A fantástica geração colombiana de futebol dos anos 1990!
Índice
- 1 Uma seleção inesquecível e com um legado mágico
- 2 Anos 1980: Surge o maestro Carlos Valderrama
- 3 Colômbia surpreende na Copa do Mundo de 1990
- 4 Anos 1990: Os momentos áureos daquela geração
- 5 Nas Eliminatórias, a Icônica goleada para cima dos argentinos
- 6 Copa do Mundo 1994: De favorita a decepção
- 7 Futebol da Colômbia passa por decadência nos anos seguintes
Uma seleção inesquecível e com um legado mágico
Se hoje a seleção da Colômbia possui respeito e reconhecimento dentro do cenário do futebol sul-americano, muito se deve à sua fantástica geração que teve início nos anos de 1980, seguindo até o fim dos anos 1990. Carlos Valderrama, Higuita, Freddy Rincón, Faustino Asprilla, entre outros, colocaram um país que, até então, havia participado de apenas uma Copa do Mundo, em 1962, e sem muita tradição no futebol.
E com um futebol alegre e envolvente conquistaram a classificação para as Copas do Mundo de 1990, 1994 e 1998, além de campanhas competitivas na Copa América. Um legado gigante para o país que – até os dias de hoje – figura como uma força da América do Sul, sempre com alguns destaques em grandes times da Europa, como o meia James Rodriguez.
Vale a pena relembrarmos sobre essa que é uma das gerações mais nostálgicas e carismáticas do futebol.
Anos 1980: Surge o maestro Carlos Valderrama
Até meados da década de 1980, a seleção colombiana possuía pouca tradição no futebol, e sequer fazia frente inclusive no cenário sul-americano contra os gigantes Brasil, Argentina e Uruguai. Para se ter uma ideia, até então, a melhor campanha da Colômbia em uma Copa América havia sido um terceiro lugar, no ano de 1975. Sem contar que a única participação em Copa do Mundo havia acontecido apenas em 1962, no mundial disputado no Chile.
Porém, esse panorama começou a mudar quando os Cafeteros (como são conhecidos os colombianos) passaram a contar com uma geração diferente e com muita personalidade no anos de 1980, e principalmente após o surgimento de um jovem maestro, Carlos “El Pibe” Valderrama.
O cabeludo começou a representar sua seleção ainda entre os juvenis, no ano de 1981, e só iria estrear na principal no ano de 1985, já com 24 anos, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, contra o Paraguai. Porém, a Colômbia não conseguiria uma das vagas para o mundial do México de 1986.
Base formada por jogadores do Atlético Nacional/COL
Já com “El Pibe” como um líder da seleção, a Colômbia fez sua primeira grande aparição na Copa América de 1987. O selecionado chegou ao terceiro lugar da competição, inclusive batendo a Argentina de Diego Armando Maradona, então campeã do mundo, pelo placar de 2 aa 1, em pleno Monumental de Nuñez. A título de curiosidade, aquele seria o único jogo na história entre Valderrama e Don Diego.
Seria também nesta Copa América que a Colômbia contaria pela primeira vez com o folclórico goleiro René Higuita que, naquela época defendia o Atlético Nacional/COL. O arqueiro, inclusive, puxaria uma fila de jogadores alviverdes que montariam a espinha dorsal daquela seleção.
Em 1989, após o título da Copa Libertadores da América conquistado pelo Atlético Nacional, jogadores que fizeram parte daquela conquista passaram a ser convocados pela Colômbia. Entre eles, Andrés Escobar, Luis Carlos Perea, Leonel Álvarez e Gildardo Gómez, todos convocados por Francisco Maturana, técnico campeão da Copa Libertadores, e que retornava à seleção colombiana após sua saída em 1987.
Colômbia surpreende na Copa do Mundo de 1990
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— Colombia Reports (@colombiareports) May 2, 2018
Em 1990, além de contar com sua espinha dorsal formada por jogadores do Atlético Nacional/COL e o brilho de Carlos Valderrama, a Colômbia também passaria a contar importante reforço para dar ainda mais qualidade e força ao selecionado. Freddy Rincón atuava como um meia-atacante, destaque no América de Cali/COL. Anos depois, ele faria história no futebol brasileiro, principalmente atuando por SE Palmeiras e Corinthians.
Com uma seleção fortalecida e, após longos 28 anos, finalmente a Colômbia conquistaria sua vaga para a Copa do Mundo de 1990, que se realizaria na Itália. E foi no sufoco que o escrete colombiano conquistou tão sonhada vaga, isso após vencer Israel, por 1 a 0, no agregado da repescagem.
Colômbia se apresenta ao mundo!
Praticamente desconhecida no cenário do futebol mundial, a Colômbia surpreendeu naquele mundial de 1990. Na primeira fase venceu os Emirados Árabes por 2 a 0, e empatou com a poderosa seleção da Alemanha, dirigida pelo gênio Franz Beckenbauer, por 1 a 1. Vale destacar que a Alemanha terminaria como campeã daquele mundial, batendo a Argentina na final. E mesmo com a derrota para a Iugoslávia por 1 a 0, no terceiro jogo, a Colômbia garantiu uma das vagas para as oitavas de finais da competição.
O adversário da vez seria a seleção de Camarões, outra surpresa naquele mundial, e que na época parecia não oferecer muitos riscos para os colombianos. Porém, a falta de experiência do time sul-americano, além de uma atrapalhada histórica de Renê Higuita, goleiro linha que sempre se aventurou e acabou por perder a bola para Roger Milla anotar um dos gols na derrota por 2 a 1, já na prorrogação. Vale destacar que, até aquela partida, Higuita era considerado o melhor goleiro durante a competição.
Anos 1990: Os momentos áureos daquela geração
Em 1991, Luís Augusto García assumiu a seleção colombiana e, com ele, ficaram com a 4ª colocação da Copa América do mesmo ano, isso após chegar a fase final da competição em um grupo com os quatro melhores. A seleção da Colômbia já se mostrava como uma das potências da América do Sul, e o melhor parecia estar por vir. Em 1993, Francisco Maturana novamente retorna para comandar a seleção naquele que seria seu ano mais nostálgico.
Naquele ano o escrete colombiano seria ainda mais reforçado. Pela primeira vez seriam convocados os atacantes Faustino Asprilla e Víctor Hugo Aristizábal, ambos do Atlético Nacional/COL. Além deles, o goleiro Óscar Córdoba passaria a ser o titular, no lugar de Higuita, que não atravessava uma boa fase. Sendo assim, e com um elenco mais encorpado, os colombianos chegavam como um dos favoritos à conquista da Copa América de 1993 ao lado de Brasil e Argentina.
Postulante ao título da Copa América
Embora tenha passado por uma fase de grupos difícil, vencendo o México e empatando com Bolívia e Argentina, a Colômbia conseguiu se classificar para as quartas de finais como a melhor de seu grupo. Nessa fase, os “Cafeteros” despacharam a seleção uruguaia nas penalidades para chegar à semifinal, onde encontrariam novamente os hermanos. Porém, em mais uma disputa de pênaltis, os colombianos não deram a mesma sorte e foram eliminados. Restou brigar pelo terceiro lugar.
Na disputa pelo pódio da competição, a Colômbia venceu o Equador pelo magro placar de 1 a 0 e ficou com a medalha de bronze. Porém, esse triunfo não tirou da cabeça dos colombianos que eles poderiam ter ido além naquela Copa América.
Nas Eliminatórias, a Icônica goleada para cima dos argentinos
Após decepção na Copa América de 1993, em um período que a seleção da Argentina ainda dominava o futebol sul-americano, a Colômbia começou a trilhar o seu caminho para a Copa do Mundo de 1994. No grupo A da competição, a Colômbia fez a melhor e mais sólida campanha sul-americana, garantindo sua vaga ao mundial de maneira invicta. Empatou os dois jogos contra o Paraguai, mas venceu Peru e Argentina, duas vezes cada.
E foi justamente nos duelos contra os argentinos que a geração colombiana chegou ao seu ápice.
No primeiro duelo das eliminatórias entre ambos, os colombianos levaram a melhor e venceram pelo placar de 2 a 1, em partida disputada na Colômbia. Já no duelo seguinte entre as seleções, o que se viu foi um passeio histórico da Colômbia, em pleno Monumental de Nuñez. 5 a 0, fora o show. Rincón e Asprilla anotaram dois gols cada, e o atacante Adolfo Valência fechou a conta.
Copa do Mundo 1994: De favorita a decepção
Na disputa da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, a Colômbia caiu no grupo com os donos da casa, além de Romênia e Suíça. Pelo futebol apresentado até as vésperas do mundial, e mais experientes do que em 1990, a expectativa era que os colombianos fizessem uma competição histórica. Porém, não foi isso que aconteceu.
Logo na estreia, um resultado surpreendente, vitória da forte seleção da Romênia, de Gheorghe Hagi, pelo placar de 3 a 1.
Na sequência, viria o jogo mais traumático do escrete colombiano, em derrota para os Estados Unidos por 2 a 1. Nervoso, o time colombiano “abriu o placar” com um gol contra do zagueiro Andrés Escobar. Pouco depois os norte-americanos ampliaram, e Adolfo Valencia diminuiu para a Colômbia, mas já era tarde.
E nem mesmo a vitória no terceiro jogo, contra a Suíça, por 2 a 0, salvaria a seleção colombiana.
Trágico assassinato de Andrés Escobar
#DCEnaCopa #WorldCup #POL x #COL | Apenas uma vez antes a Colômbia perdeu seus dois primeiros jogos em um torneio de Copa do Mundo, foi contra a Romênia e Estados Unidos em 1994. pic.twitter.com/0hOegOO2t2
— DCE (@DCEsportivo) June 24, 2018
Após a decepcionante eliminação na Copa do Mundo dos EUA, o zagueiro Andrés Escobar foi escolhido como o bode expiatório colombiano. Autor de um gol contra, frente aos EUA, ele pagaria um preço alto demais por aquele lance e pela péssima Copa da Colômbia.
Na madrugada do dia 2 de julho de 1994, em frente uma boate em Medellín, enquanto estava de férias, Escobar foi assassinado. Na ocasião, três homens começaram a discutir com o jogador e dois deles sacaram as suas armas e um deles disparou doze vezes.
Oficialmente, as investigações não apontam que a morte de Escobar tenha sido causada pelo seu gol “contra”, na Copa do Mundo. Além disso, outras teorias foram criadas na época, como que o assassinato do jogador tenha sido encomendado por apostadores e até mesmo pelo narcotráfico. Para alguns investigadores, o fato de doze tiros terem sido disparados reforça essa última tese.
Futebol da Colômbia passa por decadência nos anos seguintes
📽️ ICYMI
Our latest #WorldCup Video Vault featured 🇨🇴 @FCFSeleccionCol goalkeeper Faryd Mondragon, the oldest player to have appeared at the global finals, talking France 1998
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Depois da Copa do Mundo de 1994, a seleção colombiana ainda manteve uma mesma base para a Copa América de 1995. Ali, chegaram até o terceiro lugar da competição, inclusive ao vencer os Estados Unidos por 4 a 1, em uma espécie de revanche.
Logo em seguida, os Cafeteros começaram mais uma trajetória rumo a sua terceira Copa do Mundo seguida. Na campanha das eliminatórias para o mundial de 1998, que se realizaria na França, a Colômbia não fez feio e ficou em terceiro lugar entre as seleções sul-americanas.
Decepção no Mundial de 1998 e o fim da geração
Porém, em meio ao mundial, a geração colombiana já dava amostras que estava em decadência. Embora Freddy Rincón e Faustino Asprilla estivessem em grande fase em suas carreiras, Carlos Valderrama já não estava em seus melhores dias. Sem contar que o zagueiro Perea, o meia Leonel Alvarez e o goleiro Córdoba já não eram nem mais convocados.
Dessa forma, o escrete caiu já na fase de grupos, ao perder novamente para a Romênia, e também para a seleção da Inglaterra. A vitória por 1 a 0 contra a Tunísia não foi suficiente para a classificação, colocando um fim na dourada geração colombiana.
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