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Revelado nas categorias de base do CR Flamengo, ainda no final da década de 1980, Marcelinho Carioca realmente foi explodir no futebol brasileiro com a camisa de outro clube, o SC Corinthians. Pequeno e fisicamente mais frágil, poucos acreditariam que ele se transformaria em um dos maiores jogadores de sua geração. No Flamengo, entre altos e baixos, e como parte de uma geração da base rubro-negra incrível (com Djalminha, Paulo Nunes, Júnior Baiano, entre outros), a transferência para o Timão foi um marco em sua carreira. De uma promessa, nasceria ali um monstro com a camisa alvinegra. Tanto é que, para muitos torcedores e críticos, Marcelinho é o maior jogador na história corintiana.
E aquele ano de 1995, realmente foi incrível para o “Pé de Anjo”, isso mesmo levando o Corinthians a final do Campeonato Brasileiro de 1994, quando foram derrotados pelo rival Palmeiras. Naquela temporada, Marcelinho Carioca mostrou o quanto poderia ser decisivo, anotando gols importantes em todas as partidas decisivas do Timão.
A partir dali, o meia se tornava o principal jogador do Corinthians e um dos principais do futebol brasileiro!
Marcelinho Carioca ajudou o Flamengo a conquistar seu primeiro título de Copa São Paulo. Atuou no rubro-negro carioca por sete anos e foi campeão da Copa do Brasil (1990), campeão carioca (1991) e campeão brasileiro (1992). Em dezembro 1993 foi vendido ao Corinthians pic.twitter.com/Hye6mZWNJL
— Flamengo Museu (@flamengomuseu) February 28, 2021
De origem muito humilde, Marcelo Pereira Surcin, iniciou sua trajetória nas categorias de base do Madureira Esporte Clube, ainda aos 14 anos de idade. Com muito talento, em pouco tempo o jovem chamou a atenção do gigante CR Flamengo, para onde se transferiu. Predestinado, estreou em uma partida oficial com o manto rubro-negro justamente em um Fla-Flu, no ano de 1988, com apenas 17 anos. E como se não bastasse, naquela noite ele substituiria ninguém menos que o Galinho Zico, maior ídolo da história Rubro-Negra, e também seu maior ídolo.
Também com Zico como mentor nas cobranças de faltas, dali em diante o jovem receberia a alcunha de “Pé de Anjo”, em uma geração única na história do Flamengo, mas que pouco seria aproveitados entre os profissionais. Marcelinho, Djalminha, Paulo Nunes, Júnior Baiano, entre outros, brilharam muito mais longe da Gávea.
Ainda assim, Marcelinho fez parte do elenco em algumas conquistas, como o título da Copa São Paulo de 1990, da Copa do Brasil de 1990, do Campeonato Carioca de 1991, e do Campeonato Brasileiro de 1992.
Mesmo sendo muito promissor dentro da Gávea, Marcelinho não se firmou em nenhuma momento como titular absoluto do Flamengo. Ainda assim atuou com craques consagrados do time rubro-negro como o próprio Zico, o maestro Junior, além de um temperamental Renato Gaúcho.
Contudo, o “Pé de Anjo” teria a grande oportunidade de se firmar de vez como titular no time no ano de 1993, período que o Flamengo passava por uma reformulação em seu elenco. O jogador bem que tentou, tendo como um grande exemplo as suas duas grandes atuações contra o seu futuro clube, o SC Corinthians.
Na primeira, ainda na fase inicial do Campeonato Brasileiro de 1993, Marcelinho anotou um gol contra os alvinegros, em pleno Estádio do Maracanã, partida que terminou em 1 a 1. Já no segundo jogo, o meia anotou um tento e deu uma assistência para o gol de Renato Gáucho, em empate de 2 a 2 no Estádio do Morumbi. Porém, ambas as atuações lhe dariam um rumo inesperado na carreira.
Marcelinho receberia uma oferta do próprio Corinthians, e como os rubro-negros pretendiam se desfazer de seus jovens jogadores, optaram por aceitar a oferta, mesmo indo contra a vontade do jogador.
#hojenahistória: Em 1994, um dos maiores ídolos da história marcava seu primeiro gol com a camisa alvinegra. Marcelinho Carioca ajudou o Corinthians a vencer a Portuguesa, em partida válida pelo Paulistão, por 3 a 1, no Pacaembu. Foto: Internet #almanaquedotimão @corinthians pic.twitter.com/UEOiaWZ2Nv
— Almanaque do Timão (@almanaquetimao) January 23, 2021
Ainda como uma promessa do futebol brasileiro, Marcelinho foi contratado pelo SC Corinthians em dezembro de 1993, aos 22 anos. Sua estreia pelo clube paulista aconteceria em janeiro de 1994, num amistoso contra o Comercial de Ribeiro Preto, com vitória corintiana por 1 a 0. Já seu primeiro gol com a camisa alvinegra não demorou para acontecer.
Foi ainda no mês de janeiro, contra a Portuguesa de Desportos, válido pelo Campeonato Paulista, numa vitória por 3 a 1. E o meia não poderia ter balançado as redes pela primeira vez no Timão de forma diferente. Foi em uma bela cobrança de falta.
Foi também naquele período que o meia passou a ser chamado de Marcelinho Carioca, para não ser confundido com o volante Marcelinho, volante que já atuava no clube. E foi assim que o jovem passaria a ser chamado e reconhecido no futebol brasileiro, e que conquistaria o torcedor alvinegro. No seu primeiro ano de clube, o “Pé de Anjo” logo faturou o título da Copa Bandeirante, além de chegar à final do Campeonato Brasileiro, sendo derrotados na final para o Palmeiras.
Mesmo assim, o jovem faturaria o prêmio Bola de Prata, como um dos melhores meias da competição.
Após boa primeira temporada no Timão no ano de 1994, Marcelinho Carioca não demorou para assumir o protagonismo da equipe alvinegra, algo que se consolidaria em 1995. Embora estivesse ao lado de jogadores mais experientes como o goleiro Ronaldo, e o atacante Viola, o “Pé de Anjo” era quem obtinha os holofotes no Timão.
E todo esse protagonismo foi justificado, tendo em vista que Marcelinho seria a figura principal já no primeiro título da equipe no ano, a Copa do Brasil de 1995. Título esse que, inclusive, era inédito para a história do SC Corinthians.
Dessa forma, e logo no inicio da competição, o Pé de Anjo começou com um desempenho arrasador. Já na oitavas de finais, o meia anotou três gols diante do modesto Rio Branco, do Acre, em placar agregado por 5 a 0, na soma das duas partidas. Mais tarde, ele voltaria a balançar as redes, agora na fase semifinal, diante do Vasco da Gama, em pleno Maracanã.
No jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil de 1995, Vasco e Corinthians não conseguiam tirar o zero do placar, e quando a partida se encaminhava para o empate, a estrela de Marcelinho Carioca brilhou. Após excelente jogada de Elivélton pelo lado esquerdo, ele encontrou o meia que, sem marcação, não titubeou e deu um meio peixinho na bola para balançar as redes do gol, sem chances para Carlos Germano. Na comemoração o jogador saiu balançando os braços, que seria uma marca de Marcelinho, para delírio da Fiel Torcida que marcava presença no Estádio do Maracanã.
Aquele gol seria de suma importância para o Corinthians, que no Pacaembu teve a tranquilidade de construir um elástico placar. O Timão venceu por 5 a 0, com três gols do inspirado atacante Viola, campeão do mundo em 1994 com a seleção brasileira, e mais um gol do meia Souza. O time paulista ainda contou com um gol contra de Ricardo Rocha, zagueiro que havia participado o título mundial um ano antes.
Após classificação sobre o Vasco da Gama, o SC Corinthians enfim teve a oportunidade de brigar pelo primeiro título da Copa do Brasil. O adversário da vez seria o Grêmio, que na outra semifinal eliminou outro carioca, o CR Flamengo – ex time de Marcelinho. O primeiro jogo da decisão aconteceu no Pacaembu, no dia 14 de junho de 1995. Embora viesse de uma campanha melhor, o Corinthians enfrentava um adversário duro, comandado por Luís Filipe Scolari, que faria do Imortal campeão da Libertadores naquele mesmo ano.
Aos 41 minutos do primeiro tempo, Viola anotou o primeiro gol da partida. Porém, os Grêmio empataria o duelo aos 26 minutos da segunda etapa, com um gol do volante Luís Carlos Goiano. Foi então que quando o jogo se encaminhava para o empate, a estrela de Marcelinho brilhou.
Em cobrança de falta, do meio da rua, o jogador assinou uma verdadeira pintura, em chute carregado de efeito, aos 26 minutos da etapa final, no fundo do gol de Danrlei. Vitória do Timão por 2 a 1, na primeira partida da final.
ARQUIVO 🗂
Qual é o seu gol favorito na história de Corinthians vs Grêmio?
Pela importância e pela narração monstruosa do José Silvério, meu gol @maxcryl é esse do Marcelinho Carioca!
Final da Copa do Brasil de 1995
DE ARREPIAR! pic.twitter.com/F5POBGJh06
— João Paulo Cappellanes (@capelareal) November 22, 2020
No segundo duelo da decisão, em pleno Estádio Olímpico, Marcelinho Carioca voltaria a brilhar após a primeira partida da final. Naquele 21 de junho, em mais um confronto pegado, o “Pé de Anjo” aproveitou sobra na grande área e não perdoou. Mandou um belo chute rasteiro para o fundo do gol, coincidentemente aos 26 minutos da segunda etapa, assim como no jogo de ida.
Ao estufar as redes, Marcelinho mais uma vez corria balançando os braços abertos, gesto típico de suas comemorações. Porém, esses braços já se abririam rumo à taça, já que aquele solitário gol carimbaria o título para o Parque São Jorge.
Ao mesmo tempo em que brilhava na Copa do Brasil, Marcelinho Carioca também aprontava das suas no Campeonato Paulista daquele ano de 1995. Decisivo, no caminho até a final do torneio, o jogador anotaria 14 gols, em meio a um primeiro turno de pontos corridos e uma segunda fase de grupos. E foi justamente na primeira fase, em pontos corridos, que o jogador começaria a se tornar persona non grata no rival Palmeiras.
Com um gostinho de vingança por causa da final do Campeonato Brasileiro de 1994, Marcelinho anotou dois gols contra os rivais. Um deles, uma pancada de falta do meio da rua, num gol histórico no estádio do Pacaembú. Coincidentemente, mais tarde, o meia voltaria a enfrentar o Palmeiras na grande final do Paulista, e o resultado não seria muito diferente.
No dia 30 de julho de 1995, quase um mês depois de conquistar o inédito título da Copa do Brasil, Marcelinho Carioca estava pronto para outra partida decisiva. No primeiro jogo da decisão contra o Palmeiras, “Pé de Anjo” tratou de deixar sua marca novamente.
Aos 15 minutos da segunda etapa do primeiro jogo, quando o marcador apontava para um 0 a 0, Marcelinho recebeu passe do lado esquerdo e bateu rasteiro da entrada da área, para o fundo do gol. Ainda deu tempo de Nilson empatar para o Verdão, deixando tudo igual no estádio Santa Cruz, na cidade de Ribeirão Preto.
Como não poderia ser diferente, uma semana depois, no dia 6 de agosto, Marcelinho voltaria a ser decisivo para o Timão. Após o Palmeiras abrir o placar já na segunda etapa, o Pé de Anjo voltou a marcar um gol aos 15 minutos, em mais uma coincidência. Em cobrança de falta, sua especialidade, o jogador mandou a bola no ângulo, sem chances para o goleiro Velloso!
Com o empate, a partida foi para a prorrogação e Elivélton anotou o gol que daria o título para o Corinthians, em placar de 2 a 1. Aquela foi a segunda grande conquista de Marcelinho Carioca no time de Parque São Jorge, que a partir dali trilharia um caminho de inúmeras conquistas.
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