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O ano de 1992 foi um marco na história da Sociedade Esportiva Palmeiras. O Alviverde fechou uma parceria com a Parmalat e o já forte elenco com Mazinho, César Sampaio, Zinho e Evair era a esperança para tirar o clube de um jejum que já durava 16 anos. Ao contrário das expectativas, porém, as taças não vieram naquele ano e a angústia se tornava cada vez maior nos corações palestrinos. Em 1993, o jejum palmeirense completaria 17 anos de Campeonatos Paulistas, e 19 anos sem conquistar o Campeonato Brasileiro.
Mas aquele seria um ano histórico para o Verdão que, além de levantar titúlos, montaria um dos seus maiores times da história.
Em abril de 1992, o Palmeiras fechou uma parceria de cogestão junto à Parmalat, empresa italiana de produtos alimentícios. Era a primeira temporada do Alviverde ao lado da companhia, que chegaria para investir e muito no clube, com a promessa de novas glórias. Esta parceria se mostraria vitoriosa por muitos momentos até o ano de 2000, com muitas taças.
“Menino! Vem aqui!” Alguém sabe quem é esse menino? Acho que a foto é do jogo contra Corinthians, 8 de novembro de 1992 no Morumbi. Me lembro os nomes da metade do time, outra metade não. #Palmeiras #ManchaVerde #torcida @tqcv_sep @Palmeiras pic.twitter.com/wBk7mHVO1h
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) April 18, 2020
Na campanha do Campeonato Brasileiro 1992 o Alviverde foi irregular, terminando a competição na amarga 11ª colocação, atrás dos seus rivais do estado. No Paulistão a campanha foi mais animadora, mas ainda assim o título não chegou, ao perder para o São Paulo em uma final hsitórica, com show da trupe comandada por Telê Santana, Raí, Muller, Cafú, Zetti e cia.
Já na Copa do Brasil o Verdão cairia na semifinal, para o Internacional. A primeira temporada ao lado da Parmalat acabou sem o Palmeiras com títulos, mas com muitos pontos positivos e um dos projetos mais ambiciosos do futebol brasileiro até então.
E se o Alviverde estava com um elenco competitivo para os compromissos de 1992, a temporada de 1993 se mostraria histórica já pela chegada de jogadores que mais tarde seriam dos mais talentosos e com fantásticas carreiras. Casos do lateral-esquerdo Roberto Carlos, e dos meias atacantes Edilson e Edmundo. Também chegou o zagueiro multicampeão com o São Paulo, Antônio Carlos.
As contratações destas novas peças já mostravam que a Parmalat não mediria esforços para levar o Palmeiras novamente às grandes conquistas e ao papel de protagonista no futebol brasileiro. E para isso, uma mudança estratégica e no comando do time que se mostraria ideal. Saiu o experiente Otacílio Gonçalves, após tropeços no Campeonato Paulista 1993, e chegou o jovem Vanderlei Luxemburgo, que em 1990 levou o pequeno Bragantino à conquista do Campeonato Paulista.
O Palmeiras formou um dos elencos mais fortes para aquele ano de 1993. A base do time naquela temporada era: Sérgio, Cláudio, Antônio Carlos, Cléber e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho, Zinho e Edílson; Edmundo e Evair. Esses atletas foram cruciais nos jogos decisivos do Palmeiras neste ano de 1993.
Vanderlei Luxemburgo teve a responsabilidade de fazer o Verdão jogar bem e entregar os melhores resultados, e foi de fato o que o ele fez. Sob comando do “pofexô”, em seu auge como técnico, o Palmeiras colecionou vitórias em sequência, com muita goleadas e um futebol envolvente. O treinador, considerado um dos maiores da história do clube, viria a ganhar o bicampeonato do Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro, nos anos 1993 e 1994.
No segundo ano da parceria com a Parmalat, o Palmeiras enfim voltou a provar do gosto que apenas os títulos são capazes de oferecer. Foram três taças em 1993: com o Campeonato Paulista, o Campeonato Brasileiro, além do Torneio Rio-São Paulo. Era a queda de tabus que incomodavam e o início de uma nova era. O único torneio maior que o clube disputou e não conquistou foi a Copa do Brasil, levada pelo Cruzeiro.
No Campeonato Paulista 1993, o Alviverde teve um início instável. Nos oito primeiros jogos foram quatro empates contra equipes de menor expressão – como Rio Branco, União São João, Ponte Preta e Mogi Mirim.
Em abril, o técnico Otacílio Gonçalves caiu e chegou ao Verdão a promessa Vanderlei Luxemburgo. Com Luxemburgo à frente o time se encontrou, ganhou mais solidez , entrando em um grande momento até a conquista contra o arquirrival Corinthians, e finalmente o fim do jejum que já durava 16 anos.
O Palmeiras até foi derrotado na primeira partida da final por 1 a 0, mas na partida de volta, em um Morumbi tomado e no histórico dia 12 de junho de 1993, não deu chances para o Timão, fez 4 a 0, e levou a taça. A conquista ficaria marcada como “O Dia da Paixão Palmeirense”, por tudo o que estava envolvido. O Verdão batia seu maior rival e conquistava o título estadual depois de dezesseis anos. Era Dia dos Namorados e começava uma relação dos torcedores com aquele time que ainda daria muitos frutos.
Com um jejum de quase duas décadas sem levantar a taça de campeão Brasileiro, a última vez havia sido no ano de 1973, com a Segunda Academia do Palmeiras, as esperanças se renovaram após a conquista do Paulistão. Sem grandes mudanças para a disputa do Campeonato Brasileiro 1993, o time ainda seria reforçado com as chegadas do lateral Cláudio e do volante Flávio Conceição. A base do time era fortíssima, com nomes como o goleiro Sérgio, Cléber, Mazinho, Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho, Edílson, Edmundo e Evair.
O Alviverde teve um começo de campeonato brasileiro tranquilo, fechando sua participação no Grupo B do torneio na liderança, com 22 pontos. Na segunda fase, o Verdão somou mais pontos do que São Paulo, Guarani e Remo, para se classificar às finais onde enfrentaria a surpresa Vitória/BA. No jogo de ida, na Bahia, 1 a 0 para o Palmeiras, gol marcado pelo camisa dez e baiano Edilson.
Já no dia 19 de dezembro, no Estádio do Morumbi, mais uma vitória alviverde, agora por 2 a 0, com gols de Zinho e Evair. Caía outro tabu naquele ano de 1993, e o Palmeiras conquistava mais o Brasileirão após quase 20 anos.
Por ter se tornado o grande vencedor do Brasil naquele ano, com três conquistas na temporada, é natural que o Palmeiras passasse por grandes e complicados confrontos. O Alviverde enfrentou fortes rivais do estado e de outras regiões do país para sair das filas e retomar o protagonismo no futebol brasileiro. Jogos memoráveis da equipe palestrina que separamos aqui cinco para relembrar:
Local: Morumbi, São Paulo, SP
Data: 06 de junho de 1993
Gol: Viola
SC Corinthians: Ronaldo Giovanelli; Leandro Silva, Marcelo, Henrique, Ricardo, Ezequiel, Moacir, Neto (Marcelinho Paulista), Paulo Sérgio, Viola e Adil (Tupãzinho). Técnico: Nelsinho Baptista.
Palmeiras: Sérgio; Mazinho, Antônio Carlos, Tonhão, Roberto Carlos, César Sampaio (Jean Carlo), Amaral , Edílson, Edmundo, Maurílio (Evair) e Zinho. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Local: Morumbi, São Paulo, SP
Data: 12 de junho de 1993
Gols: Evair (2x), Edílson e Zinho
Palmeiras: Sérgio; Mazinho, Antônio Carlos, Tonhão, Roberto Carlos, César Sampaio, Daniel Frasson, Edílson (Jean Carlo), Zinho, Edmundo e Evair (Alexandre Rosa); Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Corinthians: Ronaldo Giovanelli; Leandro Silva, Marcelo, Henrique, Ricardo, Marcelinho Paulista, Ezequiel, Neto, Paulo Sérgio, Viola e Adil (Tupãzinho) (Wílson); Técnico: Nelsinho Baptista.
Local: Pacaembu, São Paulo, SP
Data: 04 de agosto de 1993
Gols: Edmundo (2x)
Palmeiras: Sérgio; Cláudio, Tonhão, Alexandre Rosa, Roberto Carlos, Amaral, Flávio Conceição, Edílson, Edmundo, Maurílio e Jean Carlo. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Corinthians: Ronaldo; Luiz Carlos Winck, Marcelo Djian, Henrique, Admílson, Márcio (Marcelinho Paulista), Ezequiel, Válber, Leto, Viola (Bobô) e Rivaldo. Técnico: Nelsinho Baptista.
Local: Morumbi, São Paulo, SP
Data: 04 de dezembro de 1993
Gols: Edmundo e César Sampaio
São Paulo FC: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão, André Luiz, Dinho (Toninho Cerezo), Luís Carlos Goiano, Leonardo, Müller, Palhinha e Juninho Paulista (Jura). Técnico: Telê Santana.
Palmeiras: Sérgio; Cláudio, Antônio Carlos, Cléber, Roberto Carlos (Amaral), César Sampaio, Mazinho, Edílson (Paulo Sérgio), Edmundo, Evair e Zinho. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Local: Morumbi, São Paulo, SP
Data: 19 de dezembro de 1993
Gols: Evair e Edmundo
Palmeiras: Sérgio; Gil Baiano, Antônio Carlos, Cléber (Tonhão), Roberto Carlos, César Sampaio, Mazinho, Edílson, Zinho, Edmundo e Evair (Sorato); Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Vitória/BA: Dida; Rodrigo, João Marcelo, China, Renato Martins, Gil Sergipano, Roberto Cavalo e Paulo Isidoro, Alex Alves, Claudinho e Giuliano (Fabinho) (Evandro); Técnico: Fito Neves.
O Palmeiras, campeão brasileiro 1993, entrou em campo 84 vezes na temporada: venceu 52 jogos, empatou 19 e foi derrotado por 13 oportunidades. O time verde e branco marcou 147 gols e sofreu 70 durante todo o ano, com um saldo positivo de 77 gols. O Verdão ficou invicto por 12 partidas e aplicou a maior goleada do ano sobre o Rio Branco/SP (6 a 1).
A artilharia na temporada ficou a cargo de Edmundo, que balançou as redes 27 vezes e ajudou o Verdão na conquista dos três inesquecíveis títulos em 1993.