O que foi a Democracia Corinthiana?

Uma das mais importantes e conceituadas práticas de liberdade dentro do futebol, a Democracia Corinthiana é até hoje lembrada por como um dos principais movimentos contra a Ditadura Militar (1964-1985) no Brasil. Seu objetivo era dar voz ao elenco corinthiano nas decisões tomadas pelo clube, em uma luta por liberdade durante um dos períodos mais nebulosos da história recente do país.

Em pouco tempo de movimento, que tomava decisões desde as mais importantes, como contratação de jogadores, escalações, concentrações pré-jogo e outras regras, que eram tomadas por todos, houve uma melhora do desempenho do clube, rapidamente se tornando importante expoente de liberdade de expressão nos anos 1980. Com integrantes politizados no elenco como Doutor Sócrates, Casagrande e Wladimir, o clube teve papel fundamental na campanha das “Diretas Já” e em manifestações pelo fim do regime militar.

Lendas do Futebol tem Coleção exclusiva com camisetas da Democracia Corinthiana!

O site Lendas do Futebol vem expandindo a sua marca e, uma das ações é investir numa marca exclusiva de camisetas a história dos principais clubes do futebol brasileiro, mundial, além das grandes seleções. E para homenagear um dos momentos mais importantes da história recente – não só do futebol – como do país, temos uma seção voltada a Democracia Corinthiana. Para adquirir estas ou outras peças da nossa coleção é muito fácil e rápido. Venha conhecer a nossa loja!

Como surgiu o movimento da Democracia Corinthiana?

Historicamente, os clubes brasileiros têm em suas histórias períodos com presidentes com longos mandatos. No Corinthians a situação não era diferente, e o icônico Vicente Matheus após anos daria lugar a Waldemar Pires no ano de 1982. O novo mandatário trouxe para a direção de futebol o sociólogo Adilson Monteiro Alves, que ficou conhecido por ouvir todos os atletas e solucionar seus problemas.

Com jogadores politizados no elenco, principalmente Sócrates e Wladimir, o movimento se expandiu. Assim, todos que de alguma forma faziam parte do futebol do Corinthians passariam a ter opiniões e votar sobre as principais decisões do clube com o mesmo peso. Isso chamou a atenção em todo o país, ainda mais tendo em vista a ausência de liberdade que a Ditadura Militar colocava aos cidadãos brasileiros.

Como foi criada a marca da Democracia Corinthiana?

A nova prática em um clube de futebol, onde todos tem voz e mesmo peso em decisões importantes, chamou a atenção de um importante publicitário do país: Washington Olivetto. Ele seria o responsável por criar uma marca em torno do movimento político que ganharia notoriedade nacional.

O nome foi criado por acaso em um debate na PUC-SP com os jogadores Casagrande, Sócrates e Wladimir, envolvendo também o jornalista Juca Kfouri, além do presidente do Corinthians e de Olivetto. Ao falar do revolucionário movimento, Juca comparou a prática de liberdade alvinegra com o atual momento do país, e acabou soltando que se os corinthianos continuassem com o movimento seria criada uma “Democracia Corinthiana”

O publicitário Washington Olivetto falou ao pé do ouvido de Juca Kfouri que ele acabara de batizar o movimento. Com isso, e aproveitando da busca por um patrocinador na camisa de jogo, o Corinthians passou a usar frases políticas, uma vez que depois – depois de quase duas décadas – haveria a oportunidade de votar para representantes políticos no país em 15 de novembro de 1982. Tanto que, a primeira frase usada na camisa com a ideia de Washington Olivetto foi para promover a votação do povo, com os dizeres “Dia 15, vote”

A Democracia Corinthiana como um movimento de resistência!

Democracia Corinthiana: ação direta, autogestão e produção de subjetividades

Por André Rocha Rodrigues, na coluna do Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e de Sociabilidade (LELuS)https://t.co/f5XfBUgTky pic.twitter.com/Rmbf2PQbF7

— Ludopédio (vacine-se 🏠💉⚽️📚) (@ludopedio) June 21, 2022

Com o movimento jáconsolidado e devidamente batizado, a Democracia Corinthiana ganhou cada vez mais força dentro do clube. Mais importante ainda, foi a força que ele atingiria fora do Parque São Jorge, passando a encabeçar manifestações sociais que pediam o fim da Ditadura Militar.

A camisa da Democracia Corinthiana levou frases de cunho político, como, por exemplo: “Quero votar para presidente” e “Diretas Já!”, usadas por baixo do uniforme dos jogadores. Além de um cartaz que ficaria imortalizado na final do Campeonato Paulista 1983 dizendo “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”.

Os principais atletas se fizeram cada vez mais presentes nos comícios que pediam as Diretas Já. Aproveitando a força dos movimentos sociais pedindo a volta da democracia, e a influência dos maiores nomes do elenco, a Democracia Corinthiana foi um dos principais movimentos de resistência, e contribuiu diretamente para atrais cada vez mais pessoas na luta pela liberdade.

Homenagens a Democracia Corinthiana

A força de um movimento revolucionário como a Democracia Corinthiana é reconhecida não apenas no Brasil, mas como em diversos outros países. Dessa forma, o SC Corinthians explora até hoje a grandeza do movimento, seja na criação de novas camisas para as temporadas, ou vendendo réplicas da camisa com o logo da Democracia Corinthiana nas costas.

Em 2020, a renomada revista France Football elegeu as 50 camisas mais lendárias na história do futebol. A camisa corinthiana ficou na 24ª posição do ranking da revista francesa, mostrando sua importância na história do futebol. Em 2018 a homenagem mais recente do Corinthians para o período foi em sua camisa número 1 de jogo. Com detalhes que remetiam à camisa usada na época e com o slogan “Todos por um Corinthians”.

Legados da Democracia Corinthiana

O incentivo ao voto foi um sucesso, e usando a tipografia do logo da Coca-Cola, Washington Olivetto criou o logo da Democracia Corinthiana, com a última palavra escrita em vermelho usando a mesma fonte da Coca-Cola e com pingos da mesma cor. O logo foi imortalizado e até hoje é fácil identificá-lo em réplicas da camisa do Corinthians de 1982.

Outro legado importante da Democracia Corinthiana foi o coletivo político que existe com o mesmo nome. Com alguns integrantes de torcidas organizadas e pesquisadores importantes, o coletivo se faz presente até hoje em diversas manifestações políticas da atualidade e luta para aumentar a politização nas arquibancadas.

Doutor Sócrates: O Maior Símbolo do Movimento

O grande nome da Democracia Corinthiana certamente foi o Doutor Sócrates. O jogador, que além de tudo era médico, sempre foi um dos maiores rebeldes do futebol brasileiro. Rebelde, pois não se enquadrava no modelo de concentrações e preparo físico que as comissões técnicas impunham aos jogadores.

Mas, também por conta de seu caráter contestador e conhecimento político. Assim, foi um doa maiores jogadores tecnicamente e grande crítico do regime militar que viveu no Brasil. Participou de grandes comícios pedindo as Diretas Já, ao lado do sindicalista e também jogador do Timão Wladimir, de seu grande amigo Casagrande, Zé Maria e Zenon.

Portanto, é impossível falar de Democracia Corinthiana e não citar o Doutor. Sócrates sempre foi considerado uma pessoa justa que deu voz e ouvidos a todos que se aproximavam dele. O craque além de ser um dos maiores expoentes do movimento, comemorava seus gols levantando o punho direito para cima, até neste momento fazia seus protestos.