Copa Pelé: A Copa do Mundo de Master
Índice
- 1 Competição foi criada por Luciano do Valle
- 2 O início de tudo: a primeira seleção de másters
- 3 A importância de Luciano do Valle na criação da Copa Pelé
- 4 Brasileiros lendários foram “convocados”
- 5 Craques de outras seleções que brilharam na Copa Pelé
- 6 Copa Pelé 1987: Como foi a 1ª edição?
- 7 Outras edições da Copa do Mundo de Máster
- 8 Porque a Copa Pelé acabou?
Competição foi criada por Luciano do Valle
No final dos anos 1980, uma reunião de verdadeiras lendas do futebol passou a chamar a atenção dos amantes do futebol. A Copa Pelé, ou Copa do Mundo de Master, contou com a presença de jogadores que haviam brilhado anos e, até, décadas atrás. Torneio que teve inicio em 1987, um ano após a fatídica eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 1986, e foi justamente por conta dessa baixa da seleção brasileira que o narrador Luciano do Valle teve a ideia de montar um torneio inovador, e sem dúvida voltado aos tempos áureos do futebol brasileiro. A Copa Pelé, como ficou conhecida, reuniu jogadores lendários das principais seleções do mundo.
Durante as seis edições da Copa do Mundo de Máster, que ocorreu entre os anos de 1987 e 1995, craques históricos brasileiros como Pelé, Zico e Roberto Rivellino foram destaques. Mas os jogadores brasileiros não foram os únicos destaques destas edições que teve a presença, entre outros, do italiano Paolo Rossi, do alemão Franz Beckenbauer e Mário Kempes, craque argentino, todos campeões do mundo com as suas seleções.
E como não poderia ser diferente, e sempre com a presença de tantos craques, esta ideia foi o suficiente para lotar os principais estádios do Brasil durante a sua primeira edição. Sendo que a principal sede da Copa Pelé foi realizada principalmente em São Paulo, em estádios como o Pacaembu, Canindé e Vila Belmiro, que receberam média de público impressionantes.
Por conta disso, a própria FIFA se interessou pela competição e ofereceu sua chancela para que a mesma a partir de 1991. Tanto é que, a partir dali, o torneio foi realizado em outros países como Estados Unidos, Itália e Áustria, até que em 1995, por falta de apoio, a Copa Pelé teve a sua última edição e deixou de ser realizada.
O início de tudo: a primeira seleção de másters
Em meados dos anos 1980, o futebol brasileiro vinha de duros golpes, principalmente com as eliminações nas Copas do Mundo de 1982 e 1986. Além disso, o torcedor brasileiro via a partir daquele período alguns dos principais ídolos do futebol nacional darem adeus para atuar em alguns dos principais clubes da Europa.
“O futebol, na época, estava muito ruim. A ideia era mostrar que o Brasil ainda tinha jogadores que podiam demonstrar habilidade. As pessoas estavam ávidas por bons jogos. Os estádios eram sempre lotados. Então, começamos a enfrentar países, como Argentina e Uruguai, até que decidimos juntar seleções campeãs do mundo para a Copa Pelé”, diria anos depois o já saudoso Luciano do Valle.
Ao observar essa brecha e a fim de recuperar o orgulho do torcedor brasileiro, o lendário narrador esportivo Luciano do Valle resolveu criar uma seleção brasileira formada apenas por atletas másters, ou seja, com uma idade mais avançada. Ele teve essa ideia ainda no ano de 1984, quando montou o primeiro time de máster, que ainda demorou um pouco para engrenar, algo que viria acontecer somente em 1986.
Naquela época foram convidados grandes ex-jogadores como Djalma Dias, Gilberto Sorriso, Paulo César Carpegiani, Roberto Rivellino, Jairzinho e Cafuringa. Ambos que seriam comandados pelo próprio Luciano do Valle, fazendo diversas viagens pelo Brasil em 1986. Nesse período o selecionado brasileiro rodou o país enfrentando selecionados de times másters das mais diversas regiões do país.
Sendo assim, até por se tratar de um time muito mais forte, o Brasil Máster atropelava os seus adversários, e os desafios, dessa forma, já não pareciam assim tão difíceis, evidenciando a necessidade de um novo e maior desafio.
A importância de Luciano do Valle na criação da Copa Pelé
Em 1984, observando uma certa brecha na relação entre o torcedor brasileiro com a seleção de futebol, Luciano do Valle teve a ideia de montar uma seleção brasileira de másters. E através de sua empresa, a Luqui, o icônico narrador, sempre presente em novos desafios, inclusive nas mais diversas modalidades, utilizou de sua boa relação com ex-jogadores de futebol para reuni-los em uma seleção de veteranos.
Então, ainda no ano de 1984, o escrete brasileiro realizou alguns amistosos contra seleções de outros países e também alguns combinados. Porém, foi a partir de 1986 que os jogos da seleção brasileira de máster passou a arrastar verdadeiras multidões. E não demorou muito para o mestre Luciano do Valle ver ainda mais potencial neste seu novo “empreendimento”.
Como chefe de esportes da TV Bandeirantes, Luciano resolveu viabilizar uma competição que reunisse as principais seleções de másters do mundo. Ele conversou com Júlio Mazzei, então seu colega de trabalho a época, que reuniu grande parte dos jogadores veteranos. E não demorou muito para a ideia sair do papel, tanto é que em 1987 foi organizada a primeira Copa do Mundo de Master, ou como ficou conhecida, Copa Pelé, entrando na grade de programação esportiva da TV Bandeirantes.
A figura de Luciano do Valle na promoção do evento e na montagem da seleção brasileira foi tamanha, que ele ficou incumbido também de ser o treinador. Assim, além de ser um grande entusiasta em promover grandes eventos esportivos, o narrador também se aproveitou do seu conhecimento de futebol para ser o comandante técnico do Brasil.
Brasileiros lendários foram “convocados”
Brasil Seniors, Copa Pelé 1987 #CopaPelé #Pelé pic.twitter.com/7BiA7CBfMK
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) June 6, 2019
Ao longo de todas as edições da Copa do Mundo de Máster, a seleção brasileira contou com jogadores que fizeram história com a amarelinha ao longo de suas carreiras. A estratégia sempre foi mesclar alguns jogadores mais veteranos com outros que haviam acabado de encerrar a carreira, sendo que – sem dúvidas – o escrete brasileiro foi o que mais se destacou ao longo das seis edições da competição.
Na primeira edição, o Brasil contou com jogadores como Rivellino, Djalma Dias, Jairzinho, Cafuringa, Gilberto Sorriso, Edu, Luís Pereira e o Rei Pelé. Nas edições seguintes, o escrete teve a presença de outros craques como Éder Aleixo, Zico, Sérginho Chulapa, Wladimir, Roberto Dinamite, Claudio Adão, Dadá Maravilha, Casagrande, Paulo Isidoro e Wilson Piazza, entre outros.
Com a presença de tantos craques, a seleção brasileira sobrou em campo, tanto é que, das seis edições realizadas, o Brasil conquistou quatro. Essas conquistas levaram o torcedor brasileiro a relembrar os melhores momentos do futebol brasileiro, sempre favorita nas principais competições de seleções.
Craques de outras seleções que brilharam na Copa Pelé
Mas não foi só a seleção brasileira que levou ex e jogadores lendários para as Copas do Mundo de Máster. Durante as seis edições da competição, seleções como Argentina, Itália, Alemanha, Uruguai, Áustria e Holanda também estiveram presentes com grandes craques.
Rival histórico do Brasil no futebol, a Argentina levou para campo jogadores como o goleiro Buttice, Carlos Babington, Oscar Más, além de Mário Kempes, grande craque argentino na conquista do Mundial de 1978. Já a Itália também mesclou mais veteranos com mais jovens, e contou nas edições com Facchetti, Antonio Cabrini, Bruno Conti, Giuseppe Dossena, Alessandro Altobelli, Mazzola e o grande carrasco do Brasil no Mundial de 1982, Paolo Rossi. Outro grande rival do Brasil na América do Sul, o Uruguai teve a presença, entre outros, de Pedro Rocha, Fernando Moreno e Pablo Forlán.
Junto a essas grandes seleções, a Alemanha não ficou atrás e levou alguns de seus maiores craques de todos os tempos ao longo das edições, como o atacante Gerd Muller (então maior artilheiro na história das Copas do Mundo), Overath e Paul Breitner. Além deles, os alemães ainda contaram com Karl Rummenigge e o maior ídolo e símbolo do futebol alemão, Franz Beckenabuer.
Copa Pelé 1987: Como foi a 1ª edição?
Parabéns ao Rei do Futebol @Pele a qual graças a Deus eu tive a oportunidade de ver – pelo menos – na seleção de Masters do Brasil, comandada pelo saudoso Luciano do Valle. Como nessa foto da Copa Pelé em 1987 😊🙏⚽️🏆 Muita saúde Rei!!! Deus te abençoe!!! pic.twitter.com/3Ir2LxVyt1
— Rafael Rossi (@RafaCedrall) October 23, 2020
Após todo trabalho de organização de Luciano do Valle com a TV Bandeirantes, a Copa do Mundo de Máster enfim teve a sua primeira edição em 1987. Batizada como Copa Pelé, a competição foi realizada em sua maioria dos jogos no estado de São Paulo. Sendo assim, os estádios que abrigaram os jogos do torneio foram a Vila Belmiro, o Pacaembu, o Canindé e o estádio da USP. Além do Beira Rio, este do SC Internacional, no Rio Grande do Sul.
A competição foi realizada em formato de grupo único, com os dois primeiros colocados se classificando para a grande final. Logo na estreia, o Brasil não tomou conhecimento e venceu a Itália por 3 a 0, com gol contra de Lelli, e dos tricampeões mundiais de 1970, Rivellino e Dadá Maravilha. Inclusive, esta partida contra a seleção da Itália foi o único jogo que o Rei Pelé participou no torneio que levava o seu nome.
Na sequência do torneio o Brasil se complicou ao empatar com o Uruguai, em 0 a 0, e perder para a Argentina por 3 a 1. Contudo, e mesmo com essas baixas, o escrete brasileiro conseguiu se classificar para a final, onde teria a oportunidade de uma revanche contra a Argentina. Um dos maiores clássicos no futebol mundial, Brasil e Argentina protagonizaram a final no estádio do Pacaembu, para mais e 50 mil torcedores, e novamente os argentinos levariam a melhor. Vitória por 1 a 0, com gol de Felman.
Outras edições da Copa do Mundo de Máster
Final da Copa Pelé de 1991
Brasil 2×1 Argentina
Com a narração inconfundível de @silvioluiz e a reportagem de @DatenaOficialCampeonato de máster idealizado por Luciano do Valle, seria muito legal volta desse torneio,imagina a seleção tendo base o time 2002?#FicaDica
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A primeira edição da Copa do Mundo de Máster foi um verdadeiro sucesso, tanto é que a competição teve sua segunda edição em 1989. Ainda realizado no Brasil, o torneio voltou a contar com as principais seleções do mundo, dessa vez, também com a presença da Grã Bretanha, que não havia participado da primeira edição. E agora o Brasil terminaria como campeão da edição, ao bater na final o Uruguai, pelo placar de 4 a 2. Cláudio Adão marcou três gols na decisão, enquanto Rivellino marcou outro, para fechar a vitória brasileira. Vale citar que Adão ainda estava em atividade, tanto é que ainda jogaria naquela temporada pelo SC Corinthians.
E como as duas primeiras edições da Copa Pelé empolgaram, uma edição especial foi realizada já em 1990. Popularmente conhecida como Copa Zico, a edição foi a única a não ser realizada em um período de diferença de dois anos. Naquele ano, o Brasil conquistou o bicampeonato, dessa vez em cima da Holanda e com direito a uma goleada por 5 a 0.
Percebendo o sucesso da competição, a FIFA resolveu colocar a sua chancela e, pela primeira vez, a Copa Pelé foi realizada fora dos territórios brasileiros, e agora nomeada “oficialmente” como Copa do Mundo de Máster. Com sede nos EUA, o mundialito daquele ano de 1991 teve novamente a seleção brasileira como campeã. Na ocasião os brasileiros bateram a Argentina, por 2 a 1, com gols de Zico e Edu.
Em 1993 o torneio se mudou para a Europa, sendo realizado em conjunto por Itália e Áustria. Naquela edição, a final foi européia, com a Itália levando a melhor sobre os austríacos, ao vence-los pelo placar de 2 a 0. E já em 1995, na última edição do torneio, realizada na Áustria, o Brasil garantiu mais uma conquista e novamente em uma final contra os “hermanos” argentinos. Após empatar em 1 a 1, os brasileiros levaram a melhor nas penalidades, por 3 a 2.
Porque a Copa Pelé acabou?
A Copa Pelé teve a sua última edição em 1995. Depois disso, o torneio não foi mais realizado e acabou caindo no esquecimento. Muitos acreditam que o fim do mundial se deve pelo fato da falta de interesse do público e pela falta de patrocínio. Inclusive, a partir de 1993, o torneio havia perdido o apoio da TV Bandeirantes, e em 1995 sequer foi transmitido pela emissora. Vale lembrar, que a FIFA apenas chancelava a competição, mas não a organizava, e sem o apoio de Luciano do Valle e da TV Bandeirantes, a Copa Pelé teve o seu fim.