Seria esta o maior time de todos os tempos? 

Considerado por muitos o maior time de todos os tempos, o Santos de 1962, que contava com Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, conquistou o mundo pela primeira vez. E na ocasião, o alvinegro praiano não bateu qualquer equipe na disputa do Torneio Intercontinental, mas sim o Benfica do “Pantera Negra” Eusébio; 

Em dois jogos de tirar o fôlego, o Peixe mostrou ao mundo do que era capaz, no caso de alguém ainda duvidar da capacidade daquele time. No primeiro jogo, a equipe da Vila Belmiro bateu os portugueses pelo apertado placar de 3 a 2, mas na volta fez um dos melhores jogos de sua história em pleno Estádio da Luz, ao vencer de goleada, por 5 a 2.

Quem era o time do Santos em 1962?

A história daquele mágico time do Santos de 1962 tem suas origens há 10 anos, com a chegada do volante Zito ao clube. Ele foi o primeiro jogador que formou aquela incrível geração e também se tornou o capitão daquele time. 

Pouco depois, em 1954, quem chegou foi o técnico Lula, e a partir dali, o time do Santos passou por constantes mudanças em seu elenco. Sob a chancela do treinador, o Peixe passou a investir em jovens jogadores das categorias de base, e também em craques promissores de outras equipes. 

Club Santos 1962 de fútbol
Arriba: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar y Mauro. Agachados:Dorval,Mengálvio,Coutinho,Pelé y Pepe
Qué foto! Qué equipo! pic.twitter.com/j6FUqVBazQ

— PANTERA (@Chileno_Rockero) October 23, 2020

Já no mesmo ano da chegada de Lula, o Peixe revelou nada menos que o ponta-esquerda Pepe, que se tornou um dos expoentes daquela equipe. Dois anos depois, mais duas lendas chegaram à Vila Belmiro, como Dorval, que vinha do modesto Força e Luz do Rio Grande do Sul, além do maior jogador de todos os tempos, Pelé, que vinha da base do Bauru. Já em 1957, quem chegou foi Dalmo, do Guarani, e no ano seguinte, foi a vez de Coutinho ser revelado pelo alvinegro praiano. 

Aquele forte time do Santos viria a se completar no início dos anos 1960, com as chegadas do goleiro Gilmar, do Coringa Lima, que atuava em várias posições, dos zagueiros Calvet e Mauro, além do meio-campista Mengálvio.

Copa Libertadores da América 1962: Santos FC é campeão pela 1ª vez!

Antes das suas primeiras conquistas internacionais, aquele icônico time do Peixe começou empilhando taças no cenário nacional. Logo de cara, a equipe conquistou o Campeonato Paulista de 1955, competição que voltaria a conquistar de maneira quase consecutiva até o ano de 1969. Nesse meio tempo, o Santos FC também faturou o Torneio Rio-São Paulo de 1959 e a Taça Brasil de 1961 e 1962. 

Após sua consolidação nacional, o Santos faturou o seu primeiro título internacional de maneira oficial, a Copa Libertadores 1962. Na ocasião, o Peixe bateu o Penãrol do equatoriano Albert Spencer em uma decisão realizada em três partidas.  

No primeiro jogo, o alvinegro praiano venceu os uruguaios no Estádio Centenário em Montevidéu pelo placar de 2 a 1. Porém, na sequência, perdeu em plena Vila Belmiro pelo resultado de 3 a 2, sendo obrigado a fazer um terceiro jogo no Monumental de Nuñez na Argentina. No último jogo, não teve jeito, a América sucumbiu ao talento das joias santistas, que bateram o Peñarol pelo acachapante placar de 3 a 0.

Em 1962, quem era o fantástico Benfica?

A 2 de maio de 1962, o Benfica derrotava por 5-3 o poderoso Real Madrid de Di Stéfano e sagrava-se bicampeão europeu.

59 anos do maior feito da história do futebol português. pic.twitter.com/lPHFdsL7o9

— Militância Benfiquista (@1904Militancia) May 2, 2021

Se do lado de cá do Atlântico o Santos era o melhor time de 1962, do lado de lá, o SL Benfica encantava a Europa. Com um time base que contava com o goleiro Costa Pereira, Mário João, Germano, Ângelo; Cruz, Cavém; Coluna, Eusébio, José Augusto (Santana), Simões e Águas, os encarnados comandados pelo húngaro Béla Guttmann conquistaram a Liga dos Campeões. 

Como não poderia ser diferente, Eusébio era a grande estrela daquela equipe, que inclusive, comandou o Benfica na grande decisão contra o Real Madrid de Ferenc Puskás. Foi o próprio Pantera Negra que anotou dois gols em vitória por 5 a 3 diante dos Merengues no Estádio Olímpico de Amsterdã.

Por que Santos e Benfica fizeram a final da Copa Intercontinental?

En 1961 Peñarol conquistó la primera de sus 3 Copas Intercontinentales, torneo en el que los aurinegros dominan el palmarés empatados en lo más alto con AC Milan, Real Madrid, Boca Juniors y Nacional. #futbol #OdioEternoAlFutbolModerno#AgainstModernFootball #Peñarol pic.twitter.com/5pIz29H5JC

— Odio Eterno Al Fútbol Moderno (@odiofutbolmoder) July 29, 2021

Em 1951, junto com a FIFA, a CBD criou a Copa Rio, uma competição internacional que reunia os melhores times do mundo em dois grupos de quatro. Na ocasião, o Palmeiras foi o grande campeão, ao bater a Juventus/ITA na decisão, em um período em que os brasileiros ainda enxugavam as lágrimas por conta do Maracanaço. 

No ano seguinte, com influência do Fluminense, que completava 50 anos de história, a segunda edição da Copa Rio foi realizada. Mesmo sem o aporte da prefeitura do Rio de Janeiro e da CBD, o torneio reuniu algumas equipes de destaque, como Peñarol, Sporting e Corinthians. Os tricolores cariocas foram os grandes campeões, ao baterem os alvinegros paulistas na grande decisão. 

Após oito anos de hiato, a UEFA, junto com a CONMEBOL, resolveu criar uma competição onde reunia ambos os campeões continentais, já que a Liga dos Campeões foi criada em 1955 e a Libertadores em 1960. Sendo assim, foi criado Torneio Intercontinental ainda em 1960, com o Real Madrid de Ferenc Puskás e Di Stefano contra o Peñarol de Spencer. Num formato em partidas de ida e volta, os espanhóis levaram a melhor ao empatarem o primeiro jogo em 0 a 0 no Uruguai e ao vencerem por 5 a 1 no Santiago Bernabéu.

Pelé vs Eusébio: Como foi esta disputa?

#FOTO VINTAGE
Eusebio 3-2 Pelé
Partido amistoso jugado en París un 25 de junio de 1961. pic.twitter.com/bWDFXsdfrH

— Córner Magazine (@CornerZine) September 21, 2015

Em 1962, a América tinha Pelé como o jogador de destaque, em pleno auge da carreira e com dois títulos de Copa do Mundo nas costas. Enquanto isso, na Europa, o grande craque era Eusébio, que além de ter conquistado a Liga dos Campeões naquele ano, empilhava diversas taças em Portugal como protagonista. 

Em questão de números, além de títulos, o desempenho individuais de ambos os jogadores também era impressionante. Para se ter uma ideia, antes da disputa do Torneio Intercontinental, Pelé já havia anotado 68 gols, contando partidas oficiais e não-oficiais, enquanto Eusébio já havia marcado 50 tentos. Com tudo isso, a expectativa por um embate dos dois craques era enorme!

No Maracanã, Santos vence 1ª partida com placar apertado

Com um Maracanã lotado contando com mais de 85 mil torcedores, entre santistas e admiradores daquele fantástico Santos, a expectativa era um jogaço cheio de gols. Até porque, as duas equipes finalistas tinham características de jogo bastante ofensivas, com a mesma formação tática, o famoso 4-2-4, que estava em moda na época, implementado pelo próprio Béla Guttmann, treinador do Benfica, enquanto esteve no Brasil. 

Com a bola rolando, as duas equipes não decepcionaram, mas o Santos mostrou superioridade e venceu pelo placar de 3 a 2, com destaque para Pelé. O Rei do Futebol roubou a cena do jogo e anotou dois gols, aos 31 minutos do primeiro tempo, e já aos 40 minutos da segunda etapa. Coutinho completou o placar para o Peixe, ao balançar as redes aos 19 do segundo tempo, enquanto o atacante Santana anotou os dois gols que deram esperanças ao Benfica. 

Santos 5×2 Benfica: O Maior Jogo na História!

Eusebio, o 2º maior jogador português da história, assiste sentado os Santistas comemorarem o título de Campeão Mundial de 1962.

Santos 5×2 Benfica pic.twitter.com/mCAIJT3W3K

— Imagens do Santos (@SantosEmImagens) February 15, 2022

Por conta dos dois gols marcados por Santana, os portugueses se inflaram de confiança para o segundo jogo contra o Santos. Tanto que até mesmo começaram a vender ingressos para a partida de desempate aos seus torcedores. E mesmo que parecesse exagerado, a confiança dos adeptos do Benfica tinha fundamento, já que a equipe jamais havia perdido no Estádio da Luz, inaugurado em 1954. 

Contudo, toda a esperança dos portugueses foi por água abaixo, já que o Santos era um time fora do comum. Inspirado, Pelé tratou de anotar dois gols até os 25 minutos do primeiro tempo. Coutinho anotou o terceiro gol no finalzinho da primeira etapa, e o próprio Rei do Futebol fez o seu hat-trick na partida já aos 19 minutos do segundo tempo. Para completar o espetáculo, Pepe anotou o quinto gol santista, deixando os torcedores do Benfica de queixo caído. Eusébio e Santana anotaram um gol cada para o Benfica antes do fim do jogo, mas era tarde, o Santos era campeão!

Santos de 1962 foi o melhor time da história?

Em sua história, o Santos já realizou diversos jogos inesquecíveis, dentre eles, o maior jogo do mundo contra o Botafogo/RJ de Garrincha, Nilton Santos, Zagallo e cia, na final da Taça Brasil de 1963. Sem contar com as decisões da Copa Libertadores de 1962 e 1963, contra Peñarol e Boca Juniors, respectivamente, além das finais do mundial interclubes contra o Milan em 1963. 

Porém, por mais que esses jogos sejam históricos, nenhum deles se comparam ao jogo do Santos contra o Benfica no Estádio da Luz no Torneio Intercontinental de 1962. Até poque, na época, o Peixe não apenas venceu, como também goleou o melhor time da Europa e lhes tirou a invencibilidade do estádio desde sua fundação.

Santos ainda seria campeão mundial em 1963!

Depois da primeira conquista da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes no ano de 1962, aquele fantástico time do Santos Futebol Clube DE 1962 ainda se consagraria, novamente, na temproada seguinte. E como em 1962, no ano de 1963 o Peixe conquistaria também a quadrupla coroa da história com os títulos do Campeonato Brasileiro, Torneio Rio-São Paulo, Libertadores e Mundial. Este último, agora contra o Milan.

Pouco depois, o time de Vila Belmiro voltou a vencer o título brasileiro nos anos de 1964, 1965 e 1968, além do Torneio Rio-São Paulo em 1964 e 1966. Já no Campeonato Paulista, o domínio do Peixe era constante, com as conquistas da competição em cinco ocasiões entre os anos de 1964 e 1969.