Carreira Início: 1980 (Corinthians)
Término: 1996 (São Francisco- BA)
Características Altura: 1,91m
Destro
Posição / Outras posições Centroavante
Ataque
UEFA Champions League
1986-87
Perfil / Estilo do jogador
Como uma pólvora, Casagrande era explosivo, mas não como um jogador marrento ou badboy. Ao mesmo tempo que era um artilheiro nato dentro de campo, fora dele enfrentou problemas pessoais e foi uma voz ativa na luta contra a Ditadura Militar. Seu lema era viver intensamente, e de tão intenso ele saboreou cada nota Rock And Roll, e como um rockstar viveu dias de gênio e dias de ressaca. Com 1,91m, o jogador tinha um porte físico considerável para ser uma referência na área, era bom no cabeceio e tinha uma finalização fatal.
Rebelde como uma afiada corda de guitarra, o Casagrande jogador foi um verdadeiro astro do rock dentro de campo. Artilheiro e com alto senso crítico, teve uma carreira explosiva se tornando um ídolo único do Sport Club Corinthians Paulista. Isso envolto sempre a muitas polêmicas.
Vivendo seu início de atleta profissional em plena ditadura militar, ao lado de Sócrates e Vladimir impulsionaram a Democracia Corinthiana, um dos movimentos mais potentes na luta pela democracia no Brasil. No Timão, o atacante construiu a primeira e mais importante parte de sua carreira, se tornando um dos principais jogadores do futebol brasileiro.
Após a passagem pelo Corinthians, Walter Casagrande teve passagens destacadas por São Paulo FC, Porto, e também futebol italiano, antes de retornar ao Brasil para jogar no Flamengo, e encerrar a carreira onde tudo começou.
A infância de Walter Casagrande
Casagrande na Copinha em 1980 – Foto: Reprodução Internet
Walter Casagrande Júnior nasceu no dia 15 de abril de 1963. Com o pai alcoólatra, teve uma infância difícil na periferia de São Paulo. Aos 15 anos de idade, o jovem Casagrande perdeu sua irmã, vítima de um infarto com apenas 23 anos. Esse seria um dos primeiros gatilhos para que o futuro atacante enfrentasse em seus futuros demônios.
Porém, naquele instante, o futebol ainda lhe servia como um refúgio.
Com um talento nato para o esporte, passou nos testes para integrar o Corinthians, e ainda adolescente começou a treinar entre os profissionais da equipe.
Em 1980 seu nome entrou nos holofotes do futebol brasileiro, quando se tornou artilheiro da Copa São Paulo de Futebol Junior, isso com apenas 17 anos.
Jovem é emprestado para a Caldense
Após o precoce sucesso na base, Walter Casagrande foi integrado no elenco profissional do Corinthians na temporada em 1981. Porém, na temporada seguinte, o jogador foi emprestado para a Caldense, após desentendimento com o lendário treinador Oswaldo Brandão.
À época, Casão havia participado do torneio de base no sul de Minas Gerais e se destacou. Cruzeiroe Atlético Mineiro queriam o jogador, mas foi a equipe de Poços de Caldas que conseguiu a sua contratação por empréstimo. E a passagem foi rápida e intensa, com o atacante mostrando seu faro artilheiro novamente.
Pelo Poços de Caldas foram 11 gols marcados em oito partidas disputadas.
Casagrande jogador:
Retorna com extrondoso sucesso ao Timão
Casagrande atuando pelo Corinthians – Foto: Reprodução Internet
A volta de Casagrande aoCorinthians aconteceu na temporada de 1982, após o então treinador Mario Travaglini, e o diretor Adílio Monteiro Alves, pedirem pelo seu retorno. Logo em seu primeiro clássico, o atacante anotou três gols contra o maior rival alvinegro, a Sociedade Esportiva Palmeiras.
A partir dai sua carreira no Timão deslancharia para um dos períodos mais importantes so clube.
No Campoenato Paulista 1982, Casagrande foi artilheiro com incríveis 28 gols marcados.
Venceu com o Timão o bicampeonato paulista de 1982 e 1983.
Réu na ditadura: rockstar corinthiano é uma das vozes das “Diretas já!”
Ao lado de jogadores como Doutor Sócrates e Vladimir, Walter Casagrande se tornou uma das vozes mais ativas dentro do movimento da Democracia Corinthiana. Aqui, além de ser um histórico movimento dentro do clube, onde jogadores e funcionários e comissão técnica tinham voz iguais. Também seria um símbolo para as “Diretas Já”, movimento nacional que pedia o fim da ditadura militar e a volta das eleições diretas.
Na época, Casão e seus companheiros participavam de eventos e comícios, além de fazer campanhas em inícios de partidas. É clássica a cena dos jogadores corinthianos entrendo em campo com a faixa “ganhar ou perder, mas sempre com democracia”.
Seria nesse período que o jovem começaria a ficar visado também pelos “problemas” fora de campo, já que seria um alvo da ditadura militar. E o estilo de vida do jovem na época, já envolto com as drogas, era sempre alvo de especulação e abordagens policiais.
RITA VC FOI A MULHER QUE COLOCOU SAIAS NESSE TAL DE ROCK AND ROLL.
— Walter Casagrande Jr (@wcasagrandejr) May 10, 2023
1984: Fim de era de ouro Com a saída de Casão e Sócrates
Em 1984, Walter Casagrande foi emprestado ao rival São Paulo FC, isso depois de ser criticado pelo técnico Jorge Vieira por conta de seu estilo de vida boêmio. Também era a deixa para a diretoria corintiana dar um fim nos “resquícios” da Democracia Corinthiana. Sócrates havia acertado com a Fiorentina, da Itália, e a força da era de ouro do Timão neste início dos anos 1980 chegava ao fim.
Enquanto isso, no Tricolor Paulista, o jogador se destacou, mesmo sendo improvisado para atuar mais recuado, muito por conta da presença do atacante Careca, então melhor atacante do futebol brasileiro. Porém, a passagem pelo São Paulo foi rápida.
Acerta seu retorno ao Corinthians, e na equipe alvinegra permanece até 1986, quando acaba vendido ao Porto. Ainda retornaria em 1994, mas apenas para encerrar sua carreira no Timão.
Ainda um jovem, aos 23 anos de idade, Casagrande era um dos principais jogadores do futebol brasileiro, tendo boa participação na Copa do Mundo de 1986, ainda que reserva. Dessa forma, foi contratado pelo FC Porto, pelo valor de 1 milhão de dólares na época, sendo a maior contratação do futebol português.
Porém, todo investimento acabou não se justificando. Estava bem no clube, mas uma lesão no joelho o fez perder a reta final da temporada 1986-87, quando o Porto, inclusive, venceria a Liga dos Campeões do mesmo ano. Ficaria, dessa forma, pouco tempo em Portugal, tendo atuado apenas em nove partidas, com dois gols.
Uma fratura na fíbula atrapalhou o que poderia ser uma passagem memorável do jogador no Porto.
Atacante vai para Itália buscar recomeço na carreira
Em baixa, Walter Casagrande Jr opta por um recomeço e acerta com o Ascoli, da Itália, onde fica entre 1987 e 1991. Time de 2ª dvisão no período, o atacante entrou em campo por 96 oportunidades, marcando 43 gols e sendo o artilheiro da Série B no Calcio na temporada 1990-91.
Após sucesso no Ascoli, Casagrande jogador foi contratado pelo Torino, uma tradicional equipe do futebol italiano, e novamente vai bem. Entre 1991 e 1993, foi vice-campeão da Taça da UEFA 1991-92, além de vencer a Copa da Itália 1992-93.
Casagrande jogador no Torino:
64 jogos
29 gols
1993: Retorna ao Brasil para jogar no Flamengo
Casagrande com a camisa do Flamengo – Foto: Reprodução Internet
Após passagem de quase sete anos em território europeu, Casagrande opta pelo retorno ao futebol brasileiro. E o destino escolhido é o Flamengo, então campeão brasileiro em 1992, e comandados pelo veterano Maestro Júnior.
No time carioca Casagrande consegue ter uma boa sequência e vai bem fazendo dupla de ataque com outro contemporâneo, Renato Gaúcho. Anota oito gols em 35 jogos disputados, porém, o atacante balançou ao enfrentar o Corinthians e ver a Fiel Torcida pedir o seu retorno.
E após rápida passagem no Timão, mas já sem conseguir ter um bom desempenho físico, tem passagens pelo Paulista de Jundiaí e no São Franciso da Bahia, até se aposentar em 1996.
Casagrande na seleção brasileira
Vivendo ótimo momento com a camisa do Corinthians, Walter Casagrande foi convocado por Telê Santana para atuar nas Eliminatórias da Copa do Mundo em 1985. Era uma época que as eliminatórias eram disputadas de maneiras mais rápida e em divisão de grupos. Dessa forma, o jogador foi importante durante o caminho para o mundial de 1986.
Classificado para a Copa de 1986, quando o mundo conheceria o gênio Diego Maradona. Porém, durante o torneio Casão foi utilizado apenas na fase de grupos. A partir das oitavas de final, Telê Santana optou por usar veteranos como Sócrates e Zico, e o atacante não saiu mais do banco de reservas, com o Brasil eliminado pela França, nas quartas de finais, nas penalidades máximas.