Flamengo galáctico de 1995.
Índice
Galácticos foi uma expressão cunhada pelo grande Real Madrid no final dos anos 1990, e início dos anos 2000 que, além de já possuor um dos melhores times do mundo, ainda contratava os melhores jogadores para formar um time, pelo menos no papel, de outro mundo. Em uma base que já tinha Casillas, Hierro, Roberto Carlos e Raul, chegaram Luis Figo, Zinedine Zidane, Ronaldo e David Beckham, entre outros. Porém, quando todos estes galácticos se juntaram, acabou não dando tão certo.
Neste artigo vamos voltar a nossa atenção ao Brasil, mais precisamente ao futebol brasileiro, para listar alguns dos times galácticos, ou “seleções”, que se formaram no país, mas também acabou não dando tão certo.
Em 1984, com a venda de Sócrates para a Fiorentina/ITA, se encerrava a marcante fase da Democracia Corinthiana. Contudo, com a negociação, o Corinthians conseguiu um bom dinheiro e pode investir em novos reforços, além de manter alguns dos seus principais craques. Dessa forma, o elenco do Corinthians para 1985 se tornaria um verdadeiro esquadrão.
Do goleiro para o atacante, o Timão investiu e trouxes jogadores como o goleiro Carlos (que seria titular na Copa de 1986), além de outros como, entre os mais conhecidos como Hugo De Leon, Dunga e Serginho Chulapa. Isso para um time que já tinha jogadores como Wladimir, Casagrande, Biro Biro e Zenon. E se no papel se mostrava um timaço, dentro das quatro linhas o tie não correspondeu às expectativas da Fiel Torcida.
No Campeonato Paulista, por exemplo, o Corinthians não conseguiu se classificar para a fase semifinal da competição, caindo ainda na primeira fase. Já no Campeonato Brasileiro 1985, a equipe alvinegra caiu ainda na segunda fase, e dentro de um grupo considerado mais frágil: com Joinville/SC, Sport/PE e Coritiba. Com tantas decepções, naquele ano somente conquistaria a Copa das Nações, competição de caráter amistoso, realizada em Los Angeles.
Em 1993, o Atlético Mineiro fez a pior campanha no Campeonato Brasileiro daquele ano, e só acabou não sendo rebaixado porque, na ocasião, não havia descenso para equipes pertencentes ao Clube dos 13. Por conta disso, para a temporada de 1994 o Galo não poupou esforços e foi atrás de jogadores “grandes” para tirar a impressão ruim do ano anterior.
Neto, Éder Aleixo, Renato Gaúcho, Gaúcho, Darci, Adilson Batista e Luís Carlos Wink foram os contratados, na expectativa de montar um dos maiores times na história do Atlético/MG. Á época, esse esquadrão ficou conhecido como “Selegalo”. Seleção essa que acabou sendo uma decepção para os torcedores atleticanos. Logo no Campeonato Mineiro, o Atlético/MG já deixou a desejar nos clássicos contra o Cruzeiro EC, além de ainda ver o rival ser campeão com 10 pontos de vantagem.
Já no Campeonato Brasileiro 1994, e já sem algumas das estrelas, como o Craque Neto, a equipe voltou a nutrir esperança na torcida, ao chegar na semifinal da competição. Mas a eliminação para o Corinthians não disfarçou a decepção. E com esse desfecho não teve jeito, era o fim da era daquele Selegalo, que contou com muitos problemas de relacionamento entre jogadores medalhões que queriam dominar o vestiário.
O radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, treinou o Flamengo de Sávio, Romário e Edmundo em 1995
Definiu seu esquema tático "Esses números de esquema tático (4-4-2, 4-3-3) parecem número de bonde aqui do RJ. É simples: com a bola o time ataca, sem a bola o time defende". pic.twitter.com/ScLeh4aOch
— Futebol Br anos 90 (@futbr90s) May 14, 2021
Em janeiro de 1995, o CR Flamengo conseguiu o que poucos acreditavam: contratar o melhor jogador do mundo na ocasião. O Baixinho Romário havia acabado de comandar o Brasil na conquista do tetracampeonato, escolhido como o melhor jogador do mundo, além de ser a grande estrela do badalado Barcelona, de Johan Cruyff. Porém, decidiu abandonar tudo para retornar ao Rio de Janeiro.
Contudo, se enganava quem pensava que a contratação de Romário naquele 1995 seria a única notícia bombástica naquela temporada. Já com um jovem Sávio, como grande craque e uma das maiores promessas do futebol brasileiro, o Flamengo ainda decidiu trazer outro polêmico e craque atacante: Edmundo.
Melhor jogador do Brasil nos últimos anos, quando surgiu como uma explosão no Palmeiras bicampeão brasileiro (1993 e 1994), Edmundo se mostrava como um parceiro ideial para Romário. Isso sem contar que o time seria comandado pelo principal técnico brasileiro na época, Vanderlei Luxemburgo.
Apesar da expectativa, na prática, esse time não funcionou como o esperado. A derrota para o Fluminense, no fatídico gol de barriga de Renato Gaúcho, na final da competição, foi o primeiro balde de água fria naquele potente esquadrão rubro-negro. Na sequência, a equipe não empolgou no Campeonato Brasileiro 1995, com uma das piores campanhas no torneio. A explicação para esse super time não ter dado certo são várias.
Além dos dos problemas internos entre as principais estrelas, casos de Romário, Luxemburgo e Edmundo, a parte administrativa também não ajudou muito, não conseguindo manter o elenco unido e organizado.
Com os anos 1990 considerado aquém das expectativas, o novo presidente do Santos Futebol Clube, Marcelo Teixeira, passou a fazer contratações bombásticas para a temporada de 2000. Chegaram jogadores já consagrados como o goleiro Carlos Germano, os zagueiros Carlos Galván e Márcio Santos, Freddy Rincón, Valdo, Valdir Bigode e a cereja do bolo, o animal Edmundo.
Já estavam presentes outros importantes jogadores do clube como Robert e Dodô. Além de jovens que já estavam no elenco, e anos mais tarde viriam a se consagrar como Fábio Costa, Renato, Léo e Paulo Almeida.
Naquele ano 2000, até que fizeram um bom primeiro semestre, sendo derrotados na final do Campeonato Paulista para o Sao Paulo de Rogério Ceni, Raí e França. Porém, a decepção maior viria no segundo semestre, quando terminaram o Campeonato Brasileiro 2000 no 18º lugar. Problemas dentro e fora de campo se tornaram constantes, ainda mais pelo clube não conseguir deixar os salários em dia.
Anos depois, o atacante Dodô, então grande ídolo na torcida no período, disse também que, um dos principais problemas daquela equipe não ter dado certo foi por conta do técnico Carlos Alberto Parreira, que não tinha pulso para comandar os estrelados jogadores.
Cinco anos depois do “Melhor Ataque do Mundo” não ter dado certo na Gávea, o Flamengo voltou a fazer uma série de contratações para chocar o futebol brasileiro. Já com notáveis jogadores no elenco como Clemer, Iranildo, Juan, Leandro Ávila e Beto, além de jovens como Athirson, Júlio César e um jovem Adriano (que mais tarde seria conhecido como Imperador), chegaram Petkovic, Alex, Vampeta e Denílson.
Com um verdadeiro e forte time, o torcedor rubro-negro vivia período de vacas magras, com seca de títulos de nível nacional. E aquele ano as coisa até que começaram bem, com a conquista di bicampeonato do Campeonato Carioca. Mas o restante da temporada seria somente ladeira abaixo. Nas competições mais importantes, no Campeonato Brasileiro e a Copa Mercosul, fez péssima campanha.
Sobre esse time, os jogadores que atuavam na época diziam não haver organização, além de salários atrasados.
Em 2002, os dirigentes do São Paulo FC surpreenderam ao contratar o meia Ricardinho, então campeão do mundo com a seleção brasileira e destaque no arquirival Corinthians. Em um já forte time que tinha, entre outros, Rogério Ceni, Julio Baptista, Kaká, Luis Fabiano e Reinaldo, não demorou muito para surgirem as comparações com o então galáctico Real Madrid.
E essa força se demonstrou principalmente no segundo semestre de 2002, quando liderou de cabo a rabo a primeira fase do Campeonato Brasileiro, terminando na 1ª colocação e muito a frente dos rivais. O quarteto de ataque formado por Ricardinho, Kaká, Reinaldo e Luis Fabiano pareciam uma máquina de marcar gols e, até então, imbatíveis. Porém, a decepção veio já nas quartas de final, contra o então 8º colocado Santos, de Robinho e Diego que, ainda jovens, despertariam para o futebol brasileiro naquela fase final de Brasileirão, levando o Peixe até a conquista para cima do Corinthians.
A derrota e eliminação foi um balde de água fria que logo colocou algumas rivalidades internas como ponto principal do desmanche. Além disso, Kaká seria negociado com o Milan, e Ricardinho também optaria por sair por não sentir prestígio de clube e torcedores.
Quando RIVALDO foi anunciado no @Cruzeiro para jogar com Alex, me iludi de imediato: seríamos campeões de tudo em 2004.
Não durou nada; ele não jogou nada aqui e nem teve tempo de se adaptar.
Decepção resume.Hoje é aniversário dele.
Saúde!#NosSomosOCruzeiro pic.twitter.com/QhZFmtC383— Rogério Lúcio (@rogeriolucio77) April 19, 2021
O Cruzeiro de 2003 é considerado um dos times mais vitoriosos na recente história do futebol brasileiro. Sob comando de Vanderley Luxemburgo e Alex, naquele ano a Raposa conquistaria a famosa Tríplice Coroa – Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Em um time fantástico que tinha, entre outros, Gomes, Maicon, Maldonado, Luisão, Deivid, Aristizábal, imagine acrescentar um gênio como Rivaldo? Mas como nada é fácil, a passagem de Rivaldo no Cruzeiro foi uma eterna decepção.
Favorito para conquistar mais uma Copa Libertadores da América, o sonho cruzeirense começou a virar pesadelo com a queda logo as oitavas de finais da competição. Rivaldo não teria vida longa no time de Belo Horizonte e após 11 partidas e dois gols decidiu deixar a Toca da Raposa rumo ao futebol grego.
A temporada não seria nada boa para o Cruzeiro e aquele fantástico time de 2003 também seria logo desfeito, com Vanderley Luxemburgo desembarcando em Santos, onde seria novamente campeão brasileiro, e Alex partindo para a Turquia, onde se tornaria um Deus no Fenerbahce.
Eternos rivais desde os tempos de CR Flamengo, Edmundo e Romário reeditaram a polêmica parceria que também se daria no Vasco da Gama, em 2000. E, no ano de 2004, sob forte influência da Unimed como patrocinadora do clube, o Tricolor das Laranjeiras acreditou que poderia unir os atacantes novamente.
Em um time que também tinha jovens promissores como Roger Flores, Diego Souza, Arouca e Léo Moura, além do meia Ramón, ex Vasco da Gama. Mas, assim como a relação entre Romário e Edmundo, a equipe também não deu química, com um vestiário conturbado que nenhum treinador foi capaz de dar jeito. Tanto é que três técnicos passaram pelo Fluzão em 2004: Valdir Espinosa, Ricardo Gomes e Alexandre Gama.
Com um time desajustado, os resultados não vieram e naquela temporada o Fluminense bateu na trave tanto na Taça Guanabara, quanto na Taça Rio. Na Copa do Brasil a equipe também decepcionou e caiu ainda nas oitavas de finais para o Grêmio. No Campeonato Brasileiro 2004 terminou no modesto 9º lugar. Após um decepcionante ano de 2004, Romário e Edmundo deixaram as Laranjeiras.
Após um conturbado ano de 2004, para 2005 o Corinthians cehgou forte e com a nova parceria da MSI, do polêmico Kia Joorabchian como homem forte dos negócios. Um elenco forte e estrelado foi formado, com valores considerados fora do normal até então, no futebol brasileiro. Foram contratados para aquele ano de 2005 nomes como Roger Flores, Carlos Alberto e Nilmar, além dos argentinos Javier Mascherano e Carlos Tevez. Esse último ex-Boca Juniors e uma das maiores revelações do futebol argentino.
E se em 2005 tudo ocorreu bem, foram campeões brasileiros em meio a algumas polêmicas por conta de um escândalo de arbitragem, para 2006 o time se mostrava ainda mais forte na busca da inédita Copa Libertadores da América, com o retorno dos ídolos Ricardinho e Marcelinho Carioca.
Porém, o elenco estrelado já se mostrva rachado, com muitos problemas entre as principais estrelas, com as famosas panelinhas. A queda nas oitavas de final da Libertadores foi o ínicio do fim, de um ano que se mostraria complicado ao Corinthians. Terminando na modesta 6ª posição do Campeonato Paulista, o time correu riscos de rebaixamento no Brasileiro 2006, sendo salvo por uma surpreendente arrancada na reta final, terminando na 9ª colocação.
O desastre da administração foi tamanha que, um ano depois e já desmantelado sem os principais jogadores e por uma parceria que deixou o clube a ver navios, o Corinthians acabaria rebaixado para a 2ª divisão do Campeonato Brasileiro.
Falar em grandes seleções brasileiras pode ser redundante, já que o escrete canarinho é a maior seleçao na história do futebol mundial, com equipes que encheram os olhos dos torcedores com um futebol envolvente e mágico. Porém, também com a seleção brasileira algumas decepções foram maiores, tamanha era a qualidade do time pentacampeão mundial.
🇧🇷Seleção Brasileira de 1982 pic.twitter.com/0hcOSPvzZz
— Memórias Do Futebol (@MemoriasFutebol) October 8, 2018
Telê Santana é considerado um dos maiores treinadores na história do futebol brasileiro. Um terinador que sempre priorizou o futebol ofensivo e o fair play. O mestre Telê teve duas oportunidades de disputar a Copa do Mundo com a seleção brasileira, mas uma foi especial e ficaria marcada para sempre.
Na Copa do Mundo de 1982, realizada na Espanha, o time brasileiro começou com tudo a competição, encantando torcedores, mostrando que nada poderia parar aquela máquina que contava com, entre outros, Júnior, Leandro, Falcão, Sócrates e Zico. E todo o favoritismo pode ter feito a seleção perder um pouco o foco, sendo superados na fase final pela Itália de Paolo Rossi.
Em 2006, a seleção brasileira era a ntão campeã do mundo e ampla favorita para conquistar o hecampeonato mundial. O time ainda contava com alguns dos heróis de 2002, como Cafú, Roberto Carlos, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho. E junto a esses últimos dois, para formar a linha de ataque, ou melhor, o “quadrado mágico”, Kaká (dessa vez titular) e o Imperador Adriano – que vivia a melhor fase na carreira. Esses quatro eram considerados os melhores do mundo nas respectivas posições e a esperança da torcida brasileira era gigante.
Era uma seleção muito forte, e que ainda tinha nomes como Dida, Lúcio, Juan, Zé Roberto, Juninho Pernambucano e Robinho. Se levássemos em conta somente os nomes no papel, talvez não tivesse para ninguém, mas a verdade é que o time, comandado por Carlos Alberto Parreira, estava desbalanceado.
Roberto Carlos, Cafú e Ronaldo Fenômeno já estavam na fase final do auge deles como atleta, além de haver um clima de oba-oba por parte da imprensa e torcedores, que os jogadores pareciam ter absorvido na preparação para o mundial-2006. Em campo, o que se viu foi um time desajustado e sem intensidade, com jogadores desinteressados. O resultado disso foi a eliminação para a França de Zinedine Zidane, nas quartas de finais da competição, pelo placar de 1 a 0, gol de Thierry Henry.