença de Gabriel Batistuta, maior nome do futebol argentino no mundo. O então treinador Marcelo “El Loco” Bielsa preferiu testar novas opções no ataque.
Dentre essas peças, nomes como Kily González, Martín Palermo, Ariel Ortega, Guilhermo Schelloto, Pablo Aimar e Juan Román Riquelme estavam presentes.
Na setor defensivo a Argentina mesclou jovens com mais experientes jogadores. Sob a liderança de Diego Simeone, a linha defensiva da Argentina contava com Javier Zanetti, Juan Pablo Sorín, Mauricio Pochettino, Walter Samuel e Roberto Ayala. Era uma geração que trazia muita esperança ao torcedor argentino, que vivia ainda nos dourados anos de Don Diego Maradona no comando da seleção.
A crônica do jogo: Brasil x Argentina
Após o apito inicial, o que se viu foi uma partida bastante equilibrada e com muita marcação, principalmente por parte dos argentinos. Naquela época, a áurea de “violentos” ainda pairava muito sobre a seleção da Argentina, ainda mais em um confronto com a seleção brasileira. Os jogadores brasileiros, assim que recebiam a bola, pouco espaço tinham para construir uma jogada mais efetiva.
Até que aos 11 minutos do primeiro tempo, a bola puniu o Brasil. Em um chute despretensioso, e de fora da área, Juan Pablo Sorín (lateral esquerdo com muita história no futebol brasileiro) abriu o placar. A bola ainda desviou no jovem zagueiro do Cruzeiro, João Carlos, para enganar o goleiro Dida. Esse gol deixou a seleção brasileira um pouco atordoada, que quase viu o atacante Palermo ampliar para os argentinos, em saída errada da defesa brasileira.
Porém, aos poucos, a seleção brasileira passou a entrar no jogo, embora com muitas dificuldades para criar jogadas ofensivas. A frente da zaga argentina parecia ter uma muralha intransponível. O duelo se mostrava favorável aos argentinos que conseguiam controlar a partida.
Com esse cenário, o Brasil só incomodava o goleiro Burgos em lances de bola parada. Foi então que, aos 32 minutos do primeiro tempo, Rivaldo cobrou uma falta perfeita de longa distância. Em batida colocada, o camisa 10 enganou o arqueiro argentino, que ameaçou pular para o canto esquerdo, enquanto a bola morria no canto direito do gol.
Ainda no final do primeiro tempo, o atacante do Boca Juniors, Martín Palermo deu um verdadeiro susto na defesa brasileira. Após Javier Zanetti fazer uma brilhante jogada pelo lado direito, o centroavante argentino recebeu a bola em condições de marcar. Porém, sem ângulo, ele chutou em cima do goleiro Dida.
Segundo tempo: Brilha a estrela de Ronaldo
Terminar o primeiro tempo com o empate no placar deu mais tranquilidade para a seleção brasileira na volta do segundo tempo. E logo aos 3 minutos, após jogada trabalhada e com passe açucarado de Zé Roberto, Ronaldo soltou o pé para virar o jogo para o Brasil. Agora a pressão estava do lado argentino, que teriam que assumir o controle do jogo.
Os argentinos ainda correram em busca do empate, mesmo que na base da afobação. Aos 17 minutos, Juan Roman Riquelme quase empatou a partida em uma bela cobrança de falta, que tirou tinta do travessão de Dida. Na sequência, os argentinos ficaram mais com a bola, mas erravam nos momentos cruciais no campo de ataque.
E aos 32 minutos, mesmo sem fazer uma partida brilhante, a Argentina ganhou um “presente”. Após bela jogada de Ariel Ortega, Cláudio Lopez recebeu a bola na área e sofreu um pênalti infantil de Beto, meio-campista que acabara de entrar. Porém, quem estava no gol era Dida, reconhecidamente como um dos maiores pegadores de pênaltis na história do futebol. O zagueiro Ayala é quem foi para a cobrança e acabou desperdiçando.
Nos minutos finais, os argentinos atacaram na base do desespero, enquanto os brasileiros se seguravam para garantir a classificação para as semifinais da Copa América 1999.
Brasil garante o título da Copa América 1999
Depois de encarar um clássico contra a Argentina, o selecionado argentino ganhou ainda mais confiança e força para o restante da competição. E foram imparáveis. Nas semifinais reencontrou o México (que estava no Grupo do Brasil) para vencer pelo placar de 2 a 0. Gols de Amoroso e Rivaldo. Já na decisão o Brasil encontrou outro tradicional rival: o Uruguai. E novamente com o brilho da dupla Rivaldo e Ronaldo, venceram pelo clássico placar de 3 a 0. E quem anotou os gols foi a dupla, com dois gols de Rivaldo e o outro do Fenômeno.