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A junção de duas das coisas que os brasileiros mais gostam, o Futebol de Praia sempre esteve presente nas areias do país, porém, de maneira informal e mais como entretenimento entre amigos. Foi, a partir dos anos de 1990, sob a regência do Maestro Júnior, que há pouco havia encerrado sua carreira nos gramados, que a modalidade passou a tomar novos rumos de popularidade no Brasil, para também chamar a atenção do mundo.
Característica de muitos jogadores do Brasil, principalmente aqueles que atuam no Rio de Janeiro, Júnior nunca escondeu seu gosto pelas praias cariocas, espaço onde também utilizava para se manter em forma, seja jogando futevôlei ou futebol na praia. E ao encerrar a carreira em 1993, após ser o melhor jogador do Brasil em 1992, quando levou o CR Flamengo ao título do Campeonato Brasileiro, se retirou dos gramados para se dedicar a popularização do Futebol de Areia.
E aqueles anos da década de 1990 foi, sem sombra de dúvidas, os mais importantes para esta popularização, de um esporte ainda novo, que teria seus principais eventos da seleção brasileira nas telas da Globo, durante as manhãs de domingo. Júnior seria a maior estrela, mas ele contaria com a parceria de craques dos gramados como, ninguém menos, do Galinho Zico, Claudio Adão, Edinho e entre outros. Até mesmo Edmundo, em seu auge como atleta, participaria dessa festa.
O futebol de areia, ou como se popularizou, Beach Soccer, começou a ser praticado no Brasil em meados da década de 1930, no Rio de Janeiro. A partir daquele período seria muito comum que as pessoas começassem o jogar uma bola nas areias cariocas, sendo o centro deste esporte a praia de Copacabana.
Essa prática tornou-se popular nas décadas seguintes, sendo, inclusive, o início de muitos dos futuros jogadores de futebol. Nos anos 1960, alguns campeonatos de Beach Soccer passaram a ser disputados no Rio de Janeiro e em Santos, de maneira amadora. Porém, nos anos 1970, o futebol de areia entrou em declínio, após constante onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro.
Dessa forma, a prática do Beach Soccer ficou restrita para poucos, e um dos que sempre esteve presente nas areias foi Léo Júnior. Nascido na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, no ano de 1954, se mudou aos 5 anos de idade para o Rio de Janeiro, junto de sua família. Assim conheceu o futebol nas praias da cidade maravilhosa e, com apenas 9 anos, passou a integrar o Juventus, time de futebol de areia em Copacabana. Seu talento era tanto que não demoraria para chamar a atenção de grandes clubes.
Aos 17 anos foi fazer um teste no CR Flamengo, e lá ficaria até se profissionalizar e onde criaria as maiores raízes dentro do futebol profissional. Com grandes habilidades, iniciou atuando como volante, depois passou para a lateral-direita, mas se consagrou na lateral-esquerdo do time Rubro-Negro e também da seleção brasileira.
Como grandes craques que atuaram e fizeram carreiras no futebol carioca, Júnior sempre foi visto nas praias do Rio de Janeiro jogando futebol de areia e futevôlei com os amigos. Mas foi no final de sua carreira, já no retorno ao Flamengo em 1989, após passagem pelo futebol italiano, que ele passou a atuar com maior frequência o futebol na praia.
✨ The award go to…Junior!!
🏆 Winner of the #BeachSoccerLegend: JUNIOR (@BrBeachSoccer 🇧🇷)
📺 You can watch the Gala live on: https://t.co/E6Zy6ku21t#BeachSoccerStars #beachsoccer #Dubai @DubaiSC pic.twitter.com/RsvRVlg6pp
— BeachSoccerWorldwide (@BeachSoccer_WW) November 9, 2019
Foi quando o amigo italiano de Júnior, Giancarlo Signorini, viu o Maestro praticando a modalidade nas praia, e ficou encantado. E foi em meio a esta empolgação, que o italiano resolveu investir no futebol de praia, buscando algo mais profissional e oficial, com regras. Dessa forma, ele fundou a Beach Soccer Worldwide em 1992, sendo a primeira federação reguladora da modalidade no mundo. Lembrando que quatro anos antes, em 1988, a Confederação Brasileira de Beach Soccer já havia sido criada, mas em nível nacional.
E a importância de Júnior na popularização do futebol de praia foi além de sua participação como jogador, já que ele se tornou também um consultor na regulamentação do esporte. Muitas das regras passaram pelo crivo do Maestro.
Antes da “profissionalização” do futebol de praia, ele era realizado de forma mais informal e despretensiosa, sem ser muito apegado as regras. O esporte era praticado no onze contra onze, assim como o futebol de campo e com regras muito semelhantes. Porém, com a criação da associação do Beach Soccer Worldwide, as primeiras regras passaram a ser aplicadas, visando a boa prática desta modalidade, além de que também pudesse ser bem visto comercialmente. Dessa forma, o futebol de praia passou a ter as suas próprias regras, e a se distanciar um pouco mais do futebol de campo.
A quadra, por exemplo, passou a ter espaço entre 35 e 37 m de comprimento, além de 26 a 28 m de largura. Cada gol possui 2,20 m de altura por 5,50 m de extensão. No meio campo, a linha é demarcada por postes com bandeiras vermelhas e a linha do pênalti é demarcada com bandeiras amarelas.
Diferente do futebol de campo, a bola do futebol de praia é um pouco mais leve, embora tenha as mesmas dimensões. Além disso, ao invés de contar com onze jogadores de cada lado, o futebol de praia conta com cinco jogadores de cada lado, sendo quatro deles de linha.
Outra diferença para o futebol de campo é que o Beach Soccer tem dois juízes ao invés de um, sendo que os dois possuem a mesma autoridade. No caso de punição, cada jogador pode receber um cartão amarelo ou cartão vermelho. A novidade é que o time que tem o seu jogador expulso, pode colocar um novo jogador após dois minutos.
Inclusive, o tempo é contado em 3 períodos de 12 minutos e, quando o jogo é parado, o cronômetro também para. Em caso de empate, uma prorrogação de três minutos é disputada, seguida por pênaltis se for preciso.
Após a sua formalização, o Futebol de Praia teve o seu primeiro evento oficial no ano de 1993, na cidade de Miami/EUA. No ano seguinte, em 1994, foi realizado o mundialito entre seleções na praia de Copacabana, e que terminou com o título do Brasil.
Ainda no Rio de janeiro, foi realizada a primeira Copa do Mundo de Beach Soccer, que também terminou com o título brasileiro. Nos anos seguintes, a cada temporada uma edição do mundial era realizada e organizada pela Beach Soccer Worldwide. Até que em 2005, a competição passou a ter a chancela da FIFA, que observou o sucesso e crescimento do esporte.
Para se ter uma ideia, esse esporte tem dado tão certo que, até agora, foram disputadas 20 edições de Copa do Mundo, com dez delas organizadas pela FIFA. Inclusive, o futebol de praia se popularizou ao ponto de mais de 40 seleções terem participado dos torneios mundiais ao longo destas 20 edições.
Tido como o maior jogador de futebol de praia de todos os tempos, o Maestro Júnior foi além de um precursor da popularização do Beach Soccer. Ele também colecionou conquistas com a camisa da seleção brasileira. Grande líder da seleção naquelas primeira conquistas da Copa do Mundo, Júnior esteve presente nos títulos de 1995, 1997, 1998 e 2000. Além disso, o Maestro foi o artilheiro dos mundiais de 1997, 1998, 1999 e 2000.
Em clubes do Futebol de Praia, o Vovô Garoto (apelido que recebeu pela jovem e talentosa geração flamenguista de 1992) passou toda a sua carreira nas praias representando a equipe do Juventus, no Rio de Janeiro. Por lá, ele permaneceu até 2001, ano em que se aposentou para entrar para a história.
O Maestro recebeu diversas homenagens por sua tamanha importância no esporte. Dentre as principais a camisa comemorativa criada pela Confederação Brasileira de Beach Soccer em 2012, além de seu nome ser emprestado para a Arena do Flamengo de Beach Soccer, ainda no mesmo ano.
Além de tentar a sortes nas praias, Júnior também foi atrás de antigos companheiros para ajudar na popularização da modalidade. E entre outros como Edinho e Claudio Adão, ele conseguiu atrair o maior ídolo do Flamengo, o Galinho Zico.
Com uma seleção acima de qualquer outro nível, praticamente um esquadrão, a seleção brasileira de Beach Soccer, que já contava com atletas como Júnior Negrão e Neném, conseguiu faturar o título da Copa do Mundo de 1995 dando show. Além do título, ao bater os EUA na final por 8 a 1, Zico e Júnior foram escolhidos como os melhores jogadores, com Zico terminando como artilheiro, com 12 gols.
Moçada, meu TCC é sobre beach soccer e como a modalidade é pouco divulgada resolvi trazer notícias por aqui. Essa foto é de 1996, a Seleção Brasileira começou em 94.
Em pé: Claudio Adão, Edinho, Júnior Negão, Júnior, PauloSérgio, Zico;
Agachados: Magal, Neném, Jorginho e Renan pic.twitter.com/gG2b3BiqyG— Iury Demuner (@iurydemuner) September 25, 2019
Júnior foi tão importante para a seleção brasileira de beach soccer, pois além de ter conquistado 4 Copas do Mundo, ele abriu caminho para que novas gerações pudessem brilhar. Sendo que ainda na geração em que ele praticava, o Brasil era considerado forte, conquistando os 6 primeiro títulos mundiais, com ausência do Maestro em 1996 e 1999.
⚽️ MEMORIAS DO BEACH SOCCER ⚽️
Seleção Brasileira (2017)
Campeã da Copa do Mundo pic.twitter.com/qjCvOH9Uzu— showdoesportecom_RicardoCosta (@SRicardocosta) November 4, 2020
Nos anos seguintes, o Brasil continuou com a mesma força na modalidade, conquistando mais 8 Copas do Mundo de lá para cá. Assim, no total de conquistas do mundial, a seleção brasileira obtém 14 títulos, sendo disparado o escrete com maior número de conquistas. Em mundialitos de seleções, o Brasil também é soberano, conquistando 13 títulos da competição.
Todos esses títulos só foram conquistados graças a uma legião de grandes jogadores, que não contou apenas com jogadores que vieram do campo. Júnior Negrão, Neném, Benjamin, Buru, Robertinho e o goleiro Mão, são alguns dos craques que representaram e representam a seleção brasileira.