(1995) Santos vs Fluminense: O dia que surgiu o Messias Giovanni!
Índice
- 1 Uma das partidas mais icônicas do futebol brasileiro
- 2 Como Giovanni chegou ao Santos?
- 3 1995: O grande ano do “Messias” Giovanni
- 4 O Irretocável Campeonato Brasileiro 1995
- 5 A promessa do cabelo vermelho
- 6 Fluminense x Santos: Partida 1
- 7 Santos x Fluminense: Ali nasce um Messias!
- 8 Guiado por seu Messias, o Peixe conquista o carisma do Brasil
- 9 Brasileiro 1995: Giovanni é Bola de Ouro e vice-artilheiro
Uma das partidas mais icônicas do futebol brasileiro
Esta é considerada por muitos como uma das maiores partidas na história do Campeonato Brasileiro. Mais do que isso, também é uma das maiores partidas de um jogador, individualmente falando, na competição. Ali surgiria o Messias Giovanni. Em jogo diante do Fluminense, na semifinal, o jogador chamou a atenção não só do Brasil, mas do mundo e se mostrou como um verdadeiro craque.
Giovanni foi um meteoro no futebol brasileiro. Praticamente surgiu naquele ano de 1995, levando o Santos FC a final do Campeonato Brasileiro, e vestindo a 10 eternizada pelo Rei Pelé. Após excelente Paulista, quando já era o destaque do Peixe, “O Messias” faria muito mais no Brasileiro daquele ano. Na ocasião, ele só foi derrotado na final para o Botafogo/RJ de Túlio Maravilha e companhia, mas seria sem dúvida o grande destaque da competição, com partidas, gols e jogadas inesquecíveis.
Como Giovanni chegou ao Santos?
Pintura que pode ser encontrada no Museè du Louvre, na França. Neste óleo sobre tela, brigam pela esfera Umbro no pasto praiano: Ranielli e Giovanni pelo Santos e o trio botafoguense formado por Gottardo, Rogerio Pinheiro e Nelson. Data da obra: 1994. pic.twitter.com/ZpqbJI0QH9
— Jorge Luiz (@luizjorge525) May 9, 2020
Giovanni nasceu na cidade de Belém, no estado do Pará, embora residisse na pequena cidade de Abaetetuba. Por recomendações médicas, foi sugerido que seu parto fosse realizado na capital e foi lá em que o futuro jogador brilhou.
Ainda garoto começou aos 6 anos de idade jogando futebol de salão no Remo. Em seguida, na adolescência, passou a atuar na base de outro grande clube do estado: a Tuna Luso. Na equipe, o jovem jogador alcançou a marca de 50 gols, conseguindo a chuteira de ouro da Federação Paraense. Giovanni ainda atuou na Copa São Paulo de Futebol Junior de 1991 com a camisa tunense.
Em 1993, o jogador foi emprestado para o Remo, equipe de sua infância e por lá, apareceu na elite do futebol brasileiro. No ano seguinte, Giovanni teve seu empréstimo selado com mais uma equipe paraense: o Paysandu.
Contudo, o meia só despertou a atenção com a camisa da São-carlense/ SP em 1994, após uma partida contra o Palmeiras no Campeonato Paulista. Na ocasião, o jogador quase foi contratado pelo time alviverde, mas receoso por conta das mudanças climáticas na capital paulista, acabou retornando ao seu estado natal. Foi nesse momento em que surgiu o Santos, que conseguiu o empréstimo de Giovanni ainda em 1994 e a contratação em definitivo em 1995.
1995: O grande ano do “Messias” Giovanni
Giovanni em 1995 pelo Santos:
30 jogos
41 golsO maior jogador de futebol paraense ⚽🔥 pic.twitter.com/QG7hoTs6If
— FutebolZueiroPA ⚽ (@FutebolZueiroPA) July 28, 2020
Contratado diretamente através da Tuna Luso, Giovanni chegou ao Santos sem nenhuma badalação aos 22 anos. Extremamente tímido, o jogador chegava a uma equipe afundada em dívidas e que apostava na contratação de atletas menos reconhecidos em busca de uma oportunidade de mercado.
Giovanni estreou no final de 1994, pelo Campeonato Brasileiro, em partida contra o Botafogo. Na ocasião, ele recebera a sua primeira oportunidade em meses, mas a partir dali, o jogador daria uma virada em sua trajetória no Peixe.
Logo no início de 1995, Giovanni ganhou a oportunidade de ser titular da equipe santista, se destacando como um verdadeiro camisa 10. Nas primeiras rodadas do Campeonato Paulista daquele ano, o jogador desandou em fazer gols, além de orquestrar jogadas geniais, regadas a extrema habilidade. Seus principais destaques em jogos foram contra a dupla de campinas Guarani e Ponte Preta, com direito a dois gols contra a primeira equipe e um hat trick contra a segunda. Sobrou até mesmo para o Corinthians, que sofreu e também levou um gol do craque.
Com atuações de gala do jogador, o Santos fez um surpreendente Campeonato Paulista, alcançando a 3º posição nas duas fases da competição. Como se não bastasse, Giovanni ainda se tornou um dos artilheiros do torneio, com 16 gols marcados, 4 gols a menos que Bentinho do São Paulo e Paulinho MacLaren da Portuguesa.
O Irretocável Campeonato Brasileiro 1995
Após um excelente Campeonato Paulista, de jogador desconhecido, Giovanni passou a ser a principal referência do Santos. Sendo assim, para o início do Campeonato Brasileiro de 1995, todas as esperanças santistas estavam em seu futebol.
Inclusive, um pouco antes de a competição começar, o meia foi implacável na disputa da Copa dos Campeões Mundiais, com direito a dois gols marcados contra o São Paulo, em vitória por 2 a 1, na primeira fase. Contudo, Giovanni bateu na trave mais uma vez em relação a títulos em 1995, e o Peixe perdeu nas penalidades para o próprio tricolor de Telê Santana na final.
Já no início do Brasileiro, o jogador cumpriu todas as expectativas e passou a se tornar um verdadeiro “Messias” do Santos. Em meio a um início ruim do Peixe, Giovanni anotou um gol em empate amargo em 1 a 1 contra o Goiás logo na estreia e fez o único gol da primeira vitória santista diante do Criciúma. Suas atuações na primeira fase, guiaram um time completamente desnorteado a um improvável 3º lugar, que ainda não garantiria a vaga do Peixe para a semifinal, mas já trazia novas esperanças.
Na segunda fase, Giovanni guia o Peixe rumo à semifinal
A exemplo da primeira fase do Brasileirão de 1995, Giovanni fez uma segunda fase irretocável, sendo mais uma vez decisivo. Contudo, dessa vez, a diferença era que o jogador conseguiu embalar o restante do elenco santista rumo à semifinal da competição.
Logo no início da segunda fase, o meia foi o responsável por impedir que o Peixe fosse derrotado na partida de estreia contra o Bragantino. Com um gol marcado e excelente atuação, Giovanni ajudou o Santos a garantir o empate em 4 a 4 em um verdadeiro jogaço.
Pouco depois, o camisa 10 voltou a brilhar mais uma vez, sendo ainda mais letal. Contra o Grêmio, Giovanni anotou um hat trick, que foi essencial para garantir a vitória do Peixe em goleada por 4 a 1. Na sequência, o jogador continuou castigando adversários como Cruzeiro, Paysandu, Botafogo e Guarani, até levar o Peixe à liderança de seu grupo na segunda fase, o que garantiu a equipe na semifinal do Brasileiro.
A promessa do cabelo vermelho
O fato de o Santos chegar à semifinal do Campeonato Brasileiro era considerado muito difícil, até mesmo pela fase que a equipe vivia. Inclusive, mesmo com a arrancada santista na segunda fase, a missão de se classificar parecia muito difícil, então, eis que Giovanni faz uma promessa.
O jogador prometeu que se o Santos se classificasse para a semifinal do Campeonato Brasileiro, ele pintaria o cabelo de vermelho. Como o Peixe conseguiu esse feito quase inimaginável, Giovanni cumpriu a promessa, pintando o cabelo de vermelho, o que pouco tinha a ver com a sua tímida personalidade.
Fluminense x Santos: Partida 1
Mesmo embalado por conta da superação na segunda fase, o Santos chegava como zebra diante do atual campeão carioca, o Fluminense de Renato Gaúcho, em pleno Maracanã. E todo esse favoritismo dos cariocas foi confirmado dentro de campo, pois os santistas sequer viram a cor da bola. De início, o tão aguardado duelo de camisas 10, Renato Gaúcho e Giovanni, terminou com o Rei do Rio se dando melhor.
O próprio Renato, Ronald, Leonardo e Cadu anotaram os gols que construíram a acachapante goleada tricolor pelo placar de 4 a 1. Como não poderia ser diferente, o Messias do Peixe foi o autor do único gol que manteve viva a esperança santista.
Santos x Fluminense: Ali nasce um Messias!
@SantosFC @tjovemsfc @g1santos Santos 5 x 2 Fluminense – Em 1995, o grande dia de Giovanni http://t.co/ZzUkBTrjjB pic.twitter.com/Lf0ZHNY3k3
— O Curioso do Futebol (@ocuriosofutebol) October 4, 2015
No fatídico dia 10 de dezembro de 1995, o Santos, sob a luz de seu Messias Giovanni, entraria no Pacaembu, ao lado de sua torcida, três dias depois ser goleado, para reverter uma missão considerada praticamente impossível. Na ocasião, o Santos precisava vencer por três gols de diferença, desde que fosse por um placar maior do que o jogo do Maracanã.
Naquela tarde de domingo, o Peixe entrava em campo com Edinho, o filho de Pelé, no gol, e uma linha de defesa com Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano. No meio-campo, o Santos contava com Galo, Carlinhos, e claro, o Messias Giovanni. Já o ataque era formado por Macedo, Camanducaia e Marcelo Passos. Ambos eram treinados por Cabralzinho, treinador responsável por resgatar a moral da equipe santista desde o início do Brasileiro.
Do outro lado, o Fluminense tinha um time muito mais forte no papel, sob o comando de Joel Santana. Na ocasião o tricolor foi a campo com Wellerson; Ronald, Lima, Alê e Cássio; Vampeta, Otacílio, Aílton e Rogerinho, Renato Gaúcho e Valdeir.
Com a bola rolando, o Pacaembu ferve com Giovanni
Com a bola rolando, os torcedores santistas, que representavam a maioria dos quase 30 mil presentes, não paravam empurrar o Peixe. E todo o apoio parecia funcionar desde o início, já que, empolgado, Carlinhos arriscou um belo chute que levou perigo. Na sequência, após Renato Gaúcho ser impedido por Marcos Adriano de inaugurar o marcador, o Santos teve um pênalti a seu favor, em cima de Camanducaia. Como não poderia ser diferente, eis que surge o cara de cabelo vermelho, Giovanni, para abrir o placar aos 25 minutos do primeiro tempo.
Quatro minutos depois, o camisa 10 continuou imparável e após receber passe de Carlinhos, deu um belo drible em Alê para chutar de bico, no cantinho do gol, para fazer 2 a 0. Antes do término da primeira etapa, o Peixe ainda acertou a trave, em belo chute de Macedo, mas o placar se manteve com dois gols de vantagem para o time da Vila.
Na segunda etapa, a consagração que vale um título
⛳ Giovanni X Fluminense – 1995
⚽ 2 gols
🎯 3 assistências
⭐ Homem do jogo pic.twitter.com/C27p9DZWeQ— Sanctistas⚪⚫ (@Sanctistas1) June 21, 2020
No intervalo do jogo, os jogadores não retornaram ao vestiário e permaneceram em campo, com a presença da torcida. Essa foi a ideia do técnico Cabralzinho para motivar os jogadores para a segunda etapa, sob o calor de seu torcedor.
Com motivação de sobra, o Peixe logo ampliou o placar aos 5 minutos do segundo tempo. Da meia lua, Giovanni deu um leve passe açucarado para Macedo, que ficou na cara do gol para chutar rasteiro e marcar o gol que o Santos precisava.
Contudo, o Fluminense era persistente e dois minutos depois, Rogerinho aproveitou rebote que bateu na trave após lance de falta e diminuiu. Porém, os cariocas só não contavam com Giovanni pegando fogo no jogo. E aos 16 minutos, o jogador se aproveitou de um cochilo de Alê, que não afastou a bola, e passou em disparada com a pelota até chutar para o gol. Wellerson defendeu, mas no rebote não teve jeito, e Camanducaia não perdoou.
Com esse gol, o Flu começou a desmoronar em campo, mesmo com um placar igual do primeiro jogo. Pouco depois do tento do Santos, o zagueiro Ronaldo foi expulso e a vida dos tricolores foi de mal a pior. Para piorar ainda mais, Giovanni não fez questão de dar descanso para a defesa tricolor e cercado por três defensores, deu um belo passe de calcanhar para Marcelo Passos anotar 5 a 1 aos 37 minutos. Dois minutos depois, o incansável Rogerinho diminuiu, mas já era tarde.
Guiado por seu Messias, o Peixe conquista o carisma do Brasil
A explosão no Pacaembu foi vista pelo Brasil inteiro. Foi bonito ver jogadores do Santos e a comissão técnica se abraçando, com a torcida fazendo uma bela festa no Paulo Machado de Carvalho.
Toda essa festa e a história de superação do Santos no decorrer da competição, cativou muitos torcedores ao redor do Brasil. Dessa forma, o time santista se tornou um “queridinho” na grande decisão diante do Botafogo, em um jogo que voltava as duas equipes aos holofotes, desde os tempos de Pelé e Garrincha.
Contudo, nos dois jogos decisivos, o Botafogo levou a melhor ao vencer o primeiro jogo no Maracanã por 2 a 1 e ao empatar o segundo duelo pelo placar de 1 a 1. Inclusive, foi justamente o segundo jogo que tornou essa final como uma das mais polêmicas da história, pois o arbitro Marcio Rezende de Freitas anulou um gol legítimo de Camanducaia.
No dia seguinte, os jornais estampavam que o Santos foi roubado, mas o brilho daquele fantástico Santos de 1995 e sobretudo de seu Messias Giovanni, jamais será esquecido.
Brasileiro 1995: Giovanni é Bola de Ouro e vice-artilheiro
14/02/2010
SANTOS FC 2×1 Rio Claro FCGiovanni,Ganso,Neymar e Robinho juntos !!! quem viu viu…
quem não viu..nunca mais.
Neymar foi o destaque e Giovanni foi saudado como herói…
👇👇👇👇👇👇https://t.co/hOCQv0Hs6F pic.twitter.com/xDZabfS5W2— ASSOPHIS (@assophis) February 14, 2020
Se Giovanni não conquistou o título brasileiro de 1995, ele pelo menos conseguiu títulos individuais imprescindíveis para qualquer craque. Por jogar o fino da bola, o camisa 10 faturou o prêmio Bola de Ouro da Revista Placar. Como se não bastasse, o jogador ainda foi vice-artilheiro da competição com 17 gols, três atrás do botafoguense Túlio Maravilha.
Após a mágica temporada de 1995, Giovanni ainda foi o artilheiro do Campeonato Paulista de 1996, mesmo com o Peixe fazendo modesta campanha, ficando em 5º lugar. Com tanto destaque, os olhos de times estrangeiros se voltaram ao jogador ainda naquele ano e seu destino passou a ser o Barcelona.
Giovanni ainda fez parte do elenco da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998 e após fraca participação no mundial, deixou o Barça. Nos anos seguintes, ele passou pelo Olympiakos, onde se tornou ídolo, e teve um breve retorno ao Santos em 2005. Em seguida, passou pelo mundo árabe e vestiu brevemente a camisa do Mogi Mirim, para por fim, retornar ao Peixe em 2010 para se aposentar, cercado pelos craques Neymar, Robinho e Paulo Henrique Ganso.